PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

igreja1 vitral1 igreja2 Auditorio vitral2 vitral4 igreja3 vitral3 Slide Cspq1 Slide cspq7 Slide igreja4 Slide cspq3 Slide cspq5 Slide pinturas Slide cspq8 Slide vitral5 Slide cspq6 Slide cspq2 Slide cspq4

XXVII Domingo do Tempo Comum - A

Vinha11a

A liturgia da Palavra deste Domingo utiliza a imagem da "vinha do Senhor" para falar do Povo que aceita o desafio do amor de Deus e que se coloca ao serviço de Deus. Desse Povo, Deus exige frutos de amor, de paz, de justiça, de bondade e de misericórdia.

Na primeira leitura, encontramos o "Cântico da Vinha", um lindo poema composto pelo profeta Isaías, talvez a partir de uma canção de vindima. Através do profeta, Deus (o amigo) julga o seu povo (a vinha), cantando um hino, em que descreve o amor de Deus e a resposta do Povo. Um agricultor escolheu o terreno mais adequado, escolheu cepas da melhor qualidade, tomou todos os cuidados necessários. O sonho dele era a colheita dos frutos do seu trabalho. Mas a decepção foi grande, só deu agraços: "que mais podia fazer à minha vinha que não tivesse feito?". O seu amor transformou-se em decepção: derrubou o muro de protecção, permitiu que os transeuntes a pisassem livremente e que as silvas as dominasse. Os frutos, que o Senhor esperava, eram a fidelidade à Aliança, a justiça social, o amor ao pobre e à viúva. E, ao invés, o que recolheu? uvas amargas: pecado, infidelidade, opressão, mentira; uma religião ritualista sem conversão do coração. Daí o castigo de Deus: a invasão dos assírios e depois dos babilónios...

Na segunda leitura, Paulo exorta os cristãos que fazem parte da "vinha do Senhor" a viverem na alegria e na serenidade, respeitando o que é verdadeiro, nobre, justo e digno. São esses os frutos que Deus espera da sua "vinha".

No Evangelho, Jesus retoma a imagem da "vinha". Critica fortemente os líderes judaicos que se apropriaram em benefício próprio da "vinha do Senhor" e que se recusaram sempre a oferecer a Deus os frutos que Lhe eram devidos. Jesus anuncia que a "vinha" vai ser-lhes retirada e vai ser confiada a trabalhadores que produzam e que entreguem a Deus os frutos que Ele espera.


Primeira Leitura (Is 5,1-7)
Leitura do Livro de Isaías

Vou cantar, em nome do meu amigo,
um cântico de amor à sua vinha.
O meu amigo possuía uma vinha numa fértil colina.
Lavrou-a e limpou-a das pedras,
plantou-a de cepas escolhidas.
No meio dela ergueu uma torre e escavou um lagar.
Esperava que viesse a dar uvas,
Mas ela só produziu agraços.
E agora, habitantes de Jerusalém, e vós, homens de Judá,
sede juízes entre mim e a minha vinha:
Que mais podia fazer à minha vinha que não tivesse feito?
Quando eu esperava que viesse a dar uvas,
porque é que apenas produziu agraços?
Agora vos direi o que vou fazer à minha vinha:
vou tirar-lhe a vedação e será devastada;
vou demolir-lhe o muro e será espezinhada.
Farei dela um terreno deserto:
não voltará a ser podada nem cavada,
e nela crescerão silvas e espinheiros;
e hei-de mandar às nuvens
que sobre ela não deixem cair chuva.
A vinha do Senhor do Universo é a casa de Israel,
e os homens de Judá são a plantação escolhida.
Ele esperava rectidão e só há sangue derramado;
esperava justiça e só há gritos de horror.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 79 (80)
Refrão: A vinha do Senhor é a casa de Israel.

Arrancastes uma videira do Egipto,
expulsastes as nações para a transplantar.
Estendia até ao mar as suas vergônteas
e até ao rio os seus rebentos.

Porque lhe destruístes a vedação,
de modo que a vindime quem quer que passe pelo caminho?
Devastou-a o javali da selva
e serviu de pasto aos animais do campo.

Deus dos Exércitos, vinde de novo,
olhai dos céus e vede, visitai esta vinha.
Protegei a cepa que a vossa mão direita plantou,
o rebento que fortalecestes para Vós.

Não mais nos apartaremos de Vós:
fazei-nos viver e invocaremos o vosso nome.
Senhor, Deus dos Exércitos, fazei-nos voltar,
iluminai o vosso rosto e seremos salvos.


Segunda Leitura (Filip 4,6-9)
Leitura da Epístola do apóstolo S. Paulo aos Filipenses

Irmãos:
Não vos inquieteis com coisa alguma.
Mas, em todas as circunstâncias,
apresentai os vossos pedidos diante de Deus,
com orações, súplicas e acções de graças.
E a paz de Deus, que está acima de toda a inteligência,
guardará os vossos corações
e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.
Quanto ao resto, irmãos,
tudo o que é verdadeiro e nobre,
tudo o que é justo e puro,
tudo o que é amável e de boa reputação,
tudo o que é virtude e digno de louvor
é o que deveis ter no pensamento.
O que aprendestes, recebestes, ouvistes e vistes em mim
é o que deveis praticar.
E o Deus da paz estará convosco.


EVANGELHO (Mt 21,33-43)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo:
«Ouvi outra parábola:
Havia um proprietário que plantou uma vinha,
cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar
e levantou uma torre;
depois, arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe.
Quando chegou a época das colheitas,
mandou os seus servos aos vinhateiros para receber os frutos.
Os vinhateiros, porém, lançando mão dos servos,
espancaram um, mataram outro, e a outro apedrejaram-no.
Tornou ele a mandar outros servos,
em maior número que os primeiros.
E eles trataram-nos do mesmo modo.
Por fim, mandou-lhes o seu próprio filho, dizendo:
'Respeitarão o meu filho'.
Mas os vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si:
'Este é o herdeiro;
matemo-lo e ficaremos com a sua herança'.
E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no.
Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?».
Eles responderam:
«Mandará matar sem piedade esses malvados
e arrendará a vinha a outros vinhateiros,
que lhe entreguem os frutos a seu tempo».
Disse-lhes Jesus: «Nunca lestes na Escritura:
'A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se a pedra angular;
tudo isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos'?
Por isso vos digo:
Ser-vos-á tirado o reino de Deus
e dado a um povo que produza os seus frutos».


Ressonâncias...

O que é que esta parábola nos pode hoje ainda dizer?
Um senhor planta uma vinha com todo o cuidado e a confia a uns vinhateiros, bem conhecedores da profissão. Chega o tempo da vindima, manda ir buscar a colheita e vem a surpresa: não entregam os frutos e maltratam os enviados; não respeitam nem sequer o filho do dono e matam-no. A "vinha" não é destruída, mas os trabalhadores são substituídos...

A parábola ilustra a recusa de Israel em aceitar o projecto de salvação que Deus oferece aos homens através de Jesus Cristo. O dono é o Senhor, que manifestou muito amor pela sua vinha; os vinhateiros são os chefes de Israel; os enviados são os profetas... o próprio Cristo, o filho de Deus.
Resultado: Jesus anuncia que a "vinha" vai ser retirada e será confiada a trabalhadores que produzam e entreguem a Deus os frutos que ele espera. Reacção do Povo: tentam prender Jesus, pois percebem que a Parábola se refere a eles...
Somos trabalhadores da sua vinha e devemos produzir frutos, para não frustrar as esperanças do Senhor na hora da colheita.

Os homens do tempo de Isaías e também de Jesus eram muito piedosos, zelosos nas práticas religiosas, no culto, nos sacrifícios no templo, no respeito do sábado... Mas não foi da falta disso que Deus se queixou. Isaías resume muito bem a queixa de Deus nas palavras do dono da vinha: "Ele esperava rectidão e só há sangue derramado; esperava justiça e só há gritos de horror de gente que foi explorada e maltratada."

Será que isso acontecia só no passado? E hoje? Produzimos justiça, amor, paz, serenidade? ou reduzimos tudo apenas a práticas religiosas?
Os guardas da vinha quiseram transformar-se em "Senhores". Este perigo não estará ainda hoje presente nas nossas comunidades?

Deus nunca desiste da sua obra de amor e salvação. Uma verdade consoladora, mas também um alerta: diante do fracasso com alguns, Deus não desiste e recomeça com outros. Será que Deus está satisfeito com os frutos que produzimos? Caso contrário "o reino também nos será tirado e entregue a outros que produzam frutos".

----------------------------------------------------------------------------------

Virtudes gémeas

Um dia o Senhor Todo-Poderoso convidou para uma festa no Paraíso, todas as Virtudes. Cheias de alegria, rodearam o trono de Deus, louvando o Senhor, como se se encontrassem na sua própria casa: todas as virtudes se conheciam, excepto duas. Uma disse à outra:
– Estou contente por te conhecer. Nunca te vi antes. Deves ser uma virtude bastante nova.
– Também eu estou satisfeita por te cumprimentar pela primeira vez. Tu é que deves ser novata nesta família.

Deus, a quem nada escapa, mostrou um rosto pensativo e declarou:
– Como é que vós as duas, as mais belas virtudes, não se conheciam ainda? Daqui para a frente deveis andar sempre de mãos dadas, para que ninguém fique privado da alegria da vossa companhia.

Sabeis de que virtudes se tratava? Uma era a Beneficência e a outra o Reconhecimento!
O eco do profeta Isaías ainda se faz ouvir hoje: "Que mais Deus podia fazer à sua vinha que não tenha feito? E quando esperava que viesse a dar uvas, apenas produziu agraços."
E Jesus concluiu: "Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos."

Quem não agradece não sabe receber. O bem que é feito tem de ser reconhecido pois Beneficência e Reconhecimento são irmãs gémeas.

Pe. José David Quintal Vieira

XXVI Domingo do Tempo Comum - Ano A

Vinha7A liturgia da Palavra deste Domingo deixa claro que Deus chama todos os homens a empenhar-se na construção de mundo novo de justiça e de paz que Ele sonhou e que quer propor a todos os homens. Diante da proposta de Deus, nós podemos assumir duas atitudes: ou dizer "sim" e colaborar com Ele, ou escolher caminhos de egoísmo, de isolamento e demitirmo-nos do compromisso que Deus nos pede.
Na primeira leitura, o profeta Ezequiel convida os israelitas exilados na Babilónia a viverem com coerência o Sim dado ao Senhor e à Aliança.

A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de Cristo: despoja-se da condição divina, assume a condição humana. Os cristãos são chamados por Deus a seguir Jesus e a viver do mesmo jeito, na entrega total ao Pai e aos seus projectos.

O Evangelho diz como se concretiza o compromisso do crente com Deus. O "sim" que Deus nos pede não é uma declaração teórica de boas intenções, sem implicações práticas; mas é um compromisso firme, coerente, sério e exigente com o Reino, com os seus valores, com o seguimento de Jesus Cristo. O verdadeiro crente não é aquele que "dá boa impressão", que finge respeitar as regras e que tem um comportamento irrepreensível do ponto de vista das convenções sociais; mas é aquele que cumpre na realidade da vida a vontade de Deus.


Primeira Leitura (Ez 18,25-28)
Leitura da Profecia de Ezequiel

Eis o que diz o Senhor:
«Vós dizeis: 'A maneira de proceder do Senhor não é justa'.
Escutai, casa de Israel:
Será a minha maneira de proceder que não é justa?
Não será antes o vosso modo de proceder que é injusto?
Quando o justo se afastar da justiça,
praticar o mal o vier a morrer,
morrerá por causa do mal cometido.
Quando o pecador se afastar do mal que tiver realizado,
praticar o direito e a justiça,
salvará a sua vida.
Se abris os seus olhos e renunciar às faltas que tiver cometido,
há-de viver e não morrerá».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 24 (25)

Refrão: Lembrai-Vos, Senhor, da vossa misericórdia.

Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
porque Vós sois Deus, meu Salvador:
em vós espero sempre.

Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas graças que são eternas.
Não recordeis as minhas faltas
e os pecados da minha juventude.
Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,
por causa da vossa bondade, Senhor.

O Senhor é bom e recto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer os seus caminhos.


Segunda Leitura (Filip 2,1-11)
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses

Irmãos:
Se há em Cristo alguma consolação,
algum conforto na caridade,
se existe alguma consolação nos dons do Espírito Santo,
alguns sentimentos de ternura e misericórdia,
então, completai a minha alegria,
tendo entre vós os mesmos sentimentos e a mesma caridade,
numa só alma e num só coração.
Não façais nada por rivalidade nem por vanglória;
mas, com humildade,
considerai os outros superiores a vós mesmos,
sem olhar cada um aos seus próprios interesses,
mas aos interesses dos outros.
Tende em vós os mesmos sentimentos
que havia em Cristo Jesus.
Ele, que era de condição divina,
não Se valeu da sua igualdade com Deus,
mas aniquilou-Se a Si próprio.
Assumindo a condição de servo,
tornou-Se semelhante aos homens.
Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais,
obedecendo até à morte, e morte de cruz.
Por isso, Deus O exaltou
e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes,
para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem,
no céu, na terra e nos abismos,
e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor,
para glória de Deus Pai.


Evangelho (Mt 21,28-32)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes
e aos anciãos do povo:
«Que vos parece?
Um homem tinha dois filhos.
Foi ter com o primeiro e disse-lhe:
'Filho, vai hoje trabalhar na vinha'.
Mas ele respondeu-lhe: 'Não quero'.
Depois, porém, arrependeu-se e foi.
O homem dirigiu-se ao segundo filho
e falou-lhe do mesmo modo.
Ele respondeu: 'Eu vou, Senhor'.
Mas de facto não foi.
Qual dos dois fez a vontade ao pai?»
Eles responderam-Lhe: «O primeiro».
Jesus disse-lhes:
«Em verdade vos digo:
Os publicanos e as mulheres de má vida
irão diante de vós para o reino de Deus.
João Baptista veio até vós,
ensinando-vos o caminho da justiça,
e não acreditastes nele;
mas os publicanos e as mulheres de má vida acreditaram.
E vós, que bem o vistes,
não vos arrependestes, acreditando nele».


Ressonâncias2filhos

Com esta Parábola, Jesus apresenta-nos duas atitudes diferentes. Um pai que convida os dois filhos a trabalharem na vinha: o primeiro que não manifesta vontade e prontamente diz "não", mas depois reconsidera e vai; o segundo responde "sim", mas posteriormente resolve não ir. E a parábola questiona: "Qual dos dois fez a vontade do Pai?"

Os dois filhos representam dois grupos do tempo de Jesus: os "pecadores inveterados" e os "justos estabelecidos". Os judeus seriam os "justos estabelecidos", fiéis praticantes da Lei, que há séculos tinham pronunciado o seu "sim" a Deus pela Aliança e que agora rejeitavam Cristo, o enviado do Pai e ficando fora do Reino. Os "pecadores inveterados" seriam os cobradores de impostos e as prostitutas, que por muito tempo disseram "não" à vontade de Deus expressa na Lei, mas que agora exprimiam o seu "sim" aos apelos de Jesus - seguindo a suas propostas - e entravam no Reino. É interessante notar que esta parábola, narrada por S. Mateus, um cobrador de impostos, antes considerado também um pecador público e agora um discípulo ardoroso do Senhor.

Também nos nossos dias, Deus continua a ter dois filhos: alguns, no Baptismo, dizem "Sim", mas depois, na vida concreta, transformam o "Sim" em muitos "Não"; outros nunca deram um "Sim" explícito a Deus, mas, no dia-a-dia, amam os irmãos, sacrificam-se por eles e praticam obras de caridade. Estes, ainda que não baptizados, são verdadeiros Filhos de Deus: Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros como eu vos amei..."

Hoje, muitos dos que se dizem católicos, afirmam: Cristo Sim, Igreja Não. Não é possível sermos cristãos prescindindo da Igreja. Somos cristãos pela graça de Deus e essa graça nós recebemo-la na Igreja, fundada por Jesus, como sacramento universal de salvação, organizada e unida na comunhão da caridade sob a animação pastoral dos apóstolos e dos sucessores.

É inútil dizer Sim Deus no dia do Baptismo, se durante a vida não são revogadas as promessas. A nossa vida deve ser um "Sim" permanente ao Senhor.

A que grupo pertencemos? A que filho nos assemelhamos? Ao primeiro ou ao segundo? Ou não seria melhor que fôssemos como o terceiro filho, do qual a parábola não fala: aquele que diz "Sim" e vai mesmo!

Todos são chamados a trabalhar na vinha do Pai. Ninguém está dispensado de colaborar com Deus na construção de um mundo mais humano, mais justo, mais verdadeiro, mais fraterno.

-------------------------------------------------------------------------------

Oh feliz culpa!

Um dos pontos mais desconcertantes e, ao mesmo tempo, mais deliciosos, dos ensinamentos de Jesus é que Deus está mais perto dos pecadores do que dos santos... e que os publicanos e as mulheres de má vida irão diante dos bons para o Reino Celeste.

Anthony de Mello explicava assim esta verdade:perdao
Deus segura cada pessoa por um cordel invisível. Cada vez que nós pecamos, cortamos esse fio mas Deus volta a emendar tudo com um nó cego. Como o barbante fica mais curto, por causa deste nó, nós ficamos também um pouco mais perto de Deus.
E assim cada pecado faz um corte e a cada corte corresponde um nó e cada nó leva-nos até mais perto de Deus.

Pecar é fazer uma ruptura, é cortar as relações com Deus, connosco mesmos, com os outros ou com as coisas. É dizer uma coisa e fazer outra, é ser quem não se é.
Arrepender-se é apresentar a Deus as pontas do barbante para que Ele possa atá-las de novo. Perdoando, Deus reata uma relação e manifesta a sua misericórdia. Se eu não pecasse, ou não reconhecesse o meu pecado, Deus não teria ocasião de mostrar que é misericordioso.

E no fim de tudo podemos dizer como Santo Agostinho: «Oh feliz culpa... que nos aproximou mais de Deus.»

Pe. José David Quintal Vieira, scj

XXV Domingo do Tempo Comum - Ano A

Vinha6aSejamos sinceros. Cá bem no íntimo do nosso ser protestamos contra a absoluta gratuidade do amor com que Deus nos ama; Ele "fura" o nosso conceito de justiça... Muitas vezes não o dizemos, é certo, mas sentimo-nos vítimas da "injustiça" que Deus nos faz. Pois bem, as leituras deste Domingo apresentam-nos o deus de Jesus Cristo, que, no seu agir, vai muito além daquilo a que nós chamamos justiça. É um Deus muito mais do que justo. É bom. É absoluta gratuidade! É misericordioso.

A primeira leitura pede aos crentes que se voltem para Deus. "Voltar para Deus" é um movimento que exige uma transformação radical do homem, de forma a que os seus pensamentos e acções reflictam a lógica, as perspectivas e os valores de Deus que não pensa como nós, que não julga segundo as aparências, mas segundo o coração.

A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de S. Paulo que abraçou, de forma exemplar, a lógica de Deus. Renunciou aos interesses pessoais e colocou no centro da sua existência Jesus Cristo.

O Evangelho diz-nos que o Senhor chama à salvação todos os homens. A salvação é mais obra de Deus do que merecimento do homem. Deus é um Pai, cheio de bondade, que ama todos os seus filhos por igual e sobre todos derrama o seu amor. Ele dá-nos muito mais do que merecemos... A Deus interessa mais a forma como se acolhe o seu convite. Pede-nos, no entanto, a transformação da nossa mentalidade, de forma a que a nossa relação com Ele não seja marcada pelo interesse, mas pelo amor e pela gratuidade.


Primeira Leitura (Is 55,6-9)
Leitura do Livro de Isaías

Procurai o Senhor, enquanto se pode encontrar,
invocai-O, enquanto está perto.
Deixe o ímpio o seu caminho
e o homem perverso os seus pensamentos.
Converta-se ao Senhor, que terá compaixão dele,
ao nosso Deus, que é generoso em perdoar.
Porque os meus pensamentos não são os vossos,
nem os vossos caminhos são os meus – oráculo do Senhor –.
Tanto quanto o céu está acima da terra,
assim os meus caminhos estão acima dos vossos
e acima dos vossos estão os meus pensamentos.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 144 (145)
Refrão: O Senhor está perto de quantos O invocam.

Quero bendizer-Vos, dia após dia,
e louvar o vosso nome para sempre.
Grande é o Senhor e digno de todo o louvor,
insondável é a sua grandeza.

O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas.

O Senhor e justo em todos os seus caminhos
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor está perto de quantos O invocam,
de quantos O invocam em verdade.


Segunda Leitura (Fil 1,20-24.27)
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses

Irmãos:
Cristo será glorificado no meu corpo,
quer eu viva quer eu morra.
Porque, para mim, viver é Cristo e morrer é lucro.
Mas, se viver neste corpo mortal é útil para o meu trabalho,
não sei o que escolher.
Sinto-me constrangido por este dilema:
desejaria partir e estar com Cristo, que seria muito melhor;
mas é mais necessário para vós
que eu permaneça neste corpo mortal.
Procurai somente viver de maneira digna do Evangelho de Cristo.


Evangelho (Mt 20,1-16)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola:
«O reino dos Céus pode comparar-se a um proprietário,
que saiu muito cedo a contratar trabalhadores para a sua vinha.
Ajustou com eles um denário por dia
e mandou-os para a sua vinha.
Saiu a meio da manhã,
viu outros que estavam na praça ociosos e disse-lhes:
'Ide vós também para a minha vinha
e dar-vos-ei o que for justo'.
E eles foram.
Voltou a sair, por volta do meio-dia e pelas três horas da tarde,
e fez o mesmo.
Saindo ao cair da tarde,
encontrou ainda outros que estavam parados e disse-lhes:
'Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?'
Eles responderam-lhe: 'Ninguém nos contratou'.
Ele disse-lhes: 'Ide vós também para a minha vinha'.
Ao anoitecer, o dono da vinha disse ao capataz:
«Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário,
a começar pelos últimos e a acabar nos primeiros'.
Vieram os do entardecer e receberam um denário cada um.
Quando vieram os primeiros, julgaram que iam receber mais,
mas receberam também um denário cada um.
Depois de o terem recebido,
começaram a murmurar contra o proprietário, dizendo:
'Estes últimos trabalharam só uma hora
e deste-lhes a mesma paga que a nós,
que suportámos o peso do dia e o calor'.
Mas o proprietário respondeu a um deles:
'Amigo, em nada te prejudico.
Não foi um denário que ajustaste comigo?
Leva o que é teu e segue o teu caminho.
Eu quero dar a este último tanto como a ti.
Não me será permitido fazer o que eu quero do que é meu?
Ou serão maus os teus olhos porque eu sou bom?'
Assim, os últimos serão os primeiros
e os primeiros serão os últimos».


RessonânciasVinha8a

Tentemos compreender esta parábola. Para Jesus, que era tão criticado porque acolhia os publicanos e os pecadores, os primeiros a serem chamados para trabalhar na vinha seriam os judeus, povo escolhido e herdeiro das promessas do Antigo Testamento; os últimos, os pecadores que, convidados também por Ele, são, da mesma forma, chamados a acolher a misericórdia de Deus. O Reino de Deus é afinal para todos; aqui não há excluídos. Para Deus todos são chamados, a todos Ele oferece a salvação e convida para trabalhar na sua vinha. "Não há judeu ou grego, escravo ou homem livre", cristãos da primeira ou da última hora; não há graus de antiguidade, de raça, de classe social, de merecimento; todos são filhos muito amados do mesmo Pai. A única coisa realmente decisiva é que os convidados aceitem ou não trabalhar na sua vinha

Cristo continua ainda hoje a fazer o mesmo convite: "Ide vós também para a minha vinha." Muitos ouvem este convite logo no início da sua existência; outros escutam este apelo no vigor da juventude; outros apenas na idade adulta ou até já na terceira idade. Deus não pensa como nós, Ele não olha o tempo, mas a atitude pronta e generosa da nossa resposta. Não remunera pela eficiência, mas pela necessidade. Mede muito mais pelo amor, do que pelo produto do mesmo.

Diante da recompensa gratuita e universal de Deus, qual será a nossa atitude? Alegramo-nos com o amor de Deus que acolhe a todos? ou deixamo-nos levar por sentimentos de inveja ou de ciúme? ou consideramo-nos merecedores de direitos e de privilégios em relação aos demais?

Como explicar esta aparente injustiça de Deus? Humanamente é difícil entender, só entenderemos numa visão de fé. Quem trabalha para o Reino de Deus, deve fazê-lo por amor. E quando alguém faz por amor não se interessa pela recompensa, pelos elogios, pelo pagamento. A fidelidade ao Senhor já é uma recompensa; sem dúvida, Deus dá-nos muito mais do que merecemos.

Deus não quer ninguém desocupado. Por isso, Cristo continua a fazer o mesmo convite: "Ide vós também para a minha vinha!..." Qual será a nossa resposta a este chamamento de Deus? Qual será o nosso lugar na vinha do Senhor?

--------------------------------------------------------------------------

A parábola dos trabalhadores enviados para a vinha,vinha55 em horas diferentes do dia, sempre gerou grande dificuldade entre os leitores do Evangelho.
Será aceitável a maneira de actuar do proprietário, que dá o mesmo pagamento para quem trabalhou uma hora e para quem trabalhou um dia inteiro? Não estará ele a violar o princípio da justa recompensa? Estranho o comportamento deste patrão!...

Convém notar que a dificuldade nasce aqui de um equívoco. Considera-se o problema da recompensa em abstracto e em geral, ou em referência à recompensa eterna no céu? Visto assim, realmente haveria uma contradição com o princípio segundo o qual Deus «dá a cada um segundo suas obras» (Rm 2, 6). Mas Jesus refere-se aqui a uma situação concreta, um caso bem preciso: o único denário que é dado a todos é o Reino dos Céus que Jesus trouxe à terra; é a possibilidade de entrar para fazer parte da salvação messiânica. A parábola começa por afirmar: «O reino dos Céus pode comparar-se a um proprietário, que saiu muito cedo a contratar trabalhadores para a sua vinha». E, porque Ele quer salvar todos os homens, chama todos e chama a todas as horas, cabendo a cada um aceitar ou não a mesma interpelação. Estaremos nós distraídos?

É ainda de realçar um aspecto que talvez seja marginal na parábola, mas que é gritante na nossa sociedade: o problema do desemprego. À pergunta do proprietário: « Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?», os trabalhadores respondem: «Porque ninguém nos contratou». Esta resposta poderia ser dada hoje por milhões de desempregados.

Jesus não era insensível a este problema. Se Ele descreve tão bem a cena é porque muitas vezes o seu olhar pousara compassivamente sobre aqueles grupos de homens sentados no chão, ou apoiados numa porta, com um pé na parede, à espera de serem contratados. Esse proprietário sabe que os operários da última hora têm as mesmas necessidades que os outros; também eles têm filhos para alimentar, como os da primeira hora. Dando a todos o mesmo pagamento, o proprietário mostra levar em conta não só o mérito, mas também a necessidade.

A parábola dos operários da vinha convida-nos, assim, a encontrar um equilíbrio mais justo entre estas duas exigências: do mérito e da necessidade.

--------------------------------------------------------------------

O Deus que nos procura

Um grupo de mineiros, num túnel, emparedados mineirospor um desmoronamento, tentava abrir uma saída, após longas horas, batia na parede e notava o pequeno progresso e se perguntava se não seria em vão o seu esforço. Houve um momento em que pararam exaustos e ergueram silenciosamente as cabeças, apuraram os ouvidos e escutaram ao longe outras pancadas que lentamente venciam a mesma resistência e se dirigiam ao seu encontro. Era a equipa de salvamento. E descobriram nova coragem para recomeçar o trabalho. E sempre que não podiam mais, detinham-me um momento para tornar a ouvir e a crer.

Ninguém pode vir a mim se o Pai o não atrair, repete Jesus. A Parábola dos vinhateiros contratados nas mais diversas horas vem lembrar-nos precisamente a mesma realidade: Não somos só nós que procuramos a Deus mas é sobretudo Deus quem nos procura. Ele é Alguém acessível, pois sai inúmeras ao encontro dos homens. É Alguém que quis precisar de nós pois sabe que nós não somos ninguém sem Ele. Quer ter uma relação pessoal contratando pessoalmente cada trabalhador. É bom, justo, generoso e livre.

De vez em quando temos necessidade de recordar que o nosso Deus é assim para reforçarmos a nossa procura. Sabendo que Ele está próximo, a melhor maneira de se encontrar com Ele é ficar onde se está, isto é, não se transviar porque mais cedo ou mais tarde ele virá ter connosco.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

XXIV Domingo do Tempo Comum - A

70x7«Perdoa a ofensa do teu próximo e quando pedires, as tuas faltas serão perdoadas.» Assim refere a primeira leitura deste Domingo. A vingança pode ser uma tendência instintiva natural, fruto de uma natureza ainda não suficientemente dominada e educada. Mas, a compreensão das faltas dos outros e o perdão são atitudes fundamentais para o coração de quem olha para os outros como gostaria que Deus olhasse para si. Já no Antigo Testamento, os homens de Deus assim pensavam.

No Evangelho, perante a interpelação de Pedro, Jesus responde: «Não te digo que perdoes até sete vezes, mas até setenta vezes sete.» O perdão das ofensas é atitude fundamental para o discípulo de Cristo. Este perdão não tem limites, vai até ao que se possa imaginar. O número sete tem uma certa ideia de plenitude, de totalidade. Mas Jesus, para indicar que o perdão deve ser sem limites, ainda o multiplica por setenta: setenta vezes sete, isto é, sempre.

É assim que se manifesta o amor de Deus em nós e nos interpela continuamente. Por isso S. Paulo, na segunda leitura, sublinha: «Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor.» É preciso viver, tendo sempre o sentido do amor e do perdão em toda a nossa vida. Só assim a vida e a morte têm sentido e nos enchem de paz e de alegria.


Primeira Leitura (Sir 27, 33 – 28, 9)
Leitura do Livro de Ben-Sirá

O rancor e a ira são coisas detestáveis,
e o pecador é mestre nelas.
Quem se vinga sofrerá a vingança do Senhor,
que pedirá minuciosa conta de seus pecados.
Perdoa a ofensa do teu próximo e,
quando o pedires, as tuas ofensas serão perdoadas.
Um homem guarda rancor contra outro
e pede a Deus que o cure?
Não tem compaixão do seu semelhante
e pede perdão para os seus próprios pecados?
Se ele, que é um ser de carne, guarda rancor,
quem lhe alcançará o perdão das suas faltas?
Lembra-te do teu fim e deixa de ter ódio;
pensa na corrupção e na morte, e guarda os mandamentos.
Recorda os mandamentos
e não tenhas rancor ao próximo;
pensa na aliança do Altíssimo
e não repares nas ofensas que te fazem.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 102 (103)
Refrão: O Senhor é clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade.

Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios.

Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades.
Salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia.

Não está sempre a repreender,
nem guarda ressentimento.
Não nos tratou segundo os nossos pecados,
nem nos castigou segundo as nossas culpas.

Como a distância da terra aos céus,
assim é grande a sua misericórdia para os que O temem.
Como o Oriente dista do Ocidente,
assim Ele afasta de nós os nossos pecados.


Segunda Leitura (Rom 14, 7-9)
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos

Irmãos:
Nenhum de nós vive para si mesmo
e nenhum de nós morre para si mesmo.
Se vivemos, vivemos para o Senhor,
e se morremos, morremos para o Senhor.
Portanto, quer vivamos quer morramos,
pertencemos ao Senhor.
Na verdade, Cristo morreu e ressuscitou
para ser o Senhor dos vivos e dos mortos.


Evangelho (Mt 18, 21-35)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou-Lhe:
«Se meu irmão me ofender,
quantas vezes deverei perdoar-lhe? Até sete vezes?».
Jesus respondeu:
«Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
Na verdade, o reino de Deus pode comparar-se a um rei
que quis ajustar contas com os seus servos.
Logo de começo,
apresentaram-lhe um homem que devia dez mil talentos.
Não tendo com que pagar,
o senhor mandou que fosse vendido,
com a mulher, os filhos
e tudo quanto possuía, para assim pagar a dívida.
Então o servo prostrou-se a seus pés, dizendo:
'Senhor, concede-me um prazo e tudo te pagarei'.
Cheio de compaixão, o senhor daquele servo
deu-lhe a liberdade e perdoou-lhe a dívida.
Ao sair, o servo encontrou
um dos seus companheiros que lhe devia cem denários.
Segurando-o, começou a apertar-lhe o pescoço, dizendo:
'Paga o que me deves'.
Então o companheiro caiu a seus pés
e suplicou-lhe, dizendo:
'Concede-me um prazo e pagar-te-ei'.
Ele, porém, não consentiu e mandou-o prender,
até que pagasse tudo quanto devia.
Testemunhas desta cena,
os seus companheiros ficaram muito tristes
e foram contar ao senhor tudo o que havia sucedido.
Então, o senhor mandou-o chamar e disse:
'Servo mau, perdoei-te tudo o que me devias,
porque mo pediste. Não devias, também tu,
compadecer-te do teu companheiro,
como eu tive compaixão de ti?'.
E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos,
até que pagasse tudo o que lhe devia.
Assim procederá convosco meu Pai celeste,
se cada um de vós não perdoar a seu irmão de todo o coração».


RessonânciasPapa_Aliagca1

Esta parábola é uma catequese sobre a misericórdia de Deus. Mostra-nos como, na perspectiva de Deus, o perdão é sem limites, total e absoluto. Depois, interpela-nos a analisar as nossas atitudes para com os irmãos que erram.
(A foto ao lado espelha bem esta mensagem: João Paulo II, vítima de atentado a 13-05-1981, na Praça de S. Pedro, vai à prisão visitar o seu agressor, Ali Agca, e concede-lhe o seu perdão.)

Consequências: o testemunho de Jesus – "amar até os inimigos"; no pai-nosso – "perdoai, como nós perdoamos"; nas bem-aventuranças – "bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia"; diante do altar – "vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão."; no Filho Pródigo – o Pai misericordioso que perdoa com alegria; na cruz – "Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem."

Motivos para perdoar:
– Deus perdoa-nos, na mesma medida com que nós perdoamos.
– O amor é o distintivo do cristão e, às vezes, o amor só é possível através do perdão. Quantos casais se desfazem por falta de perdão? Quantos filhos abandonam a família por falta de perdão? Quantas pessoas deixam a comunidade por falta do perdão e do acolhimento?
– O Perdão ajuda a romper o círculo vicioso do ódio e da vingança.

Perdoar não é apenas deixar de se vingar ou ceder sempre aos que nos ofendem, é antes estar disposto a ir ao encontro, a estender a mão, a recomeçar o diálogo, a dar outra oportunidade.
– E nós, como Pedro, contamos quantas vezes? Uma vez sim, duas não...

– "Perdoo, mas não esqueço; não falo; não o visito mais." Será esse o perdão generoso e de coração, esperado por Deus?
– Na Parábola, o servo que não perdoou foi para a prisão. A falta de perdão tem consequências pesadas para quem não perdoa. Costuma provocar uma vida azeda e angustiante. Só o perdão alivia e restitui a alegria. É a chamada terapia do perdão.

Qual é a nossa atitude diante do perdão?
– Temos humildade para pedir o perdão?
– Demonstramos alegria e gratidão diante de um perdão recebido?
– Somos generosos em oferecer o nosso perdão?

Sabemos que é difícil perdoar. Contudo, vale a pena não desistir. Quem faz a experiência do perdão de Deus e envolve-se na lógica da misericórdia, deixa-se transformar por Ele e assume com os irmãos uma atitude diferente, uma atitude marcada pela bondade, pela compreensão, pelo acolhimento, pela misericórdia, pelo Amor.

---------------------------------------------------------------------------

Amando e perdoando, abriremos espaço para um mundo melhor acontecer. Não há nada mais belo do que encontrarmos uma pessoa que não paga o mal com o mal!
Tal criatura, não obstante ser sensível como todas as pessoas normais, consegue ultrapassar todo o género de maus tratos. Afrontas, injúrias, calúnias e mesmo agressões físicas, não a demovem do propósito de compreender e de amar.
Perante uma tempestade de palavras ofensivas e de atitudes injustas, não sem grande mágoa, apercebe-se de que a outra pessoa precisa é de compreensão e de amor.
As atitudes agressivas contra nós têm sempre uma explicação. Podem resultar de complexos pessoais, familiares ou sociais. Podem ser devidas a ignorância, falta de fé e má formação.
Ora, tudo isto deve lembrar a quem é cristão o grande exemplo de Jesus, quando disse: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem.” (Lc 23,24)

ORAÇÃO:
Bendizemos-Te, Senhor nosso Deus, porque morrendo na cruz,
mostraste-nos todo o amor, perdão e misericórdia
que o Teu coração de Pai abriga para nós, os teus filhos.
Assim é possível que nos perdoemos como Tu nos perdoas,
sem número limite de vezes, nem medida para o perdão.
Ensina-nos, Senhor, a viver cada dia segundo o teu Espírito,
de tal modo que o nosso perdão aos irmãos que nos ofendem
seja para todos os outros um sinal do teu amor e da tua reconciliação.
Assim mereceremos herdar a bem-aventurança de Jesus:
«Ditosos os misericordiosos que sabem amar e perdoar,
porque alcançarão misericórdia, amor, e perdão».
Amen.

----------------------------------------------------------------------------

Perdoar é elevarConf1

Um miúdo acompanhou a sua avó quando esta foi à igreja confessar-se. Era um templo moderno, com confessionários acolhedores e práticos: uma luz verde para mostrar que estava livre, outra vermelha quando ocupado. À saída o neto perguntou:
— Então a avó não teve medo de subir naquele elevador?

— Qual elevador?

— Aquele onde a avó se ajoelhou dentro da igreja.

Bem se esforçou aquela mulher em explicar que não era nenhum elevador... mas não sei se o miúdo ficou convencido. Só sei que a partir daí eu sempre encarei a confissão como um acto de elevação.

Quem é perdoado, num gesto concreto de arrependimento, eleva-se até ao céu. Quantas vezes devo perdoar? Tantas vezes quantas eu preciso de ser perdoado. A parábola deste Domingo mostra que quem não perdoa é porque não soube acolher o perdão que os outros lhe davam.

Perdoar 70 X 7, isto é, sempre:
- Porque se errar é humano, perdoar é divino.
- Porque a única medida do perdão é perdoar sem medida.
- Porque quem ama perdoa e quem perdoa ama.
- Porque, por incrível que pareça, cada pessoa é susceptível de mudança.
- Porque posso condenar o pecado mas nunca o pecador.

Só assim elevar-me-ei até ao céu através desse ascensor que é o perdão.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

XXIII Domingo do Tempo Comum - A

JCperd20A liturgia deste Domingo sugere-nos uma reflexão sobre a nossa responsabilidade face aos irmãos. Afirma, claramente, que ninguém pode ficar indiferente diante daquilo que ameaça a vida e a felicidade de um irmão e que todos somos responsáveis uns pelos outros.

A primeira leitura fala-nos do profeta como uma "sentinela" do Senhor no meio do Povo para perscrutar atentamente a realidade e alertar os perigos que a ameaçam. Como profundo conhecedor de Deus e das realidades dos homens, o profeta não pode ficar indiferente diante dos perigos que ameaçam a comunidade.

Na segunda leitura, Paulo ensina que o AMOR é a plenitude da Lei e o caminho para corrigir o irmão que erra. O verdadeiro amor não deixa as pessoas como são, com os seus defeitos. Por isso, faz parte do amor corrigir com humildade o irmão, que está errado. A correcção fraterna é fácil quando animada pela caridade e muito difícil quando a comunhão fraterna não existe.

O Evangelho sugere o modo de proceder com o irmão que errou.


Primeira Leitura (Ez 33,7-9)
Leitura da Profecia de Ezequiel

Eis o que diz o Senhor:
«Filho do homem,
coloquei-te como sentinela na casa de Israel.
Quando ouvires a palavra da minha boca,
deves avisá-los da minha parte.
Sempre que Eu disser ao ímpio: 'Ímpio, hás-de morrer',
e tu não falares ao ímpio para o afastar do seu caminho,
o ímpio morrerá por causa da sua iniquidade,
mas Eu pedir-te-ei contas da sua morte.
Se tu, porém, avisares o ímpio,
para que se converta do seu caminho,
e ele não se converter,
morrerá nos seus pecados,
mas tu salvarás a tua vida».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 94 (95)
Refrão: Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos a Deus, nosso Salvador.
Vamos à sua presença e dêmos graças,
ao som de cânticos aclamemos o Senhor.

Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou.
Pois Ele é o nosso Deus
e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.

Quem dera ouvísseis hoje a sua voz:
«Não endureçais os vossos corações,
como em Meriba, no dia de Massa no deserto,
onde vossos pais Me tentaram e provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras».


Segunda Leitura (Rom 13,8-10)
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos

Irmãos:
Não devais a ninguém coisa alguma,
a não ser o amor de uns para com os outros,
pois, quem ama o próximo, cumpre a lei.
De facto, os mandamentos que dizem:
«Não cometerás adultério, não matarás,
não furtarás, não cobiçarás»,
e todos os outros mandamentos,
resumem-se nestas palavras:
«Amarás ao próximo como a ti mesmo».
A caridade não faz mal ao próximo.
A caridade é o pleno cumprimento da lei.


Evangelho (Mt 18,15-20)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Se o teu irmão te ofender,
vai ter com ele e repreende-o a sós.
Se te escutar, terás ganho o teu irmão.
Se não te escutar, toma contigo mais uma ou duas pessoas,
para que toda a questão fique resolvida
pela palavra de duas ou três testemunhas.
Mas se ele não lhes der ouvidos, comunica o caso à Igreja;
e se também não der ouvidos à Igreja,
considera-o como um pagão ou um publicano.

Em verdade vos digo:
Tudo o que ligardes na terra será ligado no Céu;
e tudo o que desligardes na terra será desligado no Céu.

Digo-vos ainda:
Se dois de vós se unirem na terra para pedirem qualquer coisa,
ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos Céus.
Na verdade, onde estão dois ou três reunidos em meu nome,
Eu estou no meio deles».


Ressonâncias

Iniciamos neste Evangelho o "Discurso Eclesial", em que Jesus apresenta uma catequese sobre Correcção Fraterna. Como corrigir o irmão que errou e provocou conflitos na Comunidade? O Evangelho propõe um caminho em quatro etapas:

1. Um encontro pessoal a sós com esse irmão. Muitas vezes costumamos espalhar o erro ao quatro ventos. O AMOR é mais importante do que a VERDADE. A verdade nua e crua, muitas vezes destrói a convivência entre as pessoas, pode destruir uma pessoa, arruinar uma família e destruir um casamento. Convém dizer sempre toda a verdade? A verdade que não produz amor, mas provoca perturbações, gera discórdias, ódios e rancor, não deve ser dita. Falando, "Vai ajudar?" (calando, quantos dissabores evitaríamos!) Convém saber quando devemos calar, quando devemos falar e como falar.

2. Se ele não ouvir, pedir a ajuda de outrasg13 pessoas, que tenham sensibilidade e sabedoria.

3. Se essa tentativa também falhar, levar o assunto à Comunidade para recordar ao infractor as exigências do caminho cristão. Mas a intervenção deve ser guiada pelo amor.

4. Se persistir no erro, será considerado um gentio, um pagão. Não é a Igreja que exclui o infractor, é ele que recusa a proposta do Reino e se coloca à margem da Comunidade.

E o Evangelho acrescenta uma Exortação à Oração em comum: «Se dois de vós se unirem na terra para pedirem qualquer coisa, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos Céus. Na verdade, onde estão dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles.» Isso quer recordar-nos que, mesmo quando a correcção não for possível por outros meios, ainda poderá ser possível pela oração, feita em comum, em nome de Jesus.

– Pode Deus contar contigo como uma Sentinela fiel? Diante das diferenças, dos erros e das falhas dos teus irmãos, és tu tolerante?, tentas ajudá-los com misericórdia e com caridade?
– Aceitas com humildade as correcções justas que os outros te fazem, ou acha que isso é uma intromissão?
– As acções erradas devem ser condenadas. Os que as cometeram devem ser vistos como irmãos, a quem se ama, acolhe e a quem se dá sempre outra oportunidade para voltar.

------------------------------------------------------------------------------------

Corrigir-se!

1.Necessidade da correcção fraterna.
O pecado nunca é um facto isolado pois nenhum homem é uma ilha. Cada um é parte dum continente. Quando uma ave poisa num ramo é perturbado o equilíbrio de toda a planta. Quando uma pedra cai no lago comunica o movimento a toda a água.

2. Como corrigir.
a) Com serenidade para não aumentar o mal; a sós;Perd3 na intimidade e num relacionamento pessoal.
Conta-se que um dia Platão teve que corrigir um aluno impertinente. Sentando-se, pediu ajuda a um amigo dizendo-lhe:« Eu não posso corrigi-lo agora porque não me encontro suficientemente calmo.»

b) Em espírito de comunhão e oração. É por isso que Jesus, no Evangelho deste Domingo, conclui que onde dois ou três se reunirem em seu nome, estaria no meio deles. Isto porque a comunidade reúne-se para fazer oração mas afinal é a oração que constrói a comunidade.

Um dia, uma mãe lamentava-se ao pároco que o seu filho, em crise espiritual, andava transviado pelas más companhias. Dizia com tristeza:
– Eu falo muitas vezes de Deus ao meu filho mas não serve de nada.

Então o santo pároco, consolando-a respondeu:
– Coragem! Se quer obter melhores resultados, mais do que falar de Deus ao seu filho, fale do seu filho a Deus.

E assim fez.. Quanto mais rezava mais calma e compreensiva ficava de modo que o seu filho, assim acolhido, não precisou mais de procurar satisfações longe de casa e corrigiu-se. E a mãe chegou à conclusão que para corrigir é preciso corrigir-se.

Pe. José David Quintal Vieira, scj
-------------------------------------------------------------------------------------
 
Erros fecundos

Crescemos numa saudável convivência com os nossos erros. Dos mais simples aos mais notáveis dos homens e mulheres não há quem não erre, sucedendo até, como dizia o P. António Vieira, que "nos grandes são mais avultados os erros, porque erram com grandeza e ignoram com presunção". Educar para o perfeccionismo cultivando o medo de falhar é criar almas escrupulosas e mentes atrofiadas. Aquelas capazes de ver "o argueiro no olho do irmão" e não a "trave" no seu próprio olho, especializadas na letra da lei e não no seu espírito. Mas o contrário também é pernicioso: a desresponsabilização pessoal e social, o erro instituído em costume, o deixar de viver como se pensa passando a pensar como se vive.perdao2

Não estou aqui a fazer um elogio do erro mas, como dizia alguém, brincando, "a vida ficou bem mais interessante com aquela falta de Adão e Eva no paraíso". Claro que não estava a referir-se à profundidade teológica do pecado original nem a querer ofender Santo Agostinho e logo juntou: "não se canta na noite de Páscoa, "ó ditosa culpa que nos mereceu tão grande Redentor"? A possibilidade de errar e de reconhecer o erro não nos diminui; é a persistência no erro, a pretensão de sermos deuses, de viver auto-suficientes que impedem a comunhão com Deus e com os outros, e esse é o maior erro da vida!

Jesus não andou à procura dos pecadores para os acusar. Era conhecido por comer com eles e sentia-se bem com a sua autenticidade. Acolhia e libertava valorizando mais o futuro do que o passado. Custava-lhe o fingimento e a sobranceria dos que se julgavam justos e impecáveis. O amor não lida bem com a aparência, prefere a transparência, ainda que seja como uma janela a precisar de limpeza. Assim não desiste de salvar e de oferecer um amor incondicional. Porque acredita nas extraordinárias capacidades de cada um de nós. Não andaremos longe de Jesus quando nos habituamos a excluir, a querer perfeito sem oferecer e fazer caminho, a congelar o que existe sem arriscar o novo por medo de errar?

É comprometedora a proposta que hoje nos é feita no evangelho para lidar com os erros dos irmãos. Do diálogo a sós, passando por pelo encontro com dois ou três amigos, confiando na comunidade, nunca se propõe desistir do outro. Curiosamente, mesmo depois de tentar tudo, a ideia de tratar o irmão como um pagão ou um publicano não significa excomunhão: não são eles os grandes destinatários do amor de Deus, aqueles que, surpreendentemente, acolhem Jesus com alegria? Felizes os que descobrem nos erros ocasiões para viver um amor maior, sementes de uma verdade que só encontra quem está disposto a caminhar!

Pe. Vítor Gonçalves

 

Cateq 2018

Calendario Cateq

horariomissas



Patriarcado