I Domingo da Quaresma A
A Quaresma é um tempo especial para aprofundarmos o plano de Deus e revermos a nossa vida cristã. As tentações procuram afastar-nos desse plano. Somos convidados pelo Espírito a viver este tempo de deserto para nos aproximarmos mais de Deus.
A primeira leitura apresenta-nos a tentação dos nossos protoparentes: Adão e Eva. Deus criou-nos para a felicidade e para a vida plena. No entanto o homem preferiu construir o "paraíso" a seu modo, rompendo com o plano de Deus – "sente-se nu" –, sente-se por isso incapaz de ser feliz.
A segunda leitura propõe-nos dois exemplos: Adão e Jesus.
Adão representa o homem que escolhe ignorar as propostas de Deus e decide, por si só, os caminhos da salvação e da vida plena;
Jesus é o homem que escolhe viver na obediência às propostas de Deus.
O esquema de Adão gera egoísmo, sofrimento e morte; o esquema de Jesus propõe vida plena e definitiva.
O Evangelho fala-nos das tentações de Jesus. No deserto, Jesus é tentado a abandonar o plano de Deus e a procurar outros caminhos, mas Ele recusa.
- Tentação da Abundância: Jesus poderia ter escolhido este caminho de realização material, fazendo dos bens materiais a prioridade fundamental da vida. No entanto, Ele sabe que "nem só de pão vive o homem" e que a realização do homem não está no acumular de bens.
- Tentação do Prestígio: Jesus poderia ter escolhido este caminho de êxito fácil, mostrando o seu poder através de gestos espectaculares. Mas Ele responde que não está interessado em satisfazer projectos pessoais do êxito e do triunfo fácil. "Não tentarás o Senhor teu Deus".
- Tentação do Poder e da Riqueza: Jesus poderia ter escolhido um caminho de poder, de domínio. No entanto, Jesus sabe que poder e domínio não são fundamentais na vida. Por isso, responde: "Adorarás o Senhor teu Deus".
As três tentações aqui apresentadas são três faces de uma única tentação: a tentação de prescindir de Deus e de escolher um caminho à margem das propostas de Deus.
Primeira Leitura (Gn 2,7-9;3,1-7)
Leitura do Livro do Génesis
O Senhor Deus formou o homem do pó da terra,
insuflou em suas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivo.
Depois, o Senhor Deus plantou um jardim no Éden, a oriente,
e nele colocou o homem que tinha formado.
Fez nascer na terra toda a espécie de árvores,
de frutos agradáveis à vista e bons para comer,
entre as quais a árvore da vida, no meio do jardim,
e a árvore da ciência do bem e do mal.
Ora, a serpente era o mais astucioso de todos os animais do campo
que o Senhor Deus tinha feito.
Ela disse à mulher:
«É verdade que Deus vos disse:
“Não podeis comer o fruto de nenhuma árvore do Jardim”?»
A mulher respondeu:
«Podemos comer o fruto das árvores do jardim;
mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim,
Deus avisou-nos:
“Não podeis comer dele nem tocar-lhe, senão morrereis”».
A serpente replicou à mulher:
«De maneira nenhuma! Não morrereis.
Mas Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos
e sereis como deuses, ficando a conhecer o bem e o mal».
A mulher viu então que o fruto da árvore era bom para comer
e agradável à vista, e precioso para esclarecer a inteligência.
Colheu o fruto e comeu-o;
depois deu-o ao marido, que estava junto dela, e ele também comeu.
Abriram-se então os seus olhos e compreenderam que estavam despidos.
Por isso, entrelaçaram folhas de figueira
e cingiram os rins com elas.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 50 (51)
Refrão: Pecámos, Senhor: tende compaixão de nós.
Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade,
pela vossa grande misericórdia, apagai os meus pecados.
Lavai-me de toda a iniquidade
e purificai-me de todas as faltas.
Porque eu reconheço os meus pecados
e tenho sempre diante de mim as minhas culpas.
Pequei contra Vós, só contra Vós,
e fiz o mal diante dos vossos olhos.
Criai em mim, ó Deus, um coração puro
e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais repelir-me da vossa presença
e não retireis de mim o vosso espírito de santidade.
Dai-me de novo a alegria da vossa salvação
e sustentai-me com espírito generoso.
Abri, Senhor, os meus lábios
e a minha boca cantará o vosso louvor.
Segunda Leitura (Rom 5,12-19)
Leitura do apóstolo S. Paulo aos Romanos
Irmãos:
Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo
e pelo pecado a morte,
assim também a morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram.
De facto, até à Lei, existia o pecado no mundo.
Mas o pecado não é levado em conta, se não houver lei.
Entretanto, a morte reinou desde Adão até Moisés,
mesmo para aqueles que não tinham pecado
por uma transgressão à semelhança de Adão,
que é figura d’Aquele que havia de vir.
Mas o dom gratuito não é como a falta.
Se pelo pecado de um só pereceram muitos,
com muito mais razão a graça de Deus,
dom contido na graça de um só homem, Jesus Cristo,
se concedeu com abundância a muitos homens.
E esse dom não é como o pecado de um só:
o julgamento que resultou desse único pecado levou à condenação,
ao passo que o dom gratuito, que veio depois de muitas faltas, leva à justificação.
Se a morte reinou pelo pecado de um só homem,
com muito mais razão, aqueles que recebem com abundância
a graça e o dom da justiça, reinarão na vida por meio de um só, Jesus Cristo.
Porque, assim como pelo pecado de um só,
veio para todos os homens a condenação,
assim também, pela obra de justiça de um só,
virá para todos a justificação que dá a vida.
De facto, como pela desobediência de um só homem,
muitos se tornaram pecadores,
assim também, pela obediência de um só, muitos se tornarão justos.
EVANGELHO (Mt 4,1-11)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, a fim de ser tentado pelo Demónio.
Jejuou quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome.
O tentador aproximou se e disse-lhe:
«Se és Filho de Deus, diz a estas pedras que se transformem em pães».
Jesus respondeu-lhe:
«Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus’».
Então o Demónio conduziu-O à cidade santa,
levou-O ao pináculo do templo e disse-Lhe:
«Se és Filho de Deus, lança-Te daqui abaixo, pois está escrito:
‘Deus mandará aos seus Anjos que te recebam nas suas mãos,
para que não tropeces em alguma pedra’».
Respondeu-lhe Jesus:
«Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’».
De novo o Demónio levou-O consigo a um monte muito alto,
mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-Lhe:
«Tudo isto Te darei, se, prostrado, me adorares».
Respondeu-lhe Jesus:
«Vai-te, Satanás, porque está escrito:
‘Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto’».
Então o Demónio deixou-O
e logo os Anjos se aproximaram e serviram Jesus.
Ressonâncias
E para nós, seguidores de Jesus, o que é decisivo na nossa vida: as propostas de Deus, ou os nossos projectos pessoais?
– Quando o homem esquece Deus e as suas propostas e se fecha na sua auto-suficiência, facilmente cai na escravidão de outros “deuses” que estão longe de assegurar vida plena e felicidade duradoura. Quais são os deuses que condicionam as nossas decisões e opções?
– Deixar-se conduzir pela tentação dos bens materiais, do “ter mais e mais” é seguir o caminho de Jesus?
– Olhar apenas para o próprio conforto e comodidade, fechar-se à partilha e às necessidades dos outros… será que é seguir o exemplo de Jesus?
– Usar Deus para saciar a nossa vaidade, para promover o nosso êxito pessoal, para dar espectáculo… será que é seguir o exemplo de Jesus?
– Procurar o poder a todo o custo e exercê-lo com prepotência, será que é seguir o exemplo de Jesus?
As Tentações continuam... Qual é a nossa atitude diante delas?
IMACULADA CONCEIÇÃO

A primeira leitura mostra o que acontece quando rejeitamos as propostas de Deus e preferimos caminhos de egoísmo, de orgulho e de auto-suficiência... Viver à margem de Deus leva, inevitavelmente, a trilhar caminhos de sofrimento, de destruição, de infelicidade e de morte.
A segunda leitura garante-nos que Deus tem um projecto de vida plena, verdadeira e total para cada homem e para cada mulher — um projecto que desde sempre esteve na mente do próprio Deus. Esse projecto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e sem subterfúgios.
O Evangelho apresenta a resposta de Maria ao plano de Deus. Ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a auto-suficiência e preferiu conformar a sua vida, de forma total e radical, com os planos de Deus. Do seu "sim" total, resultou salvação e vida plena para ela e para o mundo.
Leitura do Livro do Génesis
o Senhor Deus chamou-o e disse-lhe: «Onde estás?»
Ele respondeu:
«Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim
e, como estava nu, tive medo e escondi-me».
Disse Deus:
«Quem te deu a conhecer que estavas nu?
Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?»
Adão respondeu:
«A mulher que me destes por companheira
deu-me do fruto da árvore e eu comi».
O Senhor Deus perguntou à mulher:
«Que fizeste?»
E a mulher respondeu:
«A serpente enganou-me e eu comi».
Disse então o Senhor à serpente:
«Por teres feito semelhante coisa,
maldita sejas entre todos os animais domésticos
e entre todos os animais selvagens.
Hás-de rastejar e comer do pó da terra
todos os dias da tua vida.
Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher,
entre a tua descendência e a descendência dela.
Esta te esmagará a cabeça
e tu a atingirás no calcanhar».
O homem deu à mulher o nome de 'Eva',
porque ela foi a mãe de todos os viventes.
o Senhor fez maravilhas.
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória.
O Senhor deu a conhecer a salvação
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel.
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo,
que do alto dos Céus nos abençoou
com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo.
N'Ele nos escolheu, antes da criação do mundo,
para sermos santos e irrepreensíveis,
em caridade, na sua presença.
Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade,
a fim de sermos seus filhos adoptivos, por Jesus Cristo,
para louvor da sua glória
e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho.
Em Cristo fomos constituídos herdeiros,
por termos sido predestinados,
segundo os desígnios d'Aquele que tudo realiza
conforme a decisão da sua vontade,
para sermos um hino de louvor da sua glória,
nós que desde o começo esperámos em Cristo.
Naquele tempo,
o Anjo Gabriel foi enviado por Deus
a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
a uma Virgem desposada com um homem chamado José.
O nome da Virgem era Maria.
Tendo entrado onde ela estava, disse o anjo:
«Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo».
Ela ficou perturbada com estas palavras
e pensava que saudação seria aquela.
Disse-lhe o Anjo:
«Não temas, Maria,
porque encontraste graça diante de Deus.
Conceberás e darás à luz um Filho,
a quem porás o nome de Jesus.
Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo.
O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David;
reinará eternamente sobre a casa de Jacob
e o seu reinado não terá fim».
Maria disse ao Anjo:
«Como será isto, se eu não conheço homem?»
O Anjo respondeu-lhe:
«O Espírito Santo virá sobre ti
e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra.
Por isso, o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus.
E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice
e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril;
porque a Deus nada é impossível».
Maria disse então:«Eis a escrava do Senhor;faça-se em mim
segundo a tua palavra»
Portugal aderiu à mesma corrente, manifestando uma grande devoção a esta prerrogativa de Maria, tendo declarado Nossa Senhora da Conceição padroeira do Reino, em 1646.
A liturgia celebra este mistério com a categoria de solenidade, a 8 de Dezembro, com textos que datam de Pio IX e reflectem o clima próprio do Tempo do Advento em que esta celebração cai. A piedade popular dedica-lhe uma especial novena preparatória.»
D. Manuel Franco Falcão, in Enciclopédia Popular Católica
neste dia dedicado a ti,
queremos consagrar-nos ao teu Amor de Mãe,
entregando-nos nos Teus braços de esperança
e no Teu coração de bondade.
Faz com que, a exemplo do Teu Filho,
aprendamos a partilhar a vida com os nossos irmãos.
Consagramos-Te tudo o que temos e somos;
a nossa vontade de trabalhar e de construir
um mundo mais maravilhoso,
mais saudável, mais amigo e mais irmão,
onde o Teu coração de Mãe
não cessará de nos lançar o apelo de Jesus, Teu Filho:
Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!
Maria, que o Teu manto nos cubra,
que a tua serenidade nos prenda
e que o Teu coração nos salve.
Que o Teu SIM seja a força do nosso sim
para Te imitarmos na resposta,
que queremos que seja generosa
ao convite do Teu Filho e nosso irmão, Jesus.
Fortalece-nos e acompanha-nos
no nosso peregrinar terreno
para podemos vencer as dificuldades da vida.
Abençoa a nossa mãe da terra,Imaculada
protege-a, Tu que és a Mãe das mães,
a estrela do lar e a força do amor.
Ó Maria,
Tu conheces bem os nossos sonhos e projectos,
ajuda-nos a poder realizá-los,
mas sem nunca nos afastarmos de Ti
e da Boa Nova de Teu Filho.
Torna-nos capazes de anunciarmos sempre
a verdade, a paz e o amor.
Queremos, com a tua ajuda,
testemunhar o Evangelho
para que o mundo se torne mais belo
e os homens vivam como irmãos.
Maria, podes contar connosco!
DIA DE NATAL

A segunda leitura apresenta, em traços largos, o plano salvador de Deus. Celebrar o nascimento de Jesus é contemplar o amor de um Deus que encontrou muitas maneiras de se revelar. Falou através da Criação, através dos Profetas. Mas na plenitude dos tempos enviou o próprio Filho. Jesus Cristo é a Palavra viva e definitiva de Deus, que revela aos homens o verdadeiro caminho para chegar à salvação.
O Evangelho desenvolve o tema esboçado na segunda leitura e apresenta a "Palavra" viva de Deus, tornada pessoa em Jesus. Sugere que a missão do Filho/"Palavra" é completar a criação primeira, eliminando tudo aquilo que se opõe à vida e criando condições para que nasça o Homem Novo, o homem da vida em plenitude, o homem que vive uma relação filial com Deus.
Primeira Leitura (Is 52,7-10)
Leitura do Livro de Isaías
Como são belos sobre os montes
os pés do mensageiro que anuncia a paz,
que traz a boa nova, que proclama a salvação
e diz a Sião: «O teu Deus é Rei».
Eis o grito das tuas sentinelas que levantam a voz.
Todas juntam soltam brados de alegria,
porque vêem com os próprios olhos
o Senhor que volta para Sião.
Rompei todas em brados de alegria, ruínas de Jerusalém,
porque o Senhor consola o seu povo,
resgata Jerusalém.
O Senhor descobre o seu santo braço à vista de todas as nações
e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.
Refrão: Todos os confins da terra viram a salvação do nosso Deus.
Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória.
O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel.
Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai.
Cantai ao Senhor ao som da cítara,
ao som da cítara e da lira;
ao som da tuba e da trombeta,
aclamai o Senhor, nosso Rei.
Leitura da Epístola aos Hebreus
Muitas vezes e de muitos modos
falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos Profetas.
Nestes dias, que são os últimos,
falou-nos por seu Filho,
a quem fez herdeiro de todas as coisas
e pelo qual também criou o universo.
Sendo o Filho esplendor da sua glória
e imagem da sua substância,
tudo sustenta com a sua palavra poderosa.
Depois de ter realizado a purificação dos pecados,
sentou-Se à direita da Majestade no alto dos Céus
e ficou tanto acima dos Anjos
quanto mais sublime que o deles
é o nome que recebeu em herança.
A qual dos Anjos, com efeito, disse Deus alguma vez:
«Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei»?
E ainda: «Eu serei para Ele um Pai
e Ele será para Mim um Filho»?
E de novo,
quando introduziu no mundo o seu primogénito, disse:
«Adorem-n'O todos os Anjos de Deus».
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
e o Verbo estava com Deus
e o Verbo era Deus.
No princípio, Ele estava com Deus.
Tudo se fez por meio d'Ele
e sem Ele nada foi feito.
N'Ele estava a vida
e a vida era a luz dos homens.
A luz brilha nas trevas
e as trevas não a receberam.
Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João.
Veio como testemunha,
para dar testemunho da luz,
a fim de que todos acreditassem por meio dele.
Ele não era a luz,
mas veio para dar testemunho da luz.
O Verbo era a luz verdadeira,
que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem.
Estava no mundo
e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu.
Veio para o que era seu
e os seus não O receberam.
Mas, àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome,
deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram do sangue,
nem da vontade da carne, nem da vontade do homem,
mas de Deus.
E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós.
Nós vimos a sua glória,
glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito,
cheio de graça e de verdade.
João dá testemunho d'Ele, exclamando:
«Era deste que eu dizia:
'O que vem depois de mim passou à minha frente,
porque existia antes de mim'».
Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos
graça sobre graça.
Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés,
a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
A Deus, nunca ninguém O viu.
O Filho Unigénito, que está no seio do Pai,
é que O deu a conhecer.
Ressonâncias
O Evangelho que acabamos de escutar é um Hino Cristológico que expressa a fé em Cristo, enquanto Palavra viva de Deus, tornada pessoa em Jesus Cristo. Este Hino expressa a fé da comunidade de S. João em Cristo enquanto Palavra viva de Deus, a sua origem eterna, a sua procedência divina, a sua influência no mundo e na história, possibilitando aos homens que O acolhem e escutam tornarem-se "filhos de Deus".
A expressão "no princípio" relaciona-se com a narrativa da Criação. Sugere que a missão da "Palavra" é completar a primeira criação, eliminando tudo aquilo que se opõe à vida e criando condições para que nasça o Homem Novo, o homem da vida em plenitude, o homem que vive uma relação filial com Deus.
A "Palavra" (Logos) é uma realidade anterior ao céu e à terra. Essa "Palavra" estava em Deus e "era Deus". É Deus que se comunica como "Palavra". Essa "Palavra" é geradora de vida para o homem e para o mundo. Ela fez-se "carne" em Jesus e "montou a sua tenda no meio de nós". Agora, Jesus é a "tenda" onde Deus habita.
A função da "Palavra" é comunicar aos homens a vida em plenitude, a "Luz" que ilumina o caminho para a verdadeira Vida. Muitos recusam essa "Luz", preferem caminhar nas trevas. Quem acolhe a "Palavra" participa da Vida de Deus, torna-se "filho de Deus".
Neste dia, somos convidados a contemplar, numa atitude de serena adoração, esse amor sem limites, que aceitou revestir-se de nossa fragilidade, a fim de nos dar vida em plenitude. Acolher a "Palavra" é deixar que Jesus nos transforme, nos dê a vida plena, a fim de nos tornarmos, verdadeiramente, "filhos de Deus".
XI DOMINGO DO TEMPO COMUM - B

Ele é fiel ao seu plano de salvação e continua, hoje como sempre, a conduzir a história humana para uma meta de vida plena e de felicidade sem fim.
Na primeira leitura, o profeta Ezequiel assegura ao Povo de Deus, exilado na Babilónia, que Deus não esqueceu a Aliança, nem as promessas que fez no passado. Apesar das vicissitudes, dos desastres e das crises que as voltas da história comportam, Israel deve continuar a confiar nesse Deus que é fiel e que não desistirá nunca de oferecer ao seu Povo um futuro de tranquilidade, de justiça e de paz sem fim.
A segunda leitura recorda-nos que a vida nesta terra, marcada pela finitude e pela transitoriedade, deve ser vivida como uma peregrinação ao encontro de Deus, da vida definitiva. É para aí que devemos tender, é essa a visão que deve animar a nossa caminhada.
O Evangelho apresenta uma catequese sobre o Reino de Deus. Trata-se de um projecto que, avaliado à luz da lógica humana, pode parecer condenado ao fracasso; mas ele encerra em si o dinamismo de Deus e acabará por chegar a todo o mundo e a todos os corações. Sem alarde e sem pressa, a semente lançada por Jesus fará com que esta realidade velha que conhecemos vá, aos poucos, dando lugar ao novo céu e à nova terra que Deus quer oferecer a todos.
Leitura da profecia de Ezequiel
Eis o que diz o Senhor Deus:
«Do cimo do cedro frondoso, dos seus ramos mais altos,
Eu próprio arrancarei um ramo novo
e vou plantá-lo num monte muito alto.
Na excelsa montanha de Israel o plantarei
e ele lançará ramos e dará frutos
e tornar-se-á um cedro majestoso.
Nele farão ninho todas as aves,
toda a espécie de pássaros habitará à sombra dos seus ramos.
E todas as árvores do campo hão-de saber
que Eu sou o Senhor;
humilho a árvore elevada e elevo a árvore modesta,
faço secar a árvore verde e reverdeço a árvore seca.
Eu, o Senhor, digo e faço».
Refrão: É bom louvar-Vos, Senhor.
É bom louvar o Senhor
e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo,
proclamar pela manhã a vossa bondade
e durante a noite a vossa fidelidade.
O justo florescerá como a palmeira,
crescerá como o cedro do Líbano;
plantado na casa do Senhor,
florescerá nos átrios do nosso Deus.
Mesmo na velhice dará o seu fruto,
cheio de seiva e de vigor,
para proclamar que o Senhor é justo:
n'Ele, que é o meu refúgio, não há iniquidade.
Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Nós estamos sempre cheios de confiança,
sabendo que, enquanto habitarmos neste corpo,
vivemos como exilados, longe do Senhor,
pois caminhamos à luz da fé e não da visão clara.
E com esta confiança, preferíamos exilar-nos do corpo,
para irmos habitar junto do Senhor.
Por isso nos empenhamos em ser-Lhe agradáveis,
quer continuemos a habitar no corpo,
quer tenhamos de sair dele.
Todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo,
para que receba cada qual o que tiver merecido,
enquanto esteve no corpo,
quer o bem, quer o mal.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo,
disse Jesus à multidão:
«O reino de Deus é como um homem
que lançou a semente à terra.
Dorme e levanta-se, noite e dia,
enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como.
A terra produz por si, primeiro a planta, depois a espiga,
por fim o trigo maduro na espiga.
E quando o trigo o permite, logo mete a foice,
porque já chegou o tempo da colheita».
Jesus dizia ainda:
«A que havemos de comparar o reino de Deus?
Em que parábola o havemos de apresentar?
É como um grão de mostarda, que, ao ser semeado na terra,
é a menor de todas as sementes que há sobre a terra;
mas, depois de semeado, começa a crescer,
e torna-se a maior de todas as plantas da horta,
estendendo de tal forma os seus ramos
que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra».
Jesus pregava-lhes a palavra de Deus
com muitas parábolas como estas,
conforme eram capazes de entender.
E não lhes falava senão em parábolas;
mas, em particular, tudo explicava aos seus discípulos.
Jesus iniciara com sucesso sua actividade missionária. Todavia o primeiro entusiasmo foi cedendo espaço ao desânimo dos discípulos e às hostilidades dos adversários. Qual seria o futuro da missão de Jesus? O texto reflecte também a situação vivida pelas primeiras comunidades cristãs. Após o entusiasmo inicial, sentem-se dominados pelo desânimo, pelas dúvidas, pelas crises e pelo abandono da fé. Marcos usa duas parábolas de Jesus para superar essas crises da comunidade: a semente e o grão de mostarda. Elas revelam a natureza e a dinâmica do Reino, que está a acontecer na vida de Jesus e continua a realizar-se na comunidade da Igreja.
1. A Parábola da Semente fixa o ritmo de crescimento do Reino de Deus: o processo é lento. O agricultor semeia e aguarda com paciência. A semente vai germinando e lentamente crescendo, mesmo sem a participação do lavrador. A força vital de Deus age, garantindo o sucesso da colheita, da Missão. Os frutos não dependem de quem a semeou, mas da força da semente. O crescimento do Reino depende da acção gratuita de Deus.
2. O Grão de Mostarda destaca o grandioso resultado da acção de Deus. A proposta do Reino, uma semente pequena e insignificante no começo, torna-se proposta universal, aberta a todas as nações e povos, que vão aderindo ao projecto de Deus, semeado por Jesus. Assim o Reino de Deus é uma árvore frondosa, ampla e acolhedora.
O que é que estas parábolas podem hoje dizer-nos?
As comunidades conscientes e comprometidas são cada vez mais raras, as equipas pastorais reduzidas parecendo com pouco fulgor. Temos como referência uma religião de sucesso, com as igrejas cheias, celebrações pomposas... Certos pais e educadores gostariam que a semente da palavra produzisse logo os frutos da sua eficiência e não enxergam o resultado... A angústia, não raras vezes, invade-nos e surge então a pergunta: "Vale mesmo a pena continuar a semear?"
Nas parábolas de hoje, Jesus dá uma resposta que nos restitui alegria e optimismo.
Após ter semeado, o que nos resta fazer? Ser paciente e perseverar confiando plenamente que o que foi feito, não foi em vão. Depois de anunciada, a Palavra penetra na mente e no coração, e quem já a escutou nunca mais consegue permanecer o mesmo. O tempo da colheita virá, mas só Deus sabe o dia e a hora; ninguém pode apressar o Reino de Deus.
Qual é a nossa atitude diante do agricultor que semeia com generosidade e sabe esperar com paciência? Temos fé na força íntima da semente, mesmo quando não vemos os frutos? Estamos convencidos de que o Reino de Deus é mais obra de Deus, do que fruto do trabalho humano?
V Domingo da Quaresma B

Na primeira leitura, Javé apresenta a Israel a proposta de uma nova Aliança. É um dos trechos mais significativos do Antigo Testamento. Deus tinha feito uma aliança no Sinai, entregando a Moisés os dez mandamentos escritos em pedra. O povo aderiu à aliança, porém, mais com a boca, do que com o coração. Por isso, Deus pensou em algo novo: uma nova aliança. Nela os mandamentos não serão gravados na pedra, mas no coração. Uma aliança que o tempo não apagará. Não será uma imposição externa, mas uma disposição interior para percorrer os caminhos de Deus.
A segunda leitura apresenta-nos Jesus Cristo, o sumo-sacerdote da nova Aliança, que se solidariza com os homens e lhes aponta o caminho da salvação. Esse caminho (e que é o mesmo caminho que Jesus seguiu) passa por viver no diálogo com Deus, na descoberta dos seus desafios e propostas, na obediência radical aos seus projectos.
O Evangelho convida-nos a olhar para Jesus, que selou a Nova Aliança com o seu próprio sangue na Cruz e a aprender com Ele, a segui-l'O no caminho do amor radical, do dom da vida, da entrega total a Deus e aos irmãos. O caminho da cruz parece, aos olhos do mundo, um caminho de fracasso e de morte; mas é desse caminho de amor e de doação que brota a vida verdadeira e eterna que Deus nos quer oferecer.
Leitura do Livro de Jeremias
Dias virão, diz o Senhor,
em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá
uma aliança nova.
Não será como a aliança que firmei com os seus pais,
no dia em que os tomei pela mão
para os tirar da terra do Egipto,
aliança que eles violaram,
embora Eu exercesse o meu domínio sobre eles, diz o Senhor.
Esta é a aliança que estabelecerei com a casa de Israel,
naqueles dias, diz o senhor:
Hei-de imprimir a minha lei no íntimo da sua alma
e gravá-la-ei no seu coração.
Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
Não terão já de se instruir uns aos outros,
nem de dizer cada um a seu irmão:
«Aprendei a conhecer o Senhor».
Todos eles Me conhecerão,
desde o maior ao mais pequeno, diz o Senhor.
Porque vou perdoar os seus pecados
e não mais recordarei as suas faltas.
Refrão: Dai-me, Senhor, um coração puro.
Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade,
pela vossa grande misericórdia, apagai os meus pecados.
Lavai-me de toda a iniquidade
e purificai-me de todas as faltas.
Criai em mim, ó Deus, um coração puro
e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais repelir-me da vossa presença
e não retireis de mim o vosso espírito de santidade.
Dai-me de novo a alegria da vossa salvação
e sustentai-me com espírito generoso.
Ensinarei aos pecadores os vossos caminhos
e os transviados hão-de voltar para Vós.
Leitura da Epístola aos Hebreus
Nos dias da sua vida mortal,
Cristo dirigiu preces e súplicas,
com grandes clamores e lágrimas,
Àquele que O podia livrar da morte
e foi atendido por causa da sua piedade.
Apesar de ser Filho,
aprendeu a obediência no sofrimento
e, tendo atingido a sua plenitude,
tornou-Se para todos os que Lhe obedecem
causa de salvação eterna.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
alguns gregos que tinha vindo a Jerusalém
para adorar nos dias da festa,
foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia,
e fizeram-lhe este pedido:
«Senhor, nós queríamos ver Jesus».
Filipe foi dizê-lo a André;
e então André e Filipe foram dizê-lo a Jesus.
Jesus respondeu-lhes:
«Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado.
Em verdade, em verdade vos digo:
Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só;
mas se morrer, dará muito fruto.
Quem ama a sua vida, perdê-la-á,
e quem despreza a sua vida neste mundo
conservá-la-á para a vida eterna.
Se alguém Me quiser servir, que Me siga,
e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo.
E se alguém Me servir, meu Pai o honrará.
Agora a minha alma está perturbada.
E que hei-de dizer? Pai, salva-Me desta hora?
Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora.
Pai, glorifica o teu nome».
Um grupo de gregos, que estavam em Jerusalém para celebrar a Páscoa, pedem: "Queríamos ver Jesus!", isto é, conhecê-lo em profundidade. Não se dirigem directamente a Jesus, mas aos discípulos, por isso servem-se de dois mediadores: Filipe e André.
Jesus faz-se ver através da imagem do "grão de trigo". O grão de trigo cai e morre para produzir muito fruto. A fecundidade da vida manifesta-se na morte. Assim foi para Jesus, assim será para cada um de nós.
Para conhecer, de facto, Jesus devem morrer as seguranças humanas, o apego à própria vida e à sabedoria humana (que os gregos tanto valorizavam); deve morrer tudo o que nos afasta do projecto de Jesus, especialmente a violência que tem ceifado tantas vidas inocentes. Precisamos de morrer para conhecer. E aponta o caminho para vê-lo: a Cruz. "Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim."
"Queríamos ver Jesus!"
Este pedido dos gregos é uma linda proposta de vida para todos nós. O homem de hoje também manifesta o mesmo desejo. Mas onde, quando, como encontrá-lo? Envolvidos em nossas inúmeras actividades, como os gregos de então, muitas vezes torna-se difícil ver o Deus amigo, companheiro de caminhada. E muito mais difícil é ver um Deus crucificado, como o pior criminoso dos homens e segui-l'O, como servidores fiéis.
"Queríamos ver Jesus",
"Caminho, Verdade e Vida", com o qual desejamos levar o irmão ao encontro pessoal com Cristo e proporcionar a todos os baptizados um conhecimento mais completo e uma experiência mais profunda da sua fé cristã.
"Ver" e "conhecer"
o Enviado do Pai para a Salvação ao mundo é o anseio profundo de todos os cristãos. O conhecimento e a experiência de Jesus Cristo gerarão em nós maior entusiasmo na vivência cristã e na acção missionária da Igreja. Assim será possível enfrentar os três grandes desafios da evangelização: Promoção da dignidade humana; renovação da comunidade e participação na construção de uma sociedade mais justa e solidária.
"Senhor, queríamos ver Jesus!"
Faz, Senhor, que os teus discípulos reconheçam o teu rosto no rosto dos pobres. Dá olhos para ver os caminhos da justiça e da solidariedade; dá ouvidos para escutar os pedidos de salvação e saúde; enriquece os seus corações de fidelidade generosa e compreensão para que se façam companheiros de caminhada, testemunhas verdadeiros e sinceros da glória, que resplandece no crucificado, ressuscitado e vitorioso.

Um homem abandonou a sua esposa e os seus filhos, pois sentiu uma sede infinita de se encontrar com Deus. Depois de muito caminhar, viu um peregrino e falou-lhe do seu propósito:
— Procuro a Deus. Leva-me até Ele.
O Peregrino respondeu-lhe que sabia bem onde encontrá-lo. Mas era preciso que ele se deixasse conduzir, e retorquiu-lhe:
— Para te levar até junto de Deus, preciso de vedar os teus olhos. Só os abrirás quando te disser.
Puseram-se os dois a caminho. O homem de olhos tapados, foi enchendo o seu coração do esplendor da luz divina, cada vez mais forte até que tirou a venda, abriu os olhos e ... viu-se em sua casa, ao lado da mulher e dos filhos. Era ali que Deus estava.
Jesus, no Evangelho de hoje, diz:
— Onde eu estiver, ali estará também o meu servo.
Então podemos concluir que onde estivermos aí estará o Senhor. Não precisamos de sair para longe pois Ele está bem perto. Imprimiu no íntimo da nossa alma e gravou no nosso coração o seu selo.
Também nós queremos conhecer Deus. Se soubéssemos que Deus estava no cimo de uma montanha, não nos furtaríamos a esforços para lá chegar. Mas afinal Ele está bem mais próximo, ao nosso lado, nos nossos irmãos e até dentro de nós. Basta abrir os olhos.

porque, chegada a hora,
Cristo foi o grão de trigo que, ao morrer,
deu fruto abundante,
o sol que agoniza na tarde
e ressuscitou na aurora,
o ramo de oliveira que superou o Inverno
rigoroso, a luz que venceu
as trevas, e o amor que derrotou o ódio.
Dá-nos, Senhor,
um coração novo para a Nova Aliança,
e renova-nos por dentro
com a força do teu Espírito, para que,
convertidos em filhos da luz,
em filhos teus,
vivamos a tua Lei de Amor
com mais desejo e alegria.
Assim os outros poderão ver
o rosto de Cristo reflectido em nós,
e glorificar para sempre
o Teu nome de Pai.
Amen.
Senhor, na escola da vida
apenas fomos educados para triunfar.
Temos que ganhar aos outros,
competir sem parar, medir-nos constantemente...
E Tu vens recomendar que percamos a vida,
enquanto todos nos dizem para a aproveitarmos,
para sermos obstinados;
que há que ser "lobo"
neste mundo feroz em que nascemos.
"Não te rendas, não desistas,
não te contenhas, não te compadeças,
não olhes para os outros, aproveita a vida!"
E assim, dentro de cada um de nós,
irrompe o desencontro, morre o amor,
reina o mundo das aparências, da hipocrisia
que gera inveja e falsidade à nossa volta.
Quero seguir-Te, Senhor!
Contigo, desejo também perder a vida,
o prestígio, a imagem,
as mil coisas que açambarquei em vão.
Anseio renascer para a simplicidade
e na escuta atenta do outro;
que eu me preocupe tanto com a vida
do meu irmão como da minha.
Ampara-me na partilha das minhas dúvidas,
dos meus medos e fracassos,
para ser grão de trigo e,
à tua maneira, também eu poder renascer
dando a minha vida pelo teu Reino,
na entrega total do meu ser.
Senhor, ajuda-me a partilhar a minha vida,
o meu tempo, as minhas coisas e o meu "eu".
Como Maria, nas Tuas mãos me entrego,
faça-se em mim segundo a Tua vontade...
Contigo ao meu lado...
já não preciso de ganhar mais nada.