PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

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Domingo da Ascensão - A

Cascension11om a Festa da Ascensão, que hoje celebramos, queremos recordar o final da missão terrena de Cristo e o início da Missão salvadora da Igreja.

Na primeira leitura, S. Lucas, após uma apresentação inicial, introduz a despedida de Jesus. Sublinha a vinda do Espírito Santo e o testemunho que os discípulos deverão dar "até os confins da terra".

Na segunda leitura, S. Paulo define a relação entre Cristo e a Igreja: formamos com Ele um "Corpo" destinado à Vida plena, por isso, devemos viver uma comunhão total com Ele, e com todos os nossos irmãos. Cristo reside no seu "corpo" que é a Igreja; e é nela que se torna, hoje, presente no meio dos homens.

O Evangelho apresenta o encontro final de Jesus ressuscitado com os seus discípulos, num monte da Galileia. A comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus ressuscitado, reconhece-o como o seu Senhor, adora-o e recebe dele a missão de continuar no mundo o testemunho do "Reino" e a promessa da Sua presença até ao fim dos tempos.


Primeira Leitura (Act 1,1-11)
Leitura dos Actos dos Apóstolos

No meu primeiro livro, ó Teófilo,
narrei todas as coisas
que Jesus começou a fazer e a ensinar,
até ao dia em que foi elevado ao Céu,
depois de ter dado, pelo Espírito Santo,
as suas instruções aos Apóstolos que escolhera.
Foi também a eles que, depois da sua paixão,
Se apresentou vivo com muitas provas,
aparecendo-lhes durante quarenta dias
e falando-lhes do reino de Deus.
Um dia em que estava com eles à mesa,
Mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém,
mas que esperassem a promessa do Pai,
«do Qual – disse Ele – Me ouvistes falar.
Na verdade, João baptizou com água;
vos, porém, sereis baptizados no Espírito Santo,
dentro de poucos dias».
Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar:
«Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?»
Ele respondeu-lhes:
«Não vos compete saber
os tempos ou os momentos
que o Pai determinou com a sua autoridade;
mas recebereis a força do Espírito Santo,
que descerá sobre vós,
e sereis minhas testemunhas em Jerusalém
e em toda a Judeia e na Samaria
e até aos confins da terra».
Dito isto, elevou-Se à vista deles
e uma nuvem escondeu-O a seus olhos.
E estando de olhar fito no Céu,
enquanto Jesus Se afastava,
apresentaram-se-lhes dois homens
vestidos de branco, que disseram:
«Homens da Galileia, porque estais a olhar
para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós
foi elevado para o Céu,
virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».


Segunda Leitura (Ef 1,17-23)
Leitura da primeira Epístola de S. Paulo aos Efésios

Irmãos:
O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo,
o Pai da glória, vos conceda
um espírito de sabedoria e de luz
para O conhecerdes plenamente
e ilumine os olhos do vosso coração,
para compreenderdes a esperança
a que fostes chamados,
os tesouros de glória que encerra a sua herança
entre os santos e a incomensurável grandeza
que representa o seu poder para nós os crentes.
Assim o mostra a eficácia da poderosa força
que exerceu em Cristo,
que Ele ressuscitou dos mortos
e colocou à sua direita nos Céus,
acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania,
acima de todo o nome que é pronunciado,
não só neste mundo, mas também no mundo que há-de vir.
Tudo submeteu aos seus pés
e pô-l'O acima de todas as coisas
como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo,
a plenitude d'Aquele que preenche tudo em todos.


Evangelho (Mt 18, 16-20)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Mateus
Naquele tempo,

os onze discípulos partiram para a Galileia,
em direcção ao monte que Jesus lhes indicara.
Quando O viram, adoraram-n'O;
mas alguns ainda duvidaram.
Jesus aproximou-Se e disse-lhes:
«Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra.
Ide e ensinai todas as nações,
baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei.
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».


ORAÇÃO UNIVERSAL
 
Caríssimos irmãos:
Por Jesus Cristo, nosso único Mediador,
que subiu hoje ao Céu sem deixar de estar connosco na terra,
elevemos ao Pai celeste as nossas súplicas, dizendo, com alegria:
R./ Cristo, elevado ao Céu, ouvi-nos.

1. Pelas Igrejas do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul,
para que sejam fiéis à missão que receberam
de anunciar a Palavra em toda a terra, oremos.

2. Pelo Papa Francisco, pelos bispos, presbíteros e diáconos,
para que sintam que Jesus está com eles
quando ensinam e baptizam em seu nome, oremos.

3. Pelos que buscam a Deus olhando o Céu,
para que O reconheçam também presente na terra,
nos mais pobres, nos que choram ou estão sós, oremos.

4. Por aqueles que não conhecem a Cristo,
para que a luz da fé os ilumine
e recebam o Baptismo no Espírito Santo, oremos.

5. Por todos nós aqui reunidos, bem como todos vós que, em vossas casas, nos acompanhais através destes meios digitais, para que Deus Nosso Senhor nos chame um dia a contemplar o seu Filho Jesus Cristo na glória eterna, oremos

6. Por todos os que sofrem as consequências da actual pandemia,
para que Deus nosso Senhor, conceda a cura aos enfermos,
Força aos que trabalham na saúde, conforto às famílias
e a salvação a todos as vítimas mortais, oremos.

Deus Pai de Misericórdia,
que destes a estes vossos filhos
a graça de reconhecerem que os amais,
enviai-nos do Céu o vosso Espírito,
para que seja nosso defensor e nosso guia.
Por Cristo, nosso Senhor.


Ressonânciasascencao10

 A Ascensão do Senhor reforça a esperança da nossa Ascensão. "Ele 'subiu' para dar-nos a esperança de que um dia iremos ao seu encontro, onde ele nos precedeu..." (Prefácio).

A Ascensão lembra-nos que somos enviados de Cristo para continuar e completar a sua obra... Não podemos ficar parados a olhar para o céu. Devemos ser hoje discípulos e fazer discípulos para o Reino. E Cristo garante-nos: "Estarei convosco todos os dias, até ao fim dos tempos mundo..."

Mas esse trabalho não dependerá apenas das nossas forças. Por isso o Senhor os envia a Jerusalém "para aguardar o Espírito Santo, reunidos em oração, com Maria, mãe de Jesus".
Como Maria e os apóstolos reunidos no Cenáculo, devemos também nós rezar e invocar o Espírito Santo:

ESanto11Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis, e acendei neles o fogo do vosso amor.
Enviai o vosso Espírito e tudo será criado; e renovareis a face da terra.
Ó Deus, que instruís os corações de Vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que saibamos apreciar rectamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre de sua consolação. Por Cristo, Senhor Nosso. Amen

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Ressurreição, Ascensão, Pentecostes: 3 momentos distintos, ou momentos catequéticos de um único mistério de fé - a Páscoa do Senhor?
Na Ressurreição a liturgia destaca sua vitória sobre a morte. Na Ascensão, a sua exaltação como Senhor do céu e da terra, e a entrega da sua missão à comunidade eclesial, através dos apóstolos. No Pentecostes, a acção do Espírito Santo na Igreja, começa a sua actividade missionária no novo Povo de Deus.


Da Terra ao Céu

Eu explicava às crianças da catequese o sentido da Ascensão do Senhor: Jesus, depois de ter cumprido a sua missão na terra, subiu ao céu, sua morada eterna. Pareceu-me que a lição tinha sido clara quando surpreendi dois miúdos a falar baixinho. Então perguntei:Ascensao11
- Qual é a dúvida?

Um deles, meio envergonhado, começou a dizer:
- A gente diz que Jesus está na Igreja, está no sacrário. Agora o senhor Padre diz que ele subiu para o Céu. Então, em que é que ficamos?

Fiquei meio surpreendido com aquela questão. Nunca tinha pensado nesses termos e olhei, meio aflito, quase à procura de ajuda, para o seu colega. Este, sem mais demoras, resolveu a dúvida, respondendo de imediato:
- Olha, Ele mora no Céu mas trabalha na Igreja.

Comoveu-me a simplicidade destas crianças. Elas projectavam em Deus aquilo que viam no seu pai, em casa e no emprego. Nada mais certo. Deus tem a sua morada no Céu, mas exerce a sua actividade cá na Terra. E eu é que já não sei onde é que começa o Céu e termina a Terra. Jesus continua a sua acção aqui na Terra através de nós. Compete-nos agora fazer deste lugar de trabalho a morada de Deus, transformando a Terra num cantinho do Céu.

É este mistério que nós celebramos na Ascensão do Senhor.

Pe. David Vieira

À Ascensão do Senhor

Lá Vos tornais, Senhor, onde subistes,Ascension1
Para lá nos subir donde descestes;
Nascestes para nós, por nós morrestes,
Morto por nos dar vida ressurgistes.

A nossa humanidade que vestistes,
Vestida para o Céu levar quisestes;
E tudo quanto nela merecestes
Connosco livremente repartistes.

O nascer, o morrer, o ressurgir,
O subirdes ao Céu por nos mostrar
O caminho por onde havemos de ir,

Tudo tem muito em si que contemplar;
Mais, muito mais em mim ver-Vos partir,

Sem Vos poder, meu Deus, acompanhar.

(Liturgia das Horas)


Dia Mundial dos Mass Media

Louvado sejas, meu Senhor!

Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas,
especialmente o irmão televisor
que preenche algumas horas do nosso dia
e que é belo, e grande esplendor irradia,
e de Ti, Altíssimo, traz-nos a mensagem.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã rádio
pela qual as notícias atravessam os céus
e o mundo fica mais perto de mim.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão jornal
que me informa sobre as nuvens e o sereno céu
das histórias humanas
e pelo qual dás sustento ao saber e à reflexão
de tantas criaturas Tuas.

Louvado sejas, meu Senhor,
por toda a espécie de informação
que presta muito serviço
quando é humilde, verdadeira e casta.

Louvado sejas, meu Senhor, pelos consumidores
graças aos quais iluminas as mentes
e dás alegria e força ao nosso coração,
quando eles servem a verdade com modéstia.

Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã
e mãe Terra que nos sustenta e nos governa
e produz variados frutos com coloridas
flores e verdura: ela é cada vez mais para nós
a casa comum que os media
nos fazem conhecer e amar.

Louvado sejas, meu Senhor,
pelos que perdoam pelo Teu amor
e sofrem enfermidades e tribulações.

Felizes os que as suportarem em paz,
pois que por Ti, Altíssimo, hão-de ser coroados.

Sobretudo, louvado sejas por todos aqueles
que, servindo-se dos mass media,
souberem lembrar-se de que nada no mundo
vale mais que a pessoa humana.

Cardeal Martini

VI Domingo da Páscoa A

jesus_paraclito

A liturgia deste VI Domingo da Páscoa convida-nos a descobrir a presença de Deus na caminhada histórica da Igreja. A promessa de Jesus – "não vos deixarei órfãos" – pode ser uma boa síntese do tema.

A primeira leitura mostra o início da missão evangelizadora da Igreja, fora de Jerusalém. Os Apóstolos Pedro e João são enviados à Samaria, para completar a Iniciação cristã realizada pelo Diácono Filipe conferindo o Dom do Espírito Santo aos recém-baptizados, através do gesto da imposição das mãos.

Na segunda leitura São Pedro exorta os cristãos à fidelidade aos compromissos assumidos com Cristo no Baptismo. Cristo, que fez da sua vida um dom de amor a todos, deve ser o modelo que os cristãos têm sempre diante dos olhos.

O Evangelho apresenta-nos parte do "testamento" de Jesus, na ceia de Quinta-feira Santa. Aos discípulos, inquietos e assustados, Jesus promete o "Paráclito": Ele conduzirá a comunidade cristã em direcção à verdade e levá-la-á a uma comunhão cada vez mais íntima com Jesus e com o Pai. Dessa forma, a comunidade será a "morada de Deus" no mundo e dará testemunho da salvação que Deus quer oferecer aos homens.


Primeira Leitura (Act. 8,5-8.14-17)
Leitura dos Actos dos Apóstolos

Naqueles dias,
Filipe desceu a uma cidade da Samaria
e começou a pregar o Messias àquela gente.
As multidões aderiam unanimemente às palavras de Filipe,
ao ouvi-las e ao ver os milagres que fazia.
De muitos possessos saíam espíritos impuros,
soltando enormes gritos,
e numerosos paralíticos e coxos foram curados.
E houve muita alegria naquela cidade.
Quando os Apóstolos que estavam em Jerusalém
ouviram dizer que a Samaria recebera a palavra de Deus,
enviaram lhes Pedro e João.
Quando chegaram lá, rezaram pelos samaritanos,
para que recebessem o Espírito Santo,
que ainda não tinha descido sobre eles.
Então impunham lhes as mãos
e eles recebiam o Espírito Santo.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 65 (66)
Refrão: A terra inteira aclame o Senhor.

Aclamai a Deus, terra inteira,
cantai a glória do seu nome,
celebrai os seus louvores,
dizei a Deus: «Maravilhosas são as vossas obras».

«A terra inteira Vos adore e celebre,
entoe hinos ao vosso nome».
Vinde contemplar as obras de Deus,
admirável na sua acção pelos homens.

Todos os que temeis a Deus, vinde e ouvi,
vou narrar vos quanto Ele fez por mim.
Bendito seja Deus que não rejeitou a minha prece,
nem me retirou a sua misericórdia.


Segunda Leitura (1 Pe 3,15-18)
Leitura da Primeira Epístola de São Pedro

Caríssimos:
Venerai Cristo Senhor em vossos corações,
prontos sempre a responder, a quem quer que seja,
sobre a razão da vossa esperança.
Mas seja com brandura e respeito,
conservando uma boa consciência,
para que, naquilo mesmo em que fordes caluniados,
sejam confundidos os que dizem mal
do vosso bom procedimento em Cristo.
Mais vale padecer por fazer o bem,
se for essa a vontade de Deus,
do que por fazer o mal.
Na verdade, Cristo morreu uma só vez pelos nossos pecados
o Justo pelos injustos
para nos conduzir a Deus.
Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito.


EVANGELHO  (Jo 14,15-21)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
«Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos.Esp_Santo
E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Defensor,
para estar sempre convosco:
o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber,
porque não O vê nem O conhece,
mas que vós conheceis,
porque habita convosco e está em vós.
Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós.
Daqui a pouco o mundo já não Me verá,
mas vós ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis.
Nesse dia reconhecereis que Eu estou no Pai
e que vós estais em Mim e Eu em vós.
Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre,
esse realmente Me ama.
E quem Me ama será amado por meu Pai
e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele».


ORAÇÃO UNIVERSAL
 
Caríssimos irmãos:
Cheios de confiança na promessa de Jesus
de enviar o Espírito Santo aos seus Apóstolos,
supliquemos a Deus Pai que O envie à sua Igreja,
dizendo, com fé:

R./ Abençoai, Senhor, a vossa Igreja.

1. Pelos bispos, que confirmam a fé da Igreja,
pelos presbíteros, que apascentam os fiéis,
e pelos diáconos, que exercem a caridade, oremos.

2. Pelos fiéis que anunciam Jesus Cristo,
pelos que foram baptizados em adultos
e pelos que vão ser confirmados nestes dias, oremos.

3. Pelos leitores, que proclamam a Palavra,
pelos acólitos, que servem ao altar,
e pelos salmistas, que louvam o Senhor, oremos.

4. Por todos os que trazem Deus no coração,
pelas religiosas de vida contemplativa
e por aquelas que cuidam dos mais pobres, oremos.

5. Pelos que abrem o coração ao dom do Espírito,
pelos que sabem dar a razão da sua esperança
e por esta comunidade paroquial que adora a Cristo, oremos

6. Por todos os que sofrem as consequências da actual pandemia,
para que Deus nosso Senhor, conceda a cura aos enfermos,
Força aos que trabalham na saúde, conforto às famílias
e a salvação a todos as vítimas mortais, oremos.

Deus Pai de Misericórdia,
que destes a estes vossos filhos
a graça de reconhecerem que os amais,
enviai-nos do Céu o vosso Espírito,
para que seja nosso defensor e nosso guia.
Por Cristo, nosso Senhor.


Ressonâncias

Não vos deixarei desamparados. Curiosa a pedagogia de Jesus: confirmar os seus na tranquilidade. Que é que nos dá tranquilidade? Não nos sentirmos sozinhos. A solidão é uma das maiores ameaças que sofremos. Quando nos sentimos sós e não sabemos onde nos agarrar nem a quem recorrer; tudo abana à nossa volta.UCeia1

Jesus experimentou a solidão e por isso pode "dar lições" aos discípulos para a enfrentarem. Para enfrentar a solidão é necessário sentir-se amado e amar. Amar é permanecer na palavra de alguém e tornar viva a palavra de alguém na nossa vida. Saber-nos amados e ter alguém a quem amar é antídoto para a solidão. É a experiência de Jesus em todo o seu ministério: sente-Se unido ao Pai que O ama e vive fazendo n'Ele vida a palavra que o Pai Lhe confiou.

A segunda condição para afugentar a solidão é viver numa promessa. Não vos deixarei sós. Para quem ama até ao extremo, é impossível esquecer, deixar só a quem se ama. O amor não abandona. O amor é sempre companhia. Hoje muitos homens e mulheres experimentam o abandono do amor e não compreendem como se pôde falar em amor se um dia adveio o abandono... Uma dor imensa atravessa a alma de muitas pessoas ao sentirem-se enganadas: não havia amor verdadeiro onde parecia haver amor. Hoje, como crentes, encontramo-nos com a palavra tranquilizadora de Jesus: Amo-vos tanto que não vos posso abandonar.


Pai nosso, que nos enches de Amor,
envia-nos, repletos de Ti, aos irmãos,
para criar relações quentes,
para provocar encontro e bem-estar,
para ser fermento de austeridade
na nossa sociedade consumista,
para fomentar a ecologia
num mundo que estamos a destruir,Mundo_cor
para contagiar tranquilidade

aos nossos ambientes de pressas e agitações,
para transmitir fortaleza a
tantos que vivem cheios de medos,

para encher de simplicidade e acolhimento
tantos que complicam demasiado a vida,
para encher com a tua ternura
um mundo dividido entre norte e sul,
fragmentado entre ricos e pobres,
necessitados do teu Amor e da tua presença.
Amen.


Sugestões

• Procura agir hoje como o faria Jesus, se vivesse dentro da tua pessoa.
• Olha contemplativamente para a vida das pessoas e reza por todas.
• Procura corrigir as atitudes anti-evangélicas, que por vezes despontam na tua vida.

Vivamos intensamente a presença de Cristo na Eucaristia e no amor vivenciado para com os irmãos!

«O Espírito da verdade...
habita convosco e está em vós.»   (Jo 14, 17)

O manual de instruções

Quem ainda nunca sentiu o fascínio que é montar um móvel comprado na IKEA (passe a publicidade)? Começa logo na escolha das inúmeras possibilidades de combinações e a promessa de cada um poder ser um verdadeiro carpinteiro e decorador. Depois é a aventura de seguir, passo a passo, as instruções do manual como se fosse um livro mágico que, de placas e parafusos caóticos, convida a criar a obra-prima que poderemos apresentar aos amigos (ou obriga a telefonar a quem entenda porque a mesa se transformou em estante!). Alguém já lhe chamou o "lego" dos adultos, capaz de devolver uma certa nostalgia perdida de cada um dar um toque pessoal até àquilo que reveste a sua casa. Os materiais podem não ser muito duráveis, mas isso também tem o aliciante de uma renovação de tempos a tempos.

Maravilha-me o tempo pascal porque ele nos remete sempre aos tempos iniciais da Igreja e da criação das primeiras comunidades. De como com aqueles materiais frágeis dos discípulos e até dos seus erros e pecados Deus foi consolidando comunidades irradiadoras da Boa Nova. Foram também as circunstâncias que criaram possibilidades de novos serviços e até as perseguições ajudaram a não enclausurar o evangelho. E, tudo isto, sem um manual de instruções! Ou melhor, descobrindo que o verdadeiro manual de instruções se chama Espírito Santo. Os materiais eram e são simples: a vida vivida com autenticidade, os mandamentos de Jesus acolhidos e cumpridos, o respeito e a liberdade perante a tradição, o amor a consolidar tudo. E o Espírito da verdade a habitar connosco e em nós.Conf_Pedro

Por isso, pior que o erro e o engano é aprisionar a liberdade de escolher, é aguentar uma "meia-vida" porque "tem de ser" e não aceitar que se errou e é possível uma transformação. São Pedro seria, na lógica de muitas organizações, uma improvável escolha para a missão de "confirmar os irmãos na fé". Claro que o Espírito da verdade o ajudou a trazer ao de cima do coração e da boca o que nele era essencial: "Senhor, sabes tudo, bem sabes que te amo!". Nele se confirma a sábia frase que o filme "Encontrarás dragões" (sobre a guerra civil espanhola e os primeiros anos da vida de S. Josemaria Escrivá) apresenta nos seus cartazes: "Todos os santos têm um passado". Falta acrescentar a segunda parte: "E todos os pecadores, um futuro"!

Acreditar que o Espírito Santo é "manual de instruções" para a Igreja e para a vida de cada cristão é assumir a sua escuta como tarefa quotidiana e encarar os erros como novas possibilidades de construção. Não somos "pau para toda a colher", não temos os dons todos nem somos capazes de tudo. Mas aquilo que damos com alegria Deus sabe multiplicar. E, como diz um amigo meu:" Sei que, ainda que erre no meu caminho, Deus não desistirá de me chamar à vida em plenitude!"

P. Vítor Gonçalves

V Domingo da Páscoa A

Cam19No Evangelho dos domingos passados, vimos a preocupação de Jesus em formar uma Comunidade, que continuasse a Sua obra. Este domingo convida-nos a reflectir sobre esta comunidade – a Igreja – que nasce de Jesus e cujos membros O seguem como "o Caminho, a Verdade e a Vida", dando assim testemunho deste projecto de Deus.

A primeira leitura apresenta-nos alguns traços que caracterizam a Igreja: é uma comunidade santa, embora formada por homens pecadores; é uma comunidade estruturada hierarquicamente, mas onde o serviço da autoridade é exercido no diálogo com os irmãos; é uma comunidade de servidores, que recebem dons de Deus e que põem esses dons ao serviço dos irmãos; e é uma comunidade animada pelo Espírito, que vive do Espírito e que recebe do Espírito a força de ser testemunha de Jesus na história.

Na segunda leitura, S. Pedro compara a Igreja a um edifício espiritual, no qual Cristo é a "Pedra angular" e os cristãos "Pedras vivas". O antigo templo de Jerusalém construído com pedras materiais será substituído por esse novo templo formado de pedras vivas.

O Evangelho define a Igreja: é a comunidade dos discípulos que seguem o "caminho" de Jesus. Os que acolhem esta proposta e aceitam viver nesta dinâmica tornam-se Homens Novos, que possuem a vida em plenitude e que integram a família de Deus – a família do Pai, do Filho e do Espírito.


Primeira Leitura (Act 6,1-7)
Leitura dos Actos dos Apóstolos

Naqueles dias, aumentando o número dos discípulos,
os helenistas começaram a murmurar contra os hebreus,
porque no serviço diário não se fazia caso das suas viúvas.
Então os Doze convocaram a assembleia dos discípulos e disseram:
«Não convém que deixemos de pregar a palavra de Deus
para servirmos às mesas.
Escolhei entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação,
cheios do Espírito Santo e de sabedoria
para lhes confiarmos esse cargo.
Quanto a nós, vamos dedicar-nos totalmente
à oração e ao ministério da palavra».
A proposta agradou a toda a assembleia;
e escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo,
Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão,
Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.
Apresentaram-nos aos Apóstolos
e estes oraram e impuseram as mãos sobre eles.
A palavra de Deus ia-se divulgando cada vez mais;
o número dos discípulos aumentava consideravelmente em Jerusalém
e submetia-se à fé também grande número de sacerdotes.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 32 (33)
Refrão: Esperamos, Senhor, na vossa misericórdia.

Justos, aclamai o Senhor,
os corações rectos devem louvá-l'O.
Louvai o Senhor com a cítara,
cantai-Lhe salmos ao som da harpa.

A palavra do Senhor é recta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a rectidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor.

Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome.


Segunda Leitura (1Pe 2,4-9)
Leitura da Primeira Epístola de São Pedro

Caríssimos:
Aproximai-vos do Senhor, que é a pedra viva,
rejeitada pelos homens,
mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus.
E vós mesmos, como pedras vivas,
entrai na construção deste templo espiritual,
para constituirdes um sacerdócio santo,
destinado a oferecer sacrifícios espirituais,
agradáveis a Deus por Jesus Cristo.
Por isso se lê na Escritura:
«Vou pôr em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa;
e quem nela puser a sua confiança não será confundido».
Honra, portanto, a vós que acreditais.
Para os incrédulos, porém,
«a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular»,
«pedra de tropeço e pedra de escândalo».
Tropeçaram por não acreditarem na palavra,
à qual foram destinados.
Vós, porém, sois «geração eleita, sacerdócio real,
nação santa, povo adquirido por Deus, para anunciar os louvores»
d'Aquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável.


Evangelho (Jo 14,1-12)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
«Não se perturbe o vosso coração.
Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim.
Em casa de meu Pai há muitas moradas;
se assim não fosse, Eu vo-lo teria dito.
Vou preparar vos um lugar e virei novamente para vos levar comigo,
para que, onde Eu estou, estejais vós também.
Para onde Eu vou, conheceis o caminho».
Disse Lhe Tomé:
«Senhor, não sabemos para onde vais:
como podemos conhecer o caminho?»
Respondeu-lhe Jesus:
«Eu sou o caminho, a verdade e a vida.
Ninguém vai ao Pai senão por Mim.
Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai.
Mas desde agora já O conheceis e já O vistes».
Disse Lhe Filipe:
«Senhor, mostra nos o Pai e isto nos basta».
Respondeu lhe Jesus:
«Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheces, Filipe?
Quem Me vê, vê o Pai.
Como podes tu dizer: 'Mostra-nos o Pai'?
Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim?
As palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim próprio;
mas é o Pai, permanecendo em Mim, que faz as obras.
Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim;
acreditai ao menos pelas minhas obras.
Em verdade, em verdade vos digo:
quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço
e fará ainda maiores que estas, porque Eu vou para o Pai».


ORAÇÃO UNIVERSAL

Caríssimos irmãos:
Oremos a Deus Pai, que de nós fez o seu povo,
e, pela mediação do seu Filho Jesus Cristo,
peçamos-Lhe todas as graças para a Igreja e para o mundo,
dizendo, com alegria:

R./ Abençoai, Senhor, o vosso povo.

1. Pelos pastores e pelos fiéis da santa Igreja,
para que sigam a Jesus ressuscitado,
caminho para o Pai, verdade e vida, oremos.

2. Pelos que prestam algum serviço aos cidadãos,
para que o façam com espírito fraterno
e estejam atentos às carências dos mais pobres, oremos.

3. Pelos cristãos perturbados e abatidos,
para que creiam em Deus Pai e no seu Reino
e nas promessas de vida eterna do Evangelho, oremos.

4. Por aqueles que o mundo põe de parte,
as viúvas, os idosos e os que já não produzem,
para que se olhe para eles como pessoas, oremos.

5. Por todos nós e pelos outros paroquianos,
para que o Espírito nos torne pedras vivas
deste templo que é a santa Igreja, oremos

6. Por todos os que sofrem as consequências da actual pandemia,
para que Deus nosso Senhor, conceda a cura aos enfermos,
Força aos que trabalham na saúde, conforto às famílias
e a salvação a todos as vítimas mortais, oremos.

Senhor nosso Deus e nosso Pai,
que em vosso Filho nos mostrastes o caminho
para chegarmos até Vós e em Vós vivermos,
dai-nos a graça de sermos pedras vivas
do templo santo que é a vossa Igreja.
Por Cristo, nosso Senhor.


Ressonâncias

Pai, nós Te damos graças pelo teu Espírito Santo, que suscita em todo o tempo, nas nossas comunidades, iniciativas para o acolhimento do teu Reino.
Nós Te pedimos por todos os ministérios e serviços na Igreja, pelos diáconos, leitores, catequistas, pelos cristãos empenhados nas pastorais especializadas, a saúde, a informação, etc.

Nós Te damos graças por Jesus Ressuscitado: Ele é a pedra viva e a pedra angular, que a morte não conseguiu eliminar. Ele é a rocha sobre a qual repousa a nossa fé. Por Ele e n'Ele nós Te apresentamos as nossas oferendas espirituais.Jc67 Nós Te pedimos pelo teu povo, templo espiritual, nação santa, sacerdócio real, para que ele testemunhe em todo o lugar a tua admirável luz.

Pai, nós Te bendizemos por Jesus, teu Filho, porque Ele é para nós o Caminho, a Verdade e a Vida. N'Ele descobrimos o teu rosto.
Nós Te pedimos: pelo teu Espírito Santo, faz-nos reconhecer e habitar na tua presença. Que Jesus, a tua Palavra viva, habite em nós e suscite obras de salvação. Que Ele nos conduza para Ti.


«Quem acredita em Mim
fará também as obras que Eu faço
e fará ainda maiores do que estas.»  Jo 14,12

Os milagres próximos

Voltaram os jacarandás a encher de flores lilases o céu sobre as nossas cabeças. Será que outras cidades têm o privilégio desta "visita" a anunciar o verão? Lisboa parece pintada por Van Gog ali no Parque Eduardo VII, na avenida D. Carlos, na 5 de Outubro e noutras ruas e pequenos pátios. Parar para os contemplar é obrigatório! É um pequeno milagre oferecido de graça por entre a azáfama e o coração apertado.

Não é fácil falar de milagres. Há quem contemple tudo como milagre, descobrindo em cada coisa a maravilha da existência, e também quem o não faça, recusando qualquer dimensão sobrenatural naquilo que nos rodeia. À procura de milagres "salta-se" de igreja em igreja, de culto em culto. É verdade que o próprio Jesus, que realizou alguns milagres, recusou o título de "milagreiro", tão do agrado de quantos vivem a relação com Deus na esperança destes "rebuçados" que vêm ao encontro dos seus desejos. Especialmente na cruz, tentado a uma saída espetacular e convincente, Jesus revela o milagre na fidelidade, no amor até ao fim. O seu caminho provoca-nos e interpela-nos.

Fui há dias ver o filme "Lourdes" de Jessica Hauser que, como o título indica, decorre à volta do santuário de Nossa Senhora de Lourdes e de um grupo de peregrinos nos quais se destaca Christine, uma jovem mulher com esclerose múltipla, presa a uma cadeira de rodas. É um filme denso, cuja realizadora diz não acreditar em milagres, mas ao mesmo tempo aberto ao mistério. cristo87Questiona uma certa linguagem "espiritual" à volta do sofrimento e do próprio Deus, cheia de "respostas feitas" ou de afirmações que não recolhem a dor de quem sofre. Tem presente o dilema de Epicuro sobre a bondade e omnipotência de Deus aqui simplificado: se é bom não é omnipotente pois então acabaria com o mal; se é omnipotente não é bom, pela mesma razão. Abre-se à possibilidade de diálogo e de debate. Diálogo sobre os milagres e sobre Deus, sobre a fé e a graça, o sofrimento e a felicidade. Mas ninguém conte com um filme fácil!

A dúvida de Tomé e a pergunta de Filipe a Jesus são registo da procura constante que é o acreditar em Jesus. "Saber o caminho" e "ver o Pai" coincidem em Jesus. É Ele o maior milagre. A sua pessoa. A vida de comunhão que tem com o Pai e partilha connosco. Tudo o que diz e faz aponta para essa vida abundante. Vida que é criativa como mostra a "invenção" dos diáconos e dos muitos serviços da comunidade cristã na sua presença no mundo; vida que substitui os sacrifícios da antiga aliança pelo dom de cada um; vida que nos transforma e nos faz realizar obras maiores que as suas. Estamos atentos a estes milagres tão próximos de nós?
P. Vítor Gonçalves

 

IV Domingo da Páscoa A

Past36a

Celebramos neste fim-de-semana o Domingo do Bom Pastor. É uma imagem muito conhecida já no Antigo Testamento. É um título de Cristo muito familiar aos primeiros cristãos. É um modelo apresentado a todos os que exercem alguma liderança na Comunidade.

Na primeira e segunda leituras, S. Pedro explica como entrar pela Porta, ou escutar a voz do Pastor: é preciso converter-se, ser baptizado e receber o Espírito Santo. Seguir o Pastor é responder à injustiça com o amor, ao mal com o bem, deixando de lado todos os esquemas de escravidão que tantas vezes percorremos.

No Evangelho Jesus apresenta-se como o Bom Pastor. É uma catequese sobre a Missão de Jesus: conduzir os homens às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde brota a vida em plenitude. Jesus vai cumprir com amor essa missão, no respeito absoluto pela identidade, individualidade e liberdade das ovelhas.


Primeira Leitura (Act 2,14a.36-41)
Leitura dos Actos dos Apóstolos

No dia de Pentecostes,
Pedro, de pé, com os onze Apóstolos,
ergueu a voz e falou ao povo:
«Saiba com absoluta certeza toda a casa de Israel
que Deus fez Senhor e Messias
esse Jesus que vós crucificastes».
Ouvindo isto, sentiram todos o coração trespassado
e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos:
«Que havemos de fazer, irmãos?»
Pedro respondeu-lhes:
«Convertei-vos e peça cada um de vós o Baptismo
em nome de Jesus Cristo,
para vos serem perdoados os pecados.
Recebereis então o dom do Espírito Santo,
porque a promessa desse dom é para vós,
para os vossos filhos e para quantos, de longe,
ouvirem o apelo do Senhor nosso Deus».
E com muitas outras palavras os persuadia e exortava,
dizendo: «Salvai-vos desta geração perversa».
Os que aceitaram as palavras de Pedro
receberam o Baptismo,
e naquele dia juntaram-se aos discípulos
cerca de três mil pessoas.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 22 (23)
Refrão: O Senhor é meu pastor: nada me faltará.

O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.

Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.

Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça
e o meu cálice transborda.

A bondade e a graça hão-de acompanhar-me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.


Segunda Leitura (1 Pedro 2,20b-25)
Leitura da Primeira Epístola de São Pedro

Caríssimos:
Se vós, fazendo o bem, suportais o sofrimento com paciência,
isto é uma graça aos olhos de Deus.
Para isto é que fostes chamados,
porque Cristo sofreu também por vós,
deixando-vos o exemplo,
para que sigais os seus passos.
Ele não cometeu pecado algum
e na sua boca não se encontrou mentira.
Insultado, não pagava com injúrias;
maltratado, não respondia com ameaças;
mas entregava-Se Àquele que julga com justiça.
Ele suportou os nossos pecados
no seu Corpo, no madeiro da cruz,
a fim de que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça:
pelas suas chagas fomos curados.
Vós éreis como ovelhas desgarradas,
mas agora voltastes para o pastor e guarda das vossas almas.


EVANGELHO (Jo 10,1-10)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São JoãoPast01a

Naquele tempo, disse Jesus:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta,
mas entra por outro lado, é ladrão e salteador.
Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas.
O porteiro abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz.
Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva-as para fora.
Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem,
caminha à sua frente
e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz.
Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele,
porque não conhecem a voz dos estranhos».
Jesus apresentou-lhes esta comparação,
mas eles não compreenderam o que queria dizer.
Jesus continuou: «Em verdade, em verdade vos digo:
Eu sou a porta das ovelhas.
Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores,
mas as ovelhas não os escutaram.
Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo:
é como a ovelha que entra e sai do aprisco
e encontra pastagem.

O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir.
Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida
e a tenham em abundância».


Ressonâncias...Past09

Para os cristãos, o Pastor por excelência é Cristo. Ele recebeu do Pai a missão de conduzir o rebanho de Deus. Será Ele, de facto, o nosso Pastor? Ou temos outros "pastores" que conduzem as nossas escolhas? A voz da opinião pública e das sondagens, a voz do comodismo e da instalação, a voz do êxito e do triunfo a qualquer custo, a voz dos nossos privilégios?

As ovelhas do rebanho de Jesus devem escutar a voz do Pastor e segui-l'O. Isto significa aderir a Jesus, percorrer o mesmo caminho dele, na entrega total aos projectos de Deus e na doação total aos irmãos. Procuramos nós seguir o nosso Pastor no caminho exigente do dom da vida, ou preferimos outros caminhos mais cómodos?

Para distinguir a "Voz" de Jesus, são necessárias três atitudes: um permanente diálogo íntimo com o Pastor; um confronto permanente com a sua Palavra; e uma participação activa nos Sacramentos onde recebemos a vida, que o Pastor nos oferece.

Senhor Jesus ressuscitado,
Bom Pastor que conheceis os vossos fiéis e os chamais pelo seu nome,
dai fortaleza à nossa fé tão vacilante,
abri os nossos ouvidos,

ensinai-nos a reconhecer a Vossa voz no meio dos ruídos deste mundo,

e reuni num só rebanho os que andam longe de Vós.

…as ovelhas seguem-no
porque conhecem a sua voz.
(Jo 10, 4)jesus_pastor

 


Com que voz…!

Dizem os pediatras que é na barriga das mães que começamos a reconhecer as vozes da mãe e do pai, e de outros que nos falem habitualmente. Parece que tudo o que é vivo gosta que se lhe fale, e até as plantas e os animais reagem às palavras e a expressões da comunicação humana, como a música, por exemplo. Não sei quem me disse que as plantas que tinha em casa andavam mais viçosas e vivazes desde que começara a falar com elas (é claro que não podia dizer isso às vizinhas senão chamar-lhe-iam “maluquinha”!). E também que as vacas davam melhor leite quando ouviam música clássica! Quantas vezes não experimentámos o acelerar do coração ao ouvir a voz de alguém que amamos? E não é pela voz, mais até pelo modo como dizemos, que revelamos o que vai por dentro de cada um?

Gosto de lembrar o primeiro relato da criação e o modo como Deus cria com a sua palavra: “Haja luz… e águas… e terra… e plantas e animais… e o homem e a mulher”. E também como se foi revelando pela voz com que chamou, escolheu, e fez aliança. Chamou os profetas para falarem em seu nome. Enviou o Filho como Verbo feito carne, a Voz feita choro de criança e palavra salvadora: “Levanta-te… vai em paz… os teus pecados estão perdoados… Lázaro, sai para fora… amai-vos como Eu vos amei.” Com que agitação interior escutavam as suas palavras todos os que O ouviam! E como se sentiam reconhecidos e amados mesmo com as suas vidas enredadas e enganadas por mil outras vozes! Aquela voz que dava vista aos cegos, energia aos paralíticos, vida aos mortos prolonga-se na voz dos seus discípulos: “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”, disse Pedro ao paralítico da porta do Templo chamada Formosa!

No meio de tantas vozes, que a instabilidade económica e política propicia, temos sede de confiança. Não bastam vozes esperançosas ou denunciadoras; é preciso que quem fala seja merecedor de confiança. Não se pede que seja perfeito, mas que seja humilde, que seja coerente, que não ceda à corrupção ou ao oportunismo. Que arrisque a vida por aquilo que diz, restaurando a dignidade das palavras, e levando quem escuta a comprometer-se na mudança. Se muitas vozes servem mais para dividir e buscar glórias pessoais, ou para adormecer e fazer crescer a desconfiança, estamos a matar as palavras! Como é a nossa voz de cristãos por entre o imenso ruído de fundo deste tempo? É voz que acolhe, que liberta, que promove, que não julga mas procura salvar? Acreditamos mesmo que a voz de Cristo passa pelos nossos lábios? E como Igreja a palavra precisa encarnar primeiro em nós?

Quando conhecemos a voz de quem nos quer bem e nos estimula a ser mais; voz que suscita diálogo e não adormecimento; voz que lança pontes e abre portas à beleza; voz que é encontro com Deus e nos convoca para mudar o que está mal; também queremos seguir o pastor que nos cativou! Mas o inverso também é verdade!

Vítor Gonçalves

III Domingo da Páscoa A

Emaus04aA liturgia deste Domingo convida-nos a descobrir o Cristo vivo, que acompanha os homens pelos caminhos do mundo, muitas vezes sem ser reconhecido. Mas onde o podemos encontrar?

Na primeira leitura, a comunidade cristã transformada pelo Espírito, deixou a segurança das paredes do cenáculo e prepara-se para dar testemunho de Jesus, em Jerusalém e até aos confins da terra. A pregação de Pedro, no dia do Pentecostes, reproduz a catequese que a comunidade cristã primitiva costumava apresentar sobre Jesus – Kerigma.

A segunda leitura convida a contemplar com olhos de ver o projecto salvador de Deus, o amor de Deus pelos homens – expresso na cruz de Jesus e na sua ressurreição. Constatando a grandeza do amor de Deus, aceitamos o seu apelo a uma vida nova.

O Evangelho aponta o caminho para descobrir o Cristo vivo, através do episódio dos Discípulos de Emaús. Tristes e desanimados, decepcionados e frustrados abandonam a comunidade e regressam para casa, dispostos a esquecer o sonho. Aguardavam um Messias glorioso, um Rei poderoso, um Vencedor e encontram-se diante de um derrotado, que tinha morrido na cruz. Aparece um peregrino, que caminha com eles, explica-lhes as Escrituras, enche-lhes o coração de esperança e a senta-Se com eles à mesa para "partir o pão". É aí que os discípulos O reconhecem.


Primeira Leitura (Act 2,14.22-33)
Leitura dos Actos dos Apóstolos
 
No dia de Pentecostes,
Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo:
«Homens de Israel, ouvi estas palavras:
Jesus de Nazaré foi um homem acreditado por Deus junto de vós
com milagres, prodígios e sinais,
que Deus realizou no meio de vós, por seu intermédio, como sabeis.
Depois de entregue, segundo o desígnio imutável e a previsão de Deus,
vós destes-Lhe a morte, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa.
Mas Deus ressuscitou-O, livrando O dos laços da morte,
porque não era possível que Ele ficasse sob o seu domínio.
Diz David a seu respeito:
'O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei.
Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso Santo sofrer a corrupção.
Destes me a conhecer os caminhos da vida,
a alegria plena em vossa presença'.
Irmãos, seja-me permitido falar vos com toda a liberdade:
o patriarca David morreu e foi sepultado
e o seu túmulo encontra se ainda hoje entre nós.
Mas, como era profeta e sabia que Deus lhe prometera sob juramento
que um descendente do seu sangue
havia de sentar-se no seu trono,
viu e proclamou antecipadamente a ressurreição de Cristo,
dizendo que Ele não O abandonou na mansão dos mortos,
nem a sua carne conheceu a corrupção.
Foi este Jesus que Deus ressuscitou
e disso todos nós somos testemunhas.
Tendo sido exaltado pelo poder de Deus,
recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo,
que Ele derramou, como vedes e ouvis.»

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 15 (16)
Refrão: Mostrai-me, Senhor, o caminho da vida.

Defendei me, Senhor; Vós sois o meu refúgio.
Digo ao Senhor: Vós sois o meu Deus.
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas Vossas mãos o meu destino.

Bendigo o Senhor por me ter aconselhado,
até de noite me inspira interiormente.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei.

Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso fiel conhecer a corrupção.

Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida,
alegria plena em Vossa presença,
delícias eternas à Vossa direita.


Segunda Leitura (1Pe 1,17-21)
Leitura da Primeira Epístola de São Pedro

Caríssimos:
Se invocais como Pai
Aquele que, sem acepção de pessoas,
julga cada um segundo as suas obras,
vivei com temor, durante o tempo de exílio neste mundo.
Lembrai vos que não foi por coisas corruptíveis, como prata e oiro,
que fostes resgatados da vã maneira de viver,
herdada dos vossos pais,
mas pelo sangue precioso de Cristo,
Cordeiro sem defeito e sem mancha,
predestinado antes da criação do mundo
e manifestado nos últimos tempos por vossa causa.
Por Ele acreditais em Deus,
que O ressuscitou dos mortos e Lhe deu a glória,
para que a vossa fé e a vossa esperança estejam em Deus.


EVANGELHO (Lc 24,13-35)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Dois dos discípulos de Emaús
iam a caminho duma povoação chamada Emaús,
que ficava a sessenta estádios de Jerusalém.
Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido.
Enquanto falavam e discutiam,
Jesus aproximou Se deles e pôs Se com eles a caminho.
Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem.
Ele perguntou lhes.
«Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?»
Pararam entristecidos.
E um deles, chamado Cléofas, respondeu:
«Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou estes dias».
E Ele perguntou: «Que foi?»
Responderam Lhe:
«O que se refere a Jesus de Nazaré,
profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo;
e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes
O entregaram para ser condenado à morte e crucificado.
Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel.
Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu.
É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram:
foram de madrugada ao sepulcro, não encontraram o corpo de Jesus
e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos a anunciar que Ele estava vivo.
Mas a Ele não O viram».
Então Jesus disse lhes:
«Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar
em tudo o que os profetas anunciaram!
Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na Sua glória?»
Depois, começando por Moisés e passando por todos os Profetas,
explicou lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito.
Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de ir para diante.
Mas eles convenceram n'O a ficar, dizendo:
«Ficai connosco, Senhor, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite».
Jesus entrou e ficou com eles.
E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho.
Nesse momento abriram se lhes os olhos e reconheceram n'O.
Mas Ele desapareceu da sua presença.
Disseram então um para o outro:
«Não ardia cá dentro o nosso coração,
quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?»
Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém
e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com ele, que diziam:
«Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão».
E eles contaram o que tinha acontecido no caminho
e como O tinham reconhecido ao partir o pão.


ORAÇÃO UNIVERSAL

Caríssimos irmãos:
Oremos a Cristo ressuscitado,
que caminha connosco sem O reconhecermos,
e peçamos-Lhe que ilumine o nosso espírito,
dizendo, cheios de fé:

R. Cristo, ouvi-nos. Cristo, atendei-nos.

1. Pela Igreja, testemunha de Jesus ressuscitado,
pelos catecúmenos que descobrem o Evangelho,
e pelos catequistas que os ensinam e acompanham, oremos.

2. Por aqueles que se dedicam ao bem público,
pelos que servem os mais pobres e infelizes
e pelos que acolhem toda a gente, sem excepção, oremos.

3. Pelos fiéis que nas provações permanecem serenos,
pelos que desanimam como os discípulos de Emaús
e pelos que celebram cada domingo a Eucaristia, oremos.

4. Pelos crentes que dizem a Jesus: “fica connosco”,
pelos jovens que fazem d’Ele o grande amigo
e pelas crianças que O recebem na primeira comunhão, oremos.

5. Por todos nós aqui reunidos em assembleia,
pelos doentes da nossa Paróquia
e por aqueles que já partiram deste mundo, oremos.

6. Por todos os que sofrem as consequências da actual pandemia,
para que Deus nosso Senhor, conceda a cura aos enfermos,
Força aos que trabalham na saúde, conforto às famílias
e a salvação a todos as vítimas mortais, oremos.

Senhor, Jesus ressuscitado,
que nos resgatastes da vã maneira de viver,
não com ouro ou prata, mas com o vosso próprio sangue,
aquecei-nos o coração com a vossa Palavra
e convidai-nos a comer à vossa mesa.
Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos.


Ressonâncias...

Peregrinos de Emaús

Quem são hoje os Peregrinos de Emaús que, continuam andando pelos caminhos da vida, "tristes"e desanimados?

Talvez também nós estejamos a caminho da nossa Emaús cansados e desiludidos. Caíram os nossos castelos e a vida parece ter perdido sentido. Esperávamos tanto... mas tudo terminou. (Quem sabe lá, a morte de um amigo, um fracasso nos nossos empreendimentos, a família desunida...) É triste quando a esperança morre. Parece que nada mais tem sentido! Somos tentados a abandonar a luta e voltar...

Eles também estavam angustiados por aquilo que aconteceu em Jerusalém. Mas, na medida em que participaram da celebração da palavra e do banquete da fracção do pão, os seus corações abriram-se à luz, a vida do Ressuscitado invadiu as suas almas e fê-los voltar à comunidade.Emaus20

Nesses momentos, mais do que nunca, devemos repetir com os discípulos de Emaús: "Ficai connosco, Senhor". O Caminho percorrido pelos discípulos deve ser o nosso. Ainda hoje é ali que Ele está presente e é ali que O podemos encontrar.

– O nosso Coração "arde" quando escutamos a Palavra de Deus?
– Descobrimos a sua presença no "partir o pão"?

– Partimos com alegria para anunciar o Cristo Ressuscitado, para evangelizar?

Façamos a experiência destes discípulos.

Senhor Jesus ressuscitado,
que nos resgatastes da vã maneira de viver,
não com ouro ou prata mas com o vosso próprio sangue,
acompanhai-nos nos nossos caminhos, abri os olhos a todo aquele que vos procura,
aquecei os nossos corações e convidai-nos a comer à vossa mesa.

 
«Não ardia cá dentro o nosso coração,
quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» (Lc 24, 32)

O coração a arder

Naquele pedaço de estrada que vai de Jerusalém a Emaús Jesus dá-nos um tratado de pedagogia e educação. Se há momentos em que Jesus se revela como Mestre, este é um deles. E quando recordamos os mestres da nossa vida, professores e outros, vemos como muita riqueza daquilo que somos se deve tanto ao que eles foram para nós! Apareceram no nosso caminho, escutaram as nossas questões profundas, abriram-nos o pensamento e fizeram arder o coração pelo conhecimento, transmitiram o saber com a própria vida. Que Jesus me perdoe esta ousada comparação, mas todo o aprender também culmina na entrega de vida que se celebra.

Quase a terminar o ano escolar em que o terceiro período é um "vê se te avias", pelo curto tempo de aulas, pego no pequeno livro do professor António Estanqueiro sobre o papel dos professores, intitulado "Boas Práticas na Educação", e sinto-me a refazer o caminho de Emaús. Nele ressalta logo a voz de alguns dos mil testemunhos de alunos do 12º ano de várias escolas, que relatam experiências positivas e negativas da sua relação com os professores. Com uma simplicidade de linguagem e uma experiência profunda, o autor guia professores e educadores numa reflexão prática na missão de "formar pessoas, despertar vocações e construir futuros". Sem ceder à tentação do facilitismo diz: "O papel do professor é formar o aluno e prepará-lo para as exigências da vida, não é aumentar o sucesso estatístico, tão desejado pelos governantes!"

"Fazer arder o coração" poderia ser o belo nome de educar e também de evangelizar. Antes dos conteúdos interessam as pessoas e o cuidado com que se escutam os seus anseios, as dúvidas, as confianças feridas. É preciso fazer caminho lado a lado, descer de alguns pedestais ou carruagens. Não se ajuda a crescer à distância nem à pressa. Não se educa nem se evangeliza sem um amor verdadeiro àqueles com quem nos propomos fazer caminho. E é um caminho de cumplicidade, que vai propondo pistas de reflexão, que traz novos pontos de vista, que semeia desejo de saber mais, que faz ousar o convite: "Fica connosco!". Não podemos levar o bom professor ou professora para nossa casa mas, de algum modo, ele não habita a casa interior de cada um? E poderei dizer-me cristão se não convidar Jesus ao mais íntimo de mim mesmo, a esta casa onde só deixo entrar quem amo?

As palavras consumam-se no gesto. Se no aprender essa consumação é conhecimento adquirido, formação global, crescimento humano, no evangelho transmitido ela é entrega de vida, pão partido sinal de um amor até ao fim, fogo aceso na noite para levar a outros a feliz notícia. O encontro com a verdade é sempre encontro com o profundo de nós mesmos e com Deus que caminha e se senta connosco à mesa da alegria! Vamos lá fazer arder os corações?

P. Vítor Gonçalves

"Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia está no ocaso” (Lc 24, 29)

Fica connosco, Senhor, acompanha-nos mesmo se nem sempre te soubemos reconhecer. Fica connosco, porque se vão tornando mais densas à nossa volta as sombras, e tu és a Luz; em nossos corações insinua-se o desespero, e tu os fazer arder com a esperança da Páscoa.

Estamos cansados do caminho, mas tu nos confortas na fração do pão para anunciar a nossos irmãos que na verdade tu ressuscitaste e que nos deste a missão de ser testemunhas da tua ressurreição.

Fica connosco, Senhor, quando à volta da nossa fé católica surgem as nuvens da dúvida, do cansaço ou da dificuldade: tu, que és a própria Verdade como revelador do Pai, ilumina as nossas mentes com a tua Palavra; ajuda-nos a sentir a beleza de crer em ti.

Fica nas nossas famílias, ilumina-as nas suas dúvidas, ampara-as nas suas dificuldades, conforta-as nos seus sofrimentos e na fadiga quotidiana, quando à sua volta se adensam sombras que ameaçam a sua unidade e a sua natureza.

Tu que és a Vida, permanece nos nossos lares, para que continuem a ser berços onde nasce a vida humana abundante e generosamente, onde se acolhe, se ama, se respeite a vida desde a sua concepção até ao seu fim natural.

Permanece, Senhor, com os que nas nossas sociedades são mais vulneráveis; permanece com os pobres e humildes, com os indígenas e afro-americanos, que nem sempre encontraram espaços e apoio para expressar a riqueza da sua cultura e a sabedoria da sua identidade.

Permanece, Senhor, com as nossas crianças e com os nossos jovens, que são a esperança e a riqueza do nosso Continente, protege-os das tantas insídias que atentam contra a sua inocência e contra as suas legítimas esperanças.

Oh Bom Pastor, permanece com os nossos idosos e com os nossos enfermos! Fortalece todos na sua fé para que sejam teus discípulos e missionários!
Amém!

(Oração do Papa Bento XVI para a conclusão do documento de Aparecida
na V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe)


Eu tento-Te ao meu lado e não te vejo,
– Sou como os Peregrinos de Emaús!
Mas basta que Tu soltes um lampejo,
P'ra que, em verdade, eu diga: «Este é Jesus!»
 
Vivo a buscar-Te no maior desejo,
Vivo a buscar-Te por atalhos nus...
E tenho-Te ao meu lado, e não Te vejo,
– Sou como os Peregrinos de Emaús.
 
Na graça que semeias e derramas,
Meus tristes olhos limpa-mos de escamas,
P'ra que mos cegue todo o Teu fulgor!
 
Pois sendo como sou de argila impura,
Como é que posso erguer-me a essa altura,
Sem que me venhas ajudar, Senhor?!
 
António Sardinha

Bendizemos-Te, Pai,
porque Cristo ressuscitado
vem romper os ferrolhos das nossas portas
e corações, fechados pelo medo, pela dúvida,
pela apatia e desânimo.
 
Custa-nos a crer que Cristo esteja verdadeiramente vivo,
hoje como ontem, e que partilhe connosco a mesa
e o pão da esperança.
E contudo, é seguro: Jesus é o Senhor ressuscitado!
Ele faz brilhar na noite a aurora da ressurreição
para os que crêem apesar da escuridão e do medo.
 
Não permitas, Senhor,
que ponhamos resistências a acreditar em Ti.
Dá-nos o teu Espírito para que, diante dos nossos irmãos,
sejamos testemunhas valentes
da tua salvação e do teu amor de Pai. Amen.
 

 

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