PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

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XXIX Domingo do Tempo Comum - A

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Embriagados pelo turbilhão das novas descobertas, muitos homens do nosso tempo têm a convicção ter o domínio sobre o universo e de descobrir os caminhos da vida e da felicidade, prescindindo até do próprio Deus. A liturgia deste Domingo afirma-nos que Deus é a nossa prioridade e que é a Ele que devemos subordinar toda a nossa existência; mas avisa-nos também que Deus convoca-nos a um compromisso efectivo com a construção do mundo.

A primeira leitura sugere que Deus é o verdadeiro Senhor da história e que é Ele quem conduz a caminhada do seu Povo rumo à felicidade e à realização plena. Os homens que actuam e intervêm na história são apenas os instrumentos de que Deus se serve para concretizar os seus projectos de salvação. (Serviu-se de Ciro, um rei pagão, para libertar o seu povo da Babilónia...)

A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de uma comunidade cristã que colocou Deus no centro do seu caminho e que, apesar das dificuldades, se comprometeu de forma corajosa com os valores e propostas de Deus.

O Evangelho ensina que o homem, sem deixar de cumprir as suas obrigações com a comunidade em que está inserido, pertence a Deus e deve entregar toda a sua existência nas Suas mãos. Tudo o resto deve ser relativizado, inclusive a submissão ao poder político.


Primeira Leitura (Is 45,1.4-6)
Leitura do Livro de Isaías

Assim fala o Senhor a Ciro, seu ungido,
a quem tomou pela mão direita,
para subjugar diante dele as nações
e fazer cair as armas da cintura dos reis,
para abrir as portas à sua frente,
sem que nenhuma lhe seja fechada:
«Por causa de Jacob, meu servo, e de Israel, meu eleito,
Eu te chamei pelo teu nome e te dei um título glorioso,
quando ainda não Me conhecias.
Eu sou o Senhor e não há outro;
fora de Mim não há Deus.
Eu te cingi, quando ainda não Me conhecias,
para que se saiba, do Oriente ao Ocidente,
que fora de Mim não há outro.
Eu sou o Senhor e mais ninguém».


Salmo Responsorial – Salmo 95 (96)
Refrão: Aclamai a glória e o poder do Senhor.

Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor, terra inteira.
Publicai entre as nações a sua glória,
em todos os povos as suas maravilhas.

O Senhor é grande e digno de louvor,
mais temível que todos os deuses.
Os deuses dos gentios não passam de ídolos,
foi o Senhor quem fez os céus.

Dai ao Senhor, ó família dos povos,
dai ao Senhor glória e poder.
Dai ao Senhor a glória do seu nome,
levai-Lhe oferendas e entrai nos seus átrios.

Adorai o Senhor com ornamentos sagrados,
trema diante d'Ele a terra inteira.
Dizei entre as nações: «O Senhor é rei»,
governa os povos com equidade.


Segunda Leitura (1 Tes 1,1-5b)
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses

Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja dos Tessalonicenses,
que está em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo:
A graça e a paz estejam convosco.
Damos continuamente graças a Deus por todos vós,
ao fazermos menção de vós nas nossas orações.
Recordamos a actividade da vossa fé,
o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança
em Nosso Senhor Jesus Cristo,
na presença de Deus, nosso Pai.
Nós sabemos, irmãos amados por Deus,
como fostes escolhidos.
O nosso Evangelho não vos foi pregado somente com palavras,
mas também com obras poderosas,
com a acção do Espírito Santo.


Evangelho (Mt 22,15-21)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
os fariseus reuniram-se para deliberar
sobre a maneira de surpreender Jesus no que dissesse.
Enviaram-Lhe alguns dos seus discípulos,
juntamente com os herodianos, e disseram-Lhe:
«Mestre, sabemos que és sincero
e que ensinas, segundo a verdade, o caminho de Deus,
sem Te deixares influenciar por ninguém,
pois não fazes acepção de pessoas.
Diz-nos o teu parecer:
É lícito ou não pagar tributo a César?».
Jesus, conhecendo a sua malícia, respondeu:
«Porque Me tentais, hipócritas?
Mostrai-me a moeda do tributo».
Eles apresentaram-Lhe um denário,
e Jesus perguntou:
«De quem é esta imagem e esta inscrição?».
Eles responderam: «De César».
Disse-lhes Jesus:
«Então, daí a César o que é de César
e a Deus o que é de Deus».


Ressonâncias

"Dar a César o que é de César e dar a Deus dinheiro3o que é de Deus" não significará devolver a cada um o que lhe pertence? Não se deve dar a César o que não lhe pertence. A adoração é devida só e unicamente a Deus. O homem não pode negar, no entanto, as obrigações para com a comunidade em que está integrado. Mas, o mais importante é que o homem reconheça a Deus como o seu único Senhor: ele foi criado por Ele, pertence a Deus e transporta consigo a "imagem" do seu Senhor; tudo o resto é secundário.

Um perigo: Deus ser substituído pelos "deuses" do dinheiro e do poder, do êxito e da realização profissional, da ascensão social e da moda, do clube de futebol e do endeusamento das estrelas... Estes podem tomar o lugar de Deus e passar a dirigir e a condicionar a vida de muitas pessoas. No entanto, essa troca quase sempre traz escravidão e alienação, frustração e decepçção, sentimentos de solidão e de orfandade.

Quem é de facto o nosso Deus? Há outros "deuses" na nossa vida que condicionam as nossas opções e interesses, que invadem e dominando os nossos projectos? Quais são esses deuses? Eles asseguraram-nos a felicidade e a plena realização, ou tornam-nos cada vez mais escravos e dependentes?

O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, por isso, os seus direitos e a sua dignidade devem ser por todos respeitados. É um crime contra o Senhor destruir ou menosprezar a imagem de Deus que existe em qualquer pessoa.

O Cristão tem obrigações com a Sociedade em que vive. Nenhum país funciona se a população não der a César o que é de César... O cristão deverá, pois, ser um membro activo do seu país, pagando os seus impostos, respeitando as leis justas e evitando os esquemas de corrupção; mas deve também procurar participar da vida do seu país em todos os seus aspectos e lutar por uma sociedade mais justa e mais fraterna. "A César o que é de César e dar a Deus o que é de Deus."

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Imagem de Deus

Um dia as Irmãs da Caridade recolheram um mendigo, lavaram-no, deram-lhe de comer, aconchegaram-no. Quando recuperado e lúcido, este homem pediu à Irmã Teresa de Calcutá:
— Dizei-me o vosso nome. Nenhum humano fazia por mim o que vós fizestes. Vós deveis ser deusas. Que posso fazer para servir a vossa divindade?
— Não, não somos deusas. Tu é que és para nós imagem de Deus. Nós fizemos tudo isto porque reconhecemos em ti o nosso Deus.

É preciso retribuir a Deus o que é de Deus e a César o que é de César.
A mensagem de Jesus é muito subtil. A moeda deve ser restituída a César, porque nela está impressa a sua imagem. Há uma criatura sobre a qual está impressa a imagem de Deus. Esta é Sua e mais ninguém pode apropriar-se dela.

Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança, à imagem de Deus Ele o criou. O Homem é esta criatura que não pode pertencer a mais ninguém senão a Deus. Ninguém poderá dominá-lo, escravizá-lo, oprimi-lo como se fosse um objecto de sua propriedade porque é sagrado.
É preciso respeitar a imagem de Deus que está impressa no rosto de cada pessoa. Não será tarefa fácil pois só os puros de coração verão a Deus.
Dar a Deus o que é de Deus só se entende se eu me der todo.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

XVI Domingo do Tempo Comum - A

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A liturgia deste Domingo convida-nos a descobrir o Deus paciente e cheio de misericórdia, a quem não interessa a marginalização do pecador, mas a sua integração na comunidade do "Reino", convidando-nos a interiorizar essa "lógica" de Deus, deixando que ela marque o olhar que lançamos sobre o mundo e sobre os homens.

A primeira leitura fala-nos de um Deus que é indulgente e misericordioso para connosco. Agindo dessa forma, Deus convida os seus filhos a serem mais humanos, a terem um coração tão misericordioso e tão indulgente como o coração de Deus.

A segunda leitura sublinha a bondade e a misericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fragilidade, guiando-nos no caminho para a vida plena.

O Evangelho garante a presença do "Reino de Deus" no nosso mundo. Esse "Reino" não é um clube exclusivo de "bons" e de "santos". Nele todos os homens encontram a possibilidade de crescer, de amadurecer as suas escolhas, de serem tocados pela graça, até ao momento final da opção definitiva.


Primeira Leitura (Sab 12,13.16-19)
Leitura do Livro da Sabedoria

Não há Deus, além de Vós,
que tenha cuidado de todas as coisas;
a ninguém tendes de mostrar que não julgais injustamente.
O vosso poder é o princípio da justiça
e o vosso domínio soberano
torna-Vos indulgente para com todos.
Mostrais a vossa força
aos que não acreditam na vossa omnipotência
e confundis a audácia daqueles que a conhecem.
Mas Vós, o Senhor da força, julgais com bondade
e governais-nos com muita indulgência,
porque sempre podeis usar da força quando quiserdes.
Agindo deste modo, ensinastes ao vosso povo
que o justo deve ser humano
e aos vossos filhos destes a esperança feliz
de que, após o pecado, dais lugar ao arrependimento.


Salmo Responsorial – Salmo 85 (86)
Refrão: Senhor, sois um Deus clemente e compassivo.

Vós, Senhor, sois bom e indulgente,
cheio de misericórdia para com todos os que Vos invocam.
Ouvi, Senhor, a minha oração,
atendei a voz da minha súplica.

Todos os povos que criastes virão adorar-vos, Senhor,
e glorificar o vosso nome,
porque Vós sois grande e operais maravilhas,
Vós sois o único Deus.

Senhor, sois um Deus bondoso e compassivo,
paciente e cheio de misericórdia e fidelidade.
Voltai para mim os vossos olhos
e tende piedade de mim.


Segunda Leitura (Rom 8,26-27)
Leitura da Epístola do apóstolo S. Paulo aos Romanos

Irmãos:
O Espírito Santo vem em auxilio da nossa fraqueza,
porque não sabemos que pedir nas nossas orações;
mas o próprio Espírito intercede por nós
com gemidos inefáveis.
E Aquele que vê no íntimo dos corações
conhece as aspirações do Espírito,
sabe que Ele intercede pelos santos
em conformidade com Deus.


Evangelho (Mt 13,24-43)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Mateus

Naquele tempo,
Jesus disse às multidões mais esta parábola:
«O reino dos Céus pode comparar-se a um homem
que semeou boa semente no seu campo.
Enquanto todos dormiam, veio o inimigo,
semeou joio no meio do trigo e foi-se embora.
Quando o trigo cresceu e deu fruto,
apareceu também o joio.
Os servos do dono da casa foram dizer-lhe:
'Senhor, não semeaste boa semente no teu campo?
Donde vem então o joio?
Ele respondeu-lhes: 'Foi um inimigo que fez isso'.
Disseram-lhe os servos:
'Queres que vamos arrancar o joio?'
'Não! – disse ele –
não suceda que, ao arrancardes o joio,
arranqueis também o trigo.
Deixai-os crescer ambos até à ceifa
e, na altura da ceifa, direi aos ceifeiros:
Apanhai primeiro o joio e atai-o em molhos para queimar;
e ao trigo, recolhei-o no meu celeiro'.»

Jesus disse-lhes outra parábola:
«O reino dos Céus pode comparar-se a um grão de mostarda
que um homem tomou e semeou no seu campo.
Sendo a menor de todas as sementes,
depois de crescer, é a maior de todas as hortaliças
e torna-se árvore, de modo que as aves do céu vêm abrigar-se nos seus ramos.»

Disse-lhes outra parábola:
«O reino dos Céus pode comparar-se ao fermento
que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha,
té ficar tudo levedado".
Tudo isto disse Jesus em parábolas,
e sem parábolas nada lhes dizia,
a fim de se cumprir o que fora anunciado pelo profeta,
que disse: "Abrirei a minha boca em parábolas,
proclamarei verdades ocultas desde a criação do mundo.»

Jesus deixou então as multidões e foi para casa.
Os discípulos aproximaram-se d'Ele e disseram-Lhe:
"Explica-nos a parábola do joio no campo".
Jesus respondeu:
«Aquele que semeia a boa semente é o Filho do homem
e o campo é o mundo.
A boa semente são os filhos do reino,
o joio são os filhos do Maligno
e o inimigo que o semeou é o Demónio.
A ceifa é o fim do mundo
e os ceifeiros são os Anjos.
Como o joio é apanhado e queimado no fogo,
assim será no fim do mundo:
o Filho do homem enviará os seus Anjos,
que tirarão do seu reino todos os escandalosos
e todos os que praticam a iniquidade,
e hão-de lançá-los na fornalha ardente;
aí haverá choro e ranger de dentes.
Então, os justos brilharão como o sol
no reino do seu Pai.
Quem tem ouvidos, oiça.»


Ressonâncias
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A Parábola do trigo e do joio revela-nos duas atitudes: A impaciência dos homens: "Senhor, queres que arranquemos o joio?"; e a paciência de Deus: "Deixai crescer junto até a colheita..."
Deus não quer a destruição do pecador e a segregação dos maus. "Deus é paciente e misericordioso, lento para a ira e rico de misericórdia".

Na construção do Reino, é preciso ter Paciência e esperar a hora certa para a separação final na colheita.
A paciência de Deus com o joio convida-nos a rejeitar as atitudes de rigidez e de intolerância, de incompreensão e de vingança e a sermos tolerantes e compreensivos para com os nossos irmãos.

Joio e Trigo estão em todo o lado. Esquecemos que o mal e o bem se misturam no mundo, na vida e no nosso coração?!; Esquecemos que o Reino de Deus é um mundo de trigo e de joio, de guerra e de paz, de gozo e inquietação?!, Esquecemos que o joio de hoje poderá tornar-se amanhã trigo para Deus?!; Esquecemos que mesmo dentro de cada um nós há trigo, mas muitas vezes abunda também o joio?!

E então, ficar de braços cruzados passivamente? Não, as outras duas parábolas complementam a mensagem: devemos ser a semente da mostarda, pequena, insignificante, mas que cresce até acolher os pássaros nos seus ramos; devemos ser o fermento que leveda toda a massa da farinha e o mundo em que vivemos. Assim estaremos a transformar o joio em trigo.

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O Reino de Deus já está presente entre nós, mesmo misturado com o joio, mesmo pequeno como o grão de mostarda, ou um pouco de fermento...«Assim como o fermento comunica a sua força à massa da farinha, assim também vós transformareis o mundo inteiro. [...] O fermento faz levedar a massa quando é posto em contacto com a farinha; melhor ainda, quando é misturado completamente com ela.

O Senhor também não diz que a mulher colocou o fermento, mas que ela o misturou na farinha. [...] Somente Cristo dá tal força ao fermento; misturou com a multidão os que tinham fé n'Ele para que comunicássemos uns aos outros os nossos conhecimentos.

Que ninguém O recrimine pelo pequeno número dos seus discípulos, pois o poder da pregação é grande, e, quando a massa está frementada, ela torna-se, por sua vez, em fermento para todo o resto.»

(S. João Crisóstomo)

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Deus é cuidadoso com a agronomia do seu Reino
A parábola deste Domingo, revela-nos um semeador sábio e paciente, solícito e respeitador dos crescimentos e amadurecimentos.

Ele ensina-nos uma tolerância que não transige com o mal, mas é capaz de suportar o difícil parto de um milagre.
Quanto tem a aprender de Deus a nossa pressa em julgar, a nossa precipitação em condenar, a nossa intolerância que não pondera para eliminar, para limpar…

Em tempo de ceifas não hesitemos em pedir a Deus um discernimento que nos ajude a distinguir o trigo do joio, uma coragem para lançar fora o que de facto é mal, e uma paciência para esperar pelo amadurecimento dos frutos que tardam a definir-se.

O olhar e a atitude com que enfrentamos a vida, os outros e o mundo, mudam-nos completamente a nossa existência.


Especializa-teHelderCamara

Especializa-te em tentar descobrir
em toda e qualquer criatura
o lado bom que ela possui
– ninguém é maldade concentrada.

Especializa-te em tentar descobrir
em toda e qualquer ideologia a alma de verdade
que ela carrega no seio
– a inteligência é incapaz de aderir ao erro total...

(Dom Hélder Câmara)

Ver mais longe

Já todos conhecem a história daquele judeu que depois de tanto combater o cristianismo, foi viver, durante algum tempo, no anonimato, numa comunidade cristã. Queria ver a vida real dos cristãos. Lá foi acompanhando as celebrações, ouvindo as pregações, seguindo o quotidiano daquela gente. Quanto mais reparava na falta de coerência, mais ficava pensativo. Anotou tantos aspectos negativos pois o trigo perdia-se no meio de tanto joio. Por fim tomou posição:
- Vivi com os cristãos e vi tanta miséria, muito fingimento. Mas se o cristianismo continua vivo, apesar de tudo isto, quer dizer que é uma obra de Deus. Agora acredito no seu valor.

Tal como num estabelecimento, há que distinguir o que está na montra e o que há no interior. A montra pode ter uma fraca apresentação: poeirenta, antiquada, desprezível ou descuidada. Só as pessoas muito decididas é que não se deixam desencorajar pelo que vêem na montra e ousam entrar para pedir, no interior, o que não viram exposto. E encontram sempre, numa gaveta, no fundo de um armário, num sótão cheio de pó.

A nossa vida cristã nem sempre é o que se pretende, ou o que se mostra, ou o que até aqui se tem vivido. Há muito joio. Se alguém ver apenas a mostra, isto é, ver-nos sair de uma missa dominical, ver-nos rezar, ver-nos viver em comum, fica logo desanimado. É preciso ter a coragem de pedir no interior o que não viu na montra.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

XV Domingo do Tempo Comum - A

Semeador3dA Liturgia desse Domingo convida-nos a reflectir sobre a importância da Palavra de Deus e exorta-nos a ser "terra boa" que acolhe a Palavra e produz frutos abundantes na vida.

A Primeira leitura garante-nos que a Palavra de Deus é verdadeiramente fecunda e criadora de vida. É sempre eficaz, embora não actue sempre de acordo com os nossos interesses e critérios.

Na Segunda leitura, Paulo atesta-nos que o tempo da sementeira é sempre difícil, sofre-se com a dor e a espera, mas não se trata de um grito de morte, mas sim do início de uma nova vida que está a chegar. Podemos, no entanto, dizer que a Palavra de Deus é que fornece os critérios para que o homem possa viver "segundo o Espírito" e para que ele possa construir o "novo céu e a nova terra" com que sonhamos.

O Evangelho propõe-nos, em primeiro lugar, uma reflexão sobre a forma como acolhemos a Palavra e exorta-nos a ser uma "boa terra", disponível para escutar as propostas de Jesus, para as acolher e para deixar que elas dêem abundantes frutos na nossa vida de cada dia. Garante-nos também que o "Reino" proposto por Jesus será uma realidade imparável, onde se manifestará em todo o seu esplendor e fecundidade a vida de Deus.


Primeira Leitura (Is 55,10-11)
Leitura do Livro de Isaías

Eis o que diz o Senhor:
"Assim como a chuva e a neve que descem do céu
não voltam para lá sem terem regado a terra,
sem a terem fecundado e feito produzir,
para que dê a semente ao semeador e o pão para comer,
assim a palavra que sai da minha boca
não volta sem ter produzido o seu efeito,
sem ter cumprido a minha vontade,
sem ter realizado a sua missão".


Salmo Responsorial – Salmo 64 (65)
Refrão: A semente caiu em boa terra e deu muito fruto.

Visitastes a terra e a regastes,
enchendo-a de fertilidade.
As fontes do céu transbordam em água
e fazeis brotar o trigo.

Assim preparais a terra;
regais os seus sulcos e aplanais as leivas,
Vós a inundais de chuva
e abençoais as sementes.

Coroastes o ano com os vossos benefícios,
por onde passastes brotou a abundância.
Vicejam as pastagens do deserto
e os outeiros vestem-se de festa.

Os prados cobrem-se de rebanhos
e os vales enchem-se de trigo.
Tudo canta e grita de alegria.


Segunda Leitura (Rom 8,18-23)
Leitura da Epístola do apóstolo S. Paulo aos Romanos

Irmãos:
Eu penso que os sofrimentos do tempo presente
não têm comparação com a glória
que se há-de manifestar em nós.
Na verdade, as criaturas esperam ansiosamente
a revelação dos filhos de Deus.
Elas estão sujeitas à vã situação do mundo,
não por sua vontade,
mas por vontade d'Aquele que as submeteu,
com a esperança de que as mesmas criaturas
sejam também libertadas da corrupção que escraviza,
para receberem a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.
Sabemos que toda a criatura geme ainda agora
e sofre as dores da maternidade.
E não só ela, mas também nós,
que possuímos as primícias do Espírito,
gememos interiormente,
esperando a adopção filial e a libertação do nosso corpo.


Evangelho (Mt 13,1-23)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Mateus

Naquele dia,
Jesus saiu de casa e foi sentar-Se à beira-mar.
Reuniu-se à sua volta tão grande multidão
que teve de subir para um barco e sentar-Se,
enquanto a multidão ficava na margem.
Disse muitas coisas em parábolas, nestes termos:
"Saiu o semeador a semear.
Quando semeava,
caíram algumas sementes ao longo do caminho:
vieram as aves e comeram-nas.
Outras caíram em sítios pedregosos,
onde não havia muita terra,
e logo nasceram porque a terra era pouco profunda;
mas depois de nascer o sol, queimaram-se e secaram,
por não terem raiz.
Outras caíram entre espinhos
e os espinhos cresceram e afogaram-nas.
Outras caíram em boa terra e deram fruto:
umas, cem; outras, sessenta; outras, trinta por um.
Quem tem ouvidos, oiça".
Os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe:
"Porque lhes falas em parábolas?"
Jesus respondeu-lhes:
"Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos Céus,
mas a eles não.
Pois àquele que tem dar-se-á e terá em abundância;
mas àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado.
É por isso que lhes falo em parábolas,
porque vêem sem ver e ouvem sem ouvir nem entender.
Neles se cumpre a profecia de Isaías que diz:
'Ouvindo ouvireis, mas sem compreender;
olhando olhareis, mas não vereis.
Porque o coração deste povo tornou-se duro:
endureceram os seus ouvidos e fecharam os seus olhos,
para não acontecer
que, vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos
e compreendendo com o coração,
se convertam e Eu os cure'.
Quanto a vós, felizes os vossos olhos porque vêem
e os vossos ouvidos porque ouvem!
Em verdade vos digo: muitos profetas e justos
desejaram ver o que vós vedes e não viram
e ouvir o que vós ouvis e não ouviram.
Vós, portanto, escutai o que significa a parábola do semeador:
Quando um homem ouve a palavra do reino
e não a compreende,
vem o Maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração.
Este é o que recebeu a semente ao longo do caminho.
Aquele que recebeu a semente em sítios pedregosos
é o que ouve a palavra e a acolhe de momento,
mas não tem raiz em si mesmo, porque é inconstante,Semeador3b
e, ao chegar a tribulação ou a perseguição por causa da palavra,
sucumbe logo.
Aquele que recebeu a semente entre espinhos
é o que ouve a palavra,
mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza
sufocam a palavra, que assim não dá fruto.
E aquele que recebeu a palavra em boa terra
é o que ouve a palavra e a compreende.
Esse dá fruto,
produz ora cem, ora sessenta, ora trinta por um".


Ressonâncias...

A Parábola propõe-nos três perguntas:
1. Que terreno somos nós? Muitas vezes questionamos o pregador da Palavra de Deus: "Foi comprido, foi repetitivo, foi aborrecido..." E como questionar também a nossa atitude de ouvintes? O acolhimento do Evangelho não depende nem da Semente, nem do Semeador, mas da qualidade da terra.
2. Que semeadores somos nós? Cuidamos do nosso terreno, retiramos as pedras e os espinhos que atrapalham? Procuramos cuidar da semente que vamos semear, cultivando-nos e actualizando-nos? (Na catequese, liturgia, canto, escola, família...)
3. Vale ou não a pena semear? A parábola de Jesus é uma parábola de esperança. Jesus é o Semeador, e nós – com Ele – também o somos. Ele semeia em todos os terrenos, mesmo aqueles que parecem inférteis. Algumas sementes acabam germinar... O importante é semear o grão da esperança.

Semear o sorriso para que resplandeça ao redor de nós. Semear as nossas energias para enfrentar as batalhas da vida. Semear a nossa coragem para reerguer a coragem do outro. Semear o nosso entusiasmo, a nossa fé, o nosso amor...
Apesar dos obstáculos, a semente não perde a sua força. Deus lança a semente em todas direcções, sem recusar os pecadores endurecidos, os superficiais, ou aqueles que vivem obcecados com as preocupações do mundo.

O Evangelho de hoje garante-nos, que apesar do aparente fracasso, o sucesso do "Reino" está sempre garantido; e o resultado final será algo de surpreendente e de maravilhoso. Deus garante-nos: "A palavra de Deus não voltará sem produzir o seu fruto."

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Ser semente de Deus
As parábolas de Jesus fazem falar a vida! São verdadeiras obras de arte que nos surpreendem continuamente. Nelas vemos a perspectiva de Deus, isto é, o modo como Ele vê o mundo e a vida; são desconcertantes ao exprimir o máximo de profundidade através da máxima simplicidade.
Deus continua preocupado em fazer florir e frutificar em nós uma vida cheia e fecunda!
É um Deus generoso que a todos dá sem se preocupar se somos áridos, secos ou estéreis.
É um Deus que olha para cada um de nós e, na nossa aridez, entrevê um terreno fértil capaz de acolher um pequeno grão de vida, de uma palavra inundada de futuro, de um olhar de ressurreição.
Deus só nos pede acolhimento, porque no nosso pouco ou no nosso muito, o segredo decisivo da fecundidade é Ele mesmo.


Semeando...

Contou um Rabino que havia dois irmãos que sempre viveram na cidade e nunca tinham visto nem um campo nem uma pastagem. Um dia foram dar um passeio pelo campo. À medida que caminhavam viram um agricultor a arar.
– Que coisa mais estranha. Este sujeito passa o dia andando para cá e para lá rasgando a terra. Porque haveria de destruir este belo chão?semead07

Mais tarde passaram de novo no mesmo lugar e viram-no a semear o terreno arado.
– Esta aldeia não é para mim, disse um dos irmãos. As pessoas aqui comportam-se de modo irracional. Vou para casa.

Mas o outro ficou e depois de algumas semanas viu uma maravilhosa diferença: a terra cobriu-se de plantinhas verdes. Escreveu ao irmão para que voltasse. Aquele veio e ficou admirado. Com o passar dos dias a terra transformou-se num campo dourado de trigo maduro. Compreenderam então o comportamento do agricultor.... Ao semear um saco de trigo, ele tinha colhido um campo inteiro.

É assim que Deus trabalha, concluiu o rabino. Nós, mortais, só vemos o começo do seu plano. Não podemos entender o plano total e o fim último da sua criação. Temos que confiar na sua sabedoria.
Este semeador é Deus que cumpre a sua missão e semeia com generosidade. Ele dá as mesmas oportunidades a todos. A semente é igual para todos, sempre útil para alguém, mais não seja para os pardais. Tem sempre capacidade de germinar desde que lhe dêem essa oportunidade.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

XIV Domingo do Tempo Comum - A

Missao2017A liturgia deste domingo ensina-nos onde encontrar Deus. Garante-nos que Deus não Se revela na arrogância, no orgulho, na prepotência, mas sim na simplicidade, na humildade, na pobreza, na pequenez.
A primeira leitura descreve o regresso do Rei vitorioso a Jerusalém. O povo aguardava uma entrada triunfal do rei e o profeta Zacarias anuncia uma entrada humilde e pacífica, montando não um cavalo de guerra, mas um jumento.

Na segunda leitura, São Paulo ensina que a vida "segundo a carne" gera morte e que a vida "segundo o Espírito" gera vida. A vida "segundo a carne" é a vida daqueles que se instalam no egoísmo, orgulho e auto-suficiência; a vida "segundo o Espírito" é a vida daqueles que aceitam acolher as propostas de Deus.

O Evangelho narra o retorno dos Apóstolos da primeira missão apostólica. Os Apóstolos voltam cansados, mas alegres e exultantes. Jesus escuta-os com muita atenção e interesse: muitos aceitaram a pregação dos Apóstolos, outros não. Jesus faz uma oração de louvor, porque a proposta de salvação encontrou acolhimento no coração dos humildes: "Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e inteligentes e os revelastes aos pequeninos."


Primeira Leitura (Zac 9,9-10)
Leitura da Profecia de Zacarias

Eis o que diz o Senhor:
"Exulta de alegria, filha de Sião,
solta brados de júbilo, filha de Jerusalém.
Eis o teu Rei, justo e salvador, que vem ao teu encontro,
humildemente montado num jumentinho, filho duma jumenta.
Destruirá os carros de combate de Efraim
e os cavalos de guerra de Jerusalém;
e será quebrado o arco de guerra.
Anunciará a paz às nações:
o seu domínio irá de um mar ao outro mar
e do Rio até aos confins da terra.


Salmo Responsorial – Salmo 144 (145)
Refrão: Louvarei para sempre o vosso nome,

Quero exaltar-Vos, meu Deus e meu Rei,
e bendizer o vosso nome para sempre.
Quero bendizer-Vos, dia após dia,
e louvar o vosso nome para sempre.

O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas.

Graças Vos dêem, Senhor, todas as criaturas
e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso reino
e anunciem os vossos feitos gloriosos.

O Senhor é fiel à sua palavra
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor ampara os que vacilam
e levanta todos os oprimidos.


Segunda Leitura (Rom 8,9.11-13)
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos

Irmãos:
Vós não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito,
se é que o Espírito de Deus habita em vós.
Mas se alguém não tem o Espírito de Cristo, não Lhe pertence.
Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos
habita em vós,
Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos,
também dará vida aos vossos corpos mortais,
pelo seu Espírito que habita em vós.
Assim, irmãos, não somos devedores à carne,
para vivermos segundo a carne.
Se viverdes segundo a carne, morrereis;
mas, se pelo Espírito fizerdes morrer as obras da carne, vivereis.


Evangelho (Mt 11,25-30)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, Jesus exclamou:
"Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes
e as revelaste aos pequeninos.
Tudo me foi dado por meu Pai.
Sim, Pai, Eu Te bendigo,
porque assim foi do teu agrado.
Ninguém conhece o Filho senão o Pai
e ninguém conhece o Pai senão o Filho
e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Vinde a Mim,
todos os que andais cansados e oprimidos,
e Eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo
e aprendei de Mim,
que sou manso e humilde de coração,
e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve".


Ressonâncias

Os grandes e poderosos, os sábios e os inteligentes não perceberam a presença do Reino de Deus e não acolheram a sua mensagem. Eram os escribas e os fariseus, versados no conhecimento da Lei e da Religião, mas orgulhosos e insensíveis a tudo o que não se acomodasse ao seu modo de pensar e de agir.
Os Pequenos e os pobres, os humildes e os marginalizados esses sim acolheram com entusiasmo a sua palavra e o seu Reino.

Só conhece Deus quem é simples e humilde e está disposto a seguir Jesus no caminho da entrega a Deus e da doação de vida aos homens.

E Jesus faz um convite a todos os que andam cansados e a Ele recorrerem. E quantos há entre nós?!...
Na vida quanta miséria humana: quantos problemas, quantos sofrimentos, quanta desilusão e quanto amor negado! Há problemas que não tem solução, há dor que nenhum analgésico cura, há escuridão onde a luz não penetra!

Cansados e aflitos são todos os que sofrem na vida. São os pobres de Deus, aos quais Jesus dirige sua alegre notícia e entre os quais ele se sente como um deles: "Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei."

Que riqueza a mensagem da Palavra de Deus deste Domingo! Vamos acolhê-la em nosso coração com simplicidade e humildade. Se alguma coisa nos pesa, depositemos a nossa confiança no Senhor. Só ele poderá aliviar o peso de nossos sofrimentos...

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O Evangelho deste Domingo dá uma importância grande aos pequeninos.
Deus parece brincar às escondidas, ocultando-se a uns e mostrando-se a outros. O Evangelho conhece apenas uma medida, a dos pequeninos, e neles investe o seu maior amor: pobres, doentes, viúvas, crianças, os preferidos de Deus. Eles são a password da nova criação, do acesso divino.

Deus está próximo do que é pequeno, ama o que é desprezado. Quando os homens dizem “perdido”, Ele diz “encontrado”; quando dizem “condenado”, ele diz “salvo”; quando dizem “maldito”, Ele diz “abençoado” (Bonhoeffer).

Os pequenos de Jesus são aqueles que reconhecem ter necessidade d’Ele, que experimentam a própria fragilidade e por isso fundamentam a própria vida não em si, mas em Deus.


Aprender a ser

O filósofo Stanislaw Grygiel contou que uma vez o então Cardeal Wojtyla – anos depois João Paulo II –, foi a uma pequena paróquia fazer uma visita pastoral. Chegou um pouco antes da hora prevista. Entrou na igreja onde o Pároco estava a ensinar o Catecismo a um grupo de crianças. Saudou a Cristo no Sacrário e depois perguntou aos meninos:
– Quem é que quer dizer o que é que eu vim fazer aqui hoje?

Um pequerrucho, de uns sete ou oito anos, levantou o braço:
– Eu sei. Você veio para aprender alguma coisa como nós.

O Cardeal, humildemente confirmou, sentou-se ao seu lado e pediu ao Pároco que continuasse a sua lição.

E Jesus, lá no Sacrário deve ter exclamado uma vez mais:
– Eu Te bendigo, ó Pai, porque revelastes estas verdades aos pequeninos.

As crianças têm capacidade de acolher a verdade pois são maiores do que pensamos. Por outro lado, Deus é acessível. Ele faz-se pequeno para que todos possam crescer com Ele.
Só se aprende com humildade, com mansidão e com o Coração:
– Aprendei de mim... repete Jesus
Aprender a quê? Não a fazer milagres, a falar como Ele, a curar doentes, a andar sobre o mar...pois só Ele cura, só Ele é o Verbo. Aprender sim a ser manso, a ser humilde e a ser coração.

Pe. José David Quintal Vieira

XIII Domingo do Tempo Comum - Ano A

J87Nas leituras deste XIII Domingo do Tempo Comum, cruzam-se vários temas. No geral, os três textos que nos são propostos apresentam uma reflexão sobre alguns aspectos do discipulado. Essencialmente, diz-se que o discípulo é todo aquele que, pelo baptismo, se identifica com Jesus e O segue; e define-se a sua missão com o tornar presente o projecto de salvação que Deus tem para o homem.

Evangelho é uma catequese sobre o discipulado. Num primeiro passo, define o caminho do discípulo: o discípulo tem de ser capaz de fazer de Jesus a sua opção fundamental e seguir o seu mestre no caminho do amor e da entrega da vida. Num segundo passo, sugere que toda a comunidade é chamada a dar testemunho da Boa Nova de Jesus. Num terceiro passo, promete uma recompensa àqueles que acolherem, com generosidade e amor, os missionários do "Reino".

Na primeira leitura mostra-se como todos podem colaborar na realização do projecto salvador de Deus. De uma forma directa (Eliseu) ou de uma forma indirecta (a mulher sunamita), todos têm um papel a desempenhar para que Deus se torne presente no mundo e interpele os homens.

A segunda leitura recorda que o cristão é alguém que, pelo Baptismo, se identificou com Jesus. A partir daí, o cristão deve seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida e renunciar definitivamente ao pecado.


Primeira Leitura (2 Re 4,8-11.14-16ª)
Leitura do Segundo Livro dos Reis

Certo dia, o profeta Eliseu passou por Sunam.
Vivia lá uma distinta senhora,
que o convidou com insistência a comer em sua casa.
A partir de então, sempre que por ali passava,
era em sua casa que ia tomar a refeição.
A senhora disse ao marido:
"Estou convencida de que este homem,
que passa frequentemente pela nossa casa,
é um santo homem de Deus.
Mandemos-lhe fazer no terraço um pequeno quarto
com paredes de tijolo,
com uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lâmpada.
Quando ele vier a nossa casa, poderá lá ficar".
Um dia, chegou Eliseu
e recolheu-se ao quarto para descansar.
Depois perguntou ao seu servo Giezi:
"Que podemos fazer por esta senhora?"
Giezi respondeu:
"Na verdade, ela não tem filhos
e o seu marido é de idade avançada".
"Chama-a" – disse Eliseu.
O servo foi chamá-la e ela apareceu à porta.
Disse-lhe o profeta:
"No próximo ano, por esta época,
terás um filho nos braços".


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 89 (89)
Refrão: Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor.

Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor
e para sempre proclamarei a sua fidelidade.
Vós dissestes: "A bondade está estabelecida para sempre",
no céu permanece firme a vossa fidelidade.

Feliz do povo que sabe aclamar-Vos
e caminha, Senhor, à luz do vosso rosto.
Todos os dias aclama o vosso nome
e se gloria com a vossa justiça.

Vós sois a sua força,
com o vosso favor se exalta a nossa valentia.
Do Senhor é o nosso escudo
e do Santo de Israel o nosso rei.


Segunda Leitura (Rom 6,3-4. 8-11)
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos

Irmãos:
Todos nós que fomos baptizados em Jesus Cristo
fomos baptizados na sua morte.
Fomos sepultados com Ele na sua morte,
para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos,
para glória do Pai,
também nós vivamos uma vida nova.
Se morremos com Cristo,
acreditamos que também com Ele viveremos,
sabendo que, uma vez ressuscitado dos mortos,
Cristo já não pode morrer;
a morte já não tem domínio sobre Ele.
Porque na morte que sofreu,
Cristo morreu para o pecado de uma vez para sempre;
mas a sua vida, é uma vida para Deus.
Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado
e vivos para Deus, em Cristo Jesus.


Evangelho (Mt 10,37-42)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos:
"Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim,
não é digno de Mim;
e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim,
não é digno de Mim.
Quem não toma a sua cruz para Me seguir,
não é digno de Mim.
Quem encontrar a sua vida há-de perdê-la;
e quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la.
Quem vos recebe, a Mim recebe;
e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou.
Quem recebe um profeta por ele ser profeta,
receberá a recompensa de profeta;
e quem recebe um justo por ele ser justo,
receberá a recompensa de justo.
E se alguém der de beber,
nem que seja um copo de água fresca,
a um destes pequeninos, por ele ser meu discípulo,
em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa."


Ressonâncias

Quem são hoje os enviados de Deus?
Claro que conhecemos pessoas que se dedicam com generosidade e gratuidade ao serviço dos irmãos: visitando os doentes, dando Catequese, animando a Liturgia, enfeitando a Igreja, partilhando o pão com os mais carenciados, e outras tarefas pastorais que são exercidas silenciosamente. Essas pessoas dedicadas e generosas também têm família, o seu emprego e mil e um afazeres... Será que elas se sentem reconhecidas e apoiadas na nossa comunidade ou são injustamente criticadas, vítimas de invejas e de ciúmes?

Conhecemos também sacerdotes e religiosas que trabalham na nossa paróquia. Qual a nossa atitude para com eles? Damos-lhes condições para que a sua dedicação seja proveitosa? Prestamos colaboração e ajuda sem interesses particulares, vendo neles, além das suas qualidades e defeitos, simplesmente pessoas de Deus, para serem instrumentos de salvação? Será que eles se sentem de facto bem acolhidos e membros, ou simplesmente pessoas estranhas?

A nossa hospitalidade e colaboração não têm sentido quando o fazemos por critérios puramente humanos, ou pior, por interesses pessoais... Ela só tem sentido quando animada por espírito de fé, como o casal da primeira leitura. Cristo garante-nos: "Quem vos recebe, a Mim recebe; quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou".

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Que beleza sermos discípulos Daquele que mais amou e que nos pode ensinar os caminhos mais seguros do amor!
Não deixemos de amar, se as nossas relações forem permeadas pelo amor de Jesus.
Ele não tira nada, Ele dá tudo! Com Ele e Nele os pequenos gestos convertem-se em mananciais de fecundidade: um simples copo de água fresca regará a secura dos nossos desertos.


Lição de amor

Um missionário contou que certo dia estava a dar uma lição de catequese aos meninos da aldeia. Chegou alguém e entregou-lhe uma carta. Ele afastou-se e começou a ler. As lágrimas escorriam-lhe pelas longas barbas. As crianças aproximaram-se apreensivas.
– De quem é essa carta que o faz chorar?
– É da minha mãe.
– Mas, diga-nos, Padre. Ela está bem? Aconteceu-lhe alguma desgraça?
– Está tudo bem. Ela apenas escreve cheia de saudades.mi032a
– Ah! Você gosta muito da sua mãe. Porque é que não vai para junto dela? Nós gostamos também muito de si mas não o queremos ver a sofrer assim. Vá para junto de quem gosta muito.
– Sabem, eu tenho um compromisso. Eu prometi a mim mesmo que enquanto não vos vir amar tanto a Deus como eu amo a minha mãe, não vos deixarei. Como gosto tanto dela, quero também que vocês fiquem a gostar assim de Deus.

O missionário recordou-se do Evangelho: "Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim". Se era grande o amor da mãe, quão grande não seria o amor de Deus? Ele teve de escolher entre estes dois.
Aquelas crianças compreenderam que o amor de Deus valia o amor de mãe e muito mais. O missionário conseguiu, através do amor da sua mãe, aumentar o amor a Deus Pai.
E Deus, lá no céu, sorrindo, começou a preparar uma recompensa para aquela mãe. O seu amor tornou-se missionário e valeu mais do que uma lição de catequese.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

 

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