Santa Maria Mãe de Deus - 1 de Janeiro

Celebra-se, em segundo lugar, o Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI propôs aos homens de boa vontade que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo.
Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama, que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude.
As leituras que hoje nos são propostas exploram, portanto, estas diversas coordenadas. Elas evocam esta multiplicidade de temas e de celebrações.
Na primeira leitura, sublinha-se a dimensão da presença contínua de Deus na nossa caminhada e recorda-se que a sua bênção nos proporciona a vida em plenitude.
Na segunda leitura, a liturgia evoca, outra vez, o amor de Deus, que enviou o seu Filho ao encontro dos homens para os libertar da escravidão da Lei e para os tornar seus "filhos". É nessa situação privilegiada de "filhos" livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-lhe "abbá" ("papá").
O Evangelho mostra como a chegada do projecto libertador de Deus (que se tornou realidade plena no nosso mundo através de Jesus) provoca alegria e felicidade naqueles que não têm outra possibilidade de acesso à salvação: os pobres e os marginalizados. Convida-nos também a louvar a Deus pelo seu amor e a testemunhar o desígnio libertador de Deus no meio dos homens.
Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível aos projectos de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projecto divino de salvação para o mundo.
Leitura do Livro dos Números
O Senhor disse a Moisés:
«Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes:
Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo:
'O Senhor te abençoe e te proteja.
O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face
e te seja favorável.
O senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz'.
Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel
e Eu os abençoarei».
Refrão: Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção.
Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os seus caminhos
e entre os povos a sua salvação.
Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a terra.
Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu temor aos confins da terra.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
Irmãos:
Quando chegou a plenitude dos tempos,
Deus enviou o seu Filho,
nascido de uma mulher e sujeito à Lei,
para resgatar os que estavam sujeitos à Lei
e nos tornar seus filhos adoptivos.
E porque sois filhos,
Deus enviou aos nossos corações
o Espírito de seu Filho, que clama:
«Abbá! Pai!»
Assim, já não és escravo, mas filho.
E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém
e encontraram Maria, José
e o Menino deitado na manjedoura.
Quando O viram, começaram a contar
o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino.
E todos os que ouviam
admiravam-se do que os pastores diziam.
Maria conservava todas estas palavras,
meditando-as em seu coração.
Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus
por tudo o que tinham ouvido e visto,
como lhes tinha sido anunciado.
Quando se completaram os oito dias
para o Menino ser circuncidado,
deram-Lhe o nome de Jesus,
indicado pelo Anjo,
antes de ter sido concebido no seio materno.
Celebramos hoje o primeiro dia do ano; a Solenidade de Maria, Mãe de Deus; e o Dia Mundial da Paz.
Mais um ano, que começa. Que ele seja para todos de paz e prosperidade, com as bênçãos de Deus.
Na primeira leitura, encontramos uma linda oração de bênção do Antigo Testamento, sugerida pelo próprio Deus. Sublinha a presença contínua de Deus na nossa caminhada e recorda que a sua bênção proporciona-nos a vida em plenitude.
Que sentido tem pedir a bênção? A bênção não é um acto mágico para resolver todos os nossos problemas. Quem a recebe terá as mesmas dificuldades que os outros homens. Entretanto, recebe a força necessária para enfrentá-las através da nova luz que procede da fé. Pedir a bênção é uma maneira de reconhecer a nossa dependência de Deus em todos os dias do novo ano. Pedir a bênção da nossa casa é desejar que o Cristo visite o nosso lar e permaneça sob nosso tecto. Pedir a bênção do carro, não supõe que possamos abusar na condução. A força da bênção não depende dos poderes do Sacerdote que a profere, mas do poder e da vontade de Deus.
Hoje também é o Dia Mundial da Paz. A Igreja quer lembrar-nos, desde o primeiro dia do ano, que a paz anunciada pelos anjos em Belém, só é possível às pessoas de boa vontade que se esforçam dia a dia para construir a Paz, paz que é antes de tudo obra de justiça e fruto do amor. Paz no coração, na família, na vizinhança, na comunidade, no trabalho... Ser Instrumento de Paz é desafio constante a cada um de nós .
A Igreja celebra também hoje a festa de Maria, Mãe de Deus. O Evangelho apresenta-nos Maria, a receber a feliz visita dos pastores e a meditar em seu coração tudo o que diziam do seu Filho. Apresenta também a reacção dos pastores que, numa atitude de acção de graças e de testemunho, começam por glorificar e louvar a Deus, por tudo o que tinham visto e ouvido.
A atitude meditativa de Maria, que interioriza e aprofunda os acontecimentos, e a atitude "missionária" dos Pastores, que proclamam a ação salvadora de Deus, manifestada no nascimento de Jesus, são duas atitudes essenciais e que deviam estar presentes na vida de cada um de nós.
Que planos tens para este novo ano?
Que tal começar este novo ano com um olhar diferente e com um coração novo, disposto a descobrires em tudo e em todos, o rosto e as mãos de um Cristo intensamente presente na tua vida? E, a exemplo de Maria, Mãe de Deus e Rainha da Paz, semeares a Paz ao teu redor para que este novo ano seja mais humano, mais fraterno e mais cristão?
Feliz Ano Novo com as bênçãos do Deus-Menino.
Maria sabia guardar no seu coração tudo o que sucedia.
Maria contemplava a vida, seguia o Teu crescimento,
cuidava das Tuas necessidades e ajudava-Te a seres Tu,
esse ser humano especial, o Amor tornado pessoa.
Era uma mulher muito sábia e estava atenta a tudo o que era belo.
Surpreendeu-se com a simplicidade das maravilhas que nela operaste
e admirou, também, a bondade e o trabalho de José,
como a tolerância e aceitação do que não podia compreender.
Maria retirava prazer das pequenas coisas de cada dia,
e do milagre que transforma um bebé em pessoa.
Sabia gozar a Natureza e preservá-la para os outros,
vivia serenamente todas as fases da educação do seu Filho.
Soube deixar acontecer o que tinha que ser,
e aceitou o incompreensível, deixando que o Senhor dispusesse dela,
mostrando-se tão vulnerável como disponível,
tão flexível quanto generosa, e nela se operou o Milagre.
Maria sabia guardar todas estas maravilhas no seu coração,
sem impaciências, sem pedir explicações, sem Te questionar...
Ensina-nos, Maria, a aceitar como Tu os acontecimentos sem lhes resistirmos.
Ajuda-nos a sermos fortes em vez de nos queixarmos.
Tu, Maria, Mãe e exemplo, ensina-nos a melhor forma de vida.
Contagia-nos com o teu existir simples, austero e generoso.
Ajuda-nos a sermos pessoas com Deus, em Deus
e para os outros, à Tua imagem.
MÃE DE DEUS
é o título mais importante de Nossa Senhora.
Maria é de facto Mãe de Deus.
Desde que o Senhor encarnou em Maria,
desde então e para sempre, traz junto de si a nossa humanidade.
Não existe mais Deus sem o homem.
Na sua Mãe, o Deus do Céu,
o Deus infinito tornou-se pequeno, tornou-se matéria,
para ser não só connosco, mas também como nós.
Eis o milagre, eis a novidade.
E nós proclamámo-la assim, dizendo:
«Mãe de Deus!»
Papa Francisco, Homilia do 1.º de Janeiro de 2018
SOLENIDADE DE SANTA MARIA MÃE DE DEUS
Homilia do Papa Francisco - 1 janeiro 2018
O Ano tem início sob o nome da Mãe de Deus. Mãe de Deus é o título mais importante de Nossa Senhora. Mas a alguém poderia vir a pergunta: por que dizemos «Mãe de Deus», e não Mãe de Jesus? Alguns, no passado, pediram para nos cingirmos a isto, mas a Igreja afirmou: Maria é Mãe de Deus. Devemos estar-lhe agradecidos, porque, nestas palavras, se encerra uma verdade esplêndida sobre Deus e sobre nós mesmos, ou seja: desde que o Senhor Se encarnou em Maria – desde então e para sempre –, traz a nossa humanidade agarrada a Ele. Já não há Deus sem homem: a carne que Jesus tomou de sua Mãe, continua ainda agora a ser d’Ele e sê-lo-á para sempre. Dizer «Mãe de Deus» lembra-nos isto: Deus está perto da humanidade como uma criança da mãe que a traz no ventre.
A palavra mãe (mater) remete também para a palavra matéria. Em sua Mãe, o Deus do céu, o Deus infinito fez-Se pequenino, fez-Se matéria, não só para estar connosco, mas também para ser como nós. Eis o milagre, eis a novidade: o homem já não está sozinho; nunca mais será órfão, é para sempre filho. O Ano tem início com esta novidade. E nós proclamamo-la dizendo assim: Mãe de Deus! É a alegria de saber que a nossa solidão está vencida. É a maravilha de nos sabermos filhos amados, de sabermos que esta nossa infância nunca mais nos poderá ser tirada. É espelharmo-nos em Deus frágil e menino nos braços da Mãe e vermos que a humanidade é querida e sagrada para o Senhor. Por isso, servir a vida humana é servir a Deus, e toda a vida – desde a vida no ventre da mãe, até à vida envelhecida, atribulada e doente, à vida incómoda e até repugnante – deve ser acolhida, amada e ajudada.
Deixemo-nos agora guiar pelo Evangelho de hoje. Da Mãe de Deus, diz-se apenas uma frase: «guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração» (Lc 2, 19). Guardava. Simplesmente… guardava; Maria não fala: d’Ela, o Evangelho não refere uma palavra sequer, em toda a narração do Natal. Também nisto a Mãe Se associa ao Filho: Jesus é infante, ou seja, «sem dizer palavra». Ele, o Verbo, a Palavra de Deus que «muitas vezes e de muitos modos falara nos tempos antigos» (Heb 1, 1), agora, na «plenitude dos tempos» (Gal 4, 4), está mudo. O Deus, na presença de Quem se guarda silêncio, é um menino que não fala. A sua majestade é sem palavras, o seu mistério de amor desvenda-se na pequenez. Esta pequenez silenciosa é a linguagem da sua realeza. A Mãe associa-Se ao Filho e guarda no silêncio.
E o silêncio diz-nos que também nós, se nos quisermos guardar a nós mesmos, precisamos de silêncio. Precisamos de permanecer em silêncio, olhando o presépio. Porque, diante do presépio, nos redescobrimos amados; saboreamos o sentido genuíno da vida. E, olhando em silêncio, deixamos que Jesus fale ao nosso coração: deixamos que a sua pequenez desmantele o nosso orgulho, que a sua pobreza desinquiete as nossas sumptuosidades, que a sua ternura revolva o nosso coração insensível. Reservar cada dia um tempo de silêncio com Deus é guardar a nossa alma; é guardar a nossa liberdade das banalidades corrosivas do consumo e dos aturdimentos da publicidade, da difusão de palavras vazias e das ondas avassaladoras das maledicências e da balbúrdia.
Maria guardava – continua o Evangelho – todas estas coisas, meditando-as. Quais eram estas coisas? Eram alegrias e aflições: por um lado, o nascimento de Jesus, o amor de José, a visita dos pastores, aquela noite de luz; mas, por outro, um futuro incerto, a falta de uma casa, «porque não havia lugar para eles na hospedaria» (Lc 2, 7), o desconsolo de ver fechar-lhes a porta; a desilusão por fazer Jesus nascer num curral. Esperanças e angústias, luz e trevas: todas estas coisas preenchiam o coração de Maria. E que fez Ela? Meditou-as, isto é, repassou-as com Deus no seu coração. Nada conservou para Si, nada encerrou na solidão nem submergiu na amargura; tudo levou a Deus. Foi assim que guardou. Entregando, guarda-se: não deixando a vida à mercê do medo, do desânimo ou da superstição, não se fechando nem procurando esquecer, mas dialogando tudo com Deus. E Deus, que Se preocupa connosco, vem habitar nas nossas vidas.
Aqui temos os segredos da Mãe de Deus: guardar no silêncio e levar a Deus. Isto realizava-se – conclui o Evangelho – no seu coração. O coração convida a pôr os olhos no centro da pessoa, dos afetos, da vida. Também nós – cristãos em caminho –, ao princípio do Ano, sentimos a necessidade de recomeçar do centro, deixar para trás os pesos do passado e partir do que é importante. Temos hoje diante de nós o ponto de partida: a Mãe de Deus. Pois Maria é como Deus nos quer, como quer a sua Igreja: Mãe terna, humilde, pobre de coisas e rica de amor, livre do pecado, unida a Jesus, que guarda Deus no coração e o próximo na vida. Para recomeçar, ponhamos os olhos na Mãe. No seu coração, bate o coração da Igreja. Para avançar – diz-nos a festa de hoje –, é preciso recuar: recomeçar do presépio, da Mãe que tem Deus nos braços.
A devoção a Maria não é galanteria espiritual, mas uma exigência da vida cristã. Olhando para a Mãe, somos encorajados a deixar tantas bagatelas inúteis e reencontrar aquilo que conta. O dom da Mãe, o dom de cada mãe e cada mulher é tão precioso para a Igreja, que é mãe e mulher. E, enquanto o homem muitas vezes abstrai, afirma e impõe ideias, a mulher, a mãe sabe guardar, fazer a ligação no coração, vivificar. Porque a fé não se pode reduzir apenas a ideia ou a doutrina; precisamos, todos, de um coração de mãe que saiba guardar a ternura de Deus e ouvir as palpitações do homem. A Mãe, autógrafo de Deus sobre a humanidade, guarde este Ano e leve a paz de seu Filho aos corações, aos nossos corações, e ao mundo inteiro. E, como filhos d’Ela, convido-vos a saudá-La hoje, simplesmente, com a saudação que os cristãos de Éfeso pronunciavam diante dos seus Bispos: «Santa Mãe de Deus!» Com todo o coração, digamos três vezes, todos juntos, fixando-A [voltados para a sua imagem posta ao lado do altar]: «Santa Mãe de Deus!»
SOLENIDADE DE SANTA MARIA MÃE DE DEUS
Homilia do Papa Francisco - 1 janeiro 2019
«Todos os que ouviram se maravilhavam com o que lhes diziam os pastores» (Lc 2, 18). Maravilhar-nos: a isto somos chamados hoje, na conclusão da Oitava de Natal, com o olhar ainda fixo no Menino que nasceu para nós, pobre de tudo e rico de amor. Maravilha: é a atitude que devemos ter no começo do ano, porque a vida é um dom que nos possibilita começar sempre de novo, mesmo da condição mais baixa.
Mas hoje é também o dia para nos maravilharmos diante da Mãe de Deus: Deus é um bebé nos braços duma mulher, que alimenta o seu Criador. A imagem que temos à nossa frente mostra a Mãe e o Menino tão unidos que parecem um só. Tal é o mistério de hoje, que suscita uma maravilha infinita: Deus ligou-Se à humanidade para sempre. Deus e o homem sempre juntos: eis a boa notícia no início do ano. Deus não é um senhor distante que habita solitário nos céus, mas o Amor encarnado, nascido como nós duma mãe para ser irmão de cada um, para estar próximo: o Deus da proximidade. Está nos joelhos de sua mãe, que é também nossa mãe, e de lá derrama uma nova ternura sobre a humanidade. E nós compreendemos melhor o amor divino, que é paterno e materno, como o duma mãe que não cessa de crer nos filhos e nunca os abandona. O Deus-connosco ama-nos independentemente dos nossos erros, dos nossos pecados, do modo como fazemos caminhar o mundo. Deus crê na humanidade, da qual sobressai, primeira e incomparável, a sua Mãe.
No início do ano, pedimos-Lhe a graça de nos maravilharmos perante o Deus das surpresas. Renovamos a maravilha das origens, quando nasceu em nós a fé. A Mãe de Deus ajuda-nos: a Mãe que gerou o Senhor, gera-nos para o Senhor. É mãe e gera sempre de novo, nos filhos, a maravilha da fé, porque a fé é um encontro, não é uma religião. A vida, sem nos maravilharmos, torna-se cinzenta, rotineira; e de igual modo a fé. Também a Igreja precisa de renovar a sua maravilha por ser casa do Deus vivo, Esposa do Senhor, Mãe que gera filhos; caso contrário, corre o risco de assemelhar-se a um lindo museu do passado. A «Igreja museu». Mas, Nossa Senhora introduz na Igreja a atmosfera de casa, duma casa habitada pelo Deus da novidade. Acolhamos maravilhados o mistério da Mãe de Deus, como os habitantes de Éfeso no tempo do Concílio lá realizado! Como eles, aclamemo-La «Santa Mãe de Deus»! Deixemo-nos olhar, deixemo-nos abraçar, deixemo-nos tomar pela mão… por Ela.
Deixemo-nos olhar. Acontece sobretudo nos momentos de necessidade, quando nos encontramos enredados nos nós mais intricados da vida, que justamente olhemos para Nossa Senhora, para a Mãe. Mas é lindo, antes de mais nada, deixar-se olhar por Nossa Senhora. Quando nos olha, Ela não vê pecadores, mas filhos. Diz-se que os olhos são o espelho da alma; os olhos da Cheia de Graça espelham a beleza de Deus, refletem sobre nós o paraíso. Jesus disse que os olhos são «a lâmpada do corpo» (Mt 6, 22): os olhos de Nossa Senhora sabem iluminar toda a escuridão, reacendem por todo o lado a esperança. O seu olhar, voltado para nós, diz: «Queridos filhos, coragem! Estou aqui Eu, a vossa mãe».
Este olhar materno, que infunde confiança, ajuda a crescer na fé. A fé é um vínculo com Deus que envolve a pessoa inteira, mas, para ser guardado, precisa da Mãe de Deus. O seu olhar materno ajuda a vermo-nos como filhos amados no povo crente de Deus e a amarmo-nos entre nós, independentemente dos limites e opções de cada um. Nossa Senhora enraíza-nos na Igreja, onde a unidade conta mais que a diversidade, e exorta-nos a cuidarmos uns dos outros. O olhar de Maria lembra que, para a fé, é essencial a ternura, que impede a apatia. Ternura: a Igreja da ternura. Ternura, palavra que hoje muitos querem cancelar do dicionário. Quando há lugar na fé para a Mãe de Deus, nunca se perde o centro: o Senhor. Com efeito, Maria nunca aponta para Si mesma, mas para Jesus e os irmãos, porque Maria é mãe.
Olhar da Mãe, olhar das mães. Um mundo que olha para o futuro, privado de olhar materno, é míope. Aumentará talvez os lucros, mas jamais será capaz de ver, nos homens, filhos. Haverá ganhos, mas não serão para todos. Habitaremos na mesma casa, mas não como irmãos. A família humana fundamenta-se nas mães. Um mundo, onde a ternura materna acaba desclassificada a mero sentimento, poderá ser rico de coisas, mas não rico de amanhã. Mãe de Deus, ensinai-nos o vosso olhar sobre a vida e volvei o vosso olhar para nós, para as nossas misérias. Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.
Deixemo-nos abraçar. Depois do olhar, entra em cena o coração, no qual Maria – diz o Evangelho de hoje – «conservava todas estas coisas, ponderando-as» (Lc 2, 19). Por outras palavras, Nossa Senhora tomava tudo a peito, abraçava tudo, eventos favoráveis e contrários. E tudo ponderava, isto é, levava a Deus. Eis o seu segredo. Da mesma forma, tem a peito a vida de cada um de nós: deseja abraçar todas as nossas situações e apresentá-las a Deus.
Na vida fragmentada de hoje, onde nos arriscamos a perder o fio à meada, é essencial o abraço da Mãe. Há tanta dispersão e solidão em giro! O mundo está todo conectado, mas parece cada vez mais desunido. Precisamos de nos confiar à Mãe. Na Sagrada Escritura, Ela abraça muitas situações concretas e está presente onde há necessidade: vai encontrar a prima Isabel, socorre os esposos de Caná, encoraja os discípulos no Cenáculo... Maria é remédio para a solidão e a desagregação. É a Mãe da consolação, a Mãe que “con-sola”: está com quem se sente só. Ela sabe que, para consolar, não bastam as palavras; é necessária a presença. Lá Maria está presente como mãe. Consintamos-Lhe que abrace a nossa vida. Na Salvé Rainha, chamamos- Lhe «vida nossa»: parece exagerado, porque a vida é Cristo (cf. Jo 14, 6), mas Maria está tão unida a Ele e tão perto de nós que não há nada melhor do que colocar a vida nas suas mãos e reconhecê-La «vida, doçura e esperança nossa».
E, depois, no caminho da vida, deixemo-nos tomar pela mão. As mães tomam pela mão os filhos e introduzem-nos amorosamente na vida. Mas hoje, quantos filhos, seguindo por conta própria, perdem a direção, creem-se fortes e extraviam-se, livres e tornam-se escravos! Quantos, esquecidos do carinho materno, vivem zangados com eles mesmos e indiferentes a tudo! Quantos, infelizmente, reagem a tudo e a todos com veneno e malvadez! A vida é assim. Mostrar- se mau, às vezes, até parece um sinal de fortaleza; mas é só fraqueza! Precisamos de aprender com as mães que o heroísmo está em doar-se, a fortaleza em ter piedade, a sabedoria na mansidão.
Deus não prescindiu da Mãe: por maior força de razão, precisamos nós d’Ela. O próprio Jesus no- La deu; e não num momento qualquer, mas quando estava pregado na cruz: «Eis a tua mãe» (Jo 19, 27) – disse Ele ao discípulo, a cada discípulo. Nossa Senhora não é opcional: deve ser acolhida na vida. É a Rainha da paz, que vence o mal e guia pelos caminhos do bem, repõe a unidade entre os filhos, educa para a compaixão.
Tomai-nos pela mão, Maria. Agarrados a Vós, superaremos as curvas mais fechadas da história. Levai-nos pela mão a descobrir os laços que nos unem. Reuni-nos, todos juntos, sob o vosso manto, na ternura do amor verdadeiro, onde se reconstitui a família humana: «À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus». Digamo-lo, todos juntos, a Nossa Senhora: «À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus».
SOLENIDADE DE SANTA MARIA MÃE DE DEUS
Homilia do Papa Francisco - 1 janeiro 2020
«Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher» (Gal 4, 4). Nascido de uma mulher: assim veio Jesus. Não apareceu adulto no mundo, mas, como disse o Evangelho, foi «concebido no seio materno» (Lc 2, 21): aqui, dia após dia, mês após mês, assumiu a nossa humanidade. No seio duma mulher, Deus e a humanidade uniram-se para nunca mais se deixarem: mesmo agora, no Céu, Jesus vive na carne que tomou no seio de sua mãe. Em Deus, há a nossa carne humana!
No primeiro dia do ano, celebramos estas núpcias entre Deus e o homem, inauguradas no seio de uma mulher. Em Deus, estará para sempre a nossa humanidade, e Maria será a Mãe de Deus para sempre. É mulher e mãe: isto é o essencial. D’Ela, mulher, surgiu a salvação e, assim, não há salvação sem a mulher. N’Ela, Deus uniu-Se a nós e, se queremos unir-nos a Ele, temos de passar pela mesma estrada: por Maria, mulher e mãe. Por isso, começamos o ano sob o signo de Nossa Senhora, mulher que teceu a humanidade de Deus. Se quisermos tecer de humanidade a trama dos nossos dias, devemos recomeçar da mulher.
Nascido de uma mulher. O renascimento da humanidade começou pela mulher. As mulheres são fontes de vida; e, no entanto, são continuamente ofendidas, espancadas, violentadas, induzidas a prostituir-se e a suprimir a vida que trazem no seio. Toda a violência infligida à mulher é profanação de Deus, nascido de uma mulher. A salvação chegou à humanidade, a partir do corpo de uma mulher: pelo modo como tratamos o corpo da mulher, vê-se o nosso nível de humanidade. Quantas vezes o corpo da mulher acaba sacrificado nos altares profanos da publicidade, do lucro, da pornografia, explorado como se usa uma superfície qualquer. Há que libertá-lo do consumismo, deve ser respeitado e honrado; é a carne mais nobre do mundo: concebeu e deu à luz o Amor que nos salvou! Ainda hoje a maternidade é humilhada, porque o único crescimento que interessa é o económico. Há mães que, na busca desesperada de dar um futuro melhor ao fruto do seu seio, se arriscam a viagens impraticáveis e acabam julgadas como número excedente por pessoas que têm a barriga cheia, mas de coisas, e o coração vazio de amor.
Nascido de uma mulher. Segundo a narração da Bíblia, no cume da criação surge a mulher, quase como compêndio de toda a obra criada. De facto, encerra em si mesma a finalidade da própria criação: a geração e a conservação da vida, a comunhão com tudo, a solicitude por tudo. É o que faz Nossa Senhora no Evangelho de hoje. «Maria – diz o texto – conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração» (Lc 2, 19). Conservava tudo: a alegria pelo nascimento de Jesus e a tristeza pela hospitalidade negada em Belém; o amor de José e a admiração dos pastores; as promessas e as incertezas quanto ao futuro. Interessava-se por tudo e, no seu coração, tudo reajustava, incluindo as adversidades. Pois, no seu coração, tudo organizava com amor e confiava tudo a Deus.
No Evangelho, esta atividade de Maria reaparece uma segunda vez: na adolescência de Jesus, diz-se que a «sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração» (Lc 2, 51). Esta repetição faz-nos compreender que o gesto de guardar no coração não era simplesmente um ato bom que Nossa Senhora realizava de vez em quando, mas é um hábito d’Ela. É próprio da mulher tomar a peito a vida. A mulher mostra que o sentido da vida não é produzir coisas em continuação, mas tomar a peito as coisas que existem. Só vê bem quem olha com o coração, porque sabe «ver dentro»: a pessoa independentemente dos seus erros, o irmão independentemente das suas fragilidades, a esperança nas dificuldades; vê Deus em tudo.
Ao começarmos um ano novo, interroguemo-nos: «Sei olhar com o coração? Sei olhar as pessoas, com o coração? Tenho a peito as pessoas com quem vivo, ou arruíno-as com as bisbilhotices? E sobretudo, no centro do coração, tenho o Senhor ou outros valores, outros interesses, a minha promoção, as riquezas, o poder?» Somente se tivermos a peito a vida é que saberemos cuidar dela e vencer a indiferença que nos rodeia. Peçamos esta graça: viver o ano com o desejo de ter a peito os outros, cuidar dos outros. E se queremos um mundo melhor, que seja casa de paz e não palco de guerra, tenhamos a peito a dignidade de cada mulher. Da mulher, nasceu o Príncipe da paz. A mulher é doadora e medianeira de paz, e deve ser plenamente associada aos seus processos decisores. Com efeito, quando é dada às mulheres a possibilidade de transmitir os seus dons, o mundo encontra-se mais unido e mais em paz. Por isso, uma conquista a favor da mulher é uma conquista em prol da humanidade inteira.
Nascido de uma mulher. Jesus, logo que nasceu, espelhou-Se nos olhos duma mulher, no rosto de sua Mãe. D’Ela recebeu as primeiras carícias, com Ela trocou os primeiros sorrisos. Com Ela, inaugurou a revolução da ternura; a Igreja, ao contemplar o Menino Jesus, é chamada a continuá-la. Pois também ela, como Maria, é mulher e mãe – a Igreja é mulher e mãe –, e encontra em Nossa Senhora os seus traços caraterísticos. Vê-A imaculada e sente-se chamada a dizer «não» ao pecado e ao mundanismo. Vê-A fecunda e sente-se chamada a anunciar o Senhor, a gerá-Lo nas inúmeras vidas. Vê-A mãe e sente-se chamada a acolher cada homem como um filho.
Aproximando-se de Maria, a Igreja reencontra-se: encontra o seu centro, encontra a sua unidade. Ao contrário o diabo, inimigo da natureza humana, procura dividi-la, colocando em primeiro plano as diferenças, as ideologias, os pensamentos unilaterais e os partidos. Mas não compreenderemos a Igreja, se olharmos para ela a partir das estruturas, a partir dos programas e das tendências, das ideologias, da funcionalidade: entenderemos qualquer coisa, mas não o coração da Igreja. Porque a Igreja tem um coração de mãe. E nós, filhos, invocamos hoje a Mãe de Deus, que nos reúne como povo crente. Ó Mãe, gerai em nós a esperança, trazei-nos a unidade. Mulher da salvação, confiamo-Vos este ano, guardai-o no vosso coração. Nós Vos aclamamos: Santa Mãe de Deus. Todos juntos, de pé, aclamemos Nossa Senhora, a Santa Mãe de Deus: [repete com a assembleia] Santa Mãe de Deus, Santa Mãe de Deus, Santa Mãe de Deus!
Quaresma, tempo para fazeres a escalada da tua vida

1. Tempo forte de oração pessoal, tempo de silêncio interior e exterior, tempo para a escuta de Deus, tempo de abertura ao Amor e, se possível, um verdadeiro tempo de conversão.
2. Claro está, que só Deus converte, só a oração converte, só o silêncio nos põe em estado de escuta e de conversão, só a oração nos abre ao Espírito que converte e salva.
3. Que este tempo quaresmal seja suficiente para subires à montanha, para fazeres a experiência de Moisés que subia à montanha para estar com Deus e de lá saía de rosto iluminado. Ou, se assim se pretenderes, faz a experiência Pedro, Tiago e João que com Jesus subiram à montanha e com Ele rezaram e viveram a Transfiguração do Mestre.
Amigo, torna-se necessário deixares a "planície", o habitual, o rotineiro, a carga da tua vida do dia-a-dia para subires e seres transfigurado... para te sentires "outro", pela graça de Deus e pela acção do Espírito. A Oração ajudar-te-á a fazer esta escalada.
Oração: dificuldades comuns:
a) Habitualmente rezamos pouco – ou mesmo nada! – e o pouco que rezamos, fazemo-lo mal... Há muito stress, azáfama, activismo... mas pouca oração e quem sabe, de má qualidade!...;
b) Por vezes, confundimos duas coisas: dizer orações e fazer oração... Usam-se mesmo fórmulas litúrgicas, mas acaba-se por não se ter qualidade de oração de intimidade, de interiorização e de comunhão com o divino ...
c) Sabe-se, mas não se experimenta; sabe-se teologia, mas não se faz experiência de Deus; sabe-se Cristologia, mas Jesus não é o nosso tesouro, a nossa pérola, o Tudo da vida.
4. Há tantas vezes medo do silêncio e medo de Deus. O amor é exigente; Deus no Seu amor infinito é exigente; ouvi-L'O, implica metanóia, conversão. O silêncio é deserto escaldante e temos sempre muito medo dele. Quando fazemos silêncio e Deus nos fala para "exigir" pelo amor louco que nos tem... interpela, questiona, "é divinamente atrevido"... toca com o dedo na ferida ... o amor que é suave torna-se "furacão", "vendaval"...não ter medo de Deus nem das suas divinas exigências... importa pois, deixar Deus ser Deus...
Estamos em tempo de Quaresma! Este "tempo oportuno e favorável" de 40 dias que nos recorda os 40 anos do Povo de Deus passados no deserto em busca da Terra Prometida; que nos relembra os 40 dias que Jesus Cristo passou no deserto antes de iniciar a Sua vida pública. Este tempo é também um convite à oração pessoal e comunitária; tempo de contemplação que, juntamente com o jejum e a penitência, com a reconciliação e a caridade nos levarão a melhor reflectir sobre o nosso modo de ser cristão e de estabelecermos algum projecto concreto para uma ascese espiritual de conversão.
Quaresma, tempo de Oração mais intensa
• Como fazer oração?
1. Prepara-te para entrar na oração. Escolhe um lugar apropriado. Coloca-te numa posição cómoda e favorável... Tenta fazer silêncio, silêncio interior. Põe-te na presença de Deus Trindade. Pede-lhe a Luz do Seu Espírito. Oferece-Lhe o tempo da oração que vais viver. Pede a Deus a graça de entrar no conteúdo da Palavra que vais orar. Abre-te interiormente a essa Palavra de Deus.
2. Escuta a Palavra. Lê devagar, uma ou duas vezes, o texto proposto para a tua oração. Vai acolhendo e detendo-te nos pontos que mais te tocam interiormente. Toma o tempo necessário para "sentir e gostar interiormente" o conteúdo profundo de cada um desses pontos que te vão atraindo no mais fundo de ti. Permanece em silêncio contemplativo, atento à Palavra, deixando que Deus te fale através das vivências que Ele te faz sentir. Permanece aí...! Escuta...! Acolhe...!
3. Faz Diálogo com Deus. Olha-te a ti mesmo; confronta a tua vida com a Palavra; deixa-te sentir o que o Senhor quer dizer-te; numa atitude familiar, volta-te para Ele e fala-Lhe com simplicidade e amor, como um amigo fala ao seu amigo. Cala-te de novo para escutares a Sua voz, no teu coração. Dialoga com Ele.
• Que fazer quando as distracções batem à porta e entram na casa da nossa oração?
1. Considera as distracções como algo natural na comunicação. Também nos distraímos a falar com outras pessoas, que estão mesmo em frente de nós e que nós muito estimamos. A Deus não O vemos com os olhos nem O ouvimos com os ouvidos... Aceita com humildade e naturalidade, as tuas dificuldades de comunicação com as Pessoas Divinas. És uma pessoa humana normal e não um Anjo do Céu.
2. As distracções não são faltas de atenção, mas atenção a outra coisa ou pessoa. Como um técnico procura dirigir as antenas de rádio ou televisão na direcção da emissora, depois de um vento forte, assim temos que fazer nós, procurando reorientar as nossas antenas pelo Norte de Deus, que sempre Se nos deseja comunicar.
3. Procura tomar as rédeas dos teus sentidos e não deixá-los sem rumo. Os nossos sentidos e a imaginação tendem a ser um cavalo que toma o freio nos dentes. Cultiva o recolhimento, a concentração e o silêncio interior. A seu tempo darão não só flores de harmonia orante, mas também frutos de obras amorosas.
4. Procura manter a paz, sem dar demasiada importância às distracções. Se persegues nervosamente uma borboleta bonita que encontraste, ela se escapa voando; mas se imitares a paz serena de uma flor de jardim, ela virá poisar no teu ombro. Uma distracção assumida com paz é já uma distracção meia vencida.
5. Sê realista e põe meios práticos para passar da distracção de Deus à intimidade do seu encontro. Para matar a sede, tens de aceitar caminhar na direcção de uma fonte. Para comunicares uma confidência a um .amigo não escolhes um ambiente de feira ou supermercado... Algumas sugestões:
6. Recorre a meios simples de orar, procura mergulhar no sentido de alguma palavra ou expressão: Pai nosso... Perdoai as nossas ofensas... Cheia de graça... Rogai por nós... Repete calmamente uma oração que saibas de cor, saboreando as palavras... Inventa algum refrão orante, que repetes pausadamente: Jesus, em Ti confio! Maria, Mãe, acolhe-me no teu coração! Procura recolher os teus sentidos que andam dispersos: fixa-te numa imagem, num crucifixo, numa leitura, numa flor...
7. Deuses ama a todos, até os distraídos, porque são sempre seus filhos queridos. Não penses que Deus se distraiu de ti e te pôs de lado. Abre-te ao amor que Deus te tem, mesmo quando não consegues estar atento ao que Ele te segreda no mais íntimo do teu íntimo.
8. Com simplicidade, oferece a Deus a grinalda das flores desalinhadas da tua distracção. Ele a recolherá com imensa ternura por ti. As distracções não são um precipício, mas uma escada difícil de subir. Recorda que Deus não precisa da perfeição formal da tua oração farisaica. A oração que mais gosta o Pai-nosso é a oração humilde e confiante dos pequeninos.
Quaresma, tempo para voltar ao abraço do Pai
Observa bem esta pintura. É um quadro do séc. XVII, de Rembrandt, e representa uma parábola contada por Jesus (Lc 15,11-32). Nela se espelha a imagem do Homem de sempre; olha e vê… que aí também está o teu retrato!
És o Filho pródigo, quando voltas e encostas a tua cabeça, como a de um filho, ao seio do Pai e aí sentes o pulsar do Seu coração, como se no Pai voltasses de novo a nascer. Apesar da tua veste suja, sobre ela o Pai faz resplandecer a Luz do seu rosto, como se iluminasse todo o teu interior e curasse as tuas feridas e as cicatrizes dos teus pés. Perdeste tudo, mas não esqueceste "o anel", que te recordou a nobre dignidade de seres Filho, mesmo quando abandonaste a casa e o amor do Pai. Foi essa recordação que te deu força para voltares.
És o Filho mais velho, quando, sem perderes a cabeça, deixas endurecer o coração. Criado à imagem do Pai, és realmente parecido com Ele e estás sempre em sua Casa. Mas desconheces ainda o amor, a alegria e o perdão. O teu olhar frio e distante, a tua posição de superioridade não se compadece com o pecador, nem se alegra com o regresso do irmão. De mãos fechadas e apoiado no bastão das tuas falsas virtudes, não sabes abrir o teu manto para cobrir de amor o teu próximo. És, no entanto, convidado a entrares na alegria e na festa do Pai e a seres misericordioso como Ele.
És o Pai, quando te inclinas sobre a miséria do próximo. És o Pai quando és capaz de estender a tua mão direita sobre o corpo miserável do teu irmão, com a ternura feminina e suave de uma Mãe. És o Pai quando, com a outra mão, masculina e aberta, firme e forte, corriges e amparas a fragilidade do teu próximo. És o Pai quando o teu olhar estiver cego para o exterior, limpo do pecado e, agora, iluminado numa profunda visão interior.
IV Domingo do Tempo Comum – Ano C
No Domingo passado, vimos a importância da Palavra de Deus na vida do Povo. E Deus precisa de gente, que proclame a sua Palavra. São os profetas.
O tema da liturgia deste Domingo convida-nos a reflectir sobre o “caminho do profeta”: caminho de sofrimento, de solidão, de risco, mas também caminho de paz e de esperança, porque é um caminho onde Deus está. A liturgia de hoje assegura ao “profeta” que a última palavra será sempre de Deus: “não temas, porque Eu estou contigo para te salvar”.
A 1.ª Leitura apresenta a figura do profeta Jeremias. Jeremias tentou recusar o convite: "Eu não sei falar... sou apenas uma criança..." Deus porém não desiste: "Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te fiz profeta das nações. Não tenhas medo, não conseguirão vencer-te, estarei contigo para te salvar".
Deus escolheu Jeremias para profeta e ele foi um exemplo de disponibilidade e fidelidade à Palavra de Deus. E apesar do penoso sofrimento e aparente fracasso que teve de enfrentar por parte dos seus concidadãos, nunca desistiu e Deus nunca o abandonou.
O Evangelho apresenta em Nazaré o profeta Jesus, também Ele rejeitado pelos conterrâneos e até pelos próprios parentes: esperavam um Messias espectacular e não entenderam a sua proposta profética. O seu desabafo: "Nenhum profeta é bem recebido na sua terra".
Na 2ª Leitura, Paulo afirma que a Caridade é a profecia permanente. É o "Hino do Amor" desinteressado e gratuito. Só o amor dá sentido à vida – ele é a essência da vida cristã; sem amor até as melhores coisas ficam sem sentido.
O Profeta deve, portanto, deixar-se guiar pelo Amor e nunca pelo próprio interesse. Só consegue ser verdadeiro profeta, quem tiver uma profunda experiência do amor de Deus. Só assim a sua missão fará sentido.
LEITURA I – Jer 1,4-5.17-19
Leitura do Livro de Jeremias
No tempo de Josias, rei de Judá,
a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
«Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi;
antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei
e te constituí profeta entre as nações.
Cinge os teus rins e levanta-te,
para ires dizer tudo o que Eu te ordenar.
Não temas diante deles,
senão serei Eu que te farei temer a sua presença.
Hoje mesmo faço de ti uma cidade fortificada,
uma coluna de ferro e uma muralha de bronze,
diante de todo este país, dos reis de Judá e dos seus chefes,
diante dos sacerdotes e do povo da terra.
Eles combaterão contra ti, mas não poderão vencer-te,
porque Eu estou contigo para te salvar».
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 70 (71)
Refrão: A minha boca proclamará a vossa salvação.
Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido.
Pela vossa justiça, defendei-me e salvai-me,
prestai ouvidos e libertai-me.
Sede para mim um refúgio seguro,
a fortaleza da minha salvação.
Vós sois a minha defesa e o meu refúgio:
meu Deus, salvai-me do pecador.
Sois Vós, Senhor, a minha esperança,
a minha confiança desde a juventude.
Desde o nascimento Vós me sustentais,
desde o seio materno sois o meu protector.
A minha boca proclamará a vossa justiça,
dia após dia a vossa infinita salvação.
Desde a juventude Vós me ensinais
e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios.
LEITURA II – 1 Cor 12,31-13,13
Leitura da primeira epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Aspirai com ardor aos dons espirituais mais elevados.
Vou mostrar-vos um caminho de perfeição que ultrapassa tudo:
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos,
se não tiver caridade,
sou como bronze que ressoa ou como címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom da profecia
e conheça todos os mistérios e toda a ciência,
ainda que eu possua a plenitude da fé,
a ponto de transportar montanhas,
se não tiver caridade, nada sou.
Ainda que distribua todos os meus bens aos famintos
e entregue o meu corpo para ser queimado,
se não tiver caridade, de nada me aproveita.
A caridade é paciente, a caridade é benigna;
não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa;
não é inconveniente, não procura o próprio interesse;
não se irrita, não guarda ressentimento;
não se alegra com a injustiça,
mas alegra-se com a verdade;
tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.
O dom da profecia acabará,
o dom das línguas há-de cessar,
a ciência desaparecerá;
mas a caridade não acaba nunca.
De maneira imperfeita conhecemos,
de maneira imperfeita profetizamos.
Mas quando vier o que é perfeito,
o que é imperfeito desaparecerá.
Quando eu era criança, falava como criança,
sentia como criança e pensava como criança.
Mas quando me fiz homem, deixei o que era infantil.
Agora vemos como num espelho e de maneira confusa,
depois, veremos face a face.
Agora, conheço de maneira imperfeita,
depois, conhecerei como sou conhecido.
Agora permanecem estas três coisas:
a fé, a esperança e a caridade;
mas a maior de todas é a caridade.
EVANGELHO – Lc 4,21-30
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
Jesus começou a falar na sinagoga de Nazaré, dizendo:
«Cumpriu-se hoje mesmo
esta passagem da Escritura que acabais de ouvir».
Todos davam testemunho em seu favor
e se admiravam das palavras cheias de graça
que saíam da sua boca.
E perguntavam:
«Não é este o filho de José?»
Jesus disse-lhes:
«Por certo Me citareis o ditado:
‘Médico, cura-te a ti mesmo’.
Faz também aqui na tua terra
o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum».
E acrescentou:
«Em verdade vos digo:
Nenhum profeta é bem recebido na sua terra.
Em verdade vos digo
que havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias,
quando o céu se fechou durante três anos e seis meses
e houve uma grande fome em toda a terra;
contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas,
mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia.
Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu;
contudo, nenhum deles foi curado,
mas apenas o sírio Naamã».
Ao ouvirem estas palavras,
todos ficaram furiosos na sinagoga.
Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade
e levaram-n’O até ao cimo da colina
sobre a qual a cidade estava edificada,
a fim de O precipitarem dali abaixo.
Mas Jesus, passando pelo meio deles,
seguiu o seu caminho.
HINO AO AMOR
«O amor é paciente, a amor é benigno;
não é invejoso, não é altivo nem orgulhoso;
não é inconveniente, não procura o próprio interesse;
não se irrita, não guarda ressentimento;
não se alegra com a injustiça,
mas alegra-se com a verdade;
tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.
O Amor não acaba nunca.»
(S. Paulo 1 Cor 13, 4-8)
III Domingo do Tempo Comum - C
A liturgia deste Domingo coloca no centro da nossa reflexão a Palavra de Deus: ela é, verdadeiramente, o centro à volta do qual se constrói a experiência cristã. Essa Palavra não é uma doutrina abstracta, para deleite dos intelectuais; mas é, primordialmente, um anúncio libertador que Deus dirige a todos os homens e que incarna em Jesus e nos cristãos.
Na 1.ª leitura, Deus convoca o Povo para escutar a Palavra e renovar a Aliança do Sinai. No retorno do exílio da Babilónia, Esdras e Neemias tentam reconstruir o país, recuperar a memória do passado e conservar a própria identidade como povo. O instrumento encontrado para essa obra foi a Palavra de Deus. Exemplifica-se, assim, como a Palavra deve estar no centro da vida comunitária e como ela, uma vez proclamada, é geradora de alegria e de festa.
No Evangelho, apresenta-se Cristo como a Palavra que se faz pessoa no meio dos homens, a fim de levar a libertação e a esperança às vítimas da opressão, do sofrimento e da miséria. Sugere-se, também, que a comunidade de Jesus é a comunidade que anuncia ao mundo essa Palavra libertadora.
Na 2.ª leitura Paulo, falando dos carismas "Corpo de Cristo" (Igreja), sublinha que a Comunidade cristã é gerada e alimentada, na unidade, pela Palavra de Deus, onde os dons de Deus são repartidos e postos ao serviço do bem comum, numa verdadeira comunhão e solidariedade.
LEITURA I – Ne 8,2-4a.5-6.8-10
Leitura do Livro de Neemias
Naqueles dias,
o sacerdote Esdras trouxe o Livro da Lei
perante a assembleia de homens e mulheres
e todos os que eram capazes de compreender.
Era o primeiro dia do sétimo mês.
Desde a aurora até ao meio dia,
fez a leitura do Livro,
no largo situado diante da Porta das Águas,
diante dos homens e mulheres
e todos os que eram capazes de compreender.
Todo o povo ouvia atentamente a leitura do Livro da Lei.
O escriba Esdras estava de pé
num estrado de madeira feito de propósito.
Estando assim em plano superior a todo o povo,
Esdras abriu o Livro à vista de todos;
e quando o abriu, todos se levantaram.
Então Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus,
e todos responderam, erguendo as mãos:
«Amen! Amen!».
E prostrando-se de rosto por terra, adoraram o Senhor.
Os levitas liam, clara e distintamente, o Livro da Lei de Deus
e explicavam o seu sentido,
de maneira que se pudesse compreender a leitura.
Então o governador Neemias,
o sacerdote e escriba Esdras,
bem como os levitas, que ensinavam o povo,
disseram a todo o povo:
«Hoje é um dia consagrado ao Senhor vosso Deus.
Não vos entristeçais nem choreis».
– Porque todo o povo chorava, ao escutar as palavras da Lei –.
Depois Neemias acrescentou:
«Ide para vossas casas,
comei uma boa refeição, tomai bebidas doces
e reparti com aqueles que não têm nada preparado.
Hoje é um dia consagrado a nosso Senhor;
portanto, não vos entristeçais,
porque a alegria do Senhor é a vossa fortaleza».
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 18 B (19)
Refrão: As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida.
A lei do Senhor é perfeita,
ela reconforta a alma;
as ordens do Senhor são firmes,
dão sabedoria aos simples.
Os preceitos do Senhor são rectos
e alegram o coração;
os mandamentos do Senhor são claros
e iluminam os olhos.
O temor do Senhor é puro
e permanece eternamente;
os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são rectos.
Aceitai as palavras da minha boca
e os pensamentos do meu coração
estejam na vossa presença:
Vós, Senhor, sois o meu amparo e redentor.
LEITURA II – 1 Cor 12,12-30
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Assim como o corpo é um só e tem muitos membros,
e todos os membros do corpo, apesar de numerosos,
constituem um só corpo,
assim sucede também em Cristo.
Na verdade, todos nós
– judeus e gregos, escravos e homens livres –
fomos baptizados num só Espírito
para constituirmos um só corpo
e a todos nos foi dado a beber um só Espírito.
De facto, o corpo não é constituído por um só membro,
mas por muitos.
Se o pé dissesse:
«Uma vez que não sou mão, não pertenço ao corpo»,
nem por isso deixaria de fazer parte do corpo.
E se a orelha dissesse:
«Uma vez que não sou olho, não pertenço ao corpo»,
nem por isso deixaria de fazer parte do corpo.
Se o corpo inteiro fosse olho, onde estaria o ouvido?
Se todo ele fosse ouvido, onde estaria o olfacto?
Mas Deus dispôs no corpo cada um dos membros,
segundo a sua vontade.
Se todo ele fosse um só membro, que seria do corpo?
Há, portanto, muitos membros, mas um só corpo.
O olho não pode dizer à mão: «Não preciso de ti»;
nem a cabeça dizer aos pés: «Não preciso de vós».
Pelo contrário, os membros do corpo que parecem fracos
são os mais necessários;
os que nos parecem menos honrosos
cuidamo-los com maior consideração;
e os nossos membros menos decorosos
são tratados com maior decência:
os que são mais decorosos não precisam de tais cuidados.
Deus organizou o corpo,
dispensando maior consideração ao que dela precisa,
para que não haja divisão no corpo
e os membros tenham a mesma solicitude uns com os outros.
Deste modo, se um membro sofre,
todos os membros sofrem com ele;
se um membro é honrado,
todos os membros se alegram com ele.
Vós sois corpo de Cristo e seus membros,
cada um por sua parte.
Assim, Deus estabeleceu na Igreja
em primeiro lugar apóstolos,
em segundo lugar profetas, em terceiro doutores.
Vêm a seguir os dons dos milagres, das curas, da assistência,
de governar, de falar diversas línguas.
Serão todos apóstolos? Todos profetas? Todos doutores?
Todos farão milagres? Todos terão o poder de curar?
Todos falarão línguas? Todos terão o dom de as interpretar?
EVANGELHO – Lc 1,1-4;4,14-21
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Já que muitos empreenderam narrar os factos
que se realizaram entre nós,
como no-los transmitiram os que, desde o início,
foram testemunhas oculares e ministros da palavra,
também eu resolvi,
depois de ter investigado cuidadosamente tudo desde as origens,
escrevê-las para ti, ilustre Teófilo,
para que tenhas conhecimento seguro do que te foi ensinado.
Naquele tempo,
Jesus voltou da Galileia, com a força do Espírito,
e a sua fama propagou-se por toda a região.
Ensinava nas sinagogas e era elogiado por todos.
Foi então a Nazaré, onde Se tinha criado.
Segundo o seu costume,
entrou na sinagoga a um sábado
e levantou-Se para fazer a leitura.
Entregaram-Lhe o livro do profeta Isaías
e, ao abrir o livro,
encontrou a passagem em que estava escrito:
«O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque Ele me ungiu
para anunciar a boa nova aos pobres.
Ele me enviou a proclamar a redenção aos cativos
e a vista aos cegos,
a restituir a liberdade aos oprimidos
e a proclamar o ano da graça do Senhor».
Depois enrolou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-Se.
Estavam fixos em Jesus os olhos de toda a sinagoga.
Começou então a dizer-lhes:
«Cumpriu-se hoje mesmo
esta passagem da Escritura que acabais de ouvir».
A Bíblia, o segundo livro de Deus
Interpretar a Bíblia, sem olhar a realidade da vida, é o mesmo que manter o sal fora da comida, a semente fora da terra, a luz debaixo da mesa; é como o galho sem tronco, olhos sem cabeça, o rio sem leito.
Pois a Bíblia não é o primeiro livro que Deus escreveu para nós, nem o mais importante. O primeiro livro é a natureza criada pela palavra de Deus; os factos, os acontecimentos, a história, tudo o que existe e acontece na vida do povo, é a realidade que nos envolve. Deus quer comunicar-se connosco através da vida que vivemos. Por meio dela Ele transmite-nos a sua mensagem de amor e justiça.
Mas nós homens, por causa dos nossos pecados, organizamos o mundo de tal maneira e criamos uma sociedade tão torta, que já não é possível perceber claramente a voz de Deus nessa vida que vivemos. Por isso Deus escreveu um segundo livro, que é a Bíblia. O segundo livro não veio substituir o primeiro. A Bíblia não veio ocupar o lugar da vida. A Bíblia foi escrita para nos ajudar a entender melhor o sentido da vida e perceber a presença da palavra de Deus dentro de nossa realidade.
Santo Agostinho resumiu tudo isso da seguinte maneira: «A Bíblia, o segundo livro de Deus, foi escrita para nos ajudar a decifrar o mundo, para nos devolver o olhar da fé e da contemplação, e para transformar toda a realidade numa grande revelação de Deus.»
Por isso, quem lê e escuta a Bíblia, mas não olha a realidade do povo oprimido nem luta pela justiça e pela fraternidade, é infiel à Palavra de Deus e não imita Jesus Cristo. Ele é semelhante aos fariseus que conheciam a Bíblia de cor, mas não a praticavam.
Carlos Mesters, in Flor sem defesa, Ed. Vozes, 1983
A Palavra de Deus
A Palavra de Deus é alimento da nossa vida;
Ela reconforta a alma.
A Palavra de Deus sustenta a fé;
Ela é fonte da nossa alegria.
A Palavra de Deus é convite à conversão;
Ela transforma e alegra a nossa vida.
A Palavra de Deus é verdade que liberta;
Ela é esperança nos momentos difíceis da vida;
A Palavra de Deus é luz que brilha na escuridão da noite;
Ela torna-nos livres e responsáveis.
A Palavra de Deus é amparo nas tristezas e fracassos;
Ela orienta-nos pelo caminho do bem.
A Palavra de Deus é fortaleza para vencer a tentação;
Ela conduz-nos a Jesus: Caminho, Verdade e Vida.
A Palavra de Deus torna-nos dóceis e amáveis;
Ela ensina-nos a perdoar as ofensas do irmão.
A Palavra de Deus ensina-nos a amar;
Ela sara as nossas feridas.
A Palavra de Deus gera fraternidade e comunhão;
Ela faz-nos percorrer caminhos de paz.
A Palavra de Deus é beleza que enobrece o coração;
Ela conduz-nos a uma vida santa.
A Palavra de Deus é tesouro a ser partilhado;
Ela é farol para os nossos passos e luz para os nossos caminhos.
A Palavra de Deus é viva e eficaz;
Ela dá sentido à nossa vida.
A Palavra de Deus é Jesus Cristo, a Palavra do Pai!
P.A.S.
O Catecismo da Igreja Católica afirma:
«A Sagrada escritura dá suporte e vigor à vida da Igreja. É para os seus filhos firmeza da fé, alimento e fonte de vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral... A Igreja exorta por isso à frequente leitura da Sagrada Escritura, porque a ignorância das escrituras é ignorância de Cristo.» (CIC 24)