II Domingo do Tempo Comum - C

A liturgia de hoje apresenta a imagem do casamento como imagem que exprime de forma privilegiada a relação de amor que Deus (o marido) estabeleceu com o seu Povo (a esposa). A questão fundamental é, portanto, a revelação do amor de Deus.
A primeira leitura apresenta a imagem do casamento para revelar a profunda união que existe entre Deus e a Humanidade. É um amor inquebrável e eterno, que continuamente renova a relação e transforma a esposa, sejam quais forem as suas falhas passadas. Nesse amor nunca desmentido, reside a alegria de Deus.
A segunda leitura fala dos "carismas" – dons, através dos quais continua a manifestar-se o amor de Deus. Como sinais do amor de Deus, eles destinam-se ao bem de todos; não podem servir para uso exclusivo de alguns, mas têm de ser postos ao serviço de todos com simplicidade.
O Evangelho apresenta um "sinal" do programa de Jesus: mostrar aos homens o Pai, que os ama, e os convoca para a alegria e a felicidade plenas.
LEITURA I – Is 62,1-5
Leitura do Livro de Isaías
Por amor de Sião não me calarei,
por amor de Jerusalém não terei repouso,
enquanto a sua justiça não despontar como a aurora
e a sua salvação não resplandecer como facho ardente.
Os povos hão-de ver a tua justiça
e todos os reis a tua glória.
Receberás um nome novo,
que a boca do Senhor designará.
Serás coroa esplendorosa nas mãos do Senhor,
diadema real nas mãos do teu Deus.
Não mais te chamarão «Abandonada»,
nem à tua terra «Deserta»,
mas hão-de chamar-te «Predilecta»
e à tua terra «Desposada»,
porque serás a predilecta do Senhor
e a tua terra terá um esposo.
Tal como o jovem desposa uma virgem,
o teu Construtor te desposará;
e como a esposa é a alegria do marido,
tu serás a alegria do teu Deus.
Refrão: Anunciai em todos os povos as maravilhas do Senhor.
Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor, terra inteira,
cantai ao Senhor, bendizei o seu nome.
Anunciai dia a dia a sua salvação,
publicai entre as nações a sua glória,
em todos os povos as suas maravilhas.
Dai, ó Senhor, ó família dos povos,
dai ao Senhor glória e poder,
dai ao Senhor a glória do seu nome.
Adorai o senhor com ornamentos sagrados,
trema diante d'Ele a terra inteira;
dizei entre as nações: «O Senhor é Rei»,
governa os povos com equidade.
Leitura da primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Há diversidade de dons espirituais,
mas o Espírito é o mesmo.
Há diversidade de ministérios,
mas o Senhor é o mesmo.
Há diversidade de operações,
mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos.
Em cada um se manifestam os dons do Espírito
para o bem comum.
A um o Espírito dá a mensagem da sabedoria,
a outro a mensagem da ciência, segundo o mesmo Espírito.
É um só e o mesmo Espírito
que dá a um o dom da fé, a outro o poder de curar;
a um dá o poder de fazer milagres,
a outro o de falar em nome de Deus;
a um dá o discernimento dos espíritos,
a outro o de falar diversas línguas,
a outro o dom de as interpretar.
Mas é um só e o mesmo Espírito que faz tudo isto,
distribuindo os dons a cada um conforme Lhe agrada.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
realizou-se um casamento em Caná da Galileia
e estava lá a Mãe de Jesus.
Jesus e os seus discípulos
foram também convidados para o casamento.
A certa altura faltou o vinho.
Então a Mãe de Jesus disse-Lhe:
«Não têm vinho».
Jesus respondeu-Lhe:
«Mulher, que temos nós com isso?
Ainda não chegou a minha hora».
Sua Mãe disse aos serventes:
«Fazei tudo o que Ele vos disser».
Havia ali seis talhas de pedra,
destinadas à purificação dos judeus,
levando cada uma de duas a três medidas.
Disse-lhes Jesus:
«Enchei essas talhas de água».
Eles encheram-nas até acima.
Depois disse-lhes:
«Tirai agora e levai ao chefe de mesa».
E eles levaram.
Quando o chefe de mesa provou a água transformada em vinho,
– ele não sabia de onde viera,
pois só os serventes, que tinham tirado a água, sabiam –
chamou o noivo e disse-lhe:
«Toda a gente serve primeiro o vinho bom
e, depois de os convidados terem bebido bem,
serve o inferior.
Mas tu guardaste o vinho bom até agora».
Foi assim que, em Caná da Galileia,
Jesus deu início aos seus milagres.
Manifestou a sua glória
e os discípulos acreditaram n'Ele.

No contexto de um casamento, em Caná, Jesus realiza o primeiro milagre, transformando a água em vinho. É "sinal" de uma realidade mais profunda: é uma síntese de tudo o que Jesus fará depois: é Ele o esposo que celebrará as núpcias com a humanidade.
O cenário do casamento reflecte o contexto da Aliança entre Israel e Javéh. A essa "aliança", em certo momento, vem a faltar o vinho. O vinho é símbolo do amor entre o marido e a esposa, da alegria e da festa. Constata-se que a antiga Aliança tornou-se uma relação seca, sem alegria, sem amor e sem festa, que já não proporciona o encontro amoroso entre Israel e o seu Deus.
Esta realidade de uma "aliança" estéril e falida é representada pelas "seis talhas de pedra destinadas à purificação dos judeus". O número seis evoca a imperfeição, o incompleto; a "pedra" lembra as tábuas de pedra da Lei do Sinai e os corações de pedra de que falava o profeta Ezequiel; a referência à "purificação" faz recordar os ritos e exigências da antiga Lei que revelavam um Deus impositivo, que guarda distâncias. Um Deus assim pode-se temer, mas não amar. As talhas estão "vazias" porque todo este aparato era inútil e ineficaz: não servia para aproximar o homem de Deus, mas sim para o afastar desse Deus difícil e distante.
As Bodas de Caná sem vinho representam a situação do povo, desiludido e insatisfeito. O amor foi substituído pela observância da lei.
As personagens apresentados:
– a Mãe: é ela que se apercebe da situação ("não têm vinho"): representa o Israel fiel, que já tinha percebido a realidade e esperava que o Messias viesse transformar essa situação;
– o chefe de mesa representa os dirigentes judeus, que não percebem que a antiga "Aliança" já caducou;
– os serventes são os que colaboram com o Messias, que estão dispostos a fazer tudo "o que ele disser" para que a "Aliança" seja revitalizada;
– Jesus: é a Ele que o Israel fiel (a "mulher"/mãe) se dirige no sentido de dar nova vida a essa "aliança" caduca.
A obra de Jesus não será preservar as instituições antigas, mas realizar uma profunda transformação. Ele veio trazer à relação entre Deus e os homens o vinho da alegria, do amor e da festa. Isso acontecerá quando chegar a "Hora".
As Bodas continuam... e somos também convidados...
Quando a relação com Deus se resume num jogo complicado de ritos externos, de regras e de obrigações que é preciso cumprir, a religião torna-se um pesadelo insuportável que tiraniza e oprime.
Jesus veio revelar-nos Deus como um Pai bondoso e terno, que fica feliz quando pode amar os seus filhos. É esse o "vinho" que Jesus veio trazer para alegrar a "aliança": o "vinho" do amor de Deus, que produz alegria e que nos leva à festa do encontro com o Pai e com os irmãos.
A nossa "religião" é de facto um encontro com o Jesus, que nos dá o vinho do amor?
O que os nossos olhos e os nossos lábios revelam aos outros? A alegria que brota de um coração cheio de amor, ou o medo e a tristeza que brotam de uma religião de leis e de medo?
Com que personagem das Bodas nos identificamos?
– com o chefe de mesa, comodamente instalado numa religião estéril e vazia?
– com a "mulher"/mãe que pede a Jesus que resolva a situação?
– ou com os "serventes" que vão fazer "tudo o que Ele disser" e colaborar com Jesus no estabelecimento da nova realidade?
Nas bodas de Caná está representada a nossa relação com Deus, como uma relação nupcial, amorosa e festiva. Caná narra os caminhos do amor humano, sujeito à caducidade, à precariedade e à corruptibilidade.
Tantas vezes, no xadrez da nossa história falta o vinho da alegria, da beleza e do amor. Quando inicia a pobreza do "vinho de casa", quando o júbilo do amor diminui, Deus intervém para que a vida se encha, multiplique, aumente em abundância.
As bodas de Caná também atestam que é no seio do amor humano que Deus intervém e realiza os seus maiores milagres.
É este o Deus em que eu acredito: o Deus da festa, do amor que dança, um Deus feliz que faz do amor o lugar onde brotam milagres, um Deus alegre que dá vontade de existir e de acredita: o Deus das bodas de Caná!
Senhor, de coração tenso,
no colorido da vida que dói e desabrocha em cada sim,
coloco a minha talha aos teus cuidados.
Fendida, e frágil, vazia de amor, aspira ao que a preenche,
à festa do teu toque, ao perfume do teu estar,
à ternura do tua Palavra,
à beleza do teu canto que me abraça e me dá vida.
Senhor, de coração em festa,
neste misterioso laço que me atrai,
anseio acreditar sempre mais
e provar a deliciosa essência do teu amor por mim!
Participemos das Bodas de Caná

Hoje, o Evangelho convida-nos para um casamento. Será o primeiro milagre de Jesus. S. João apresenta seu relato evangélico a partir do fio condutor da "hora". Tudo o que ele recolheu sobre Jesus tem como finalidade levar o leitor à contemplação da entrega suprema de Cristo, verdadeira "hora" na qual o Senhor dará por terminado o que o Pai lhe havia confiado: "Tudo está consumado" (Jo 19, 30). Por isso, Jesus insiste em que ninguém modifique seu "horário" redentor: explica-se assim que, no relato das bodas de Caná, Jesus diga à sua Mãe: "Mulher, a minha hora ainda não chegou." (Jo 2, 4). Não é um desprezo do Senhor em relação a Maria, mas uma afirmação que Ele faz da absoluta primazia das coisas do seu Pai, às quais se dedicará antes que a qualquer outra.
É a primeira hora, antecipação daquela derradeira, em que Maria, junto a João, voltará a aparecer na cena de Jesus, que se dirigirá novamente a ela para chamá-la com o mesmo nome, "mulher", tornando-a "mãe" de João e da nova humanidade que nascerá quando Jesus ressuscitar no primeiro dia da semana, isto é, também "três dias depois" daquela cena ao pé da cruz.
Maria percebe algo que falta: o vinho. Faz da sua descoberta uma petição ao seu Filho e convida os que estavam a servir a escutarem esta Palavra de Jesus: "Fazei tudo o que Ele vos disser". Ela propõe-lhes o que no fundo foi a sua vida desde que decidiu que se cumprisse nela a vontade de Deus: "Faça-se em mim segundo a tua palavra".
Qual é o vinho que nos falta neste mundo? O vinho da paz, da ternura; o vinho da fé, da esperança e do amor; o vinho da verdade? Quando faltam esses vinhos, a vida se "avinagra". Surgem os interesses partidários, as fraudes económicas, as banalidades vácuas, a mentira como ferramenta de comunicação, o relativismo moral, a violência e o terror.
Maria viu o que faltava no casamento, fez sua essa necessidade solidariamente e colocou mãos à obra. Não ficou apenas relatando o que acontecia e lamentando pelo que faltava ou estava ruim. Perceber o "vinho" que nos falta, dar uma mão no que depender de nós, tendo na Palavra de Jesus nossa força e nossa luz. Caná foi isso. Maria foi assim.
O Evangelho termina afirmando que "os seus discípulos acreditaram n'Ele" (Jo 2, 11). O final é que, havendo vinho, houve festa e os discípulos, vendo o sinal, o milagre, acreditaram em Jesus. Sim, precisamos de milagres de "vinho"; o mundo precisa ver que os vinagres do absurdo se transformam em vinho bom e generoso, o do amor e da esperança, o que germina na fé.
Há sempre um brinde por fazer... Que seja com um vinho como o de Maria em Caná.
Advento 2018
• tempo de preparação da vinda de Jesus;
• tempo de encontrar espaço em nós para Jesus nascer;
• tempo de partilha do que somos e temos acolhendo Jesus;
• tempo de nos fazermos pequeninos para receber Jesus pequenino.
A Catequese da Paróquia de Queijas promove durante o Advento um conjunto de iniciativas para nos ajudar a preparar e a viver o Natal de Jesus.
A Catequese da Infância irá apresentar, semanalmente, um pequeno desafio para a comunidade.
A Catequese da Adolescência organizará a recolha dos bens que irão ser partilhados.
Somos assim interpelados à solidariedade e à partilha. Traz, dominicalmente, uma pequena dádiva alimentar para o Banco Alimentar Paroquial. Os alimentos recolhidos serão entregues a quem mais precisa da nossa comunidade.
Motivados por este espírito solidário, convido-te a realizarmos juntos esta caminhada para o Presépio, no sentido de continuar a abrir a porta do nosso coração a Jesus que vem. Espero por ti na Missa dominical [9h30, 10h30, 11h45], ou na Missa vespertina das 18h30!
Vem, o Menino Jesus vai nascer e aguarda a tua presença amiga!
A parábola da NET
Ocorreu, com pompa e circunstância, mais uma edição da Web Summit: um evento mundial dedicado às novas tecnologias, que teve o condão de reunir, em Lisboa, milhares de especialistas de todo o mundo, entre os quais o próprio inventor da net, Tim Berners-Lee.
Quando, em 1989, se criou a internet, ninguém supunha que, em pouco mais de vinte e cinco anos, tornar-se-ia no principal meio de comunicação mundial. Hoje, se não for ligado à net, já quase não se consegue trabalhar.
É pela net que nos chegam as principais notícias, em tempo real. Pelanet temos acesso, quase instantâneo, à realidade internacional, sem necessidade de esperar, à hora certa, um noticiário. Na net temos, a qualquer hora do dia ou da noite, acesso a uma central de dados verdadeiramente impressionante, muito embora nem sempre a informação fornecida seja fidedigna.
Mas este instrumento, que mais não é do que uma sofisticada e apurada tecnologia, é susceptível de se transformar num instrumento maligno, se for utilizado de forma contrária à dignidade humana. Com efeito, pela net pode-se fabricar uma bomba caseira; pode-se contactar uma organização terrorista; pode-se caluniar uma pessoa inocente; pode-se cair na armadilha de uma falsa amizade; etc. A própria net pode ser viciante: há quem tenha ficado tão dependente, que já não consegue despegar do ecrã.
Entre os que louvam e quase idolatrizam esta tecnologia e os que a diabolizam, há um justo meio, que é onde se situa, precisamente, a doutrina da Igreja. Como instrumento que é, a net não é, em si mesma, boa nem má. Como qualquer outro meio tecnológico, a bondade ou maldade da net depende do objecto da acção em que for utilizada, bem como da intenção do agente. A web é boa quando é utilizada para o bem, mas é prejudicial quando se transforma num mecanismo de ampliação do mal, numa estrutura de pecado.
Alguém, há dois mil anos, Jesus disse-o, profeticamente: “o reino dos céus é ainda semelhante a uma rede (net, em inglês) lançada ao mar, que colhe toda a casta de peixes. Quando está cheia, os pescadores tiram-na para fora e, sentados na praia, escolhem os bons para cestos e deitam fora os maus” (Mt 13, 47-48).
A net é, sem dúvida, uma tecnologia extraordinária, mas requer, como na homónima parábola de Cristo se refere, capacidade de discernimento. Na vida pessoal, familiar e empresarial, a net não deve ser um pretexto para o egoísmo, nem para a vã curiosidade, mas um instrumento ao serviço da fé e da caridade: um meio que nos una mais ao nosso próximo e não que dele nos afaste. Que esta rede não nos separe de Deus, nem dos outros, mas seja, em frutos de santidade pessoal, tão abundante quanto a rede da pesca milagrosa (cf Jo 21, 1-8), e nos faça, como aos apóstolos, pescadores de homens (Mt 4, 19)!
Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada, in Boletim da Capelania, 26-11-2018
Apenas passei para o outro lado do Caminho
«A morte não é nada. Eu só passei para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vós sois vós. O que eu era para vós, continuarei a sê-lo.
Dêem-me o nome que sempre me deram, falem comigo como sempre fizeram.
Vós continuais a viver no mundo das criaturas, eu agora vive no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim.
Que o meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou de tristeza.
A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado.
Porque estaria eu fora dos vossos pensamentos, agora que estou apenas fora do vosso olhar?
Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho...
Tu que ficaste aí, vai em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi.»
Henry Scott-Holland, in "Death the King of Terrors"
A morte não é nada.
Apenas passei para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu. Tu és tu.
O que fomos um para o outro ainda o somos.
Dá-me o nome que sempre me deste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom a um triste ou solene.
Continua rindo com aquilo que nos fazia rir juntos.
Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo.
Que o meu nome se pronuncie em casa,
como sempre se pronunciou.
Sem nenhuma ênfase, sem rosto de sombra.
A vida continua significando o que significou:
continua sendo o que era.
O cordão de união não se quebrou.
Porque estaria eu fora dos teus pensamentos,
apenas porque estou fora de tua vista?
Não estou longe,
Somente estou do outro lado do caminho.
Já verás, tudo está bem.
Redescobrirás o meu coração,
e nele redescobrirás a ternura mais pura.
Seca as tuas lágrimas e, se me amas,
não chores mais.
[Henry Scott-Holland, in "Death the King of Terrors" (adaptação)]
Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação
Bem-aventurados os amigos do ambiente, que se preocupam com a mãe Terra, porque terão vida longa, feliz e saudável!
Vamos celebrar, no próximo dia 1 de Setembro de 2018, o IV Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, instituído pelo Papa Francisco em 15 de Setembro de 2015.
O objectivo desta jornada, segundo o Papa Francisco, “é proporcionar aos fiéis e às comunidades eclesiais a preciosa oportunidade para renovar a adesão pessoal à própria vocação de guardiã da criação; esta data é uma ocasião para elevarmos a Deus um hino de acção de graças pela sua obra maravilhosa que confiou aos nossos cuidados, invocando a sua ajuda para a protecção da criação e a sua misericórdia pelos pecados cometidos contra o mundo em que vivemos”.
“Como cristãos, diz o Papa, queremos oferecer a nossa contribuição para superar a crise ecológica que a humanidade está a viver. Por isso, devemos, antes de tudo, procurar no nosso rico património espiritual as motivações que alimentam a paixão pelo cuidado da criação, recordando sempre os que crêem em Jesus Cristo, Verbo de Deus que se fez homem por nós.”
O papa recorda-nos ainda que a crise ecológica impele-nos "a uma profunda conversão espiritual” e sublinha que “os cristãos são chamados a uma conversão ecológica”. E, na encíclica “Laudato si”, reafirma-nos que a terra “pode ser comparada a uma irmã, com quem partilhamos a existência, e a uma mãe, que nos acolhe nos seus braços”, lembrando-nos que a terra está a ser maltratada e saqueada e os seus gemidos unem-se aos clamores de todos os abandonados do mundo.
Por isso, o Santo Padre convida-nos todos a escutar esses gemidos e clamores, exortando-nos a uma “conversão ecológica” e a “mudar de rumo”, assumindo a responsabilidade e o compromisso do “cuidado da casa comum”, a Criação. Esta também é missão da Igreja!
ORAÇÃO PELA NOSSA TERRA
«Deus Omnipotente,
que estais presente em todo o universo
e na mais pequenina das vossas criaturas,
Vós que envolveis com a vossa ternura
tudo o que existe,
derramai em nós a força do vosso amor
para cuidarmos da vida e da beleza.
Inundai-nos de paz,
para que vivamos como irmãos e irmãs
sem prejudicar ninguém.
Ó Deus dos pobres,
ajudai-nos a resgatar
os abandonados e esquecidos desta terra
que valem tanto aos vossos olhos.
Curai a nossa vida,
para que protejamos o mundo
e não o depredemos,
para que semeemos beleza
e não poluição nem destruição.
Tocai os corações
daqueles que buscam apenas benefícios
à custa dos pobres e da terra.
Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa,
a contemplar com encanto,
a reconhecer que estamos profundamente unidos
com todas as criaturas
no nosso caminho para a vossa luz infinita.
Obrigado porque estais connosco todos os dias.
Sustentai-nos, por favor, na nossa luta
pela justiça, o amor e a paz.»
Papa Francisco
Oração cristã com a Criação
«Nós Vos louvamos, Pai,
com todas as vossas criaturas,
que saíram da vossa mão poderosa.
São vossas e estão repletas da vossa presença
e da vossa ternura. Louvado sejais!
Filho de Deus, Jesus,
por Vós foram criadas todas as coisas.
Fostes formado no seio materno de Maria,
fizestes-Vos parte desta terra,
e contemplastes este mundo com olhos humanos.
Hoje estais vivo em cada criatura
com a vossa glória de ressuscitado. Louvado sejais!
Espírito Santo, que, com a vossa luz,
guiais este mundo para o amor do Pai
e acompanhais o gemido da criação,
Vós viveis também nos nossos corações
a fim de nos impelir para o bem. Louvado sejais!
Senhor Deus, Uno e Trino,
comunidade estupenda de amor infinito,
ensinai-nos a contemplar-Vos na beleza do universo,
onde tudo nos fala de Vós.
Despertai o nosso louvor e a nossa gratidão
por cada ser que criastes.
Dai-nos a graça de nos sentirmos
intimamente unidos a tudo o que existe.
Deus de amor,
mostrai-nos o nosso lugar neste mundo
como instrumentos do vosso carinho
por todos os seres desta terra,
porque nem um deles sequer é esquecido por Vós.
Iluminai os donos do poder e do dinheiro
para que não caiam no pecado da indiferença,
amem o bem comum, promovam os fracos,
e cuidem deste mundo que habitamos.
Os pobres e a terra estão bradando:
Senhor, tomai-nos
sob o vosso poder e a vossa luz,
para proteger cada vida,
para preparar um futuro melhor,
para que venha o vosso Reino
de justiça, paz, amor e beleza.
Louvado sejais! Amen.»
Papa Francisco