PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

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DOMINGO da ASCENSÃO -B

Ascensao7Celebramos hoje a festa da Ascensão do Senhor. A Ascensão faz parte do Mistério pascal do Senhor Jesus. Cristo terminou sua missão terrena elevando-se ao céu e é o ponto de partida para sermos testemunhas e anunciadores de Cristo exaltado, que voltou ao Pai para sentar-se à sua direita.

Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projecto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo "caminho" que Jesus percorreu. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio dos homens, continuar o projecto de Jesus.

A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa "esperança" de mãos dadas com os irmãos – membros do mesmo "corpo" – e em comunhão com Cristo, a "cabeça" desse "corpo". Cristo reside no seu "corpo" que é a Igreja; e é nela que se torna, hoje, presente no meio dos homens.

No Evangelho, Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, ajuda-os a vencer a desilusão e o comodismo e envia-os em missão, como testemunhas do projecto de salvação de Deus. De junto do Pai, Jesus continuará a acompanhar os discípulos e, através deles, a oferecer aos homens a vida nova e definitiva.


LEITURA 1- Act 1,1-11
Leitura do Livro dos Actos dos Apóstolos

No meu primeiro livro, ó Teófilo,
narrei todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar,
desde o princípio até ao dia em que foi elevado ao Céu,
depois de ter dado, pelo Espírito Santo,
as suas instruções aos Apóstolos que escolhera.
Foi também a eles que, depois da sua paixão,
aparecendo-lhes durante quarenta dias
e falando-lhes do reino de Deus.
Um dia em que estava com eles à mesa,
mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém,
«da Qual - disse Ele - Me ouvistes falar.
Na verdade, João baptizou com água;
vós, porém, sereis baptizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias».
Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar:
«Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?»
Ele respondeu-lhes:
«Não vos compete saber os tempos ou os momentos
que o Pai determinou com a sua autoridade;
mas recebereis a força do Espírito Santo,
que descerá sobre vós,
e sereis minhas testemunhas
em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria
e até aos confins da terra».
Dito isto, elevou-Se à vista deles
e uma nuvem escondeu-O a seus olhos.
E estando de olhar fito no Céu, enquanto Jesus se afastava,
apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco,
que disseram:
«Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu?
Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu,
virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».


SALMO RESPONSORIAL - Salmo 46 (47)
Refrão: Por entre aclamações e ao som da trombeta, ergue-Se Deus, o Senhor.

Povos todos, batei palmas,
aclamai a Deus com brados de alegria,
porque o Senhor, o Altíssimo, é terrível,
o Rei soberano de toda a terra.

Deus subiu entre aclamações,
o Senhor subiu ao som da trombeta.
Cantai hinos a Deus, cantai,
cantai hinos ao nosso Rei, cantai.

Deus é Rei do universo:
cantai os hinos mais belos.
Deus reina sobre os povos,
Deus está sentado no seu trono sagrado.


LEITURA II - Ef 1,17-23
Leitura da Epístola de S. Paulo aos Efésios

Irmãos:
O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória,
vos conceda um espírito de sabedoria e de luz
para O conhecerdes plenamente
e ilumine os olhos do vosso coração,
para compreenderdes a esperança a que fostes chamados,
os tesouros de glória da sua herança entre os santos
e a incomensurável grandeza do seu poder
para nós os crentes.
Assim o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo,
que Ele ressuscitou dos mortos
e colocou à sua direita nos Céus,
acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania,
acima de todo o nome que é pronunciado,
não só neste mundo, mas também no mundo que há-de vir.
Tudo submeteu aos seus pés e pô-l'O acima de todas as coisas
como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo,
a plenitude d'Aquele que preenche tudo em todos.


EVANGELHO - Mc 16,15-20
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos

Naquele tempo,
Jesus apareceu aos Doze e disse-lhes:
«Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura.
Quem acreditar e for baptizado será salvo;
mas quem não acreditar será condenado.
Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem:
expulsarão os demónios em meu nome;
falarão novas línguas;
se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal;
e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados».
E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles,
foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus.
Eles partiram a pregar por toda a parte
e o Senhor cooperava com eles,
confirmando a sua palavra
com os milagres que a acompanhavam.


Ressonâncias

O Evangelho de hoje apresenta-nos o papel dos discípulos no mundo, após a partida de Jesus ao encontro do Pai. É um resumo das aparições de Jesus e da Missão da Comunidade cristã. Narra-nos três cenas:

1. Jesus ressuscitado define a missão universal dos Discípulos: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura". A Palavra Evangelho na boca de Jesus, designa o anúncio do Reino que suscita a fé e o acolhimento da salvação. Para as comunidades cristãs, é o anúncio de um acontecimento: em Jesus Cristo, Deus veio ao encontro dos homens, manifestou-lhes o seu amor, inseriu-os na sua família, convidou-os a integrar a comunidade do Reino e ofereceu-lhes a vida definitiva. O anúncio do "Evangelho" obriga os homens a uma opção. Quem aderir à proposta de Jesus chegará à vida plena e definitiva. A obra missionária será acompanhada de Sinais, que atestarão autenticidade e continuidade da acção libertadora do Mestre. E enumera sinais da presença do Mestre: Expulsarão demónios, falarão línguas novas, resistirão ao veneno das serpentes, curarão doentes impondo as mãos.

2. Jesus parte ao encontro do Pai. Jesus sobe ao céu e senta-se à direita de Deus: Mostra a soberania de Jesus, como Senhor da História e do Universo. Não é o afastamento de Cristo, mas uma nova presença no mundo.

3. Os discípulos partem ao encontro do mundo a fim de concretizar a missão que Jesus lhes confiou. "Os discípulos então partiram e pregaram por toda a parte..." Na acção missionária, os discípulos não estão sozinhos. O Senhor ajudava-os e confirmava sua palavra pelos sinais". A Igreja é essencialmente uma comunidade missionária, cuja missão é testemunhar no mundo a proposta de Salvação e Libertação, que Jesus veio trazer.

A Ascensão de Jesus faz-nos lembrar a nossa ascensão: "Ele subiu não para se afastar da nossa humanidade, mas para nos dar a esperança de que um dia iremos ao seu encontro, onde ele nos precedeu..." (Prefácio)
A nossa vocação é missionária. A Igreja é uma "Comunidade Missionária", cuja missão é testemunhar no mundo a proposta de salvação e de libertação, que Jesus veio trazer aos homens. E Nós, vivemos o ideal missionário, conscientes de que na Igreja de Cristo, todo baptizado é missionário. Cristo pode contar, hoje, com todos nós?


Corações ao alto

Há alguns anos atrás, ao participar em Roma, na instalação do Secretariado Mundial da Evangelização 2000, a Madre Teresa de Calcutá foi entrevistada.
– Madre Teresa, o que é para si evangelizar?

Com uma simplicidade e profundidade impressionantes, ela respondeu:
– Evangelizar é ter Jesus no Coração e levar Jesus ao coração dos irmãos.

Só moram no nosso coração os que são amados. Para Jesus morar no coração é preciso que se tenham criado laços de amor entre a pessoa e Jesus vivo. Que Jesus nos ama, é verdade! Que Ele nos amou primeiro, está comprovado! Que Ele ama a todos porque os quer salvar, é certo! Mas é preciso que nos sintamos amados por Ele, nos deixemos amar e sintamos que O estamos amando. Não basta ter Jesus na cabeça... É preciso tê-lo no coração. Só depois podemos levá-lo ao coração do irmão porque ninguém dá o que não tem. É preciso estar evangelizado para evangelizar e fazer Jesus acontecer no coração das pessoas.

Na Ascensão, Jesus eleva-se ao Céu. Deixou de estar connosco para estar em nós. Ele continua a evangelizar através de nós. Sursum corda, isto é, Corações ao alto! Que saibamos responder efectivamente que o nosso coração está em Deus porque Ele está no nosso coração.

Pe. José David Quintal Vieira, scj


Bendizemos-Te, Pai,
com toda a força do nosso Espírito
pela glorificação do teu Filho e nosso irmão, Jesus Cristo.
Ele não subiu ao céu para Se alhear deste mundo,

mas, como nossa cabeça, precede-nos na glória eterna do teu reino.

Obrigado também, Pai,
porque Jesus confia-nos a sua missão
e quer precisar da nossa inteligência e do nosso coração,
das nossas mãos e dos nossos lábios,
dos nossos pés e do nosso tempo, a
o serviço da Boa Nova da salvação e de amor ao homem.

Não permitas, Senhor, que nos fechemos na comodidade,
na apatia, no egoísmo, em suma, na falta de fé.
Enche-nos da força do Espírito, e conta connosco.
Amen.


Louvado sejas, meu Senhor!

Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas,
especialmente o irmão televisor
que preenche algumas horas do nosso dia
e que é belo, e grande esplendor irradia,
e de Ti, Altíssimo, traz-nos a mensagem.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã rádio
pela qual as notícias atravessam os céus
e o mundo fica mais perto de mim.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão jornal
que me informa sobre as nuvens e o sereno céu
das histórias humanas
e pelo qual dás sustento ao saber e à reflexão
de tantas criaturas Tuas.

Louvado sejas, meu Senhor,
por toda a espécie de informação
que presta muito serviço
quando é humilde, verdadeira e casta.

Louvado sejas, meu Senhor, pelos consumidores
graças aos quais iluminas as mentes
e dás alegria e força ao nosso coração,
quando eles servem a verdade com modéstia.

Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã
e mãe Terra que nos sustenta e nos governa
e produz variados frutos com coloridas
flores e verdura: ela é cada vez mais para nós
a casa comum que os media
nos fazem conhecer e amar.

Louvado sejas, meu Senhor,
pelos que perdoam pelo Teu amor
e sofrem enfermidades e tribulações.
Felizes os que as suportarem em paz,
pois que por Ti, Altíssimo, hão-de ser coroados.

Sobretudo, louvado sejas por todos aqueles
que, servindo-se dos mass media,
souberem lembrar-se de que nada no mundo
vale mais que a pessoa humana.

Cardeal Martini

VI Domingo da Páscoa B

permaneceiA liturgia da Palavra deste Domingo convida-nos a contemplar o amor de Deus, manifestado na pessoa, nos gestos e nas palavras de Jesus e dia a dia tornado presente na vida dos homens por acção dos discípulos de Jesus.

Na primeira leitura Pedro na casa de Cornélio anuncia Jesus e a sua acção salvífica. Cornélio e toda a sua família acolhem o anúncio e são baptizados. A Salvação, oferecida por Deus através de Jesus Cristo e levada ao mundo pelos discípulos, não é um património dos judeus ou dos cristãos oriundos do judaísmo, mas é um dom destinado a todos os que tem um coração aberto às propostas de Deus.

A segunda leitura apresenta uma das mais profundas e completas definições de Deus: "Deus é amor". A vinda de Jesus ao encontro dos homens e a sua morte na cruz revelam a grandeza do amor de Deus pelos homens. Ser "filho de Deus" e "conhecer a Deus" é deixar-se envolver por este dinamismo de amor e amar os irmãos.

No Evangelho, Jesus define as coordenadas do "caminho" que os seus discípulos devem percorrer, ao longo da sua marcha pela história. Eles são os "amigos" a quem Jesus revelou o amor do Pai; a sua missão é testemunhar o amor de Deus no meio dos homens. Através desse testemunho, concretiza-se o projecto salvador de Deus e nasce o Homem Novo.


LEITURA I – Act 10,25-26.34-35.44-48
Leitura dos Actos dos Apóstolos

Naqueles dias,
Pedro chegou a casa de Cornélio.
Este veio-lhe ao encontro
e prostrou-se a seus pés.
Mas Pedro levantou-o, dizendo:
«Levanta-te, que eu também sou um simples homem».
Pedro disse-lhe ainda:
«Na verdade, eu reconheço
que Deus não faz acepção de pessoas,
mas, em qualquer nação,
aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável».
Ainda Pedro falava,
quando o Espírito desceu
sobre todos os que estavam a ouvir a palavra.
E todos os fiéis convertidos do judaísmo,
que tinham vindo com Pedro,
ficaram maravilhados ao verem que o Espírito Santo
se difundia também sobre os gentios,
pois ouviam-nos falar em diversas línguas e glorificar a Deus.
Pedro então declarou:
«Poderá alguém recusar a água do Baptismo
aos que receberam o Espírito Santo, como nós?»
E ordenou que fossem baptizados em nome de Jesus Cristo.
Então, pediram-lhe que ficasse alguns dias com eles.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 97 (98)
Refrão: O Senhor manifestou a salvação a todos os povos.

Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória.

O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel.

Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai.


LEITURA II – 1 Jo 4,7-10
Leitura da Primeira Epístola de São João

Caríssimos:
Amemo-nos uns aos outros,
porque o amor vem de Deus
e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus.
Quem não ama não conhece a Deus,
porque Deus é amor.
Assim se manifestou o amor de Deus para connosco:
Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito,
para que vivamos por Ele.
Nisto consiste o amor:
não fomos nós que amámos a Deus,
mas foi Ele que nos amou
e enviou o seu Filho
como vítima de expiação pelos nossos pecados.


EVANGELHO – Jo 15,9-17
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo,
Disse Jesus aos seus discípulos:
«Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei.
Permanecei no meu amor.
Se guardardes os meus mandamentos,
permanecereis no meu amor.
Se guardardes os meus mandamentos,
permanecereis no meu amor,
Assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai
e permaneço no seu amor.
Disse-vos estas coisas,
para que a minha alegria esteja em vós
e a vossa alegria seja completa.
É este o meu mandamento:
que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei.
Ninguém tem maior amor
do que aquele que dá a vida pelos amigos.
Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando.
Já não vos chamo servos,
porque o servo não sabe o que faz o seu senhor;
mas chamo-vos amigos,
porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai.
Não fostes vós que Me escolhestes;
fui eu que vos escolhi e destinei,
para que vades e deis fruto
e o vosso fruto permaneça.
E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome,
Ele vo-lo concederá.
O que vos mando é que vos ameis uns aos outros».


Ressonâncias

O texto deste Evangelho faz parte do discurso da despedida na última Ceia. É o último discurso de Jesus aos discípulos, antes de ser preso. São as últimas recomendações aos seus "amigos", antes de partir. Deus tinha dado aos hebreus, através de Moisés, 10 mandamentos no Sinai. Mas os rabinos criaram 613 mandamentos e milhares de prescrições e proibições, todas gravemente vinculadoras, que tornavam praticamente impossível a sua observância. Jesus resume toda a lei do Antigo Testamento em dois mandamentos: amor a Deus e ao próximo. E, no fim da sua vida terrena - durante a Última Ceia -, depois de ter lavado os pés aos discípulos, fala de um só mandamento: "Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Por isso todos saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros." (Jo 13, 34-35)

O Evangelho de hoje não é apenas um discurso para os apóstolos reunidos no cenáculo para a última ceia, mas um discurso que o Ressuscitado dirige hoje do céu para todos os discípulos. É um resumo, uma síntese de muitas coisas em poucas palavras. Mas se quisermos resumir num pensamento central, poderíamos dizer que todas se reduzem ao AMOR.

Os discípulos são "amigos" de Jesus: "Já não vos chamo servos, mas amigos." Amigo é muito mais de que um servo, um colaborador, é um confidente, com o qual existe uma comunhão de vida, de planos e ideais. Um Deus com sentimentos humanos nobres e profundos.

A iniciativa é de Jesus: "Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi". O Amor partiu dele, não de nós. Desse amor, nasce a vitalidade e a amplidão da sua Missão. Baseada nisso, a resposta dos discípulos torna-se fecunda em frutos duradouros. Consequentemente, a oração deles ao Pai também será ouvida, porque feita em nome de Cristo.

A Igreja é a "comunidade de amigos", que acolhem o convite de Jesus e colaboram na missão de testemunhar ao mundo o Amor do Pai, com alegria e entusiasmo. O melhor testemunho em Deus em quem acreditamos e da Boa nova que anunciamos é nossa comunhão.

Os "amigos de Jesus" devem amar como Ele amou. A prova concreta que amamos é a observância dos Mandamentos: "Quem me ama, guarda os meus mandamentos. [...] Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei". Amar como Ele, é tornar em nós visível o amor de Deus; amar como Ele, é amar também os "amigos" de Jesus; Seremos "amigos de Jesus", quando formos testemunhas desse mundo novo que Deus quer oferecer aos homens e que Jesus anunciou através dos seus gestos e palavras. Aqui reside a "identidade" dos discípulos de Jesus.

O Amor é a base e o fundamento do cristão; sem amor não há cristão.

O amor fundado em Cristo supera as divergências, anula as distâncias, elimina o egoísmo, as rivalidades, as discórdias. Esse amor dá aquela fecundidade apostólica, que Jesus espera dos seus discípulos. Só quem vive no amor pode levar ao mundo o fruto precioso do Amor.

As nossas comunidades são, realmente, cartazes vivos que anunciam o amor, ou são espaços de conflito, de divisão, de luta pelos próprios interesses, de realização de projectos egoístas?

Concluamos com uma verdade muito consoladora: Deus é amor e nós somos amados por Ele! Por isso convida-nos a permanecermos no seu amor "amando-nos uns aos outros como Ele nos amou!"; pois, "onde existe o amor e a caridade, aí habita Deus!"


Tal pai tal filho...

Um miúdo foi ao barbeiro e, ao ser interrogado como queria que lhe cortassem o cabelo, respondeu prontamente:
– Careca, como o meu pai.

E todos os presentes disseram em coro:
– Tal pai tal filho...

Este garoto revia-se no pai e não tinha dificuldade em fazer dele o seu melhor amigo e o modelo a imitar.

Quem ama, copia os gestos da pessoa amada, assume os seus critérios de vida, imita-lhe as expressões. O amor leva sempre à identificação com o outro. Cada um é aquilo que ama. Se ama a terra será terra também, mas se ama a Deus torna-se divino. É por isso que Jesus Cristo diz no Evangelho de hoje:
– Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei...É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei.

Em primeiro lugar Ele assume a dinâmico do amor do Pai, identificando-se com Ele. Depois convida os seus discípulos a fazerem o mesmo.

Segundo a nossa lógica humana, Jesus devia dizer: Eu amei-vos, agora deveis amar-Me na mesma medida. Mas a lógica de Deus é diferente: eu amei-vos, agora fazei o mesmo aos outros. Só assim provareis que me tendes amor, se vos amardes tal como vos amei.

Pe. José David Quintal Vieira, scj


Obrigado, Senhor Jesus,
porque gratuitamente nos aceitas como Teus amigos
que conhecem os Teus segredos e cumprem os Teus mandamentos com alegria,
superando a relação senhor/escravo.

Tu nos escolheste e nos destinaste para que demos fruto duradouro
e para que a tua alegria esteja connosco e chegue à plenitude.

O caminho para esta felicidade completa é AMAR como Tu nos amas,
porque somente devolvendo aos outros o amor com que Tu nos amas,
dando vida e alegria, estas se possuem e se aumentam.
Dá-nos, Senhor, uma boa dose de amor e de alegria no Espírito.

Precisamos com urgência delas para permanecermos unidos a Jesus
e darmos fruto abundante de fé, paz e alegria.
Amen.

V Domingo da Páscoa B

vinha1

A liturgia deste Domingo fala-nos de uma virtude muito importante para uma comunidade e muito desejada por Deus: a unidade. Só permanecendo unidos a Cristo temos acesso à vida verdadeira.

A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de Paulo. Três anos após a sua conversão, vemo-lo a ir a Jerusalém para se encontrar com Pedro e integrar-se com a comunidade de Jerusalém. Aí encontrou um clima de profunda desconfiança, por ter sido ele perseguidor. Apesar disso, não se decepcionou, nem se afastou da comunidade, pelo contrário, "permaneceu" unido a Cristo e à Comunidade. É no diálogo e na partilha com os irmãos que a nossa fé nasce, cresce e amadurece e é na comunidade, unida por laços de amor e de fraternidade, que a nossa vocação se realiza plenamente.

A segunda leitura define o ser cristão como "acreditar em Jesus" e "amar-nos uns aos outros como Ele nos amou". São esses os "frutos" que Deus espera de nós. Se praticarmos as obras do amor, temos a certeza de que estamos unidos a Cristo e que a Sua vida circula em nós.

O Evangelho apresenta Jesus como "a verdadeira videira" que dá os frutos bons que Deus espera. Convida os discípulos a permanecerem unidos a Cristo, pois é d'Ele que eles recebem a vida plena. Se permanecerem em Cristo, os discípulos serão verdadeiras testemunhas no meio dos homens da vida e do amor de Deus.


LEITURA I – Act 9,26-31
Leitura dos Actos dos Apóstolos

Naqueles dias,
Saulo chegou a Jerusalém e procurava juntar-se aos discípulos.
Mas todos os temiam, por não acreditarem que fosse discípulo.
Então, Barnabé tomou-o consigo, levou-o aos Apóstolos
e contou-lhes como Saulo, no caminho,
tinha visto o Senhor, que lhe tinha falado,
e como em Damasco tinha pregado com firmeza
em nome de Jesus.
A partir desse dia, Saulo ficou com eles em Jerusalém
e falava com firmeza no nome do Senhor.
Conversava e discutia também com os helenistas,
mas estes procuravam dar-lhe a morte.
Ao saberem disto, os irmãos levaram-no para Cesareia
e fizeram-no seguir para Tarso.
Entretanto, a Igreja gozava de paz
por toda a Judeia, Galileia e Samaria,
edificando-se e vivendo no temor do Senhor
e ia crescendo com a assistência do Espírito Santo.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 21 (22)
Refrão: Eu Vos louvo, Senhor, na assembleia dos justos.
 
Cumprirei a minha promessa na presença dos vossos fiéis.
Os pobres hão-de comer e serão saciados,

louvarão o Senhor os que O procuram:

vivam para sempre os seus corações.

Hão-de lembrar-se do Senhor e converter-se a Ele
todos os confins da terra;
e diante d'Ele virão prostrar-se
todas as famílias das nações.

Só a Ele hão-de adorar
todos os grandes do mundo,
diante d'Ele se hão-de prostrar
todos os que descem ao pó da terra.

Para Ele viverá a minha alma,
há-de servi-l'O a minha descendência.
Falar-se-á do Senhor às gerações vindouras
e a sua justiça será revelada ao povo que há-de vir:
«Eis o que fez o Senhor».


LEITURA II – 1 Jo 3,18-24
Leitura da Primeira Epístola de São João

Meus filhos,
não amemos com palavras e com a língua,
mas com obras e em verdade.
Deste modo saberemos que somos da verdade
e tranquilizaremos o nosso coração diante de Deus;
porque, se o nosso coração nos acusar,
Deus é maior que o nosso coração
e conhece todas as coisas.
Caríssimos, se o coração não nos acusa,
tenhamos confiança diante de Deus
e receberemos d'Ele tudo o que Lhe pedirmos,
porque cumprimos os seus mandamentos
e fazemos o que Lhe é agradável.
É este o seu mandamento:
acreditar no nome de seu Filho, Jesus Cristo,
e amar-nos uns aos outros, como Ele nos mandou.
Quem observa os seus mandamentos
permanece em Deus e Deus nele.
E sabemos que permanece em nós
pelo Espírito que nos concedeu.


EVANGELHO – Jo 15,1-8
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o agricultor.
Ele corta todo o ramo que está em Mim e não dá fruto
e limpa todo aquele que dá fruto,
para que dê ainda mais fruto.
Vós já estais limpos, por causa da palavra que vos anunciei.
Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós.
Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo,
se não permanecer na videira,
assim também vós, se não permanecerdes em Mim.
Eu sou a videira, vós sois os ramos.
Se alguém permanece em Mim e Eu nele,
esse dá muito fruto,
porque sem Mim nada podeis fazer.
Se alguém não permanece em Mim,
será lançado fora, como o ramo, e secará.
Esses ramos, apanham-nos, lançam-nos ao fogo e eles ardem.
Se permanecerdes em Mim
e as minhas palavras permanecerem em vós,
pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido.
A glória de meu Pai é que deis muito fruto.
Então vos tornareis meus discípulos».


Ressonâncias

A passagem do Evangelho de hoje foi proferida numa ceia de despedida, em que Jesus afirma: "Eu sou a verdadeira Vide". Estas palavras representam o seu "Testamento".
A imagem da "Vinha" é muito frequente na Sagrada Escritura. Israel era considerado uma vinha plantada pelo próprio Deus, mas que não produzia os frutos esperados. E Deus, o vinhateiro, foi obrigado a abandoná-la, permitindo que esta fosse destruída.
Jesus é a "verdadeira vide", capaz de produzir frutos que Israel não produziu. Ele é o tronco, nós somos os ramos e o Pai é o Agricultor. Ele cuida da vide, poda os ramos para que possam produzir mais. Os ramos secos ele corta-os e lança-os no fogo.

Para dar fruto, os "ramos" precisam da seiva da videira, que é Cristo, pois "sem mim nada podeis fazer". (O texto repete 8 vezes em "permanecer em Cristo" e 7 vezes em "dar frutos". Se não "permanecermos" unidos a Cristo, recebendo essa seiva, tornamo-nos ramos secos e estéreis, que serão cortados e destruídos.) E da Poda que é dolorosa, mas necessária "para dar mais fruto". Sem a poda, a vide produzirá muita folha e pouco fruto...

Poderíamos resumir a mensagem de hoje em três interpelações:
– Um apelo: "Produzir frutos..."
– Uma condição: "Permanecer unidos a Ele". Para isso, é precisa gastar tempo com Ele. Nenhum trabalho, mesmo pastoral, justifica o abandono do encontro pessoal com Cristo, na Oração. Jesus adverte-nos: "Sem mim nada podeis fazer". Devemos primeiro falar com Deus... para depois falar de Deus aos homens. Alimentar a nossa espiritualidade com esta "seiva divina", que é a graça de Deus, na escuta da Palavra, na prática sacramental...
– Uma Advertência: Cristão que não "permanece" com Ele não dá frutos. Tornar-se-á então um "ramo seco" que será cortado e lançado ao fogo...

Manifestemos o nosso desejo de "permanecer" sempre unidos a Cristo. Só unidos a ele, teremos acesso à vida verdadeira.


Permanecer em Jesus

Naquela manhã, convidei os alunos a rezar com os olhos fechados. Pareceu-me que gostaram da experiência. Ao tentar explicar que assim, sem distracções dos olhos, rezávamos com mais atenção, perguntei:
– Quem quer dizer, porque é que fechámos os olhos durante a oração?

Prontamente alguém respondeu:
– É que assim Jesus permanece cá dentro e não sai pelos nossos olhos.

Eu fiquei a pensar nas palavras de Jesus: Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Cada distracção é uma espécie de porta por onde Deus se nos escapa. Rezar é assim permanecer em Deus, unidos como ramos à cepa. E Jesus conclui: Se permanecerdes em mim, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido.

Mas quem tem dificuldade em permanecer em quem? Deus em nós ou nós em Deus? É fácil ter um acto heróico, ter um momento de compreensão, aceitar um sacrifício, engolir uma palavra amarga. O difícil é permanecer nestas atitudes, manter-se assim durante muito tempo. Permanecer é ser fiel. O nosso dia a dia, as preocupações quotidianas e a nossa rotina são muitas vezes distracções que fazem Deus não permanecer em nós porque nós nos esquecemos d'Ele. Quem ama, permanece sem ser rotineiro mas sempre criativo.

Pe. José David Quintal Vieira, sc


Louvamos-Te e bendizemos-Te,
Deus dos nossos pais,
porque a nossa terra deu fruto, a melhor das colheitas;
pois Cristo, Teu filho, não só é a videira de que somos parte,
como, além disso,
o seu sangue é o vinho novo da Páscoa florida.
Somos a tua vinha, Senhor,
o povo que Tu amas enternecidamente.

Graças a Jesus podemos ter a Tua vida divina em nós
e produzir abundante fruto,
se permanecermos unidos a Ele.
Para isso, purifica-nos a fundo,
com a poda do teu Espírito.
Deus Pai de bondade,
concede-nos acreditar e amar:
acreditar firmemente em Ti e no Teu Filho
e enviado, Jesus Cristo,
e amar-Te sem medida,

amando os nossos irmãos. Amen.

IV Domingo da Páscoa B

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Celebramos hoje o "Domingo do Bom Pastor". No Antigo Testamento, esta imagem aparece com muita frequência. Poderíamos recordar grandes personagens que foram pastores: Abel, Abraão, Moisés, David.

Num país árido, a presença do pastor era vital para a sobrevivência das ovelhas. O pastor passava o dia todo com elas e estabelecendo uma profunda identidade. O próprio Deus compara-se a um Pastor que guia, defende e alimenta o seu povo (Sl 80). Quase todos os Reis de Israel foram "maus pastores" que conduziram o Povo por caminhos de morte e desgraça, por isso, o Senhor promete: "Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas". (Ez 34,15)

O Evangelho apresenta Cristo como "o Pastor modelo", que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, até ser capaz de dar a vida por elas. Por isso, as ovelhas sabem que podem confiar n'Ele. O que é decisivo para pertencer ao rebanho de Jesus é a disponibilidade para "escutar" as propostas que Ele faz e segui-l'O no caminho do amor e da entrega.

Na primeira leitura, S. Pedro afirma que Jesus é o único Salvador, pois Ele é o único Pastor, que nos conduz à verdadeira vida, já que "não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos". E os discípulos são convidados a testemunhar essa salvação, mesmo em condições adversas e hostis, animados pelo Espírito. (At 4,8-12)

Na segunda leitura, o autor da primeira Carta de João convida-nos a contemplar o amor de Deus pelo homem. É porque nos ama com um "amor admirável" que Deus está apostado em levar-nos a superar a nossa condição de debilidade e de fragilidade. O objectivo de Deus é integrar-nos na sua família e tornar-nos "semelhantes" a Ele.


LEITURA I – Act 4,8-12
Leitura dos Actos dos Apóstolos

Naqueles dias,
Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes:
«Chefes do povo e anciãos,
já que hoje somos interrogados
sobre um benefício feito a um enfermo
e o modo como ele foi curado,
ficai sabendo todos vós e todo o povo de Israel:
É em nome de Jesus Cristo, o Nazareno,
que vós crucificastes e Deus ressuscitou dos mortos,
é por Ele que este homem
se encontra perfeitamente curado na vossa presença.
Jesus é a pedra que vós, os construtores, desprezastes
e que veio a tornar-se pedra angular.
E em nenhum outro há salvação,
pois não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens,
pelo qual possamos ser salvos».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão: A pedra que os construtores rejeitaram
            tornou-se pedra angular.

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Mais vale refugiar-se no Senhor,
do que fiar-se nos homens.
Mais vale refugiar-se no Senhor,
do que fiar-se nos poderosos.

Eu Vos darei graças porque me ouvistes
e fostes o meu Salvador.
A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.

Bendito o que vem em nome do Senhor,
da casa do Senhor nós vos bendizemos.
Vós sois o meu Deus: eu Vos darei graças.
Vós sois o meu Deus: eu Vos exaltarei.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.


LEITURA II – 1 Jo 3,1-2
Leitura da Primeira Epístola de São João

Caríssimos:
Vede que admirável amor o Pai nos consagrou
em nos chamarmos filhos de Deus.
E somo-lo de facto.
Se o mundo não nos conhece,
é porque não O conheceu a Ele.
Caríssimos, agora somos filhos de Deus
e ainda não se manifestou o que havemos de ser.
Mas sabemos que, na altura em que se manifestar,
seremos semelhantes a Deus,
porque O veremos tal como Ele é.


EVANGELHO – Jo 10,11-18
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, disse Jesus.
«Eu sou o Bom Pastor.
O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas.
O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas,
logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge,
enquanto o lobo as arrebata e dispersa.
O mercenário não se preocupa com as ovelhas.
Eu sou o Bom Pastor:
conheço as minhas ovelhas
e as minhas ovelhas conhecem-Me,
do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai;
Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas.
Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil
e preciso de as reunir;
elas ouvirão a minha voz
e haverá um só rebanho e um só Pastor.
Por isso o Pai Me ama:
porque dou a minha vida, para poder retomá-la.
Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente.
Tenho o poder de a dar e de a retomar:
foi este o mandamento que recebi de meu Pai».


RessonânciasPast01a

O Evangelho é uma Catequese sobre a missão de Jesus: conduzir o homem às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas, de onde brota a vida em plenitude.
O Bom Pastor é diferente dos outros porque está disposto a dar a vida pelas ovelhas que ama; porque conhece as suas ovelhas e é conhecido por elas. Ele chama-as pelo nome e elas seguem-n'O. "Conhecer" é mais do que um acto intelectual; é comunhão de vida, como há entre Ele e o Pai.

Quem são as ovelhas desse rebanho? Ele não se contenta com um rebanho de privilegiados Ele deseja todos, mesmo os que estão afastados ou separados: "Tenho ainda outras ovelhas que não são desse rebanho, é preciso que eu as conduza. E elas ouvirão a minha voz. E haverá um só rebanho e um só pastor".
Este apelo de Cristo é um zelo apostólico para cativar outras ovelhas que ainda não descobriram o amor apaixonado do Bom Pastor; expressa um espírito de unidade que vence as barreiras que nos separam. Ele não quer uma Igreja dividida em rebanhos separados.

Quem é o nosso Pastor, que nos aponta caminhos e nos dá segurança? O Pastor por excelência é Cristo. Pastores são também o Papa, os Bispos, os padres; são também as pessoas que prestam um serviço na família, na sociedade, no ambiente de trabalho; são também pessoas que receberam de Deus e da Igreja a missão de presidir e animar as nossas comunidades cristãs, apesar das suas limitações. Mas o "único Pastor", que devemos escutar e seguir sem condições, é Cristo.

Como Cristo exerce a Missão de Pastor? Ele não actua por interesse pessoal como o mercenário, mas por amor: Ele aponta caminhos, defende as suas ovelhas no momento de perigo, mantém uma relação pessoal com cada uma, conhece os seus sofrimentos, sonhos e esperanças.

Como reconhecer o "Bom Pastor"? Para distinguir a "voz" do "Bom Pastor" é preciso um permanente diálogo íntimo com Cristo, um confronto permanente com a sua Palavra e a participação activa nos sacramentos, onde Ele nos comunica essa vida, que o Pastor nos oferece. Nascem daqui duas importantes conclusões: a comunhão de Cristo com o seu rebanho e em Cristo com o Pai; e a comunhão entre os seus discípulos.

Neste Domingo, celebramos também o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. O próprio Jesus pediu: "Pedi ao Senhor da messe para que mande operários..." Acolhamos o apelo do Senhor e façamos já desta celebração um momento forte de oração pelas vocações.


Conhecer o PastorPast09

Conta-se que um dia, no Theatre Royal de Londres, encontrava-se Shakespeare a declamar poemas. A multidão que assistia, não se furtava a calorosos aplausos. No fim do espectáculo, Shakespeare lançou um desafio: o público que escolhesse o que quisesse para ele declamar. No princípio ninguém respondeu mas, perante a sua insistência, um padre levantou-se e perguntou se ele conhecia o Salmo 23. Shakespeare afirmou que sim mas só o declamaria se depois o padre também o fizesse. Desafio aceite.

Começou então o dramaturgo: O Senhor é o meu Pastor, nada de falta... A plateia rendeu os seus numerosos aplausos àquela declamação tecnicamente perfeita. Depois foi a vez do padre. Na sua simplicidade começou a recitar: O Senhor é o meu Pastor, nada me falta, leva-me a descansar em prados verdejantes... A assembleia ouviu, comovida, o sacerdote. Os aplausos que se seguiram foram tão calorosos que Shakespeare concluiu:
- Eu conheço bem o Salmo mas o sacerdote conhece melhor o Pastor.

Podemos saber muitas coisas de Deus, muitas orações, belos discursos mas isso não basta. É preciso conhecer pessoalmente.
Jesus é esse Bom Pastor que conhece as suas ovelhas e estas conhecem-n'O.

Pe. José David Quintal Vieira, scj


Para os cristãos, o Pastor por excelência é Cristo. Ele recebeu do Pai a missão de conduzir o rebanho de Deus. Será Ele, de facto, o nosso Pastor? Ou temos outros "pastores" que conduzem as nossas escolhas? A voz da opinião pública e das sondagens, a voz do comodismo e da instalação, a voz do êxito e do triunfo a qualquer custo, a voz dos nossos privilégios?

As ovelhas do rebanho de Jesus devem escutar a voz do Pastor e segui-l'O. Isto significa aderir a Jesus, percorrer o mesmo caminho dele, na entrega total aos projectos de Deus e na doação total aos irmãos. Procuramos nós seguir o nosso Pastor no caminho exigente do dom da vida, ou preferimos outros caminhos mais cómodos?

Para distinguir a "Voz" de Jesus, são necessárias três atitudes: um permanente diálogo íntimo com o Pastor; um confronto permanente com a sua Palavra; e uma participação activa nos Sacramentos onde recebemos a vida, que o Pastor nos oferece.

Senhor Jesus ressuscitado,
Bom Pastor que conheceis os vossos fiéis e os chamais pelo seu nome,
dai fortaleza à nossa fé tão vacilante,
abri os nossos ouvidos,
ensinai-nos a reconhecer a Vossa voz no meio dos ruídos deste mundo,

e reuni num só rebanho os que andam longe de Vós.

III Domingo da Páscoa B

Emaus20Jesus ressuscitou verdadeiramente? Como é que podemos fazer uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado? Como é que podemos mostrar ao mundo que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação? É, fundamentalmente, a estas questões que a liturgia da Palavra deste Domingo da Páscoa procura responder.

A primeira leitura apresenta-nos o testemunho dos discípulos sobre Jesus. Depois de terem mostrado, em gestos concretos, que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação, Pedro e João convidam os seus interlocutores a acolherem a proposta de vida que Jesus lhes faz.

A segunda leitura lembra que o cristão, depois de encontrar Jesus e de aceitar a vida que Ele oferece, tem de viver de forma coerente com o compromisso que assumiu. Essa coerência deve manifestar-se no reconhecimento da debilidade e da fragilidade que fazem parte da realidade humana e num esforço de fidelidade aos mandamentos de Deus.

O Evangelho assegura-nos que Jesus está vivo e continua a ser o centro à volta do qual se constrói a comunidade dos discípulos. É precisamente nesse contexto eclesial – no encontro comunitário, no diálogo com os irmãos que partilham a mesma fé, na escuta comunitária da Palavra de Deus, no amor partilhado em gestos de fraternidade e de serviço – que os discípulos podem fazer a experiência do encontro com Jesus ressuscitado. Depois desse "encontro", os discípulos são convidados a dar testemunho de Jesus diante dos outros homens e mulheres.


LEITURA I - Act 3,13-15.17 -19
Leitura do livro dos Actos dos Apóstolos

Naqueles dias, Pedro disse ao povo:
«O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, o Deus de nossos pais,
glorificou o seu Servo Jesus,
que vós entregastes e negastes na presença de Pilatos,
estando ele resolvido a soltá-I'O.
Negastes o Santo e o Justo
e pedistes a libertação dum assassino; matastes o autor da vida,
mas Deus ressuscitou-O dos mortos,
e nós somos testemunhas disso.
Agora, irmãos, eu sei que agistes por ignorância,
como também os vossos chefes.
Foi assim que Deus cumpriu
o que de antemão tinha anunciado pela boca de todos os Profetas:
que o seu Messias havia de padecer.
Portanto, arrependei-vos e convertei-vos,
para que os vossos pecados sejam perdoados».


SALMO RESPONSORIAL - Salmo 4
Refrão: Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz do vosso rosto.

Quando Vos invocar, ouvi-me, ó Deus de justiça.
Vós que na tribulação me tendes protegido,
compadecei-vos de mim e ouvi a minha súplica.

Sabei que o Senhor faz maravilhas pelos seus amigos,
o Senhor me atende quando O invoco.

Muitos dizem: «Quem nos fará felizes?»
Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa face.

Em paz me deito e adormeço tranquilo,
porque só Vós, Senhor, me fazeis repousar em segurança.


LEITURA II - 1 Jo 2,1-5a
Leitura da Primeira Epístola de S. João

Meus filhos,
escrevo-vos isto, para que não pequeis. Mas se alguém pecar,
nós temos Jesus Cristo, o Justo, como advogado junto do Pai.
Ele é a vítima de propiciação pelos nossos pecados,
e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro.
E nós sabemos que O conhecemos,
se guardamos os seus mandamentos.
Aquele que diz conhecê-l'O
e não guarda os seus mandamentos
é mentiroso e a verdade não está nele.
Mas se alguém guardar a sua palavra,
nesse o amor de Deus é perfeito.


EVANGELHO - Lc 24,35-48
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Lucas

Naquele tempo,
os discípulos de Emaús
contaram o que tinha acontecido no caminho
e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão.
Enquanto diziam isto, Jesus apresentou-Se no meio deles
e disse-lhes: «A paz esteja convosco».
Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito.
Disse-lhes Jesus:
«Porque estais perturbados
e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações?
Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo;
tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos,
Como vedes que Eu tenho».
Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés.
E como eles, na sua alegria e admiração,
não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes:
«Tendes aí alguma coisa para comer?»
Deram-Lhe uma posta de peixe assado,
que Ele tomou e começou a comer diante deles.
Depois disse-lhes:
«Foram estas as palavras que vos dirigi,
quando ainda estava convosco:
'Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito
na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos'».
Abriu-lhes então o entendimento
para compreenderem as Escrituras
e disse-lhes:
«Assim está escrito que o Messias havia de sofrer
e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia,
e que havia de ser pregado em seu nome
o arrependimento e o perdão dos pecados
a todas as nações, começando por Jerusalém.
Vós sois as testemunhas de todas estas coisas».


Ressonâncias

O Evangelho deixa bem claro que a Ressurreição de Jesus foi um facto, mas os apóstolos não conseguiram acreditar facilmente na Ressurreição. O caminho foi longo, difícil, penoso, carregado de dúvidas e incertezas.

O caminho espiritual dos apóstolos para chegar à fé continua o mesmo. Como eles, também nós podemos "ver" Cristo ressuscitado, no meio de muitas dúvidas, incertezas e medos. Quando nos reunimos em comunidade, sempre que encontramos a sua palavra, ele está entre nós. Aos poucos os nossos olhos vão se abrindo e vamos descobrindo que, quem morre com Ele, com Ele entra na plenitude da vida de Deus.
Destacamos, assim, alguns elementos:

1. Os discípulos descobriram a presença de Jesus, vivo e ressuscitado, no meio da comunidade. Cristo continua a ser o centro, onde a comunidade se constrói e se articula.

2. Esse Jesus ressuscitado é o Filho de Deus, que reentrou no mundo de Deus, mas não desapareceu da nossa vida, nem da Comunidade.

3. As dúvidas dos discípulos mostram a dificuldade que eles sentiram em percorrer o caminho da fé, até ao encontro pessoal com o Senhor ressuscitado. Foi uma longa caminhada de amadurecimento da própria fé.

4. O gesto de tocar e comer ensina-nos que o encontro dos discípulos com Jesus ressuscitado foi um facto real e palpável.

5. O Ressuscitado revela o sentido profundo das Escrituras. A comunidade deve reunir-se com Jesus ressuscitado para escutar a Palavra, que sempre ilumina a nossa vida e nos ajuda a descobrir os caminhos de Deus na história.

6. Os discípulos recebem a missão de serem testemunhas de tudo isso. A raiz da Missão é o encontro com o Ressuscitado e a compreensão das Escrituras. Viver e anunciar essa novidade é a missão da comunidade eclesial, que vive do amor e da presença do Senhor em seu meio.

Cristo continua a precisar de testemunhas. E nós somos chamados a testemunhar a presença do Ressuscitado, através de nossas palavras e acções. Até que ponto somos testemunhas de Cristo: conhecendo, vivendo e anunciando essa mensagem? Não adianta proclamar que Jesus ressuscitou e não viver o projeto do Reino que ele anunciou e viveu.

Cristo ainda hoje continua a lembrar-nos: "Vós sois as testemunhas de todas estas coisas"
O que pretendemos testemunhar nesta semana?


Falar com Deus

Certo dia, ao regressar da escola, eu e os meus colegas de escola, avistámos ao longe um homem a quem costumávamos provocar com o nome de Zé Feio, por não ser muito dotado a nível da aparência. Uma chuva de nomes, tão bonitos quanto ele, encheu o ar. Mas nesse dia ele não reagiu, não correu atrás de nós, nem nos ameaçou. Vinha diferente. De vez em quando parava, falava com as plantas, tocava nas pedras dos muros, bailava no meio da estrada e dizia:
– Eu gosto da Maria e a Maria gosta de mim.

Nós ríamos com aquela atitude e concluíamos que para além de Zé limitado na beleza também era no juízo. E lá continuava ele com a mesma ladainha, dizendo a torto e a direito que gostava da Maria e esta gostava dele. Não se importava com a nossa presença nem com o nosso gozo. Só pensava na pessoa amada e repetia vezes sem conta.

Quando o coração está cheio, tem de transbordar. Só falamos daquilo que enche o nosso coração. Recordo isto, ao ouvir os Apóstolos a falar de Cristo. Eles não paravam de falar, sendo por toda a parte Suas testemunhas.
É preciso transformar-se para O ver transformado.

És tu, sou eu que pomos em causa Jesus, dizendo ao mundo se ressuscitou ou não. A nossa pregação só é longa se a devoção for curta.

Pe. José David Quintal Vieira, scj


Eu tenho-Te ao meu lado e não te vejo,
– Sou como os Peregrinos de Emaús!
Mas basta que Tu soltes um lampejo,
P'ra que, em verdade, eu diga: «Este é Jesus!»

Vivo a buscar-Te no maior desejo,
Vivo a buscar-Te por atalhos nus...
E tenho-Te ao meu lado, e não Te vejo,
– Sou como os Peregrinos de Emaús.

Na graça que semeias e derramas,
Meus tristes olhos limpa-mos de escamas,
P'ra que mos cegue todo o Teu fulgor!

Pois sendo como sou de argila impura,
Como é que posso erguer-me a essa altura,
Sem que me venhas ajudar, Senhor?!

António Sardinha

Bendizemos-Te, Pai,
porque Cristo ressuscitado
vem romper os ferrolhos das nossas portas
e corações, fechados pelo medo, pela dúvida,
pela apatia e desânimo.

Custa-nos a crer que Cristo esteja verdadeiramente vivo,
hoje como ontem, e que partilhe connosco a mesa
e o pão da esperança.

E contudo, é seguro: Jesus é o Senhor ressuscitado!
Ele faz brilhar na noite a aurora da ressurreição
para os que crêem apesar da escuridão e do medo.

Não permitas, Senhor,
que ponhamos resistências a acreditar em Ti.

Dá-nos o teu Espírito para que, diante dos nossos irmãos,
sejamos testemunhas valentes
da tua salvação e do teu amor de Pai. Amen.

 

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