Olhar de Fé
Dá-me Senhor um olhar de fé sobre a vida
nos anos já vividos
e naqueles que ainda se hão-de desdobrar diante de mim.
Um olhar luminoso, que não se prende nas aparências
e que sabe discernir o segredo
que habita as coisas e as pessoas.
Um olhar benevolente, que não se bloqueia
perante a negatividade hostil da vida,
mas que é capaz de descobrir a marca profunda
com que Deus assinala todas as criaturas.
Um olhar cordial, que não se deixa condicionar
só pelas emoções primárias,
mas que é capaz de contagiar os outros
com o optimismo da esperança.
Um olhar paciente, que não se deixa dominar
pelas reacções agressivas da sensibilidade
mas que é capaz de aguardar o despertar da bondade
que há em cada confrade e em cada pessoa que encontro.
Um olhar que irradia a própria glória de Deus,
que se manifesta no brilho de um olhar de fé
e que contagia os outros com o Espírito Divino.
Um olhar de fé na minha consagração,
para que viva feliz na entrega da minha vida a Cristo
e para que os outros vendo a minha felicidade
possam responder com generosidade ao apelo de Deus.
Um olhar renovado sobre a minha vida,
para que eu não me deixe atemorizar pelas dificuldades,
mas seja capaz de imprimir em mim,
na minha comunidade e na missão que me é confiada
um espírito novo e audaz.
Dá-me Senhor um olhar destes
para que os outros o sintam como Bênção.
Carlos Paes (Adaptação)
Deus é Amor
«O Seu amor é leal
Mais fiel do que o sol nascente»
Lauren Daigle – Loyal
Ouvimos dizer, inúmeras vezes, que este Deus é amor.
Mas acreditaremos, efetivamente, nisso?
Fica muito bem afirmar que este Deus é completamente apaixonado por nós.
Está quase na moda verbalizar que o maior amor vem de uma cruz, mas teremos consciência do que isso implica?
Dizer que Deus é amor não é acreditar que nunca iremos sofrer.
Dizer que Deus é amor não é esperar que Ele nos diga sim a tudo.
Dizer que Deus é amor não é ansiar por milagres a toda a hora.
Dizer que Deus é amor não é conseguir interpretar todos os Seus silêncios.
Porque, se assim fosse, não seria amor.
No amor existe sofrimento.
No amor existe confiança mesmo quando não se compreende o que nos rodeia.
No amor compreende-se o não como resposta a muitas das questões que temos.
Por isso é que Deus é, realmente, amor.
Ele é amor, porque acompanha.
Ele é amor, porque nos acolhe na nossa fragilidade.
Ele é amor, porque nos guia mesmo quando não entendemos a Sua palavra.
Ele é amor, porque nos puxa para Si mesmo quando nos sentimos envergonhados.
Mas isto só pode fazer sentido, se nós, que nos dizemos filhos de Deus, demonstrarmos ao Mundo, com gestos concretos, o verdadeiro amor de Deus.
Este amor de Deus começa na simplicidade.
Este amor de Deus começa quando entregamos o nosso coração.
Este amor de Deus começa sempre em mim, na minha casa, na minha rua, na minha paróquia...
Este amor de Deus surge em cada toque sincero e humilde.
Este amor de Deus surge em cada olhar profundo.
Este amor de Deus surge sempre que olharmos para o alto.
Este amor de Deus surge quando denunciamos as injustiças.
Deus é amor, mas não basta dizê-lo.
Deus é amor, mas não se revela nas teorias.
Deus é amor… e conta comigo e contigo para o espalharmos.
Deus é amor e não desistirá enquanto não o experimentarmos.
Deus é amor, e nós seremos sempre a Sua maior prova...
Emanuel António Dias, in http://www.imissio.net/v2/cronicas/
Oração em tempo de Quaresma
Senhor,
hoje recordas-nos que somos pecadores,
convidando-nos à conversão radical das nossas vidas.
Hoje dizes-nos:
“Convertei-vos e acreditai no Evangelho!”.
É uma ordem de libertação de tudo o que nos degrada.
Eis aqui a tarefa da Quaresma
no caminho para a Páscoa.
A cinza
é garantia da ressurreição do homem novo.
Queremos despojar-nos
da hipocrisia que nos corrói:
que saibamos procurar-Te
e agradar-Te em segredo.
Queremos refazer
a nossa opção baptismal
para chegar à noite da vigília pascal
como homens e mulheres novos,
renascidos do Teu Espírito.
Amen.
A oração é a luz da alma
A oração, o diálogo com Deus, é um bem incomparável, porque nos põe em comunhão íntima com Deus. Assim como os olhos do corpo são iluminados quando recebem a luz, a alma que se eleva para Deus é iluminada por sua luz inefável. Falo da oração que não é só uma atitude exterior, mas que provém do coração e não se limita a ocasiões ou horas determinadas, prolongando-se dia e noite, sem inter-rupção.
Com efeito, não devemos orientar o pensamento para Deus apenas quando nos aplicamos à oração; também no meio das mais variadas tarefas - como o cuidado dos pobres, as obras úteis de misericórdia ou quaisquer outros serviços do próximo - é preciso conservar sempre vivos o desejo e a lembrança de Deus. E assim, todas as nossas obras, temperadas com o sal do amor de Deus, se tornarão um alimento dulcíssimo para o Senhor do universo. Podemos, entretanto, gozar continuamente em nossa vida do bem que resulta da oração, se lhe dedicarmos todo o tempo que nos for possível.
A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens. Pela oração a alma se eleva até aos céus e une-se ao Senhor num abraço inefável; como uma criança que, chorando, chama sua mãe, a alma deseja o leite divino, exprime seus próprios desejos e recebe dons superiores a tudo que é natural e visível.
A oração é venerável mensageira que nos leva à presen¬ça de Deus, alegra a alma e tranquiliza o coração. Não penses que essa oração se reduza a palavras. Ela é desejo de Deus, amor inexprimível que não provém dos homens, mas é efeito da graça divina, como diz o Apóstolo: Nós não sabemos o que devemos pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis (Rm 8,26).
Semelhante oração, quando o Senhor a concede a alguém, é uma riqueza que não lhe pode ser tirada e um alimento celeste que sacia a alma. Quem a experimentou inflama-se do desejo eterno de Deus, como que de um fogo devorador quê abrasa o coração.
Praticando-a em sua pureza original, adorna tua casa de modéstia e humildade, torna-a resplandecente com a luz da justiça. Enfeita-se com boas obras, quais plaquetas de ouro, ornamenta-se de fé e de magnanimidade em vez de paredes e mosaicos. Como cúpula e coroamento de todo o edifício, coloca a oração. Assim prepararás para o Senhor uma digna morada, assim terás um esplêndido palácio real para o receber, e poderás tê-lo contigo na tua alma, transformada, pela graça, em imagem e templo da sua presença.
Das Homílias do Pseudo-Crisóstomo (Séc. IV)
O poder das mãos vazias
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Esvazia as mãos de quê? De tudo o que te impede de ser "pobre em espírito" e "buscador de Deus".
Enche o coração. De quê? De amor.
Se amas, morres crucificado. Se não amas morrerás de tédio, e passarás a vida a bocejar...
Porque a vida é um dom recebido, para ser oferecido e repartido, como quem distribui pedaços de pão...
O modelo é Jesus. Jesus amou, fez-se pão, doação: "Tomai e comei, isto é o meu corpo". Tomai e bebei, este é o cálice do meu sangue".
E morreu na cruz...
Rogério Almeida, in ‘O poder das Mãos Vazias’
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