Coro VOX MICHAELIS
Maestro: Pedro Brasão Correia
Organista: Felisberto Nunes
"Cantar é rezar duas vezes", dizia Santo Agostinho. Ele, um pregador por excelência, reconhecia no canto uma ajuda suplementar para a oração. O Irmão Roger, de Taizé, afirmava que "não há nada que conduza mais à comunhão com o Deus vivo, do que uma oração comunitária meditativa. O canto prolonga-se e permanece no silêncio do coração, mesmo quando ficamos sós”. Logo, cantar aproxima-nos mais de Deus, ajuda à intimidade com Ele.
A música e o canto são parte integrante da Liturgia, não como elementos meramente estéticos, mas essenciais da Acção de Graças, ajudando a comunidade cristã a louvar a Deus.
O Sacrosanctum Concilium evidencia que “o canto sagrado, intimamente unido com o texto, constitui parte necessária ou integrante da Liturgia solene” (SC 112). Isto significa, segundo as palavras do papa Bento XVI, que
“a música e o canto são mais que um embelezamento […] do culto; com efeito, fazem parte da actuação da Liturgia, aliás, são eles próprios Liturgia. Por conseguinte, uma solene música sacra com coro, órgão, orquestra e canto do povo não é um acréscimo que emoldura e torna agradável a Liturgia, mas é um modo importante de participação activa no evento cultual.” (Bento XVI, Discurso do Santo Padre no final da cerimónia para a bênção do novo órgão da Alte Kapelle, Regensburg, 13 de Setembro de 2006).
O Coro tem assim a peculiar função de ajudar a comunidade a louvar a Deus através do canto. Por isso, “a posição do grupo coral e do órgão devem fazer ressaltar claramente que os cantores e o organista fazem parte da assembleia dos fiéis, e permitir que eles possam executar do melhor modo o seu ofício litúrgico.” (Inter Oecumenici, 97)
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“O canto sagrado, unido às palavras, é parte necessária ou integrante da Liturgia solene [...] atendendo à finalidade da música sacra que é a glória de Deus e a santificação dos fiéis (Sacrosanctum Concilium, 112). Esta compreensão é muito bem explicitada pelo Papa Bento XVI: “Na arte da celebração, ocupa lugar de destaque o canto litúrgico... O povo de Deus, reunido para a celebração, canta os louvores de Deus. Na sua história bimilenária, a Igreja criou, e continua a criar, música e cânticos que constituem um património de fé e amor que não se deve perder. Verdadeiramente, em liturgia, não podemos dizer que tanto vale um cântico como outro; a propósito, é necessário evitar a improvisação genérica ou a introdução de géneros musicais que não respeitem o sentido da liturgia. Enquanto elemento litúrgico, o canto deve integrar-se na forma própria da celebração; consequentemente, tudo – no texto, na melodia, na execução – deve corresponder ao sentido do mistério celebrado, às várias partes do rito e aos diferentes tempos litúrgicos” (Sacramentum Caritatis, 42).
À partida significa que a música e o canto não são um mero ornamento ou embelezamento do culto, um acrescento à celebração para a tornar mais bela e agradável. Eles fazem parte da própria actuação da Liturgia dentro das duas finalidades evocadas, a glória de Deus e a santificação dos fiéis. Uma boa e bela música litúrgica ajuda os fiéis a participar nos divinos mistérios de alma e coração, com os sentidos e os sentimentos, ajuda a compreender e interiorizar a mensagem da Boa Nova. A música chega onde não chegam as palavras, a pregação ou as conferências. Vai directa ao coração e à mente. Exprime o inefável. Muitas pessoas foram (ou são) tocadas no íntimo da alma e sentiram-se de novo atraídas por Deus através da música litúrgica. É exemplar e tocante o testemunho de Santo Agostinho: “Quanto eu não chorei, de profunda comoção, ao escutar os teus hinos e cânticos ressoando suavemente na tua Igreja. Aquelas vozes insinuavam-se nos meus ouvidos e a verdade infiltrava-se no meu coração e daí transbordava o sentimento de piedade, corriam as lágrimas e eu sentia-me consolado”. E mais tarde, recordando esta experiência da sua conversão, exclama: “Contudo, quando me lembro das lágrimas derramadas ao ouvir os cânticos da Igreja, nos primórdios da recuperação da minha fé, e quando mesmo agora me comovo, não com o canto, mas com as coisas que se cantam, quando são cantadas com uma voz clara e uma modulação perfeitamente adequada, reconheço de novo a grande utilidade desta prática”.
Num famoso sermão, Santo Agostinho realça também como o canto é expressão bela, alegre e vibrante da vida nova em Cristo. “O homem novo conhece o cântico novo. O cântico é uma manifestação de alegria e, se considerarmos melhor, um sinal de amor”. De facto, aqueles que cantam com o coração, com arte e com alma, amam o que cantam, Aquele a quem cantam e aqueles com quem cantam. O canto cria comunhão e comunidade. Cantamos a Cristo porque o amamos e nele encontramos a fonte da nossa alegria.
Podemos e devemos pois dizer que a música e o canto litúrgico são um caminho de evangelização a todos os níveis, desde as crianças aos adultos, enquanto elevam os nossos corações para o alto, para Deus, e os unem no louvor e na ternura.»
Cardeal António Marto, “Apresentação”, In Artur Oliveira, Aeternum cantabo, SNL, Fátima 2021