Jesus: Caminho, Verdade e Vida
“Senhor Jesus Cristo,
Caminho, Verdade e Vida,
rosto humano de Deus
e rosto divino do homem”,
acendei em nossos corações
o amor ao Pai que está nos céus
e a alegria de sermos cristãos.
Vinde ao nosso encontro
e guiai os nossos passos
para seguir-vos e amar-vos
na comunhão da vossa Igreja,
celebrando e vivendo
o dom da Eucaristia,
carregando a nossa cruz,
e urgidos por vosso envio.
Dai-nos sempre o fogo
de vosso Santo Espírito,
que ilumine as nossas mentes
e desperte entre nós
o desejo de contemplar-vos,
o amor aos irmãos,
especialmente aos afligidos,
e o ardor por anunciar-vos
no início deste século.
Discípulos e missionários vossos,
nós queremos remar mar adentro,
para que os nossos povos
tenham em Vós vida abundante,
e construam com solidariedade
a fraternidade e a paz.
Senhor Jesus, vinde e enviai-nos!
Maria, Mãe da Igreja,
rogai por nós.
Amen.
(Oração do Papa Bento XVI
para a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe)
O desejo da Vida Eterna
«Hoje (…) é bom tomarmos consciência de que a vivência do sofrimento e da morte têm um sentido ou outro, segundo esperamos ou não esperamos a vida eterna. É que só esta dá sentido ao sofrimento e resolve o enigma da morte, na qual a vida não acaba, apenas se transforma.
Para nós cristãos, esta esperança na vida eterna não é apenas um valor natural de quem admite uma outra vida para além da morte; é uma virtude teologal, é fruto do Espírito de Cristo em nós, que nos uniu a Ele no Batismo e nos deu a intimidade de “filhos de Deus”.
O desejo da vida eterna é, no cristão, expressão espontânea da vida em Cristo, experimentada neste mundo. As alegrias da fé, fruto da intimidade com Deus em Cristo, são já as primícias da plenitude futura. A vivência cristã da vida neste mundo é já da ordem do mundo futuro.
Porque se trata de “primícias”, ela gera espontaneamente o desejo da plenitude definitiva, o que leva, por vezes, os santos a desejarem a própria morte, apenas porque ela é a porta necessária para entrar na plenitude da vida.»
D. José Policarpo, Sé Patriarcal de Lisboa, 01-11-2005
Solenidade do Corpo de Deus

Na Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, queremos recordar que os actos redentores de Cristo – que culminam na sua paixão, morte e ressurreição – actualizam-se na Eucaristia, celebrada pelo Povo de Deus e presidida pelo ministro ordenado. Por isso, redescobrir a Eucaristia na plenitude é redescobrir Cristo.
Queremos, por isso, hoje agradecer a Deus por este tão grande dom, que o Sehor deu à sua Igreja.
É ao redor do altar que se constrói a comunidade cristã e a vida comunitária. A Eucaristia é a síntese espiritual da Igreja, a plenitude de comunhão do homem com Deus, fonte dos valores eternos e experiência profunda do divino.
Participar da eucaristia dominical é sinal inequívoco de identidade cristã e de pertença à Igreja. Por isso, a Missa é o momento privilegiado que possibilita o encontro com Deus a níveis de fé e de compromisso humano. As leituras reflectem o sentido da Eucaristia.
Na Primeira Leitura Moisés explica o sentido do Maná enviado por Deus para alimentar o Povo no caminho do deserto. O Maná é memorial da acção de Deus no passado e anuncio profético de um novo Pão, que Jesus prometeu aos seu discípulos: a sua Palavra e o seu Corpo.
Na Segunda Leitura, São Paulo afirma que "formamos em Cristo um só Corpo". A Eucaristia não celebra só a nossa união com Deus e a nossa identificação com Cristo; celebra também a união com os irmãos: "O pão é um só, assim nós, embora muitos, somos um só corpo".
O Evangelho apresenta o final do discurso do Pão da Vida. Jesus introduz a grande mensagem de que Ele dará um outro pão.
Leitura do Livro do Deuteronómio
«Recorda-te de todo o caminho que o Senhor teu Deus te fez percorrer
durante quarenta anos no deserto, para te atribular e pôr à prova,
a fim de conhecer o íntimo do teu coração
e verificar se guardarias ou não os seus mandamentos.
Atribulou-te e fez-te passar fome,
mas deu-te a comer o maná que não conhecias
nem teus pais haviam conhecido,
para te fazer compreender que o homem não vive só de pão,
mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor.
Não te esqueças do Senhor teu Deus,
que te fez sair da terra do Egipto, da casa de escravidão,
e te conduziu através do imenso e temível deserto,
entre serpentes venenosas e escorpiões,
terreno árido e sem águas.
Foi Ele quem, da rocha dura,
fez nascer água para ti e, no deserto,
te deu a comer o maná, que teus pais não tinham conhecido».
SALMO RESPONSORIAL (Sl 147, 12-13.14-15.19-20)
Ele reforçou as tuas portas
e abençoou os teus filhos.
e saciou-te com a flor da farinha.
Envia à terra a sua palavra,
corre veloz a sua mensagem.
suas leis e preceitos a Israel.
Não fez assim com nenhum outro povo,
a nenhum outro manifestou os seus juízos.
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Não é o cálice de bênção que abençoamos
a comunhão com o Sangue de Cristo?
Não é o pão que partimos a comunhão com o Corpo de Cristo?
Visto que há um só pão, nós,
embora sejamos muitos, formamos um só corpo,
porque participamos do mesmo pão.
SEQUÊNCIA
Terra, exulta de alegria,
Louva o teu pastor e guia,
Com teus hinos, tua voz.
Quanto possas tanto ouses,
Em louvá-l'O não repouses:
Sempre excede o teu louvor.
Hoje a Igreja te convida:
O pão vivo que dá vida
Vem com ela celebrar.
Este pão - que o mundo creia -
Por Jesus na santa Ceia
Foi entregue aos que escolheu.
Eis o pão que os Anjos comem
Transformado em pão do homem;
Só os filhos o consomem:
Não será lançado aos cães.
Em sinais prefigurado,
Por Abraão imolado,
No cordeiro aos pais foi dado,
No deserto foi maná.
Bom pastor, pão da verdade,
Tende de nós piedade,
Conservai-nos na unidade,
Extingui nossa orfandade
E conduzi-nos ao Pai.
Aos mortais dando comida,
Dais também o pão da vida:
Que a família assim nutrida
Seja um dia reunida
Aos convivas lá do Céu.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
«Eu sou o pão vivo descido do Céu.
Quem comer deste pão viverá eternamente.
E o pão que Eu hei-de dar é a minha Carne,
que Eu darei pela vida do mundo».
Os judeus discutiam entre si:
«Como pode Ele dar-nos a sua Carne a comer?».
Jesus disse-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Se não comerdes a Carne do Filho do homem
e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós.
Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna;
e Eu o ressuscitarei no último dia.
A minha Carne é verdadeira comida e o meu Sangue é verdadeira bebida.
Quem come a minha Carne
e bebe o meu Sangue permanece em mim e Eu nele.
Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai,
também aquele que Me come viverá por Mim.
Este é o pão que desceu do Céu;
não é como aquele que os vossos pais comeram, e morreram;
quem comer deste pão viverá eternamente».
Ressonâncias
O pão do céu é a Palavra de Deus, a mensagem do Pai que Jesus veio trazer. Esta palavra é para os homens verdadeiro pão da vida.
Mas para que essa Palavra se transforme em vida, deve encarnar nas pessoas, deve tornar-se concreta e visível. A encarnação perfeita dessa Palavra é Jesus.
Quando nós comemos o pão material, ele é assimilado, torna-se parte de nós mesmos, transforma-se na nossa própria carne. Jesus diz-nos que o Pão é Ele mesmo. É a Sua pessoa que deve ser comida, que deve ser assimilada por nós.
Comungar Cristo significa, portanto, assimilar a realidade humana de Jesus e identificar-se com Ele no cumprimento da vontade do Pai; isto implica que ofereçamos o nosso ser, para que ele possa continuar a viver, a sofrer, a dar-se e a ressuscitar em nós.
O Pão da Eucaristia deve ser recebido com fé de modo a transformar-nos mais intimamente na pessoa de Jesus.
Adorar quer dizer colocar-se diante do pão partido, que nos torna presente a vida de Jesus, partido por amor para a humanidade. Só quando nos mantemos nesta disposição de nos deixar transformar na pessoa de Jesus, podemos realmente afirmar que toda a nossa vida está iluminada pela Eucaristia.
nos deixastes o memorial da vossa paixão,
concedei-nos a graça de venerar
de tal modo os mistérios do vosso Corpo e Sangue
que sintamos continuamente os frutos da vossa redenção.
Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo.»
Nela encontra a razão da sua existência,
a fonte inesgotável da sua santidade,
a força da unidade e o vínculo da comunhão,
o vigor da sua vitalidade evangélica,
o princípio da sua acção de evangelização,
a fonte da caridade e o impulso da promoção humana,
a antecipação da sua glória no banquete eterno
Gratidão
Deus de graça e misericórdia, com Maria – Senhora do Rosário de Fátima – louvamos-te de coração agradecido por derramares a tua graça sobre os nossos corações. Ave Maria!
«O termo coração, na linguagem bíblica, significa o centro da existência humana, uma confluência da razão, vontade, temperamento e sensibilidade, onde a pessoa encontra a sua unidade e orientação interior.
O “coração imaculado” é, segundo o evangelho de Mateus (Mt 5, 8), um coração que a partir de Deus chegou a uma perfeita unidade interior e, consequentemente, “vê a Deus”. Portanto, “devoção” ao Imaculado Coração de Maria é aproximar-se desta atitude do coração, na qual o fiat – “seja feita a vossa vontade” – se torna o centro conformador de toda a existência.»
(José Ratzinger, in Comentário teológico ao terceiro segredo de Fátima)
O Terço, o caminho de Maria
O Terço coloca-se ao serviço do ideal de que pela fé Jesus habita os corações, oferecendo o ‘segredo’ para se abrir mais facilmente a um conhecimento profundo e empenhado de Cristo.
Digamos que é o caminho de Maria, o caminho do exemplo da Virgem de Nazaré, mulher de fé, silêncio e escuta. É, ao mesmo tempo, o caminho de uma devoção mariana animada pela certeza da relação indivisível que liga Cristo à sua Mãe Santíssima: os mistérios de Cristo são também, de certo modo, os mistérios da Mãe, mesmo quando não está directamente envolvida, pelo facto de ela viver d’Ele e para Ele.
Na Ave-Maria, apropriando-nos das palavras do Arcanjo Gabriel e de Santa Isabel, sentimo-nos levados a procurar sempre de novo, em Maria, nos seus braços e no seu coração, o fruto bendito do seu ventre (cf. Lc 1, 42).
S. João Paulo II