PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

igreja1 vitral1 igreja2 Auditorio vitral2 vitral4 igreja3 vitral3 Slide Cspq1 Slide cspq7 Slide igreja4 Slide cspq3 Slide cspq5 Slide pinturas Slide cspq8 Slide vitral5 Slide cspq6 Slide cspq2 Slide cspq4

Só há uma infelicidade, que é a de não sermos santos

Sant082Sophia de Mello Breyner naquele conto tão conhecido, «O retrato de Mónica», explica que a poesia é-nos dada uma vez e quando dizemos que não ela afasta-se. O amor é-nos dado algumas vezes, e também se o recusamos ele distancia-se de nós. Mas a santidade é-nos dada todos os dias como possibilidade. E se a recusamos teremos de a recusar todos os dias da nossa vida, porque quotidianamente a santidade se avizinha de nós como possibilidade.

Contudo, fizemos da santidade uma coisa tão extraordinária, abstracta e inalcançável, que quase não ousamos falar dela. De certa forma, habituamo-nos a olhar para a experiência cristã como que acontecendo a duas velocidades: o caminho heróico dos santos e a frágil estrada que é aquela de todos os outros, e por maior razão a nossa. Ora esta concepção de santidade não pode estar mais longe daquilo que a tradição cristã propõe. O Concílio Vaticano II, por exemplo, deixa bem claro: a santidade é vocação mais inclusiva e comum. Mas é preciso entender de que falamos quando falamos de santidade.

Bastar-nos-ia certamente ler as bem-aventuranças. Jesus não declara que os bem-aventurados são os outros, os que não estão ali. Jesus olha para a multidão e começa a dizer: "bem-aventurados vós os pobres", "bem-aventurados vós os aflitos", "bem-aventurados vós os misericordiosos". Que quer isto dizer? Que são, no fundo, as nossas pobrezas, fragilidades, aflições, mansidões, procuras e sedes que dão a substância da bem-aventurança, a matéria da santidade. É naquilo que somos e fazemos, no mapa vulgaríssimo de quanto buscamos, na humilde e mesmo monótona geografia que nos situa, na pequena história que dia-a-dia protagonizamos que podemos ligar a terra e o céu. Falar de santidade em chave cristã passou a ser isso: acreditar que a humanidade do homem se tornou morada do divino de Deus.

Conta-se que um dia, uma dona de casa quis também criar uma seita, pois não estava disposta a deixar-se ficar atrás dos outros, assistindo ao quotidiano espectáculo da sua proliferação. E decidiu então começar uma seita em que ela e a sua empregada, eram, digamos, os "gurus" e os profetas daquela nova bolha. E, a verdade, é que aquilo começou a ter uma certa importância, e era sempre ela e a empregada, a empregada e ela... Passados uns tempos, vieram os jornalistas entrevistá-la. Escolheram, naturalmente, falar com a dona de casa... e inquiriram:

— "A senhora está contente?..."
— "Muito, estou muito contente com a igreja que eu fundei, mas olhem que eu já estou a pensar noutra!".

— "Já está a pensar noutra?"
— "Sim, acho que tem de haver uma seita em que seja só eu profeta".

Dizer "santificado seja o Vosso nome" é viver no inconformismo em relação às experiências de Deus que são claramente egóticas e insuficientes. É ter coragem, ter audácia de dizer: "Deus sê Deus em mim. Ensina-me a ser discípulo, fiel à escuta, à sugestão do Espírito, à aprendizagem da Palavra, disponível para as suas implicações históricas. O Teu Nome, ó Deus, é um "não Nome"; é um desafio para me colocar cada dia à escuta do Teu Nome. Que eu não me tranque por dentro num confortável reservatório de certezas, mas olhe com frescura os caminhos, esperados e inesperados, que Tu me apontas...".

Em Toledo, está escrito à entrada de um mosteiro do século XII: "Não há caminhos, há que caminhar". Dizer "santificado seja o Vosso nome" é, assim, aceitar sermos peregrinos do Nome de Deus... é tomar para si a condição de Abraão, a condição de todo o povo de Deus que foi peregrino do nome e do rosto de Deus, a condição de Jesus que «não tinha onde reclinar a cabeça», construindo uma história de santidade, e nada mais.

«Sede santos, porque Eu, o vosso Deus, sou santo» (Lv 11,45). O escritor Léon Bloy dizia: «Só há uma infelicidade, que é a de não sermos santos». E, contudo, como o testemunha Sophia de Mello Breyner, a santidade é-nos dada, como possibilidade real, em cada dia: «a santidade é oferecida a cada pessoa de novo cada dia, e por isso aqueles que renunciam à santidade são obrigados a repetir a negação todos os dias». É como desafio a uma santidade vivida que também São Cipriano explica este segmento do Pater. Incita ele: «peçamos e imploramos para preservar naquilo que começamos a ser, uma vez santificados no baptismo. E peçamos isto em cada dia, pois, de facto, em cada dia estamos necessitados de santificação... Peçamos para que permaneça em nós esta santificação».

A flor do mundo é a santidade. Essa forma de Deus presente em todos os tempos, em todas as latitudes, em todas as culturas. O que salva o mundo é a santidade: ela dá flexibilidade à dureza, torna uno o dividido, dá liberdade ao aprisionado, põe esperança nos corações abatidos, esconde o pão no regaço dos famintos, abraça-se à dor dos que choram e dança com outros a sua alegria. A santidade é um sulco invisível, mas torna tudo nítido em seu redor. A santidade é anónima e sem alarde. A santidade não é heróica: expressa-se no pequeno, no quotidiano, no usual. O pecado é a banalidade do mal. A santidade é a normalidade do bem. Como fica demonstrado neste poema de Maria de Lourdes Belchior:

«Hoje é dia de todos os santos: dos que têm auréola
e dos que não foram canonizados.
Dia de todos os santos: daqueles que viveram, serenos
e brandos, sem darem nas vistas e que no fim
dos tempos hão de seguir o Cordeiro.
Hoje é dia de todos os Santos: santos barbeiros e
santos cozinheiros, jogadores de football e porque não?
comerciantes, mercadores, caldeireiros e arrumadores
(porque não arrumadoras? se até é mais frequente
que sejam elas a encaminhar o espectador?)
Ao longo dos séculos, no silêncio da noite
e à claridade do dia foram tuas testemunhas;
disseram sim/sim e não/não; gastaram palavras,
poucas, em rodeios, divagações. Foram teus
imitadores e na transparência dos seus gestos a
Tua imagem se divisava. Empreendedores e bravos
ou tímidos e mansos, traziam-te no coração,
Olharam o mundo com amor e os
homens como irmãos.
Do chão que pisavam
rebentava a esperança de um futuro de justiça e de salvação
e o seu presente era já quase só amor.
Cortejo inumerável de homens e mulheres que Te
seguiram e contigo conviveram, de modo admirável:
com os que tinham fome partilharam o seu pão
olharam compadecidos as dores do
mundo e sofreram perseguição por causa da Justiça
Foram limpos de coração e por isso
dos seus olhos jorrou pureza e dos seus lábios
brotaram palavras de consolação.
Amaram-Te e amaram o mundo.
Cantaram os teus louvores e a beleza da Criação.
E choraram as dores dos que desesperam.
Tiveram gestos de indignação e palavras proféticas
que rasgavam horizontes límpidos.
Estes são os que seguem o Cordeiro
porque te conheceram e reconheceram e de ti receberam
o dom de anunciar ao mundo a justiça e a salvação»

Dizer "santificado seja o Vosso nome" é dizer a Deus: sê inteiro, não deixes que eu Te divida ou diminua, em função do meu egoísmo e dos meus humores... Sê como és, manifesta-Te em mim e na universalidade, manifesta-Te naquilo que é diferente e oposto a mim, naquilo que me contraria. Livra-me de ser um limite para o Teu amor. Que a Tua Santidade, ó Deus, seja uma estrela que caminha à nossa frente, a coluna de fogo que vai diante de nós, o assobio do pastor que nos serve de sinal... Na nossa humildade, somos a tenda onde Deus vai acampando no mundo, e cada dia vamos, num lugar diferente, num modo novo... Como escrevia Santo Agostinho: «A santificação do Nome de Deus é a nossa santificação». Os crentes não são gestores de uma empresa externa: são servidores e viajantes, nómadas e enamorados peregrinos, leitores e ouvintes, adoradores...

(José Tolentino Mendonça, In Pai-nosso que estais na terra, ed. Paulinas, 2011)

Acreditar no Céu

crianca24Nesta festa cristã de Todos os Santos, quero partilhar como entendo e procuro viver alguns rasgos da minha fé na vida eterna. Aqueles que conhecem e seguem Jesus Cristo compreenderão estas palavras.

Acreditar no Céu é, para mim, recusar-me a aceitar que a vida de todos e de cada um de nós é apenas um pequeno parêntese entre dois imensos vazios. Apoiando-me em Jesus, intuo, pressinto, desejo e acredito que Deus vai conduzindo para a sua verdadeira plenitude o desejo de vida, de justiça e de paz que se encerra na criação e no coração da humanidade.

Acreditar no Céu é, para mim, rejeitar com todas as minhas forças que essa imensa maioria de homens, mulheres e crianças, que, nesta vida, só conheceram a miséria, a humilhação e os sofrimentos, fique enterrada para sempre no esquecimento. Confiando em Jesus, creio numa vida onde já não haverá pobreza, nem dor, ninguém estará triste, ninguém terá que chorar. Finalmente poderei ver os que vêm nas "pateras" chegar à verdadeira pátria.

Acreditar no Céu é, para mim, aproximar-me com esperança de tantas pessoas sem saúde, enfermos crónicos, deficientes físicos e psíquicos, pessoas mergulhadas na depressão e na angústia, cansadas de viver e de lutar. Seguindo Jesus, acredito que um dia conhecerão o que é viver com paz e saúde total. Hão-de escutar as palavras do Pai: «Entra para sempre na alegria do teu Senhor». Não me resigno a que Deus seja para sempre um "Deus oculto", um "Deus escondido", do qual jamais possamos conhecer o seu olhar, a sua ternura e os seus abraços. Não me posso resignar à ideia de que jamais me poderei encontrar com Jesus. Não me resigno a que tantos esforços por um mundo mais humano e feliz se percam no vazio. Quero que um dia os últimos sejam os primeiros e que as prostitutas nos precedam. Quero conhecer os verdadeiros santos de todas as religiões e de todos os ateísmos, os que viveram amando no anonimato e sem nada esperar.

Um dia havemos de escutar estas incríveis palavras que o Apocalipse põe na boca de Deus: «Ao que tiver sede, Eu lhe darei a beber gratuitamente, da nascente da água da vida» (Ap 21,6). Gratuitamente! Sem o merecer. Assim Deus há-de saciar a sede de vida que há em nós.

José António Pagola

XXX Domingo do Tempo Comum - A

missoes1A Liturgia da palavra deste Domingo focaliza a mensagem principal que devemos anunciar e testemunhar: o maior Mandamento da lei: o Amor.

A primeira leitura afirma que o maior Mandamento é o Amor concretizado através da defesa dos mais necessitados e desprotegidos: os Estrangeiros, as viúvas, os órfãos, os endividados, os pobres. Garante-nos que Deus não aceita situações intoleráveis de injustiça e de opressão, de desrespeito pelos direitos e pela dignidade dos mais pobres e dos mais débeis.

A segunda leitura apresenta-nos o exemplo da comunidade cristã de Tessalónica que, apesar das inúmeras provações, aprendeu a percorrer o caminho do amor e do dom da vida; e esse percurso – cumprido na alegria e na dor — tornou-se semente de fé e de amor, que deu frutos em outras comunidades cristãs.

No Evangelho Jesus resume toda a Lei no Amor: Amor a Deus e aos irmãos. Os dois mandamentos não podem separar-se: "amar a Deus" é cumprir a sua vontade e estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida.


Primeira Leitura (Ex 22,20-26)
Leitura do Livro do Êxodo

Eis o que diz o Senhor:
«Não prejudicarás o estrangeiro, nem o oprimirás,
porque vós próprios fostes estrangeiros na terra do Egipto.
Não maltratarás a viúva nem o órfão.
Se lhes fizeres algum mal e eles clamarem por Mim,
escutarei o seu clamor;
inflamar-se-á a minha indignação
e matar-vos-ei ao fio da espada.
As vossas mulheres ficarão viúvas, e órfãos os vossos filhos.
Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo,
ao pobre que vive junto de ti,
não procederás com ele como um usurário,
sobrecarregando-o com juros.
Se receberes como penhor a capa do teu próximo,
terás de lha devolver até ao pôr do sol,
pois é tudo o que ele tem para se cobrir,
é o vestuário com que cobre o seu corpo.
Com que dormiria ele?
Se ele Me invocar, escutá-lo-ei,
porque sou misericordioso».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 17 (18)
Refrão: Eu vos amo, Senhor: sois a minha força.

Eu Vos amo, Senhor, minha força,
minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador.
Meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança,
meu protector, minha defesa e meu salvador.

Na minha aflição invoquei o Senhor
e clamei pelo meu Deus.
Do seu templo Ele ouviu a minha voz,
e o meu clamor chegou aos seus ouvidos.

Viva o Senhor, bendito seja o meu protector;
exaltado seja Deus, meu salvador.
O Senhor dá ao Rei grandes vitórias
e usa de bondade para com o seu ungido.


Segunda Leitura (1 Tes 1,5c-10)
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Tessalonicenses

Irmãos:
Vós sabeis como procedemos no meio de vós, para vosso bem.
Tornaste-vos imitadores nossos e do Senhor,
recebendo a palavra no meio de muitas tribulações,
com a alegria do Espírito Santo;
e assim vos tornastes exemplo
para todos os crentes da Macedónia e da Acaia.
Porque, partindo de vós, a palavra de Deus ressoou
não só na Macedónia e na Acaia,
mas em toda a parte se divulgou a vossa fé em Deus,
de modo que não precisamos de falar sobre ela.
De facto, são eles próprios que relatam
o acolhimento que tivemos junto de vós
e como dos ídolos vos convertestes a Deus,
para servir ao Deus vivo e verdadeiro
e esperar dos Céus o seu Filho,
a quem ressuscitou dos mortos:
Jesus, que nos livrará da ira que há-de vir.


EVANGELHO (Mt 22,34-40)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
os fariseus, ouvindo dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus,
reuniram-se em grupo,
e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar:
«Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?».
Jesus respondeu:
«'Amarás o Senhor, teu Deus,
com todo o teu coração, com toda a tua alma
e com todo o teu espírito'.
Este é o maior e o primeiro mandamento.
O segundo, porém, é semelhante a este:
'Amarás o teu próximo como a ti mesmo'.
Nestes dois mandamentos se resumem
toda a Lei e os Profetas».


Ressonâncias10Mandam

"Qual é o maior dos mandamentos?" A preocupação em actualizar a Lei, de forma a que ela respondesse a todas as questões que a vida do dia a dia punha, tinha levado os doutores da Lei a deduzir um conjunto de 613 preceitos, dos quais 365 eram proibições e 248 acções a pôr em prática. Esta "multiplicação" dos preceitos legais lançava, evidentemente, a questão das prioridades: todos os preceitos têm a mesma importância, ou há algum que é mais importante do que os outros? É esta a questão que é posta a Jesus.

Jesus responde, fundamentando-se em duas passagens bíblicas: "Amarás o Senhor teu Deus..." (Dt 6,5) e "Amarás o teu próximo como a ti mesmo..." (Lv 19,18). Estes dois mandamentos já eram conhecidos, mas a originalidade deste ensinamento está em dois pontos: define o amor a Deus e ao irmão como o centro essencial da Lei; unifica e equipara os dois mandamentos: "O segundo é semelhante a esse". Portanto, não são dois mandamentos diversos, mas duas faces da mesma moeda. Esses dois mandamentos são a expressão maior da vontade de Deus. São o resumo da Sagrada Escritura.

Ao longo destes dois mil anos de cristianismo fomos criando muitos mandamentos, preceitos, proibições, exigências, opiniões, pecados e virtudes, que arrastamos pesadamente pela história. E acabamos por perder a noção do que é verdadeiramente importante.
Hoje, ficamos a discutir certas questões secundárias, sem discernir muitas vezes o essencial da proposta de Jesus.

O Evangelho deste Domingo é claro: o essencial é o amor a Deus e o amor aos irmãos. Para o cristão, o Amor é fundamental, porque Deus é amor e ama o homem, e o homem é um ser criado para amar. Talvez tenhamos de remover muito lixo acumulado com o tempo, que nos impede de compreender, de viver, de anunciar e de testemunhar o cerne da proposta de Jesus.

O Amor a Deus. Nós manifestámo-lo quando nos mantemosTCalcuta atentos à escuta da Palavra e na disposição de cumprir a sua vontade.Esforço-me, de facto, em escutar as propostas de Deus, mantendo um diálogo pessoal com Ele, procurando reflectir e interiorizar a sua Palavra, tentando interpretar os sinais com que Ele me interpela na vida de cada dia? Tenho o coração aberto ou fechado às suas propostas? Procuro ser testemunha profética de Deus e do seu Reino?
O Amor aos Irmãos. Nós demonstrámo-lo ao dar atenção às pessoas que encontramos pelos caminhos da vida; ao sentirmo-nos solidários com as alegrias e sofrimentos de cada pessoa; ao partilhar as desilusões e esperanças do próximo; ao fazer da nossa vida um dom total a todos. O mundo, em que vivemos, precisa redescobrir o amor, a solidariedade, o serviço, a partilha, o dom da vida...

Estamos no último Domingo do mês missionário. Vivendo intensamente estes dois amores - a Deus e ao Próximo -, crescerá também em nós um novo "ardor missionário".

------------------------------------------------------------------

Próximo é o que vem depois...

A catequista estava a interrogar os seus alunos:
— Quem é capaz de dizer qual é o maior mandamento da Lei do Senhor?
— Amar a Deus e amar o próximo — responderam em coro.

— Muito bem, vê-se que os meninos estão Amar12atentos na catequese e sabem muitas coisas. Mas qual de vós quer dizer quem é o próximo?
Todos ficaram pensativos até que uma menina, sem hesitação, levantou o dedo para falar:
— O próximo é o que vem depois.

A catequista nem queria acreditar no que ouviu:
— Como? Aquele que vem depois?
— Sim. É o que vem a seguir. Ontem, a minha mãe levou-me ao médico e estava lá muita gente. Cada vez que saía uma pessoa do consultório a enfermeira pedia: o próximo.
— É verdade, é assim... confirmaram todos.
— Bendito seja Deus! — concluiu a catequista. Estes meninos sabem mais do que eu.

É o mesmo Senhor Jesus que continua hoje a revelar a Sua lei: Amar a Deus e ao Próximo, amar a Deus que vem primeiro e amar o próximo que vem depois, amar o Mestre e o discípulo que está a seguir, amar o Senhor e amar aquele que dele precisa, amar a Deus e a quem está perto dele porque todos estamos no seu coração.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

Tarde Te amei!

AgostinhoTarde Te amei,
ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Te amei!
Eis que habitávas dentro de mim e eu, lá fora, a procurar-Te!
Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criaste.
Estávas comigo e eu não estava Contigo!
Retinha-me longe de Ti aquilo que não existiria,
se não existisse em Ti.
Porém, chamaste-me com uma voz tão forte
que rompeste a minha Surdez!
Brilhaste, cintilaste e logo afugentaste a minha cegueira!
Exalaste Perfume:
respirei-o, a plenos pulmões, suspirando por Ti.
Saboreei-Te e, agora, tenho fome e sede de Ti.
Tocaste-me e ardi no desejo da Tua Paz.

Santo Agostinho

XXIX Domingo do Tempo Comum - A

dinheiro1

Embriagados pelo turbilhão das novas descobertas, muitos homens do nosso tempo têm a convicção ter o domínio sobre o universo e de descobrir os caminhos da vida e da felicidade, prescindindo até do próprio Deus. A liturgia deste Domingo afirma-nos que Deus é a nossa prioridade e que é a Ele que devemos subordinar toda a nossa existência; mas avisa-nos também que Deus convoca-nos a um compromisso efectivo com a construção do mundo.

A primeira leitura sugere que Deus é o verdadeiro Senhor da história e que é Ele quem conduz a caminhada do seu Povo rumo à felicidade e à realização plena. Os homens que actuam e intervêm na história são apenas os instrumentos de que Deus se serve para concretizar os seus projectos de salvação. (Serviu-se de Ciro, um rei pagão, para libertar o seu povo da Babilónia...)

A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de uma comunidade cristã que colocou Deus no centro do seu caminho e que, apesar das dificuldades, se comprometeu de forma corajosa com os valores e propostas de Deus.

O Evangelho ensina que o homem, sem deixar de cumprir as suas obrigações com a comunidade em que está inserido, pertence a Deus e deve entregar toda a sua existência nas Suas mãos. Tudo o resto deve ser relativizado, inclusive a submissão ao poder político.


Primeira Leitura (Is 45,1.4-6)
Leitura do Livro de Isaías

Assim fala o Senhor a Ciro, seu ungido,
a quem tomou pela mão direita,
para subjugar diante dele as nações
e fazer cair as armas da cintura dos reis,
para abrir as portas à sua frente,
sem que nenhuma lhe seja fechada:
«Por causa de Jacob, meu servo, e de Israel, meu eleito,
Eu te chamei pelo teu nome e te dei um título glorioso,
quando ainda não Me conhecias.
Eu sou o Senhor e não há outro;
fora de Mim não há Deus.
Eu te cingi, quando ainda não Me conhecias,
para que se saiba, do Oriente ao Ocidente,
que fora de Mim não há outro.
Eu sou o Senhor e mais ninguém».


Salmo Responsorial – Salmo 95 (96)
Refrão: Aclamai a glória e o poder do Senhor.

Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor, terra inteira.
Publicai entre as nações a sua glória,
em todos os povos as suas maravilhas.

O Senhor é grande e digno de louvor,
mais temível que todos os deuses.
Os deuses dos gentios não passam de ídolos,
foi o Senhor quem fez os céus.

Dai ao Senhor, ó família dos povos,
dai ao Senhor glória e poder.
Dai ao Senhor a glória do seu nome,
levai-Lhe oferendas e entrai nos seus átrios.

Adorai o Senhor com ornamentos sagrados,
trema diante d'Ele a terra inteira.
Dizei entre as nações: «O Senhor é rei»,
governa os povos com equidade.


Segunda Leitura (1 Tes 1,1-5b)
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses

Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja dos Tessalonicenses,
que está em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo:
A graça e a paz estejam convosco.
Damos continuamente graças a Deus por todos vós,
ao fazermos menção de vós nas nossas orações.
Recordamos a actividade da vossa fé,
o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança
em Nosso Senhor Jesus Cristo,
na presença de Deus, nosso Pai.
Nós sabemos, irmãos amados por Deus,
como fostes escolhidos.
O nosso Evangelho não vos foi pregado somente com palavras,
mas também com obras poderosas,
com a acção do Espírito Santo.


Evangelho (Mt 22,15-21)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
os fariseus reuniram-se para deliberar
sobre a maneira de surpreender Jesus no que dissesse.
Enviaram-Lhe alguns dos seus discípulos,
juntamente com os herodianos, e disseram-Lhe:
«Mestre, sabemos que és sincero
e que ensinas, segundo a verdade, o caminho de Deus,
sem Te deixares influenciar por ninguém,
pois não fazes acepção de pessoas.
Diz-nos o teu parecer:
É lícito ou não pagar tributo a César?».
Jesus, conhecendo a sua malícia, respondeu:
«Porque Me tentais, hipócritas?
Mostrai-me a moeda do tributo».
Eles apresentaram-Lhe um denário,
e Jesus perguntou:
«De quem é esta imagem e esta inscrição?».
Eles responderam: «De César».
Disse-lhes Jesus:
«Então, daí a César o que é de César
e a Deus o que é de Deus».


Ressonâncias

"Dar a César o que é de César e dar a Deus dinheiro3o que é de Deus" não significará devolver a cada um o que lhe pertence? Não se deve dar a César o que não lhe pertence. A adoração é devida só e unicamente a Deus. O homem não pode negar, no entanto, as obrigações para com a comunidade em que está integrado. Mas, o mais importante é que o homem reconheça a Deus como o seu único Senhor: ele foi criado por Ele, pertence a Deus e transporta consigo a "imagem" do seu Senhor; tudo o resto é secundário.

Um perigo: Deus ser substituído pelos "deuses" do dinheiro e do poder, do êxito e da realização profissional, da ascensão social e da moda, do clube de futebol e do endeusamento das estrelas... Estes podem tomar o lugar de Deus e passar a dirigir e a condicionar a vida de muitas pessoas. No entanto, essa troca quase sempre traz escravidão e alienação, frustração e decepçção, sentimentos de solidão e de orfandade.

Quem é de facto o nosso Deus? Há outros "deuses" na nossa vida que condicionam as nossas opções e interesses, que invadem e dominando os nossos projectos? Quais são esses deuses? Eles asseguraram-nos a felicidade e a plena realização, ou tornam-nos cada vez mais escravos e dependentes?

O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, por isso, os seus direitos e a sua dignidade devem ser por todos respeitados. É um crime contra o Senhor destruir ou menosprezar a imagem de Deus que existe em qualquer pessoa.

O Cristão tem obrigações com a Sociedade em que vive. Nenhum país funciona se a população não der a César o que é de César... O cristão deverá, pois, ser um membro activo do seu país, pagando os seus impostos, respeitando as leis justas e evitando os esquemas de corrupção; mas deve também procurar participar da vida do seu país em todos os seus aspectos e lutar por uma sociedade mais justa e mais fraterna. "A César o que é de César e dar a Deus o que é de Deus."

-----------------------------------------------------------------------------

Imagem de Deus

Um dia as Irmãs da Caridade recolheram um mendigo, lavaram-no, deram-lhe de comer, aconchegaram-no. Quando recuperado e lúcido, este homem pediu à Irmã Teresa de Calcutá:
— Dizei-me o vosso nome. Nenhum humano fazia por mim o que vós fizestes. Vós deveis ser deusas. Que posso fazer para servir a vossa divindade?
— Não, não somos deusas. Tu é que és para nós imagem de Deus. Nós fizemos tudo isto porque reconhecemos em ti o nosso Deus.

É preciso retribuir a Deus o que é de Deus e a César o que é de César.
A mensagem de Jesus é muito subtil. A moeda deve ser restituída a César, porque nela está impressa a sua imagem. Há uma criatura sobre a qual está impressa a imagem de Deus. Esta é Sua e mais ninguém pode apropriar-se dela.

Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança, à imagem de Deus Ele o criou. O Homem é esta criatura que não pode pertencer a mais ninguém senão a Deus. Ninguém poderá dominá-lo, escravizá-lo, oprimi-lo como se fosse um objecto de sua propriedade porque é sagrado.
É preciso respeitar a imagem de Deus que está impressa no rosto de cada pessoa. Não será tarefa fácil pois só os puros de coração verão a Deus.
Dar a Deus o que é de Deus só se entende se eu me der todo.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

 

Cateq 2018

Calendario Cateq

horariomissas



Patriarcado