PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

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Quaresma, tempo para fazeres a escalada da tua vida

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1. Tempo forte de oração pessoal, tempo de silêncio interior e exterior, tempo para a escuta de Deus, tempo de abertura ao Amor e, se possível, um verdadeiro tempo de conversão.

2. Claro está, que só Deus converte, só a oração converte, só o silêncio nos põe em estado de escuta e de conversão, só a oração nos abre ao Espírito que converte e salva.

3. Que este tempo quaresmal seja suficiente para subires à montanha, para fazeres a experiência de Moisés que subia à montanha para estar com Deus e de lá saía de rosto iluminado. Ou, se assim se pretenderes, faz a experiência Pedro, Tiago e João que com Jesus subiram à montanha e com Ele rezaram e viveram a Transfiguração do Mestre.

Amigo, torna-se necessário deixares a "planície", o habitual, o rotineiro, a carga da tua vida do dia-a-dia para subires e seres transfigurado... para te sentires "outro", pela graça de Deus e pela acção do Espírito. A Oração ajudar-te-á a fazer esta escalada.

Oração: dificuldades comuns:

a) Habitualmente rezamos pouco – ou mesmo nada! – e o pouco que rezamos, fazemo-lo mal... Há muito stress, azáfama, activismo... mas pouca oração e quem sabe, de má qualidade!...;

b) Por vezes, confundimos duas coisas: dizer orações e fazer oração... Usam-se mesmo fórmulas litúrgicas, mas acaba-se por não se ter qualidade de oração de intimidade, de interiorização e de comunhão com o divino ...

c) Sabe-se, mas não se experimenta; sabe-se teologia, mas não se faz experiência de Deus; sabe-se Cristologia, mas Jesus não é o nosso tesouro, a nossa pérola, o Tudo da vida.

4. Há tantas vezes medo do silêncio e medo de Deus. O amor é exigente; Deus no Seu amor infinito é exigente; ouvi-L'O, implica metanóia, conversão. O silêncio é deserto escaldante e temos sempre muito medo dele. Quando fazemos silêncio e Deus nos fala para "exigir" pelo amor louco que nos tem... interpela, questiona, "é divinamente atrevido"... toca com o dedo na ferida ... o amor que é suave torna-se "furacão", "vendaval"...não ter medo de Deus nem das suas divinas exigências... importa pois, deixar Deus ser Deus...

Estamos em tempo de Quaresma! Este "tempo oportuno e favorável" de 40 dias que nos recorda os 40 anos do Povo de Deus passados no deserto em busca da Terra Prometida; que nos relembra os 40 dias que Jesus Cristo passou no deserto antes de iniciar a Sua vida pública. Este tempo é também um convite à oração pessoal e comunitária; tempo de contemplação que, juntamente com o jejum e a penitência, com a reconciliação e a caridade nos levarão a melhor reflectir sobre o nosso modo de ser cristão e de estabelecermos algum projecto concreto para uma ascese espiritual de conversão.


Quaresma, tempo de Oração mais intensaoracao

• Como fazer oração?

1. Prepara-te para entrar na oração. Escolhe um lugar apropriado. Coloca-te numa posição cómoda e favorável... Tenta fazer silêncio, silêncio interior. Põe-te na presença de Deus Trindade. Pede-lhe a Luz do Seu Espírito. Oferece-Lhe o tempo da oração que vais viver. Pede a Deus a graça de entrar no conteúdo da Palavra que vais orar. Abre-te interiormente a essa Palavra de Deus.

2. Escuta a Palavra. Lê devagar, uma ou duas vezes, o texto proposto para a tua oração. Vai acolhendo e detendo-te nos pontos que mais te tocam interiormente. Toma o tempo necessário para "sentir e gostar interiormente" o conteúdo profundo de cada um desses pontos que te vão atraindo no mais fundo de ti. Permanece em silêncio contemplativo, atento à Palavra, deixando que Deus te fale através das vivências que Ele te faz sentir. Permanece aí...! Escuta...! Acolhe...!

3. Faz Diálogo com Deus. Olha-te a ti mesmo; confronta a tua vida com a Palavra; deixa-te sentir o que o Senhor quer dizer-te; numa atitude familiar, volta-te para Ele e fala-Lhe com simplicidade e amor, como um amigo fala ao seu amigo. Cala-te de novo para escutares a Sua voz, no teu coração. Dialoga com Ele.

• Que fazer quando as distracções batem à porta e entram na casa da nossa oração?

1. Considera as distracções como algo natural na comunicação. Também nos distraímos a falar com outras pessoas, que estão mesmo em frente de nós e que nós muito estimamos. A Deus não O vemos com os olhos nem O ouvimos com os ouvidos... Aceita com humildade e naturalidade, as tuas dificuldades de comunicação com as Pessoas Divinas. És uma pessoa humana normal e não um Anjo do Céu.

2. As distracções não são faltas de atenção, mas atenção a outra coisa ou pessoa. Como um técnico procura dirigir as antenas de rádio ou televisão na direcção da emissora, depois de um vento forte, assim temos que fazer nós, procurando reorientar as nossas antenas pelo Norte de Deus, que sempre Se nos deseja comunicar.

3. Procura tomar as rédeas dos teus sentidos e não deixá-los sem rumo. Os nossos sentidos e a imaginação tendem a ser um cavalo que toma o freio nos dentes. Cultiva o recolhimento, a concentração e o silêncio interior. A seu tempo darão não só flores de harmonia orante, mas também frutos de obras amorosas.

4. Procura manter a paz, sem dar demasiada importância às distracções. Se persegues nervosamente uma borboleta bonita que encontraste, ela se escapa voando; mas se imitares a paz serena de uma flor de jardim, ela virá poisar no teu ombro. Uma distracção assumida com paz é já uma distracção meia vencida.

5. Sê realista e põe meios práticos para passar da distracção de Deus à intimidade do seu encontro. Para matar a sede, tens de aceitar caminhar na direcção de uma fonte. Para comunicares uma confidência a um .amigo não escolhes um ambiente de feira ou supermercado... Algumas sugestões:

6. Recorre a meios simples de orar, procura mergulhar no sentido de alguma palavra ou expressão: Pai nosso... Perdoai as nossas ofensas... Cheia de graça... Rogai por nós... Repete calmamente uma oração que saibas de cor, saboreando as palavras... Inventa algum refrão orante, que repetes pausadamente: Jesus, em Ti confio! Maria, Mãe, acolhe-me no teu coração! Procura recolher os teus sentidos que andam dispersos: fixa-te numa imagem, num crucifixo, numa leitura, numa flor...

7. Deuses ama a todos, até os distraídos, porque são sempre seus filhos queridos. Não penses que Deus se distraiu de ti e te pôs de lado. Abre-te ao amor que Deus te tem, mesmo quando não consegues estar atento ao que Ele te segreda no mais íntimo do teu íntimo.

8. Com simplicidade, oferece a Deus a grinalda das flores desalinhadas da tua distracção. Ele a recolherá com imensa ternura por ti. As distracções não são um precipício, mas uma escada difícil de subir. Recorda que Deus não precisa da perfeição formal da tua oração farisaica. A oração que mais gosta o Pai-nosso é a oração humilde e confiante dos pequeninos.

Manuel Morujão, s.j.

 

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