XXX Domingo do Tempo Comum - A
A Liturgia da palavra deste Domingo focaliza a mensagem principal que devemos anunciar e testemunhar: o maior Mandamento da lei: o Amor.
A primeira leitura afirma que o maior Mandamento é o Amor concretizado através da defesa dos mais necessitados e desprotegidos: os Estrangeiros, as viúvas, os órfãos, os endividados, os pobres. Garante-nos que Deus não aceita situações intoleráveis de injustiça e de opressão, de desrespeito pelos direitos e pela dignidade dos mais pobres e dos mais débeis.
A segunda leitura apresenta-nos o exemplo da comunidade cristã de Tessalónica que, apesar das inúmeras provações, aprendeu a percorrer o caminho do amor e do dom da vida; e esse percurso – cumprido na alegria e na dor — tornou-se semente de fé e de amor, que deu frutos em outras comunidades cristãs.
No Evangelho Jesus resume toda a Lei no Amor: Amor a Deus e aos irmãos. Os dois mandamentos não podem separar-se: "amar a Deus" é cumprir a sua vontade e estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida.
Leitura do Livro do Êxodo
Eis o que diz o Senhor:
«Não prejudicarás o estrangeiro, nem o oprimirás,
porque vós próprios fostes estrangeiros na terra do Egipto.
Não maltratarás a viúva nem o órfão.
Se lhes fizeres algum mal e eles clamarem por Mim,
escutarei o seu clamor;
inflamar-se-á a minha indignação
e matar-vos-ei ao fio da espada.
As vossas mulheres ficarão viúvas, e órfãos os vossos filhos.
Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo,
ao pobre que vive junto de ti,
não procederás com ele como um usurário,
sobrecarregando-o com juros.
Se receberes como penhor a capa do teu próximo,
terás de lha devolver até ao pôr do sol,
pois é tudo o que ele tem para se cobrir,
é o vestuário com que cobre o seu corpo.
Com que dormiria ele?
Se ele Me invocar, escutá-lo-ei,
porque sou misericordioso».
Refrão: Eu vos amo, Senhor: sois a minha força.
Eu Vos amo, Senhor, minha força,
minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador.
Meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança,
meu protector, minha defesa e meu salvador.
Na minha aflição invoquei o Senhor
e clamei pelo meu Deus.
Do seu templo Ele ouviu a minha voz,
e o meu clamor chegou aos seus ouvidos.
Viva o Senhor, bendito seja o meu protector;
exaltado seja Deus, meu salvador.
O Senhor dá ao Rei grandes vitórias
e usa de bondade para com o seu ungido.
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos:
Vós sabeis como procedemos no meio de vós, para vosso bem.
Tornaste-vos imitadores nossos e do Senhor,
recebendo a palavra no meio de muitas tribulações,
com a alegria do Espírito Santo;
e assim vos tornastes exemplo
para todos os crentes da Macedónia e da Acaia.
Porque, partindo de vós, a palavra de Deus ressoou
não só na Macedónia e na Acaia,
mas em toda a parte se divulgou a vossa fé em Deus,
de modo que não precisamos de falar sobre ela.
De facto, são eles próprios que relatam
o acolhimento que tivemos junto de vós
e como dos ídolos vos convertestes a Deus,
para servir ao Deus vivo e verdadeiro
e esperar dos Céus o seu Filho,
a quem ressuscitou dos mortos:
Jesus, que nos livrará da ira que há-de vir.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
os fariseus, ouvindo dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus,
reuniram-se em grupo,
e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar:
«Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?».
Jesus respondeu:
«'Amarás o Senhor, teu Deus,
com todo o teu coração, com toda a tua alma
e com todo o teu espírito'.
Este é o maior e o primeiro mandamento.
O segundo, porém, é semelhante a este:
'Amarás o teu próximo como a ti mesmo'.
Nestes dois mandamentos se resumem
toda a Lei e os Profetas».

"Qual é o maior dos mandamentos?" A preocupação em actualizar a Lei, de forma a que ela respondesse a todas as questões que a vida do dia a dia punha, tinha levado os doutores da Lei a deduzir um conjunto de 613 preceitos, dos quais 365 eram proibições e 248 acções a pôr em prática. Esta "multiplicação" dos preceitos legais lançava, evidentemente, a questão das prioridades: todos os preceitos têm a mesma importância, ou há algum que é mais importante do que os outros? É esta a questão que é posta a Jesus.
Jesus responde, fundamentando-se em duas passagens bíblicas: "Amarás o Senhor teu Deus..." (Dt 6,5) e "Amarás o teu próximo como a ti mesmo..." (Lv 19,18). Estes dois mandamentos já eram conhecidos, mas a originalidade deste ensinamento está em dois pontos: define o amor a Deus e ao irmão como o centro essencial da Lei; unifica e equipara os dois mandamentos: "O segundo é semelhante a esse". Portanto, não são dois mandamentos diversos, mas duas faces da mesma moeda. Esses dois mandamentos são a expressão maior da vontade de Deus. São o resumo da Sagrada Escritura.
Ao longo destes dois mil anos de cristianismo fomos criando muitos mandamentos, preceitos, proibições, exigências, opiniões, pecados e virtudes, que arrastamos pesadamente pela história. E acabamos por perder a noção do que é verdadeiramente importante.
Hoje, ficamos a discutir certas questões secundárias, sem discernir muitas vezes o essencial da proposta de Jesus.
O Evangelho deste Domingo é claro: o essencial é o amor a Deus e o amor aos irmãos. Para o cristão, o Amor é fundamental, porque Deus é amor e ama o homem, e o homem é um ser criado para amar. Talvez tenhamos de remover muito lixo acumulado com o tempo, que nos impede de compreender, de viver, de anunciar e de testemunhar o cerne da proposta de Jesus.

Estamos no último Domingo do mês missionário. Vivendo intensamente estes dois amores - a Deus e ao Próximo -, crescerá também em nós um novo "ardor missionário".
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Próximo é o que vem depois...
A catequista estava a interrogar os seus alunos:
— Quem é capaz de dizer qual é o maior mandamento da Lei do Senhor?
— Amar a Deus e amar o próximo — responderam em coro.
— Muito bem, vê-se que os meninos estão atentos na catequese e sabem muitas coisas. Mas qual de vós quer dizer quem é o próximo?
Todos ficaram pensativos até que uma menina, sem hesitação, levantou o dedo para falar:
— O próximo é o que vem depois.
A catequista nem queria acreditar no que ouviu:
— Como? Aquele que vem depois?
— Sim. É o que vem a seguir. Ontem, a minha mãe levou-me ao médico e estava lá muita gente. Cada vez que saía uma pessoa do consultório a enfermeira pedia: o próximo.
— É verdade, é assim... confirmaram todos.
— Bendito seja Deus! — concluiu a catequista. Estes meninos sabem mais do que eu.
É o mesmo Senhor Jesus que continua hoje a revelar a Sua lei: Amar a Deus e ao Próximo, amar a Deus que vem primeiro e amar o próximo que vem depois, amar o Mestre e o discípulo que está a seguir, amar o Senhor e amar aquele que dele precisa, amar a Deus e a quem está perto dele porque todos estamos no seu coração.