Solenidade do Corpo de Deus
Na Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, queremos recordar que os actos redentores de Cristo – que culminam na sua paixão, morte e ressurreição – actualizam-se na Eucaristia, celebrada pelo Povo de Deus e presidida pelo ministro ordenado. Por isso, redescobrir a Eucaristia na plenitude é redescobrir Cristo.
Queremos, por isso, hoje agradecer a Deus por este tão grande dom, que o Sehor deu à sua Igreja.
É ao redor do altar que se constrói a comunidade cristã e a vida comunitária. A Eucaristia é a síntese espiritual da Igreja, a plenitude de comunhão do homem com Deus, fonte dos valores eternos e experiência profunda do divino.
Participar da eucaristia dominical é sinal inequívoco de identidade cristã e de pertença à Igreja. Por isso, a Missa é o momento privilegiado que possibilita o encontro com Deus a níveis de fé e de compromisso humano. As leituras reflectem o sentido da Eucaristia.
Na Primeira Leitura Moisés explica o sentido do Maná enviado por Deus para alimentar o Povo no caminho do deserto. O Maná é memorial da acção de Deus no passado e anuncio profético de um novo Pão, que Jesus prometeu aos seu discípulos: a sua Palavra e o seu Corpo.
Na Segunda Leitura, São Paulo afirma que "formamos em Cristo um só Corpo". A Eucaristia não celebra só a nossa união com Deus e a nossa identificação com Cristo; celebra também a união com os irmãos: "O pão é um só, assim nós, embora muitos, somos um só corpo".
O Evangelho apresenta o final do discurso do Pão da Vida. Jesus introduz a grande mensagem de que Ele dará um outro pão.
Leitura do Livro do Deuteronómio
«Recorda-te de todo o caminho que o Senhor teu Deus te fez percorrer
durante quarenta anos no deserto, para te atribular e pôr à prova,
a fim de conhecer o íntimo do teu coração
e verificar se guardarias ou não os seus mandamentos.
Atribulou-te e fez-te passar fome,
mas deu-te a comer o maná que não conhecias
nem teus pais haviam conhecido,
para te fazer compreender que o homem não vive só de pão,
mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor.
Não te esqueças do Senhor teu Deus,
que te fez sair da terra do Egipto, da casa de escravidão,
e te conduziu através do imenso e temível deserto,
entre serpentes venenosas e escorpiões,
terreno árido e sem águas.
Foi Ele quem, da rocha dura,
fez nascer água para ti e, no deserto,
te deu a comer o maná, que teus pais não tinham conhecido».
SALMO RESPONSORIAL (Sl 147, 12-13.14-15.19-20)
Ele reforçou as tuas portas
e abençoou os teus filhos.
e saciou-te com a flor da farinha.
Envia à terra a sua palavra,
corre veloz a sua mensagem.
suas leis e preceitos a Israel.
Não fez assim com nenhum outro povo,
a nenhum outro manifestou os seus juízos.
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Não é o cálice de bênção que abençoamos
a comunhão com o Sangue de Cristo?
Não é o pão que partimos a comunhão com o Corpo de Cristo?
Visto que há um só pão, nós,
embora sejamos muitos, formamos um só corpo,
porque participamos do mesmo pão.
SEQUÊNCIA
Terra, exulta de alegria,
Louva o teu pastor e guia,
Com teus hinos, tua voz.
Quanto possas tanto ouses,
Em louvá-l'O não repouses:
Sempre excede o teu louvor.
Hoje a Igreja te convida:
O pão vivo que dá vida
Vem com ela celebrar.
Este pão - que o mundo creia -
Por Jesus na santa Ceia
Foi entregue aos que escolheu.
Eis o pão que os Anjos comem
Transformado em pão do homem;
Só os filhos o consomem:
Não será lançado aos cães.
Em sinais prefigurado,
Por Abraão imolado,
No cordeiro aos pais foi dado,
No deserto foi maná.
Bom pastor, pão da verdade,
Tende de nós piedade,
Conservai-nos na unidade,
Extingui nossa orfandade
E conduzi-nos ao Pai.
Aos mortais dando comida,
Dais também o pão da vida:
Que a família assim nutrida
Seja um dia reunida
Aos convivas lá do Céu.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
«Eu sou o pão vivo descido do Céu.
Quem comer deste pão viverá eternamente.
E o pão que Eu hei-de dar é a minha Carne,
que Eu darei pela vida do mundo».
Os judeus discutiam entre si:
«Como pode Ele dar-nos a sua Carne a comer?».
Jesus disse-lhes:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Se não comerdes a Carne do Filho do homem
e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós.
Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna;
e Eu o ressuscitarei no último dia.
A minha Carne é verdadeira comida e o meu Sangue é verdadeira bebida.
Quem come a minha Carne
e bebe o meu Sangue permanece em mim e Eu nele.
Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai,
também aquele que Me come viverá por Mim.
Este é o pão que desceu do Céu;
não é como aquele que os vossos pais comeram, e morreram;
quem comer deste pão viverá eternamente».
Ressonâncias
O pão do céu é a Palavra de Deus, a mensagem do Pai que Jesus veio trazer. Esta palavra é para os homens verdadeiro pão da vida.
Mas para que essa Palavra se transforme em vida, deve encarnar nas pessoas, deve tornar-se concreta e visível. A encarnação perfeita dessa Palavra é Jesus.
Quando nós comemos o pão material, ele é assimilado, torna-se parte de nós mesmos, transforma-se na nossa própria carne. Jesus diz-nos que o Pão é Ele mesmo. É a Sua pessoa que deve ser comida, que deve ser assimilada por nós.
Comungar Cristo significa, portanto, assimilar a realidade humana de Jesus e identificar-se com Ele no cumprimento da vontade do Pai; isto implica que ofereçamos o nosso ser, para que ele possa continuar a viver, a sofrer, a dar-se e a ressuscitar em nós.
O Pão da Eucaristia deve ser recebido com fé de modo a transformar-nos mais intimamente na pessoa de Jesus.
Adorar quer dizer colocar-se diante do pão partido, que nos torna presente a vida de Jesus, partido por amor para a humanidade. Só quando nos mantemos nesta disposição de nos deixar transformar na pessoa de Jesus, podemos realmente afirmar que toda a nossa vida está iluminada pela Eucaristia.
nos deixastes o memorial da vossa paixão,
concedei-nos a graça de venerar
de tal modo os mistérios do vosso Corpo e Sangue
que sintamos continuamente os frutos da vossa redenção.
Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo.»
Nela encontra a razão da sua existência,
a fonte inesgotável da sua santidade,
a força da unidade e o vínculo da comunhão,
o vigor da sua vitalidade evangélica,
o princípio da sua acção de evangelização,
a fonte da caridade e o impulso da promoção humana,
a antecipação da sua glória no banquete eterno