III Domingo do Advento - B

O Natal está próximo e a Liturgia deste Domingo é um convite à alegria pelo grande acontecimento que iremos celebrar.
Na primeira Leitura, o profeta entoa um canto de alegria aos que regressam do exílio, e que foram recebidos com frieza e hostilidade pelos habitantes de Jerusalém. Ele tem tanta certeza de que o amor de Deus libertará o seu povo, que manifesta a impressão de já estar presente na festa, e exclama:
"O Espírito do Senhor está sobre mim... Exulto de alegria no Senhor e minha alma rejubila no meu Deus". Apesar de termos tantos motivos para a tristeza, hoje somos convidados a ter a mesma confiança do profeta e a entoar um cântico de alegria por causa da salvação, como se já a tivéssemos alcançado.
Na segunda Leitura, S. Paulo recomenda: "Sede sempre alegres". A alegria cristã não é uma atitude passageira de festas humanas, mas um estado permanente, de quem confia que a vida cristã é uma caminhada ao encontro do Senhor que vem. Ele superará todos os males do mundo. É essa a alegria serena e profunda, que irradiamos ao nosso redor?
O Evangelho apresenta-nos João Baptista, a "voz" que prepara os homens para acolher Jesus, a Luz do mundo. O objectivo de João não é centrar sobre si próprio o foco da atenção pública; ele está apenas interessado em levar os seus interlocutores a acolher e a conhecer Jesus, Aquele que o Pai enviou com uma proposta de vida definitiva e de liberdade plena para os homens.
Leitura do Livro de Isaías
O espírito do Senhor está sobre mim,
porque o Senhor me ungiu e me enviou
a anunciar a boa nova aos pobres,
a curar os corações atribulados,
a proclamar a redenção aos cativos
e a liberdade aos prisioneiros,
a promulgar o ano da graça do Senhor.
Exulto de alegria no Senhor,
a minha alma rejubila no meu Deus,
que me revestiu com as vestes da salvação
e em envolveu num manto de justiça,
como noivo que cinge a fronte com o diadema
e a noiva que se adorna com as suas jóias.
Como a terra faz brotar os germes
e o jardim germinar as sementes,
assim o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor
diante de todas as nações.
Refrão: Exulto de alegria no Senhor.
A minha alma glorifica o Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador,
porque pôs os olhos na humildade da sua serva:
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
O Todo-poderoso fez em mim maravilhas:
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que O temem.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu-os de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo,
lembrado da sua misericórdia.
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos:
Vivei sempre alegres, orai sem cessar,
dai graças em todas as circunstâncias,
pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus.
Não apagueis o Espírito,
não desprezeis os dons proféticos;
mas avaliai tudo, conservando o que for bom.
Afastai-vos de toda a espécie de mal.
O Deus da paz vos santifique totalmente,
para que todo o vosso ser – espírito, alma e corpo –
se conserve irrepreensível
para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.
É fiel Aquele que vos chama
e cumprirá as suas promessas.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João.
Veio como testemunha, para dar testemunho da luz,
a fim de que todos acreditassem por meio dele.
Ele não era a luz,
mas veio para dar testemunho da luz.
Foi este o testemunho de João,
quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém,
sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem:
«Quem és tu?»
Ele confessou a verdade e não negou;
ele confessou:
«Eu não sou o Messias».
Eles perguntaram-lhe: «Então, quem és tu? És Elias?»
«Não sou», respondeu ele.
«És o Profeta?». Ele respondeu: «Não».
Disseram-lhe então: «Quem és tu?
Para podermos dar uma resposta àqueles que nos enviaram,
que dizes de ti mesmo?»
Ele declarou: «Eu sou a voz do que clama no deserto:
'Endireitai o caminho do Senhor',
como disse o profeta Isaías».
Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram:
«Então, porque baptizas,
se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?»
João respondeu-lhes:
«Eu baptizo em água,
mas no meio de vós está Alguém que não conheceis:
Aquele que vem depois de mim,
a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias».
Tudo isto se passou em Betânia, além Jordão,
onde João estava a baptizar.
João Baptista dá com alegria o seu testemunho: Não é o Messias, nem Elias, nem o Profeta. É apenas a "voz" que clama no deserto, convidando a preparar o caminho do Senhor, que "já está no meio de nós."
João é uma "voz" através da qual Deus passa aos homens a sua mensagem: "endireitai o caminho do Senhor". Somos nós hoje a "voz" que anuncia Cristo aos irmãos? Que espécie de "voz" são as nossas comunidades? Como reconhecer hoje, entre tantas vozes, aquelas que apontam para a "Luz" e nos levam à verdadeira alegria?
A "Voz" convida-nos a endireitar o caminho do Senhor. É um convite a deixar "as trevas" e a nascer para "a luz". Implica abandonar a mentira, o egoísmo, a injustiça, a violência e tudo o que empobrece a nossa vida, e nos impede de chegar à verdadeira felicidade. Quais são as mudanças que devo fazer na minha vida para passar das "trevas" para a "luz"? Quais são os obstáculos que nos impedem de andar nos caminhos rectos de Deus?
A "Voz" convida-nos a olhar para Jesus, pois só Ele é a Luz que ilumina o caminho. Dela surgiu tudo o que existe na criação. Ela é a vida dos homens. Ela vai dissipar as trevas. Jesus é de facto a Luz que ilumina as minhas decisões e opções? Quando celebro o nascimento de Jesus, celebro um acontecimento do passado, ou o encontro com alguém que é a Luz que ilumina a minha vida e a enche de paz e de alegria?
Deus enviou João para "dar testemunho dessa Luz". Ainda hoje Deus continua a enviar pessoas para dar testemunho dessa Luz e tornar presente a proposta libertadora de Jesus. Tenho eu consciência de que Deus também me chama e me envia? Qual tem sido a nossa resposta a esse chamamento?
A atitude humilde de João é muito sugestiva: Ele não usa a missão para a sua promoção pessoal; ele é apenas uma "voz" anónima e discreta que recorda, na sombra, realidades importantes. Nas nossas actividades, somos discretos e simples, de modo que as pessoas não vejam a nós, mas a mensagem que apresentamos?
Pregar no deserto
— Senhor Padre, porque é que João Baptista pregava no deserto?
— Porque era lá que ele vivia – respondi. Para além disso o deserto sempre foi um lugar de encontro consigo mesmo e com Deus. Mas porque é que me perguntas isso?
— É que eu pensava que ele pregava no deserto porque ninguém o ouvia...
De facto, parece que João pregou para o deserto pois, passados 2000 anos, a mesma voz se faz ouvir sem surtir ainda o efeito desejado. E mesmo acordado sonhei. No meu sonho apresentei-me diante de João Baptista para lhe dizer:
— Repara que ninguém te ouve. Tu não consegues mudar as pessoas. Todos os anos a mesma pregação... Muda o teu discurso...
— Não. Se eu não sou capaz de mudar as pessoas, não serão elas a mudar-me. Endireitai o caminho do Senhor – gritou ainda mais forte.
Ao acordar ainda me soavam essas mesmas palavras. Que fazer para endireitar esse caminho para que esta pregação não ficasse por terra? Lembrai-me então das sandálias de que João falava. Pois é. Em vez de retirar todas as pedras do longo caminho o melhor é calçar uns fortes sapatos para não sentir a aspereza do chão. Pareceu-me então ouvir a mesma voz a dizer: mãos à obra, ou melhor, pés a andar.
queremos, Senhor, praticar os conselhos
que nos dá o teu apóstolo Paulo:
Estai sempre alegres
e não deixeis morrer nas vossas mãos
as brasas incandescentes do Espírito de Cristo,
que é alma e fogo, luz e amor,
chama e vida, gozo e paz.
Obrigado, Senhor Jesus.
Hoje temos motivos de alegria:
Tu estás a chegar,
já estás no meio de nós.
Com João Baptista podemos dizer:
a minha alegria é grande;
é preciso que Cristo cresça e nós diminuamos.
diante dos nossos irmãos,
para que não sejas Tu
o desconhecido do nosso mundo. Amen.
II DOMINGO DO ADVENTO - B

A voz profética de Isaías e de João Baptista ressoam neste Domingo animando a nossa vida para a chegada do Cristo que vem. As leituras convidam-nos a preparar o Caminho do Senhor, apelando ao reencontro do homem com Deus e à sua conversão.
Na Primeira Leitura, Isaías consola os exilados na Babilónia anunciando um novo caminho de vida e de salvação e o regresso a Israel, à terra da liberdade e da paz. Em seguida, fala de um mensageiro que será enviado à frente, para levar a boa notícia a Jerusalém e a todas as cidades de Judá.
A segunda leitura aponta para a Parusia, a segunda vinda de Jesus. Essa vinda dá uma perspectiva diferente da vida, do seu sentido e da sua finalidade. Leva-nos a dar prioridade aos valores de Deus. Se todos nós pautarmos a nossa vida por esta dinâmica de contínua conversão, encontraremos no final da nossa caminhada terrena "os novos céus e a nova terra onde habita a justiça".
No Evangelho, João Baptista convida-nos a acolher a Boa Nova do Messias libertador.
Leitura do Livro de Isaías
Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.
Falai ao coração de Jerusalém e dizei-lhe em alta voz
que terminaram os seus trabalhos
e está perdoada a sua culpa,
porque recebeu da mão do Senhor
duplo castigo por todos os seus pecados.
Uma voz clama:
«Preparai no deserto o caminho do Senhor,
abri na estepe uma estrada para o nosso Deus.
Sejam alteados todos os vales
e abatidos os montes e as colinas;
endireitem-se os caminhos tortuosos
e aplanem-se as veredas escarpadas.
Então se manifestará a glória do Senhor
e todo o homem verá a sua magnificência,
porque a boca do Senhor falou».
Sobe ao alto dum monte, arauto de Sião!
Grita com voz forte, arauto de Jerusalém!
Levanta sem temor a tua voz e diz às cidades de Judá:
«Eis o vosso Deus.
O Senhor Deus vem com poder,
o seu braço dominará.
Com Ele vem o seu prémio,
precede-O a sua recompensa.
Como um pastor apascentará o seu rebanho
e reunirá os animais dispersos;
tomará os cordeiros em seus braços,
conduzirá as ovelhas ao seu descanso».
Leitura da Segunda Epístola de São Pedro
Há uma coisa, caríssimos, que não deveis esquecer:
um dia diante do Senhor é como mil anos
e mil anos como um dia.
O Senhor não tardará em cumprir a sua promessa,
como pensam alguns.
Mas usa de paciência para convosco
e não quer que ninguém pereça,
mas que todos possam arrepender-se.
Entretanto, o dia do Senhor virá como um ladrão:
nesse dia, os céus desaparecerão com fragor,
os elementos dissolver-se-ão nas chamas
e a terra será consumida com todas as obras que nela existem.
Uma vez que todas as coisas serão assim dissolvidas,
como deve ser santa a vossa vida e grande a vossa piedade,
esperando e apressando a vinda do dia de Deus,
em que os céus se dissolverão em chamas
e os elementos se fundirão no ardor do fogo!
Nós esperamos, segundo a promessa do Senhor,
os novos céus e a nova terra,
onde habitará a justiça.
Portanto, caríssimos, enquanto esperais tudo isto,
empenhai-vos, sem pecado nem motivo algum de censura,
para que o Senhor vos encontre na paz.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
Está escrito no profeta Isaías:
«Vou enviar à tua frente o meu mensageiro,
que preparará o teu caminho.
Uma voz clama no deserto:
'Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas'».
Apareceu João Baptista no deserto
a proclamar um baptismo de penitência
para remissão dos pecados.
Acorria a ele toda a gente da região da Judeia
e todos os habitantes de Jerusalém
e eram baptizados por ele no rio Jordão,
confessando os seus pecados.
João vestia-se de pêlos de camelo,
com um cinto de cabedal em volta dos rins,
e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.
E, na sua pregação, dizia:
«Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu,
diante do qual eu não sou digno de me inclinar
para desatar as correias das suas sandálias.
Eu baptizo-vos na água,
mas Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo».

Tudo começa quando João se apresenta no deserto de Judá a pregar.
1. Missão: ser o mensageiro que prepara o caminho do Senhor: denuncia o pecado, anuncia o perdão e dispõe o homem a converter-se.
2. Mensagem: "Preparai o caminho do Senhor e endireitai suas veredas." Proclama um Baptismo de conversão para o perdão dos pecados; aponta um caminho de purificação e de conversão.
O Sacramento da Penitência é um gesto que manifesta a vontade de conversão e a esperança dos tempos novos. É um encontro privilegiado com o Deus que salva e perdoa. Quais são os vales a serem alteados? (vazios, omissões); os montes a serem aplanados? (orgulho, vaidade, ambição); os caminhos a serem endireitados? (egoísmo, ganância, ódio)
3. Reacção dos ouvintes: "Acorria a ele toda a gente da região da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém e eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados".
4. Estilo de vida: Era uma pessoa sóbria, desprendida, austera e simples; é o último dos profetas do Antigo Testamento. Não só anunciou o Messias, como o apontou no meio do povo: "No meio de vós está [...] Eis o Cordeiro de Deus." Dele falou Jesus: "É mais que um profeta, é o maior dos nascidos de mulher."
— Aparece no deserto: lugar dos grandes encontros com Deus. Foi no deserto que o Povo de Deus realizou uma longa caminhada de purificação e de conversão.
Deus é amigo do silêncio e revela-se no silêncio. Neste Advento, estamos nós dispostos a fazer momentos de deserto? (oração; novena do Natal em família; gestos de solidariedade...)
— Vive na sobriedade, manifestada no comer e no vestir: " vestia-se de pêlos de camelo, com um cinto de cabedal em volta dos rins e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre".
É com este espírito que nos preparamos para o Natal do Senhor?
O "estilo de vida" de João fala tão forte como as suas palavras. É o testemunho vivo de um homem que está consciente das prioridades e não dá importância aos aspectos secundários da vida, como sejam a roupa "de marca" ou o comer e beber. Na nossa vida, quais são os valores, que escolhemos?
João Batista convida-nos a preparar o Caminho do Senhor, assumindo atitudes novas e um estilo de vida simples e profética. Estamos nós dispostos a prepararmo-nos para o Natal, com este espírito?
5. Testemunho sobre Jesus: "Eu baptizo-vos com água, Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo". Fala-se de dois tipos de Baptismo: baptizar com água consistia em purificar as pessoas convertidas dos seus pecados; baptizar no Espírito, a ser realizado depois por Jesus, consistia em comunicar às pessoas uma vida nova, transformando-as em novas criaturas.
João Baptista foi um mensageiro de Deus que preparou as pessoas do seu tempo, para a vinda do Senhor com a palavra e com o testemunho de vida.
Será que Deus, neste Natal, não poderia também servir-se de ti, para preparar os homens de hoje para a vinda do Seu Filho Jesus? Não poderás também tu seres uma voz de esperança que aponta um caminho novo para os homens sofridos de hoje, que vivem no deserto da vida, escravos de tantas opressões? Sabes, Deus precisa de novos "Joões Baptistas!"
Cabe-nos acolher!
Este Domingo traz-nos a voz urgente da profecia que sacode a nossa diligência de cristãos atentos. Cabe-nos acolher! Acolher a voz dos profetas; acolher o próprio Deus no acolhimento dos irmãos.
O nosso presente é Jesus; Ele é a feliz notícia! Acolhamo-l'O!
Para Vos acolher,
para preparar a nossa terra,
para acreditar em Vós,
nosso grande Senhor,
não é preciso fazer
nada de extraordinário!
Basta ter um coração límpido e sem malícia;
Basta ter um olhar doce e sem maldade;
Basta colocar nos lábios o sorriso e a alegria;
Basta abrir as mãos para dar e partilhar;
Basta estar atento e ser fiel à Vossa Palavra;
Basta amar sem medida e com ternura;
Basta escutar o Vosso apelo e mudar de vida, Senhor!
Vós podeis vir, Senhor, que a nossa terra
e os seus habitantes esperam ansiosamente por Vós.

Um pai contou-me, emocionado, uma lição que recebera da sua filha mais nova. Durante a missa do passado fim-de-semana, o Padre falou da preparação que era preciso fazer para o Natal. A miúda, desde a Igreja até casa, não parou de pedir coisas ao Pai, que comprasse isto, aquilo e mais outra coisa e tal. Por fim o pai perdeu a paciência (e só se perde aquilo que se tem):
— Compra-me isto! Compra-me aquilo! – explodiu – E tu? Já pensaste o que é que vais dar aos teus pais? Só falas em ti. E nós? O que tens para nos dar?
A resposta da filha deixou-o sem palavras:
— Só tenho amor. Disse simplesmente.
O amor é o lugar de encontro onde se cruzam os caminhos de Deus e o dos homens. Preparar os caminhos do Senhor é afinal apurar o coração, afinar o amor, partilhar aquilo que afinal todos têm. O amor deve ser a única coisa que quanto mais se dá mais se terá.
Deus amou de tal maneira o mundo que lhe enviou o Seu Filho. Foi o amor que nos trouxe o Salvador. Só o mesmo Amor que nos levará até Ele. É preciso amar a Deus servindo os irmãos e ao mesmo tempo amar os irmãos servindo a Deus.
Leitor 1: A nossa existência muitas vezes é rugosa, desigual e seca como a terra sem água. O mau humor e o mau feitio invade-nos e enchemo-nos facilmente de cólera. Para acolher Jesus, o Emanuel, preparemos o nosso coração.
Todos: Que Deus Todo-Poderoso nos mantenha firmes no seu Evangelho.
Leitor 2: Aproximando-se o Natal, desejamos transformar a nossa maneira de viver, de agir e de pensar, para sermos dignos da criança do presépio que virá.
Todos: Desça sobre nós o Vosso Espírito de Sabedoria para prepararmos o caminho do Senhor.
Leitor 1: Ao acender esta segunda vela de Advento, escolhemos viver nos caminhos da rectidão e da paz, procurando, antes de tudo, o que nos indica o Evangelho.
• (Acende-se a segunda vela de Advento)
Leitor 2: Queremos viver ao ritmo do Evangelho para preparar-mos o caminho do Senhor.
Todos: A Tua Palavra, Senhor, é luz dos nossos caminhos.
Presidente: Que Deus, poderoso em Sabedoria, nos dê a Sua bênção, para termos a coragem de ao longo desta semana, a exemplo de Maria, a Imaculada Conceição, prepararmos o nosso coração para acolher o Salvador.
Todos: Que Ele venha, nós O desejamos! Nós O esperamos! Vem, Senhor Jesus!
ADVENTO significa vinda, chegada. O tempo do Advento tem uma dupla característica: tempo de preparação para a solenidade do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus aos homens; simultaneamente, é tempo em que, comemorando esta primeira vinda, os nossos corações dirigem-se para a expectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos.
Por estes dois motivos, o Advento apresenta-se-nos como um tempo forte de piedosa e alegre expectativa. (cf. CR 39: EDREL 877)
I DOMINGO DO ADVENTO - B

Iniciamos hoje um novo Ano Litúrgico (Ano B). O Advento é tempo de preparação para o Natal, em que se comemora a vinda do Filho de Deus, e é também um tempo em que se voltam os corações para a expectativa da Sua segunda vinda, no fim dos tempos.
As leituras convidam-nos à vigilância, para acolher o Senhor que vem. Apresenta-nos também indicações concretas acerca da forma como devemos viver este tempo de espera.
A primeira leitura é uma ardente súplica a Deus pedindo um Salvador; é uma das preces mais belas da Bíblia. Ao povo que voltou do exílio desanimado e indiferente à Aliança, o Profeta tenta acordar a esperança num futuro de vida e salvação. Deus é invocado como "Pai" e "Redentor" (Pai: fonte da vida familiar; Redentor: responsável pelo resgate). É a primeira vez que se chama Deus de Pai. (No Evangelho, Jesus utilizá-la-á 184 vezes.) O texto termina com a imagem do Oleiro: Deus é o "oleiro" e o Povo é o "barro", que o artista modela com amor.
Somos barro, frágeis, mas somos também obra de suas mãos; somos a expressão do amor de Deus. (Faz-nos lembrar a Criação do Homem do barro da terra.) A mudança do coração do seu povo é uma nova Criação, da qual nascerá uma nova humanidade.
A segunda leitura é um apelo à vigilância para acolher Deus que vem e que manifesta o seu amor através dos seus dons que dá aos homens para o bem da comunidade.
O Evangelho convida os discípulos a enfrentar a história com coragem, determinação e esperança, animados pela certeza de que "o Senhor vem". Ensina, ainda, que esse tempo de espera deve ser um tempo de "vigilância" — isto é, um tempo de compromisso activo e efectivo com a construção do Reino.
Leitura do Livro de Isaías
Vós, Senhor, sois nosso Pai
e nosso Redentor, desde sempre, é o vosso nome.
Porque nos deixais, Senhor, desviar dos vossos caminhos
e endurecer o nosso coração, para que não Vos tema?
Voltai, por amor dos vossos servos
e das tribos da vossa herança.
Oh, se rasgásseis os céus e descêsseis!
Ante a vossa face estremeceriam os montes!
Mas Vós descestes
e perante a vossa face estremeceram os montes.
Nunca os ouvidos escutaram, nem os olhos viram
que um Deus, além de Vós,
fizesse tanto em favor dos que n'Ele esperam.
Vós saís ao encontro dos que praticam a justiça
e recordam os vossos caminhos.
Estais indignado contra nós,
porque pecámos e há muito que somos rebeldes,
mas seremos salvos.
Éramos todos como um ser impuro,
as nossas acções justas eram todas como veste imunda.
Todos nós caímos como folhas secas,
as nossas faltas nos levavam como o vento.
Ninguém invocava o vosso nome,
ninguém se levantava para se apoiar em Vós,
porque nos tínheis escondido o vosso rosto
e nos deixáveis à mercê das nossas faltas.
Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai
e nós o barro de que sois o Oleiro;
somos todos obra das vossas mãos.
Refrão: Senhor nosso Deus, fazei-nos voltar,
mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos.
Pastor de Israel, escutai,
Vós que estais sentado sobre os Querubins, aparecei.
Despertai o vosso poder
e vinde em nosso auxílio.
Deus dos Exércitos, vinde de novo,
olhai dos céus e vede, visitai esta vinha.
Protegei a cepa que a vossa mão direita plantou,
o rebento que fortalecestes para Vós.
Estendei a mão sobre o homem que escolhestes,
sobre o filho do homem que para Vós criastes;
e não mais nos apartaremos de Vós:
fazei-nos viver e invocaremos o vosso nome.
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos:
A graça e a paz vos sejam dadas
da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
Dou graças a Deus, em todo o tempo, a vosso respeito,
pela graça divina que vos foi dada em Cristo Jesus.
Porque fostes enriquecidos em tudo:
em toda a palavra e em todo o conhecimento;
e deste modo, tornou-se firme em vós o testemunho de Cristo.
De facto, já não vos falta nenhum dom da graça,
a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele vos tornará firmes até ao fim,
para que sejais irrepreensíveis
no dia de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Fiel é Deus, por quem fostes chamados
à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
"Acautelai-vos e vigiai,
porque não sabeis quando chegará o momento.
Será como um homem que partiu de viagem:
ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos,
atribuindo a cada um a sua tarefa,
e mandou ao porteiro que vigiasse.
Vigiai, portanto,
visto que não sabeis quando virá o dono da casa:
se à tarde, se à meia-noite,
se ao cantar do galo, se de manhãzinha;
não se dê o caso que, vindo inesperadamente,
vos encontre a dormir.
O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!"
O Advento marca o início de um novo ano litúrgico
O termo “advento” tem a sua origem latina em “advenire”, que quer dizer “chegar”, “que está para vir”. Desta forma, caracteriza-se como período de preparação, de espera d’Aquele que há-de vir. A Igreja celebra neste tempo as duas vindas de Cristo: o Natal – a manifestação de Deus com o nascimento de Jesus; e a Parusia – quando Cristo surgir, no fim dos tempos, na sua glória, em que conheceremos plenamente o Seu amor. É um tempo de esperança que nos convida a estarmos vigilantes, como nos interpela S. Paulo: não durmamos como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios para celebrarmos a vinda do Senhor, pois esse dia virá como um ladrão nocturno (1Tes 5,2).
Viver o Advento é iluminar a nossa existência com a fé, é transformar as nossas vidas, num esforço de conversão, para acolhermos o Salvador e para ajudarmos todos os nossos irmãos a acolhê-l’O connosco.
A Vinda do Senhor Jesus é motivo de grande esperança. A nossa caminhada humana não é um avançar sem sentido ao encontro do nada, mas uma caminhada feita na alegria ao encontro do "Senhor que vem". Não se trata de uma vaga esperança, mas de uma certeza baseada na palavra infalível de Jesus. E o Advento recorda-nos essa realidade.
Advento é tempo da espera vigilante do Senhor. O verdadeiro discípulo deve estar sempre "vigilante". Vigiar significa não esquecer que toda a vida cristã é uma caminhada rumo ao encontro final com Cristo Salvador e Juiz; desafia-nos a viver sempre empenhado e comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de paz; interpela-nos a cumprir os compromissos assumidos no dia do baptismo e ser um sinal vivo do amor e da bondade de Deus no mundo; convida-nos a acolher a Missão recebida de darmos testemunho de Jesus e do seu Evangelho. Vigiar significa não viver como se a vida se reduzisse à duração terrena, mas viver sempre na expectativa da revelação plena do Senhor Jesus.
Todos nós também somos convidados a não "dormir", a estarmos acordados e "vigilantes".
Neste Natal, Cristo pede-nos um lugar na nossa casa. Será que temos um espaço para Ele no nosso coração? Seremos realmente felizes se Ele encontrar em nós um lugar para nascer!
Contaram-me, há tempos, um episódio que pode ilustrar este tempo de Advento, de espera ou de preparação.
Numa aldeia indígena, algures em África, um missionário pediu à população local que o ajudasse a transportar um carregamento de material até ao cimo da montanha. Com o fardo às costas, partiram todos cheios de entusiasmo. A meia encosta o pessoal parou, pousou o material no chão e sentou-se. O missionário esforçou-se para os pôr outra vez em marcha mas foi em vão:
— Porque parastes? Estais cansados?
— Não.
— Quereis comer ou beber?
— Não.
— Quereis uma gratificação maior? A carga é muito pesada? Quereis voltar para trás? Então o que é que se passa?
Após um silêncio geral, um dos indígenas explicou:
— É que nós viemos depressa demais. A nossa alma ficou para trás. Ficaremos à espera que ela chegue.
Às vezes parece que somos um corpo sem alma. Sentimo-nos vazios ou a dormir. É preciso aguardar que o espírito nos encha, que a alma nos desperte para continuarmos a caminhar. Eis que Cristo está à porta e bate. Estaremos cheios por dentro?
Vivemos numa azáfama contínua. É preciso parar e zelar pela nossa interioridade. Afinal Cristo é a alma da nossa vida, só Ele nos pode encher por dentro.
Pe. José David Quintal Vieira, scj
Vem Senhor!
Não sorrias dizendo que estás connosco...
Há milhões que não Te conhecem.
E de que serve conhecer-Te?
De que adianta a Tua vinda,
se para os Teus a vida continua igual?
Converte-nos! Revolve-nos!
Que a tua mensagem
se torne carne da nossa carne,
sangue do nosso sangue,
razão de ser da nossa vida.
Que ela nos arranque
do comodismo, da boa consciência!
Seja exigente, incómoda,
pois só assim
nos trará a paz profunda,
a paz diferente, a Tua PAZ!...
Bendito sejas, Senhor Jesus,
Tu que vives para sempre,
porque durante a tua curta ausência confias em nós,
e nos encomendas a imensa missão
de amor vigilante que não se abandona ao sono
quando há tanto para fazer.
Esperamos a tua vinda com atitudes alegres e dinâmicas,
sem ansiedade estéril, nem expectativa angustiosa.
Ajuda-nos a unir produtivamente
a esperança e o esforço para acelerar
o dia venturoso da chegada do teu Reino.
Não permitas, Senhor,
que resfrie o nosso coração,
para que, quando chegares,
nos encontres comprometidos na construção
de um mundo melhor e com o coração aberto e solidário.
Amen.
Celebração da Luz
Leitor 1: Deus vem ao nosso encontro; juntos entramos no Advento. Tempo de encontro com Aquele que veio habitar no meio de nós e com todos aqueles que esperam por um mundo onde o amor seja mais forte que todos os ódios, onde a unidade de toda a humanidade reconciliada em Deus acabe com todas as fronteiras que separam e dividem.
Todos: Que o Deus da esperança nos encha de alegria e paz para sabermos distinguir os sinais da sua presença no meio de nós.
Leitor 2: A Luz de Deus iluminará o coração dos homens, as armas calar-se-ão e desaparecerão as fronteiras entre os povos, para dar lugar à adoração comum a Deus Criador e Salvador.
Todos: A Tua Palavra, Senhor, é a Luz de todos os nossos caminhos.
* (Acende-se a primeira vela da caminhada de Advento)
Sacerdote: Deus é a Luz dos homens!
Todos: Deus acende para nós a Luz da Sua presença.
Leitor 1: Que ela ilumine a nossa vida e nos torne disponíveis para amar e servir todos os que se aproximam de nós.
Sacerdote: Que o Deus da unidade e da paz nos congregue com todo o seu povo da terra. Que através das nossas atitudes e das nossas palavras o mundo conheça o Seu amor.
Todos: Então todos juntos formaremos a nova criação e viveremos em verdadeira liberdade.
XXXIII Domingo do Tempo Comum - A

A primeira leitura apresenta, na figura da mulher virtuosa, alguns dos valores que asseguram a felicidade, o êxito, a realização: os valores do trabalho, do compromisso, da generosidade, do "temor de Deus". Não são valores só da mulher virtuosa, mas de todo o discípulo que quer viver na fidelidade aos projectos de Deus e corresponder à missão que Deus lhe confiou. Faz render seus talentos...
Na segunda leitura, Paulo deixa claro que o importante não é saber quando virá o Senhor pela segunda vez; mas é estar atento e vigilante, vivendo de acordo com os ensinamentos de Jesus, testemunhando os seus projectos, empenhando-se activamente na construção do Reino.
O Evangelho, com a Parábola dos talentos, apresenta-nos dois exemplos opostos de como esperar e preparar a última vinda de Jesus. Louva os discípulos que se empenham em fazer frutificar os talentos que Deus lhes confia; e condena o discípulo que se instala no medo e na apatia e não os põe a render, desperdiçando-os e privando os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito – porque os dons que Deus nos dá não devem ser para benefício próprio!
Leitura do Livro dos Provérbios
Quem poderá encontrar uma mulher virtuosa?
O seu valor é maior que o das pérolas.
Nela confia o coração do marido,
e jamais lhe falta coisa alguma.
Ela dá-lhe bem-estar e não desventura,
em todos os dias da sua vida.
Procura obter lã e linho
e põe mãos ao trabalho alegremente.
Toma a roca em suas mãos, seus dedos manejam o fuso.
Abre as mãos ao pobre e estende os braços ao indigente.
A graça é enganadora e vã a beleza;
a mulher que teme o Senhor é que será louvada.
Dai-lhe o fruto das suas mãos,
e suas obras a louvem às portas da cidade.
Refrão: Ditoso o que segue o caminho do Senhor.
Feliz de ti que temes o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua esposa será como videira fecunda,
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira,
ao redor da tua mesa.
Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém,
todos os dias da tua vida.
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos:
Sobre o tempo e a ocasião, não precisais que vos escreva,
pois vós próprios sabeis perfeitamente
que o dia do Senhor vem como um ladrão nocturno.
E quando disserem: «Paz e segurança»,
é então que subitamente cairá sobre eles a ruína,
como as dores da mulher que está para ser mãe,
e não poderão escapar.
Mas vós, irmãos, não andeis nas trevas,
de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão,
porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia:
nós não somos da noite nem das trevas.
Por isso, não durmamos como os outros,
mas permaneçamos vigilantes e sóbrios.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
Disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola:
«Um homem, ao partir de viagem,
chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens.
A um entregou cinco talentos, a outro dois e a outro um,
conforme a capacidade de cada qual; e depois partiu.
O que tinha recebido cinco talentos
fê-los render e ganhou outros cinco.
Do mesmo modo,
o que recebera dois talentos ganhou outros dois.
Mas, o que recebera dois talentos ganhou outros dois.
Mas, o que recebera um só talento
foi escavar na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
Muito tempo depois, chegou o senhor daqueles servos
e foi ajustar contas com eles.
O que recebera cinco talentos aproximou-se
e apresentou outros cinco, dizendo:
'Senhor, confiaste-me cinco talentos:
aqui estão outros cinco que eu ganhei'.
Respondeu-lhe o senhor: 'Muito bem, servo bom e fiel.
Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes.
Vem tomar parte na alegria do teu senhor'.
Aproximou-se também o que recebera dois talentos e disse:
'Senhor, confiaste-me dois talentos:
aqui estão outros dois que eu ganhei'.
Respondeu-lhe o senhor: 'Muito bem, servo bom e fiel.
Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes.
Vem tomar parte na alegria do teu senhor'.
Aproximou-se também o que recebera um só talento e disse:
'Senhor, eu sabia que és um homem severo,
que colhes onde não semeaste e recolhes onde nada lançaste.
Por isso, tive medo e escondi o teu talento na terra.
Aqui tens o que te pertence'.
O senhor respondeu-lhe: 'Servo mau e preguiçoso,
sabias que ceifo onde não semeei e recolho onde nada lancei;
devias, portanto, depositar no banco o meu dinheiro
e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu.
Tirai-lhe então o talento e dai-o àquele que tem dez.
Porque, a todo aquele que tem,
dar-se-á mais e terá em abundância;
mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado.
Quanto ao servo inútil, lançai-o às trevas exteriores.
Aí haverá choro e ranger de dentes'».
Esta parábola refere-se à vinda do Senhor Jesus, no final dos tempos.
— O Homem rico representa Cristo que, antes de deixar este mundo para viajar de volta ao Pai, deixou todos os seus "bens" aos discípulos.
— Os Talentos são esses bens que Jesus deixou à Igreja: o Evangelho e a sua mensagem de salvação; os sacramentos e as obras de misericórdia; a sua Palavra e o seu testemunho.
— Os Servos, depositários desses bens, são os discípulos, e neles, somos todos nós suas testemunhas deste projecto de salvação que o Pai tem para os homens. É com o nosso coração que Jesus continua a amar os "publicanos" e pecadores do nosso tempo; é com a nossa palavra que Jesus continua a consolar os que estão tristes e desanimados; é com os nossos braços abertos que Jesus continua a acolher os excluídos; é com as nossas mãos que Jesus continua a quebrar as cadeias que prendem os escravizados e oprimidos; é com os nossos pés que Jesus continua a ir ao encontro de cada irmão que está só e abandonado; é com a nossa solidariedade que Jesus continua a matar a fome das multidões famintas e a dar medicamentos e cultura àqueles que nada têm.
Nós, cristãos, temos a grande responsabilidade de O testemunhar e de deixar que, através de nós, Ele continue a amar as pessoas que caminham ao nosso lado.
Enquanto peregrinos deste mundo à espera da segunda vinda de Jesus, os dois primeiros servos da parábola mostram-nos o que também nós devemos fazer com os nossos talentos.
Como usamos os talentos que o Senhor nos confiou? Estão a produzir frutos ou foram enterrados? Ao serviço de quem e de quê os empregamos? Apenas pensamos nossos interesses pessoais, ou abrimo-nos aos outros, à comunidade?
O que fazemos nós para o Reino de Deus seja? Em muitas comunidades encontramos pessoas ricas de talentos, estudo, tempo e recursos mas não se dão aos outros. Afirmam que não têm tempo, que não têm jeito e nada fazem pela comunidade. Por outro lado, porque será que é nas pessoas mais simples, humildes e ocupadas que encontramos mais gente disponível para ajudar e colaborar nas tarefas da comunidade (serviço litúrgico, pastoral, movimentos, voluntariado e serviço de caridade)?
No final da nossa vida, o que desejamos ouvir? "Servo bom e fiel, vem tomar parte na alegria do teu senhor " ou "Servo mau, preguiçoso e inútil", "lançai-o às trevas exteriores. Aí haverá choro e ranger de dentes"? Cabe a cada um de nós fazer a escolha.
Numa reflexão sobre a Parábola dos Talentos, pedi que me identificassem as suas personagens indicando o que cada uma tinha e com que ficou, fazendo as contas aritméticas. Eis uma resposta:
3 x 2 = 6 + 1 = 7
2 x 2 = 4
1 x 0 = 0
Perguntei então qual o valor do coeficiente ou multiplicando.
— É a quantidade do amor – respondeu um miúdo – Duas pessoas tinham amor de grau dois, a outra não tinha amor e por isso ficou sem nada. Sem amor nada se consegue.
De facto há duas maneiras de fazer as coisas: por obrigação, e então são cansativas, aborrecidas e maçadoras e por amor, e então são suaves, alegres e fecundantes. Um estudante que trabalha naquilo que tem vocação torna-se criativo e produtivo. Um profissional que tem o seu trabalho no coração realiza-se e cria um mundo novo. Fazer as coisas com temor e por obrigação, por muito que alguém se esforce, será sempre um peso doloroso e estéril. O importante é amar o que se faz quando não se pode fazer o que se ama. Só assim desaparece o esforço e surge a alegria. Pelo contrário, quando algo nos custa demasiado não é por ser difícil, o que nos falta é essa força interior que é o amor. Tarefa que não redunda em prazer é porque é feita por obrigação.
XXVIII Domingo do Tempo Comum - A

A Palavra de Deus deste Domingo utiliza a imagem do "banquete" para descrever o mundo de felicidade, de amor e de alegria sem fim que Deus quer oferecer a todos os seus filhos.
Na primeira leitura, Isaías anuncia um banquete preparado pelo próprio Deus para todos os povos. O banquete sempre foi um sinal de amizade e partilha. Mas esse banquete é especial, pois é promovido pelo próprio Deus. Ele irá acabar com as lágrimas, o luto e a tristeza e, sobretudo, oferecerá a vitória sobre a morte. Acolher o convite de Deus e participar no "banquete" é aceitar viver em comunhão com Ele. Dessa comunhão resultará, para o homem, a felicidade total, a vida em abundância.
Na segunda leitura, Paulo apresenta-nos um exemplo concreto de uma comunidade que aceitou o convite do Senhor e vive na dinâmica do Reino: Filipos. É uma comunidade generosa e solidária, verdadeiramente empenhada na vivência do amor e em testemunhar o Evangelho diante de todos os homens. Esta comunidade constitui, verdadeiramente, um exemplo que as comunidades do Reino devem ter presente.
No Evangelho, Jesus retoma essa imagem do banquete. Um rei organiza um banquete para celebrar o casamento do seu filho. Convida várias pessoas importantes, mas eles recusaram participar, estavam ocupados... O rei não desiste e resolve manter a festa: "Ide pelas encruzilhadas... e convidai todos os que encontrardes". E preciso "agarrar" o convite de Deus.
Leitura do Livro de Isaías
Sobre este monte,
o Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos
um banquete de manjares suculentos,
um banquete de vinhos deliciosos:
comida de boa gordura, vinhos puríssimos.
Sobre este monte,
há-de tirar o véu que cobria todos os povos,
o pano que envolvia todas as nações;
destruirá a morte para sempre.
O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces
e fará desaparecer da terra inteira
o opróbrio que pesa sobre o seu povo.
Porque o Senhor falou.
Dir-se-á naquele dia:
«Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação;
é o Senhor, em quem pusemos a nossa confiança.
Alegremo-nos e rejubilemos, porque nos salvou.
A mão do Senhor pousará sobre este monte».
Refrão: Habitarei para sempre na casa do Senhor.
O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.
Ele me guia por sendas direitas, por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.
Para mim preparais a mesa,
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça,
e o meu cálice transborda.
A bondade e a graça hão-de acompanhar-me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
Irmãos:
Sei viver na pobreza e sei viver na abundância.
Em todo o tempo e em todas as circunstâncias,
enho aprendido a ter fartura e a passar fome,
a viver desafogadamente e a padecer necessidade.
Tudo posso n'Aquele que me conforta.
No entanto, fizestes bem em tomar parte na minha aflição.
O meu Deus proverá com abundância
a todas as vossas necessidades,
Segundo a sua riqueza e magnificência, em Cristo Jesus.
Glória a Deus, nosso Pai, pelos séculos dos séculos. Amen.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
Jesus dirigiu-Se de novo
aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo
e, falando em parábolas, disse-lhes:
«O reino dos Céus pode comparar-se a um rei
que preparou um banquete nupcial para o seu filho.
Mandou os servos chamar os convidados para as bodas,
mas eles não quiseram vir.
Mandou ainda outros servos, ordenando-lhes:
'Dizei aos convidados:
Preparei o meu banquete, os bois e os cevados foram abatidos,
tudo está pronto. Vinde às bodas'.
Mas eles, sem fazerem caso,
foram um para o seu campo e outro para o seu negócio;
os outros apoderaram-se dos servos,
trataram-nos mal e mataram-nos.
O rei ficou muito indignado e enviou os seus exércitos,
que acabaram com aqueles assassinos e incendiaram a cidade.
Disse então aos servos:
'O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos.
Ide às encruzilhadas dos caminhos
e convidai para as bodas todos os que encontrardes'.
Então os servos, saindo pelos caminhos,
reuniram todos os que encontraram, maus e bons.
E a sala do banquete encheu-se de convidados.
O rei, quando entrou para ver os convidados,
viu um homem que não estava vestido com o traje nupcial.
E disse-lhe:
'Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?'.
Mas ele ficou calado.
O rei disse então aos servos:
'Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores;
aí haverá choro e ranger de dentes'.
Na verdade, muitos são os chamados,
mas poucos os escolhidos».
O sentido desta parábola é claro. Deus é o rei que convidou Israel para o banquete dos tempos messiânicos. Os seu líderes recusaram o convite, preferindo continuar na rotina de sempre. Enquanto isso, os pecadores acolheram-no de braços abertos.
Na segunda parte, a parábola fala de um convidado, que se apresenta na festa sem o traje nupcial. E o rei manda retirá-lo da sala. É uma forte advertência àqueles que respondem ao apelo de Jesus, mas não usam o traje do amor, da partilha, do serviço, da misericórdia e continuam vestidos de egoísmo e arrogância, de orgulho e injustiça. Estes não podem participar na festa do encontro e da comunhão com Deus.
Deus chama todos os homens para participarem no seu banquete, mas só serão escolhidos os que moldam a sua vida, de acordo com o Mestre. Por isso a parábola conclui: "Muitos são os chamados, poucos os escolhidos".
Deus continua a convidar para o Banquete do Reino. Muita gente importante e capacitada está tão imersa nos afazeres terrenos, que não tem tempo para acolher o convite. Encontram muitos motivos, muitas desculpas, talvez até importantes, mas que os impedem de participar do banquete divino. Pelo contrário, outros, muito mais simples e humildes, encontrados nas encruzilhadas da vida, acolhem com alegria o convite e provam a alegria profunda da festa preparada pelo Senhor. A qual dos grupos nós pertencemos?
Não basta ser convidado e entrar na sala do banquete, devemos estar revestidos da veste própria para o Banquete.
Um dos convidados foi expulso não tanto porque não tinha a roupa do banquete, mas porque não tinha a disposição correcta para participar da festa. Não basta pertencer materialmente a Cristo e à Igreja, mas, no fundo do coração, não ser de Cristo, nem para Cristo. Ser convidado para o banquete não é tão somente vir à igreja, acompanhar as procissões e receber os sacramentos... Devemos ser instrumentos de Amor e de Paz. Estamos revestidos dessa veste própria para o Banquete?
Cristo convida-nos também para o Banquete da Eucaristia. A refeição sempre foi um momento importante para acontecimentos marcantes... para encontros, para acordos, para despedidas. O Próprio Jesus, ao despedir-se dos seus apóstolos antes de sua paixão, preparou uma ceia, ceia que mandou até renovar através dos tempos, em sua memória. E nós sempre que participamos da Eucaristia devemos acolher e viver esse mesmo apelo. Aceitamos, com alegria, o convite ou encontramos inúmeras desculpas para nos ausentarmos dele? Nesse Banquete, como participamos? Estamos revestidos de fé para viver intensamente a presença de Cristo no meio de nós, ou apenas assistimos à missa por motivos humanos, sem esse clima de fé e de oração, que nos faz penetrar no Mistério de Deus? Será que a nossa participação neste banquete torna-nos merecedores de sermos convidados e também escolhidos?
"A Eucaristia deve ser a fonte e o ápice da vida e da missão da Igreja". (Bento XVI)
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O Banquete do Reino
Jesus Cristo, com frequência, compara o Reino dos Céus a um banquete. A este propósito recordo uma metáfora oriental já muito divulgada:
Um certo homem faleceu e antes de entrar no céu quis dar uma espreitadela pelo inferno. Reparou que numa sala havia uma mesa e ao centro um pratão de arroz com colheres enormes, de um metro de cumprimento. Nisto chegaram os convivas. Cada um tentava comer com aquelas colheres gigantes mas era impossível e toda a gente passava fome.
Ao entrar no paraíso viu, para seu espanto, uma mesa igual, o mesmo prato de arroz e as mesmas colheres enormes.
— Mas como é possível comer aqui no céu?
— Espera e já verás que isto não é inferno nenhum, respondeu-lhe um anjo.
Aproximaram-se os santos do Paraíso, sentando-se pegaram nas colheres, e cada um dava de comer àquele que estava no outro lado da mesa.
— Eis a diferença. No Inferno cada um pensa em si e todos passam fome. No paraíso todos servem os outros numa refeição fraterna e há alegria e paz. A mesa é igual, as pessoas é que são diferentes.
Já que o Reino dos Céus é um grande banquete, treinemos aqui na terra a partilhar, servindo e pensando nos outros para não haver surpresas para ninguém na eternidade.