XIII Domingo do Tempo Comum - Ano A

Evangelho é uma catequese sobre o discipulado. Num primeiro passo, define o caminho do discípulo: o discípulo tem de ser capaz de fazer de Jesus a sua opção fundamental e seguir o seu mestre no caminho do amor e da entrega da vida. Num segundo passo, sugere que toda a comunidade é chamada a dar testemunho da Boa Nova de Jesus. Num terceiro passo, promete uma recompensa àqueles que acolherem, com generosidade e amor, os missionários do "Reino".
Na primeira leitura mostra-se como todos podem colaborar na realização do projecto salvador de Deus. De uma forma directa (Eliseu) ou de uma forma indirecta (a mulher sunamita), todos têm um papel a desempenhar para que Deus se torne presente no mundo e interpele os homens.
A segunda leitura recorda que o cristão é alguém que, pelo Baptismo, se identificou com Jesus. A partir daí, o cristão deve seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida e renunciar definitivamente ao pecado.
Leitura do Segundo Livro dos Reis
Certo dia, o profeta Eliseu passou por Sunam.
Vivia lá uma distinta senhora,
que o convidou com insistência a comer em sua casa.
A partir de então, sempre que por ali passava,
era em sua casa que ia tomar a refeição.
A senhora disse ao marido:
"Estou convencida de que este homem,
que passa frequentemente pela nossa casa,
é um santo homem de Deus.
Mandemos-lhe fazer no terraço um pequeno quarto
com paredes de tijolo,
com uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lâmpada.
Quando ele vier a nossa casa, poderá lá ficar".
Um dia, chegou Eliseu
e recolheu-se ao quarto para descansar.
Depois perguntou ao seu servo Giezi:
"Que podemos fazer por esta senhora?"
Giezi respondeu:
"Na verdade, ela não tem filhos
e o seu marido é de idade avançada".
"Chama-a" – disse Eliseu.
O servo foi chamá-la e ela apareceu à porta.
Disse-lhe o profeta:
"No próximo ano, por esta época,
terás um filho nos braços".
Refrão: Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor.
Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor
e para sempre proclamarei a sua fidelidade.
Vós dissestes: "A bondade está estabelecida para sempre",
no céu permanece firme a vossa fidelidade.
Feliz do povo que sabe aclamar-Vos
e caminha, Senhor, à luz do vosso rosto.
Todos os dias aclama o vosso nome
e se gloria com a vossa justiça.
Vós sois a sua força,
com o vosso favor se exalta a nossa valentia.
Do Senhor é o nosso escudo
e do Santo de Israel o nosso rei.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos:
Todos nós que fomos baptizados em Jesus Cristo
fomos baptizados na sua morte.
Fomos sepultados com Ele na sua morte,
para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos,
para glória do Pai,
também nós vivamos uma vida nova.
Se morremos com Cristo,
acreditamos que também com Ele viveremos,
sabendo que, uma vez ressuscitado dos mortos,
Cristo já não pode morrer;
a morte já não tem domínio sobre Ele.
Porque na morte que sofreu,
Cristo morreu para o pecado de uma vez para sempre;
mas a sua vida, é uma vida para Deus.
Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado
e vivos para Deus, em Cristo Jesus.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos:
"Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim,
não é digno de Mim;
e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim,
não é digno de Mim.
Quem não toma a sua cruz para Me seguir,
não é digno de Mim.
Quem encontrar a sua vida há-de perdê-la;
e quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la.
Quem vos recebe, a Mim recebe;
e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou.
Quem recebe um profeta por ele ser profeta,
receberá a recompensa de profeta;
e quem recebe um justo por ele ser justo,
receberá a recompensa de justo.
E se alguém der de beber,
nem que seja um copo de água fresca,
a um destes pequeninos, por ele ser meu discípulo,
em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa."
Quem são hoje os enviados de Deus?
Claro que conhecemos pessoas que se dedicam com generosidade e gratuidade ao serviço dos irmãos: visitando os doentes, dando Catequese, animando a Liturgia, enfeitando a Igreja, partilhando o pão com os mais carenciados, e outras tarefas pastorais que são exercidas silenciosamente. Essas pessoas dedicadas e generosas também têm família, o seu emprego e mil e um afazeres... Será que elas se sentem reconhecidas e apoiadas na nossa comunidade ou são injustamente criticadas, vítimas de invejas e de ciúmes?
Conhecemos também sacerdotes e religiosas que trabalham na nossa paróquia. Qual a nossa atitude para com eles? Damos-lhes condições para que a sua dedicação seja proveitosa? Prestamos colaboração e ajuda sem interesses particulares, vendo neles, além das suas qualidades e defeitos, simplesmente pessoas de Deus, para serem instrumentos de salvação? Será que eles se sentem de facto bem acolhidos e membros, ou simplesmente pessoas estranhas?
A nossa hospitalidade e colaboração não têm sentido quando o fazemos por critérios puramente humanos, ou pior, por interesses pessoais... Ela só tem sentido quando animada por espírito de fé, como o casal da primeira leitura. Cristo garante-nos: "Quem vos recebe, a Mim recebe; quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou".
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Que beleza sermos discípulos Daquele que mais amou e que nos pode ensinar os caminhos mais seguros do amor!
Não deixemos de amar, se as nossas relações forem permeadas pelo amor de Jesus.
Ele não tira nada, Ele dá tudo! Com Ele e Nele os pequenos gestos convertem-se em mananciais de fecundidade: um simples copo de água fresca regará a secura dos nossos desertos.
Lição de amor
Um missionário contou que certo dia estava a dar uma lição de catequese aos meninos da aldeia. Chegou alguém e entregou-lhe uma carta. Ele afastou-se e começou a ler. As lágrimas escorriam-lhe pelas longas barbas. As crianças aproximaram-se apreensivas.
– De quem é essa carta que o faz chorar?
– É da minha mãe.
– Mas, diga-nos, Padre. Ela está bem? Aconteceu-lhe alguma desgraça?
– Está tudo bem. Ela apenas escreve cheia de saudades.
– Ah! Você gosta muito da sua mãe. Porque é que não vai para junto dela? Nós gostamos também muito de si mas não o queremos ver a sofrer assim. Vá para junto de quem gosta muito.
– Sabem, eu tenho um compromisso. Eu prometi a mim mesmo que enquanto não vos vir amar tanto a Deus como eu amo a minha mãe, não vos deixarei. Como gosto tanto dela, quero também que vocês fiquem a gostar assim de Deus.
O missionário recordou-se do Evangelho: "Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim". Se era grande o amor da mãe, quão grande não seria o amor de Deus? Ele teve de escolher entre estes dois.
Aquelas crianças compreenderam que o amor de Deus valia o amor de mãe e muito mais. O missionário conseguiu, através do amor da sua mãe, aumentar o amor a Deus Pai.
E Deus, lá no céu, sorrindo, começou a preparar uma recompensa para aquela mãe. O seu amor tornou-se missionário e valeu mais do que uma lição de catequese.
Pe. José David Quintal Vieira, scj