PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

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II Domingo da Páscoa A

Tome03a

A Liturgia deste Domingo, revivendo ainda a alegria do Cristo Ressuscitado, apresenta-nos a nova comunidade nascida da Cruz e Ressurreição: a Igreja. A sua missão consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição.

A primeira leitura descreve a comunidade cristã de Jerusalém, como uma comunidade ideal. É uma "comunidade de irmãos" preocupada em conhecer Jesus e a sua proposta de salvação, que se reúne para louvar o Senhor na oração e na Eucaristia, que vive na partilha, na doação e no serviço e que testemunha a salvação que Jesus veio propor à humanidade.

A segunda leitura lembra-nos que é pelo Baptismo que nos identificamos com Cristo. Esta identificação com Ele coloca-nos em obediência ao Pai e na entrega aos nossos irmãos. É o caminho que conduz à Ressurreição.

O Evangelho apresenta-nos a Comunidade dos Apóstolos. Jesus vivo e ressuscitado é o centro da Comunidade cristã. É à volta d'Ele que a comunidade se estrutura e é d'Ele que recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e provações.

Primeira Leitura (Act 2,42-47)
Leitura dos Actos dos Apóstolos

Os irmãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos,
à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações.
Perante os inumeráveis prodígios e milagres
realizados pelos Apóstolos,
toda a gente se enchia de terror.
Todos os que haviam abraçado a fé
viviam unidos e tinham tudo em comum.
Vendiam propriedades e bens
e distribuíam o dinheiro por todos,
conforme as necessidades de cada um.
Todos os dias frequentavam o templo,
como se tivessem uma só alma,
e partiam o pão em suas casas;
tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração,
louvando a Deus e gozando da simpatia de todo o povo.
E o Senhor aumentava todos os dias
o número dos que deviam salvar-se.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)

Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.

Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Aarão:
é eterna a sua misericórdia.
Digam os que temem o Senhor:
é eterna a sua misericórdia.

Empurraram me para cair,
mas o Senhor me amparou.
O Senhor é a minha fortaleza e a minha glória,
foi Ele o meu Salvador.

Gritos de júbilo e de vitória nas tendas dos justos:
a mão do Senhor fez prodígios.
A pedra que os construtores rejeitaram
tornou se pedra angular.

Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria.


Segunda Leitura (1Pd 1,3-9)
Leitura da Primeira Epístola de São Pedro

Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo,
que, na sua grande misericórdia, nos fez renascer,
pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos,
para uma esperança viva,
para uma herança que não se corrompe,
nem se mancha, nem desaparece,
reservada nos Céus para vós
que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé,
para a salvação que se vai revelar nos últimos tempos.
Isto vos enche de alegria,
embora vos seja preciso ainda, por pouco tempo,
passar por diversas provações,
para que a prova a que é submetida a vossa fé
– muito mais preciosa que o ouro perecível,
que se prova pelo fogo –
seja digna de louvor, glória e honra,
quando Jesus Cristo Se manifestar.
Sem O terdes visto, vós O amais;
sem O ver ainda, acreditais n’Ele.
E isto é para vós fonte de uma alegria inefável e gloriosa,
porque conseguis o fim da vossa fé,
a salvação das vossas almas.


EVANGELHO – (Jo 20,19-31)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas as portas da casa
onde os discípulos se encontravam,
com medo dos judeus,
veio Jesus, colocou Se no meio deles e disse lhes:
«A paz esteja convosco».
Dito isto, mostrou lhes as mãos e o lado.
Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Jesus disse lhes de novo:
«A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós».
Dito isto, soprou sobre eles e disse lhes:
«Recebei o Espírito Santo:
àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados;
e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».
Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo,
não estava com eles quando veio Jesus.
Disseram lhe os outros discípulos:
«Vimos o Senhor».
Mas ele respondeu lhes:
«Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos,
se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado,
não acreditarei».
Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa
e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas,
apresentou Se no meio deles e disse:
«A paz esteja convosco».
Depois disse a Tomé:
«Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos;
aproxima a tua mão e mete a no meu lado;
e não sejas incrédulo, mas crente».
Tomé respondeu-Lhe:
«Meu Senhor e meu Deus!»
Disse lhe Jesus:
«Porque Me viste acreditaste:
felizes os que acreditam sem terem visto».
Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos,
que não estão escritos neste livro.
Estes, porém, foram escritos
para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus,
e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.


ORAÇÃO UNIVERSAL

Irmãs e irmãos:
À semelhança da primeira comunidade cristã,
que orava num só coração e numa só alma,
oremos nós também pela Igreja e pelo mundo inteiro,
dizendo (ou: cantando), numa só voz:

R. Pela ressurreição do vosso Filho, ouvi-nos, Senhor.

1. Para que os fiéis da santa Igreja
se reúnam em cada Páscoa semanal,
para escutar a Palavra, partir o pão e orar juntos, oremos.

2. Para que todos os novos baptizados
vençam a prova a que é submetida a sua fé,
mais preciosa do que o ouro perecível, oremos.

3. Para que todos os cristãos
alcancem a graça de acreditar sem terem visto
e se encontrem no seu íntimo com Jesus, oremos.

4. Para que o Senhor Jesus ressuscitado
dê a paz e a alegria aos que andam tristes,
aos pobres, aos infelizes e aos doentes, oremos.

5. Para que a nossa comunidade aqui presente,
que recebeu o perdão dos seus pecados,
adore o Pai, se entregue a Cristo e viva do Espírito, oremos.

6. Por todos os que sofrem as consequências da actual pandemia,
para que Deus nosso Senhor, conceda a cura aos enfermos,
Força aos que trabalham na saúde, conforto às famílias
e a salvação a todos as vítimas mortais, oremos.

Senhor, nosso Deus e nosso Pai,
abri o coração dos vossos filhos
ao grande dom de Jesus ressuscitado
e dai-nos a graça de O encontrar, cada domingo,
na Palavra proclamada e na fracção do Pão.
Ele que vive e reina por todos os séculos dos séculos.


Ressonâncias

O Evangelho deste Domingo apresenta-nos dois encontros da nova Comunidade com o Cristo Ressuscitado, no cenáculo. É uma catequese sobre a presença de Jesus, que continua vivo e ressuscitado, acompanhando a sua Igreja: Os Apóstolos estão reunidos, mas "trancados" e dominados pela incredulidade, pela tristeza e pelo medo. Tomé incrédulo na promessa de Cristo e na palavra dos colegas é exemplo dos que não valorizam o testemunho comunitário e dos que querem ser cristãos sem Igreja.

Hoje, ainda há muitos que vivem de "portas trancadas". Dominados pelo medo e pela insegurança, aguardam por melhores dias de justiça e de paz. O Ressuscitado derruba as trancas e restaura a paz e a alegria: "A Paz esteja convosco" (3x). Hoje, Ele torna-nos também protagonistas da Paz, que é conquistada e construída pelo empenho de todos.

No primeiro dia da semana, após a Morte e Ressurreição. Com esse primeiro dia, começa o "Dia do Senhor", o DOMINGO. O que significa para ti o Domingo? É de facto o "Dia do Senhor"?
- Jesus está no centro da Comunidade, onde todos vão beber essa vida que lhes permite vencer o medo e a hostilidade do mundo. É a videira ao redor da qual se enxertam os ramos...
- Confia a Missão: "Como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós." Continua acreditando neles e, apesar de tudo, conta com eles. Na missão, apesar de tudo, Ele conta também connosco.
- Inicia uma nova Criação: "Jesus soprou sobre eles", como Deus na criação do homem (Gn 2,7) e acrescenta: "Recebei o Espírito Santo". Com o dom do Espírito Santo, o Senhor ressuscitado inicia um mundo novo e com o envio dos discípulos inaugura-se um novo Israel, que crê em Cristo e testemunha a verdade da Ressurreição.
- Institui a Penitência: "Àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos». Uma vez perdoados, são enviados a perdoar em nome de Deus. É um Sacramento tipicamente Pascal: nascido num clima de alegria e de vitória.

Como se chega à fé em Cristo Ressuscitado? A Comunidade é o lugar natural onde se manifesta e irradia o amor de Jesus. Longe da comunidade, Tomé não acreditou na palavra de Jesus, nem dos colegas. A sua fé reacende-se, quando no "Dia do Senhor" voltou à Comunidade e faz um belo acto de fé: "Meu Senhor e meu Deus!" E Cristo acrescenta: "Felizes os que acreditam sem terem visto."
Tomé representa aqueles que vivem afastados da comunidade, sem perceberem os sinais de vida que nela se manifestam.

Este episódio é uma alusão clara ao Domingo. Lembra as celebrações dominicais da comunidade primitiva e a nossa experiência pascal que se renova em cada Domingo. A experiência de Tomé é possível para os homens de todos os tempos.
O que significa para ti a Eucaristia Dominical?

A DIVINA MISERICÓRDIA, que hoje celebramos é garantia e força para o desempenho de nossa missão. Santo Domingo!


Oração de Santa Faustina: http://www.paroquiaqueijas.net/portal/evangelizacao/tempo-de-oracao/varios/647-oracao-de-santa-faustina


Homilia do Papa S. João Paulo II,
por ocasião da canonização da Irmã Maria Faustina Kowalska
(30 de Abril de 2000, Domingo da Misericórdia)

1. "Louvai o Senhor, porque Ele é bom, porque é eterno o Seu amor" (Sl 118, 1). Assim canta a Igreja na Oitava de Páscoa, como que recolhendo dos lábios de Cristo estas palavras do Salmo, dos lábios de Cristo ressuscitado, que no Cenáculo traz o grande anúncio da misericórdia divina e confia aos apóstolos o seu ministério: "A paz seja convosco! Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós... Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 20, 21-23).

Antes de pronunciar estas palavras, Jesus mostra as mãos e o lado. Isto é, indica as feridas da Paixão, sobretudo a chaga do coração, fonte onde nasce a grande onda de misericórdia que inunda a humanidade. Daquele Coração a Irmã Faustina Kowalska, a Beata a quem de agora em diante chamaremos Santa, verá partir dois fachos de luz que iluminam o mundo: "Os dois raios, explicou-lhe certa vez o próprio Jesus representam o sangue e a água" (Diário, Libreria Editrice Vaticana, pág. 132).

2. Sangue e água! O pensamento corre rumo ao testemunho do evangelista João que, quando um soldado no Calvário atingiu com a lança o lado de Cristo, vê jorrar dali "sangue e água" (cf. Jo 19, 34). E se o sangue evoca o sacrifício da cruz e o dom eucarístico, a água, na simbologia joanina, recorda não só o baptismo, mas também o dom do Espírito Santo (cf. Jo 3, 5; 4, 14; 7, 37-39).

A misericórdia divina atinge os homens através do Coração de Cristo crucificado: "Minha filha, dize que sou o Amor e a Misericórdia em pessoa", pedirá Jesus à Irmã Faustina (Diário, pág. 374). Cristo derrama esta misericórdia sobre a humanidade mediante o envio do Espírito que, na Trindade, é a Pessoa-Amor. E porventura não é a misericórdia o "segundo nome" do amor (cf. Dives in misericordia, 7), cultuado no seu aspecto mais profundo e terno, na sua atitude de cuidar de toda a necessidade, sobretudo na sua imensa capacidade de perdão?

É deveras grande a minha alegria, ao propor hoje à Igreja inteira, como dom de Deus para o nosso tempo, a vida e o testemunho da Irmã Faustina Kowalska. Pela divina Providência a vida desta humilde filha da Polónia esteve completamente ligada à história do século XX, que há pouco deixámos atrás. De facto, foi entre a primeira e a segunda guerra mundial que Cristo lhe confiou a sua mensagem de misericórdia. Aqueles que recordam, que foram testemunhas e participantes nos eventos daqueles anos e nos horríveis sofrimentos que daí derivaram para milhões de homens, bem sabem que a mensagem da misericórdia é necessária.

Jesus disse à Irmã Faustina: "A humanidade não encontrará paz, enquanto não se voltar com confiança para a misericórdia divina" (Diário, pág. 132). Através da obra da religiosa polaca, esta mensagem esteve sempre unida ao século XX, último do segundo milénio e ponte para o terceiro. Não é uma mensagem nova, mas pode-se considerar um dom de especial iluminação, que nos ajuda a reviver de maneira mais intensa o Evangelho da Páscoa, para o oferecer como um raio de luz aos homens e às mulheres do nosso tempo.

3. O que nos trarão os anos que estão diante de nós? Como será o futuro do homem sobre a terra? A nós não é dado sabê-lo. Contudo, é certo que ao lado de novos progressos não faltarão, infelizmente, experiências dolorosas. Mas a luz da misericórdia divina, que o Senhor quis como que entregar de novo ao mundo através do carisma da Irmã Faustina, iluminará o caminho dos homens do terceiro milénio.

Assim como os Apóstolos outrora, é necessário porém que também a humanidade de hoje acolha no cenáculo da história Cristo ressuscitado, que mostra as feridas da sua crucifixão e repete: A paz seja convosco! É preciso que a humanidade se deixe atingir e penetrar pelo Espírito que Cristo ressuscitado lhe dá. É o Espírito que cura as feridas do coração, abate as barreiras que nos separam de Deus e nos dividem entre nós, restitui ao mesmo tempo a alegria do amor do Pai e a da unidade fraterna.

4. É importante, então, que acolhamos inteiramente a mensagem que nos vem da palavra de Deus neste segundo Domingo de Páscoa, que de agora em diante na Igreja inteira tomará o nome de "Domingo da Divina Misericórdia". Nas diversas leituras, a liturgia parece traçar o caminho da misericórdia que, enquanto reconstrói a relação de cada um com Deus, suscita também entre os homens novas relações de solidariedade fraterna. Cristo ensinou-nos que "o homem não só recebe e experimenta a misericórdia de Deus, mas é também chamado a "ter misericórdia" para com os demais. "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia" (Mt 5, 7)" (Dives in misericordia, 14). Depois, Ele indicou-nos as múltiplas vias da misericórdia, que não só perdoa os pecados, mas vai também ao encontro de todas as necessidades dos homens. Jesus inclinou-se sobre toda a miséria humana, material e espiritual.

A sua mensagem de misericórdia continua a alcançar-nos através do gesto das suas mãos estendidas rumo ao homem que sofre. Foi assim que O viu e testemunhou aos homens de todos os continentes a Irmã Faustina que, escondida no convento de Lagiewniki em Cracóvia, fez da sua existência um cântico à misericórdia: Misericordias Domini in aeternum cantabo.

5. A canonização da Irmã Faustina tem uma eloquência particular: mediante este acto quero hoje transmitir esta mensagem ao novo milénio. Transmito-a a todos os homens para que aprendam a conhecer sempre melhor o verdadeiro rosto de Deus e o genuíno rosto dos irmãos.

Amor a Deus e amor aos irmãos são de facto inseparáveis, como nos recordou a primeira Carta de João: "Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e guardamos os Seus mandamentos" (5, 2). O Apóstolo recorda-nos nisto a verdade do amor, indicando-nos na observância dos mandamentos a medida e o critério.

Com efeito, não é fácil amar com um amor profundo, feito de autêntico dom de si. Aprende-se este amor na escola de Deus, no calor da sua caridade. Ao fixarmos o olhar n'Ele, ao sintonizarmo-nos com o seu coração de Pai, tornamo-nos capazes de olhar os irmãos com olhos novos, em atitude de gratuidade e partilha, de generosidade e perdão. Tudo isto é misericórdia!

Na medida em que a humanidade souber aprender o segredo deste olhar misericordioso, manifesta-se como perspectiva realizável o quadro ideal, proposto na primeira leitura: "A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia mas, entre eles, tudo era comum" (Act 4, 32). Aqui a misericórdia do coração tornou-se também estilo de relações, projecto de comunidade, partilha de bens. Aqui floresceram as "obras da misericórdia", espirituais e corporais. Aqui a misericórdia tornou-se um concreto fazer-se "próximo" dos irmãos mais indigentes.

6. A Irmã Faustina Kowalska deixou escrito no seu Diário: "Sinto uma tristeza profunda, quando observo os sofrimentos do próximo. Todas as dores do próximo se repercutem no meu coração; trago no meu coração as suas angústias, de tal modo que me abatem também fisicamente.

Desejaria que todos os sofrimentos caíssem sobre mim, para dar alívio ao próximo" (pág. 365). Eis a que ponto de partilha conduz o amor, quando é medido segundo o amor de Deus!

É neste amor que a humanidade de hoje se deve inspirar, para enfrentar a crise de sentido, os desafios das mais diversas necessidades, sobretudo a exigência de salvaguardar a dignidade de cada pessoa humana. A mensagem de misericórdia divina é assim, implicitamente, também uma mensagem sobre o valor de todo o homem. Toda a pessoa é preciosa aos olhos de Deus; Cristo deu a vida por cada um; o Pai dá o seu Espírito a todos, oferecendo-lhes o acesso à Sua intimidade.

7. Esta mensagem consoladora dirige-se sobretudo a quem, afligido por uma provação particularmente dura ou esmagado pelo peso dos pecados cometidos, perdeu toda a confiança na vida e se sente tentado a ceder ao desespero. Apresenta-se-lhe o rosto suave de Cristo, chegando-lhe aqueles raios que partem do seu Coração e iluminam, aquecem e indicam o caminho, e infundem esperança. Quantas almas já foram consoladas pela invocação "Jesus, confio em Ti", que a Providência sugeriu através da Irmã Faustina! Este simples acto de abandono a Jesus dissipa as nuvens mais densas e faz chegar um raio de luz à vida de cada um.

"Jezu ufam tobie!"
8. Misericordias Domini in aeternum cantabo (Sl 88 [89], 2). À voz de Maria Santíssima, "Mãe da misericórdia", à voz desta nova Santa, que na Jerusalém celeste canta a misericórdia juntamente com todos os amigos de Deus, unamos também nós, Igreja peregrinante, a nossa voz.

E tu, Faustina, dom de Deus ao nosso tempo, dádiva da terra da Polónia à Igreja inteira, obtém-nos a graça de perceber a profundidade da misericórdia divina, ajuda-nos a torná-la experiência viva e a testemunhá-la aos irmãos! A tua mensagem de luz e de esperança se difunda no mundo inteiro, leve à conversão os pecadores, amenize as rivalidades e os ódios, abra os homens e as nações à prática da fraternidade. Hoje, ao fixarmos contigo o olhar no rosto de Cristo ressuscitado, fazemos nossa a tua súplica de confiante abandono e dizemos com firme esperança:

Jesus Cristo, confio em Ti!

S. João Paulo II, 30 de Abril de 2000


«Se não meter o dedo no lugar dos cravos
e a mão no seu lado não acreditarei
.» (Jo 20, 2s)

Carta ao discípulo das dúvidas
Caríssimo S. Tomé

É uma enorme ousadia dirigir-te estas breves linhas mas sinto-me tantas vezes identificado contigo que até já te chamei o “santo padroeiro das nossas dúvidas”, e gostaria de dizer-to pessoalmente. É verdade que hoje podia escrever sobre muitos assuntos: no primeiro domingo de Maio lembramos as nossas mães (ainda bem que elas se lembram de nós todos os dias do ano!); ocorre também a celebração do dia do trabalhador (nestes tempos em que o desemprego é dos maiores flagelos que nos atinge!); em Roma é beatificado João Paulo II, o Papa que tanto nos tocou nas suas inúmeras viagens e nos encontros com as multidões; e o FMI anda por aqui a tomar conta das nossas finanças em descalabro. Tanta matéria mas tu não me saíste do pensamento.

Ver para crer como São Tomé” tornou-se um dito popular. Mas nem imaginas como a tua inquietação é tão importante para a nossa fé. Não te fechaste na incredulidade, mas pediste para experimentar o encontro com o Jesus vivo que os outros discípulos diziam ter feito. Querias compreender melhor. E isso também nós, também todos os que procuram Deus de coração sincero e acreditam sem terem visto. Saberias como é fácil passar da desilusão ao entusiasmo com uma falsa ideia, e como são perigosos o fanatismo e a irracionalidade misturados com uma “fé cheia de certezas”? O certo é que puseste os “pontos nos iis”. Um espírito, um anjo, uma aparição de qualquer coisa, vá lá, mas o Mestre, que aprenderas a amar e a conhecer, que tinhas visto morrer e isso tinha-te rasgado o coração que até desapareceras naqueles dias (é verdade, por onde andaste naqueles oito dias?), se aparecera ressuscitado tinha de ter os sinais da paixão. Senão, era um embusteiro, e tinham sido enganados; não foi o que pensaste?

Sabes, isto de confiar e de acreditar não é fácil. É colocarmo-nos nas mãos de outro, como um bebé se lança nas mãos dos pais (e são tão importantes os primeiros anos para desenvolver esta confiança fundamental que nos leva à idade adulta), como quem se ama e quer amar todos os dias. A confiança é um caminho fequestaoito de fragilidades mútuas; ferimo-nos e desanimamos mas importa reconquistá-la com os sinais da nossa paixão, com a verdade de não sermos perfeitos. O pior é sempre ficarmos fechados: no erro, na intransigência, na soberba, ou na indiferença. E a fé só se vive caminhando, recusando a sedentarização dos sonhos, a auto-suficiência do legalismo, e promovendo a feliz caminhada de todos, com Jesus, ao encontro do Pai. Obrigado por nos ensinares a abrir a inteligência e o coração, a duvidar com desejo de acreditar, a ver e a tocar para lá do visível e do tangível!

Viste o homem Jesus com os sinais da morte e acreditaste no homem Filho de Deus ressuscitado. Jesus era o mesmo e também substancialmente Outro. Porque a vida eterna de Deus é esta vida que se torna outra. E só com humildade e alegria podemos dizer como tu: “Meu Senhor e meu Deus!”

Lembro-te em cada uma das minhas dúvidas, querido São Tomé!

P. Vítor Gonçalves 

10 Mandamentos de João Paulo II

Os 10 Mandamentos de João Paulo IIJPII_1a

NB. Texto em português do Brasil

1. Não tenhais medo! João Paulo II disse essa frase quando assumiu o Pontificado em 1978. Quando eu disser a Deus e a Maria "sou todo Teu", o Espírito Santo começa a fazer em minha vida tudo o que é da vontade de Deus. Porém, muitas vezes o que Deus quer para mim não é o que eu quero, não é o que eu planejei. Por isso não tenhais medo! Se desejo ser um instrumento de Deus não posso ter medo da cruz e do sofrimento. E a cura para o medo está na confiança à Divina Misericórdia. Medo se cura com confiança.

Continuar... 10 Mandamentos de João Paulo II

Baptismo e vivência da Páscoa

Marcelino

Os jornais falaram, nas últimas semanas, de pedidos pessoais de alguns cristãos que se tornaram ateus e já não querem ser baptizados. Por isso, exigem que os seus nomes sejam retirados dos livros oficiais da Igreja. Aqui há anos eram emigrantes na Alemanha que, para não pagarem o imposto de religião, declaravam, por escrito, que já não eram católicos, nem sequer religiosos. Esta declaração era comunicada às dioceses de origem, causando fortes engulhos aos signatários quando, nas férias, voltavam à sua terra para baptizar os filhos ou se credenciarem, eles próprios, a actos religiosos que lhes dessem prestígio local.

Nada disto é para admirar, mas, antes, para fazer reflectir a Igreja sobre a atenção dada à pastoral dos sacramentos e à fé exigida para os poder celebrar. Não admira que pessoas, baptizadas em criança e sem qualquer iniciação ou catequese posterior, concluam que serem julgadas cristãs pelos outros ou pelas estatísticas não tem qualquer lógica e, por isso, digam que "já não querem ser baptizados".

Ninguém pode deixar de ser filho dos pais que o geraram. Pode desconhecer os pais, renegá-los, envergonhar-se deles, tornar-se voluntariamente filho pródigo, mas os pais serão sempre, por gosto ou a contra gosto, os seus pais. A fé cristã crê e ensina que o Baptismo é um "novo nascimento". Por ele se adquire uma filiação espiritual irreversível, com direitos e deveres próprios. Também esta se pode desprezar ou menosprezar, mas o Baptismo perdura. Declara-se no livro próprio que a pessoa abjurou da sua condição de cristão, mas dentro dela persiste a capacidade de um regresso livre e libertador à casa paterna. Deus quer ser amado em espírito e em verdade e por um acto livre de quem acredita. Por isso, a Igreja não pode deixar de respeitar quem declara descrer de Deus e, ao mesmo tempo, interrogar-se porque motivo isso acontece e qual a culpa que lhe pode caber em tais situações.

Os tempos de cristandade ou de transmissão e vivência sociológica da fé e da vida religiosa, pessoal e comunitária, esvaneceram-se. Ainda há pais, crentes convictos, que pedem o Baptismo para os seus filhos ainda crianças. Outros, ao fazê-lo, não saem da sua tradição e pedem-no por motivos religiosamente muito débeis. O que era habitual foi-se tornando mais raro e, por isso, o número de baptismos de crianças diminui sensivelmente. A Igreja, há mais de três décadas, despertou para a preparação dos pais para o Baptismo dos filhos bebés. O direito de todos poderem ser baptizados implica o dever de que este sacramento se celebre com determinadas condições, sendo a mais importante a garantia de a criança poder ser educada fé cristã. Esta garantia implica, antes de mais, os pais e outros familiares, como os avós e os padrinhos, e, também, a própria comunidade cristã. No contexto em que vivemos, verifica-se que, em muitos casos, esta garantia moral é mínima, senão mesmo nula, não obstante as promessas feitas. O resultado está à vista: as comunidades encheram-se de pagãos, pela sua vida e rara adesão à fé e ao magistério da Igreja, todos eles baptizados em criança.

baptismo55aQuando na Igreja se introduziu o Baptismo de crianças, filhas de pais cristãos e a seu pedido, o ambiente social e religioso era outro. No início, o Baptismo era recebido por adultos convertidos à fé em Jesus Cristo. Daí a exigência do caminho catecumenal em ordem à conversão pessoal. Um caminho que podia ser moroso e longo. Ao generalizar-se o Baptismo das crianças, o catecumenato foi entrando em desuso. Em meios cristãos, a conversão considerava-se normal, pelo facto de a família cristã ser o meio propício para iniciar e educar na fé, levando as crianças à participação nos actos de culto e à prática do Evangelho na vida do dia-a-dia.

A Igreja multiplicou agora as exigências para celebrar o Baptismo, restaurou o catecumenato, avivou a ligação do Baptismo à Páscoa de Cristo, com todo o significado que este comporta. O Baptismo é, na vida de um cristão, o primeiro acontecimento pascal e o mais determinante num itinerário de fé, sério e consequente. Se isto não se explica, não se compreende e não se aceita, o Baptismo não passa de um acto social e de um rito religioso, sem exigências nem consequências. Assim, a Igreja, a família dos baptizados, vai perdendo para muitos o seu significado, bem como a consciência da sua missão no mundo.

Sempre a renovação da vida cristã partiu e partirá da descoberta e da vivência do Baptismo. Repensar a missão evangelizadora, num mundo secularizado e laico, obriga a repensar costumes e tradições que perderam, para muita gente, o seu sentido, mas que o povo e alguns responsáveis parece considerarem ainda como um caminho pastoral normal. Justifica-se este costume de séculos de baptizar crianças sem garantia séria de educação cristã? Justifica-se que se baptize com uma preparação diminuta um adulto que se dispõe apenas, por alguma razão, a casar na Igreja? Justifica-se a apatia pastoral ante o número crescente de baptizados que abandonam a comunidade cristã, ou nela vivem, de modo consciente e deliberado, em contradição com a fé e o Evangelho de Jesus Cristo? Perguntas incómodas, ao lado de outras, que não permitem adiar por mais tempo respostas necessárias e urgentes.

D. António Marcelino, Correio do Vouga [20-04-2011]

III Domingo da Páscoa A

Emaus04aA liturgia deste Domingo convida-nos a descobrir o Cristo vivo, que acompanha os homens pelos caminhos do mundo, muitas vezes sem ser reconhecido. Mas onde o podemos encontrar?

Na primeira leitura, a comunidade cristã transformada pelo Espírito, deixou a segurança das paredes do cenáculo e prepara-se para dar testemunho de Jesus, em Jerusalém e até aos confins da terra. A pregação de Pedro, no dia do Pentecostes, reproduz a catequese que a comunidade cristã primitiva costumava apresentar sobre Jesus – Kerigma.

A segunda leitura convida a contemplar com olhos de ver o projecto salvador de Deus, o amor de Deus pelos homens – expresso na cruz de Jesus e na sua ressurreição. Constatando a grandeza do amor de Deus, aceitamos o seu apelo a uma vida nova.

O Evangelho aponta o caminho para descobrir o Cristo vivo, através do episódio dos Discípulos de Emaús. Tristes e desanimados, decepcionados e frustrados abandonam a comunidade e regressam para casa, dispostos a esquecer o sonho. Aguardavam um Messias glorioso, um Rei poderoso, um Vencedor e encontram-se diante de um derrotado, que tinha morrido na cruz. Aparece um peregrino, que caminha com eles, explica-lhes as Escrituras, enche-lhes o coração de esperança e a senta-Se com eles à mesa para "partir o pão". É aí que os discípulos O reconhecem.


Primeira Leitura (Act 2,14.22-33)
Leitura dos Actos dos Apóstolos
 
No dia de Pentecostes,
Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo:
«Homens de Israel, ouvi estas palavras:
Jesus de Nazaré foi um homem acreditado por Deus junto de vós
com milagres, prodígios e sinais,
que Deus realizou no meio de vós, por seu intermédio, como sabeis.
Depois de entregue, segundo o desígnio imutável e a previsão de Deus,
vós destes-Lhe a morte, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa.
Mas Deus ressuscitou-O, livrando O dos laços da morte,
porque não era possível que Ele ficasse sob o seu domínio.
Diz David a seu respeito:
'O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei.
Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso Santo sofrer a corrupção.
Destes me a conhecer os caminhos da vida,
a alegria plena em vossa presença'.
Irmãos, seja-me permitido falar vos com toda a liberdade:
o patriarca David morreu e foi sepultado
e o seu túmulo encontra se ainda hoje entre nós.
Mas, como era profeta e sabia que Deus lhe prometera sob juramento
que um descendente do seu sangue
havia de sentar-se no seu trono,
viu e proclamou antecipadamente a ressurreição de Cristo,
dizendo que Ele não O abandonou na mansão dos mortos,
nem a sua carne conheceu a corrupção.
Foi este Jesus que Deus ressuscitou
e disso todos nós somos testemunhas.
Tendo sido exaltado pelo poder de Deus,
recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo,
que Ele derramou, como vedes e ouvis.»

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 15 (16)
Refrão: Mostrai-me, Senhor, o caminho da vida.

Defendei me, Senhor; Vós sois o meu refúgio.
Digo ao Senhor: Vós sois o meu Deus.
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas Vossas mãos o meu destino.

Bendigo o Senhor por me ter aconselhado,
até de noite me inspira interiormente.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei.

Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma na mansão dos mortos,
nem deixareis o vosso fiel conhecer a corrupção.

Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida,
alegria plena em Vossa presença,
delícias eternas à Vossa direita.


Segunda Leitura (1Pe 1,17-21)
Leitura da Primeira Epístola de São Pedro

Caríssimos:
Se invocais como Pai
Aquele que, sem acepção de pessoas,
julga cada um segundo as suas obras,
vivei com temor, durante o tempo de exílio neste mundo.
Lembrai vos que não foi por coisas corruptíveis, como prata e oiro,
que fostes resgatados da vã maneira de viver,
herdada dos vossos pais,
mas pelo sangue precioso de Cristo,
Cordeiro sem defeito e sem mancha,
predestinado antes da criação do mundo
e manifestado nos últimos tempos por vossa causa.
Por Ele acreditais em Deus,
que O ressuscitou dos mortos e Lhe deu a glória,
para que a vossa fé e a vossa esperança estejam em Deus.


EVANGELHO (Lc 24,13-35)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Dois dos discípulos de Emaús
iam a caminho duma povoação chamada Emaús,
que ficava a sessenta estádios de Jerusalém.
Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido.
Enquanto falavam e discutiam,
Jesus aproximou Se deles e pôs Se com eles a caminho.
Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem.
Ele perguntou lhes.
«Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?»
Pararam entristecidos.
E um deles, chamado Cléofas, respondeu:
«Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou estes dias».
E Ele perguntou: «Que foi?»
Responderam Lhe:
«O que se refere a Jesus de Nazaré,
profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo;
e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes
O entregaram para ser condenado à morte e crucificado.
Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel.
Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu.
É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram:
foram de madrugada ao sepulcro, não encontraram o corpo de Jesus
e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos a anunciar que Ele estava vivo.
Mas a Ele não O viram».
Então Jesus disse lhes:
«Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar
em tudo o que os profetas anunciaram!
Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na Sua glória?»
Depois, começando por Moisés e passando por todos os Profetas,
explicou lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito.
Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de ir para diante.
Mas eles convenceram n'O a ficar, dizendo:
«Ficai connosco, Senhor, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite».
Jesus entrou e ficou com eles.
E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho.
Nesse momento abriram se lhes os olhos e reconheceram n'O.
Mas Ele desapareceu da sua presença.
Disseram então um para o outro:
«Não ardia cá dentro o nosso coração,
quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?»
Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém
e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com ele, que diziam:
«Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão».
E eles contaram o que tinha acontecido no caminho
e como O tinham reconhecido ao partir o pão.


ORAÇÃO UNIVERSAL

Caríssimos irmãos:
Oremos a Cristo ressuscitado,
que caminha connosco sem O reconhecermos,
e peçamos-Lhe que ilumine o nosso espírito,
dizendo, cheios de fé:

R. Cristo, ouvi-nos. Cristo, atendei-nos.

1. Pela Igreja, testemunha de Jesus ressuscitado,
pelos catecúmenos que descobrem o Evangelho,
e pelos catequistas que os ensinam e acompanham, oremos.

2. Por aqueles que se dedicam ao bem público,
pelos que servem os mais pobres e infelizes
e pelos que acolhem toda a gente, sem excepção, oremos.

3. Pelos fiéis que nas provações permanecem serenos,
pelos que desanimam como os discípulos de Emaús
e pelos que celebram cada domingo a Eucaristia, oremos.

4. Pelos crentes que dizem a Jesus: “fica connosco”,
pelos jovens que fazem d’Ele o grande amigo
e pelas crianças que O recebem na primeira comunhão, oremos.

5. Por todos nós aqui reunidos em assembleia,
pelos doentes da nossa Paróquia
e por aqueles que já partiram deste mundo, oremos.

6. Por todos os que sofrem as consequências da actual pandemia,
para que Deus nosso Senhor, conceda a cura aos enfermos,
Força aos que trabalham na saúde, conforto às famílias
e a salvação a todos as vítimas mortais, oremos.

Senhor, Jesus ressuscitado,
que nos resgatastes da vã maneira de viver,
não com ouro ou prata, mas com o vosso próprio sangue,
aquecei-nos o coração com a vossa Palavra
e convidai-nos a comer à vossa mesa.
Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos.


Ressonâncias...

Peregrinos de Emaús

Quem são hoje os Peregrinos de Emaús que, continuam andando pelos caminhos da vida, "tristes"e desanimados?

Talvez também nós estejamos a caminho da nossa Emaús cansados e desiludidos. Caíram os nossos castelos e a vida parece ter perdido sentido. Esperávamos tanto... mas tudo terminou. (Quem sabe lá, a morte de um amigo, um fracasso nos nossos empreendimentos, a família desunida...) É triste quando a esperança morre. Parece que nada mais tem sentido! Somos tentados a abandonar a luta e voltar...

Eles também estavam angustiados por aquilo que aconteceu em Jerusalém. Mas, na medida em que participaram da celebração da palavra e do banquete da fracção do pão, os seus corações abriram-se à luz, a vida do Ressuscitado invadiu as suas almas e fê-los voltar à comunidade.Emaus20

Nesses momentos, mais do que nunca, devemos repetir com os discípulos de Emaús: "Ficai connosco, Senhor". O Caminho percorrido pelos discípulos deve ser o nosso. Ainda hoje é ali que Ele está presente e é ali que O podemos encontrar.

– O nosso Coração "arde" quando escutamos a Palavra de Deus?
– Descobrimos a sua presença no "partir o pão"?

– Partimos com alegria para anunciar o Cristo Ressuscitado, para evangelizar?

Façamos a experiência destes discípulos.

Senhor Jesus ressuscitado,
que nos resgatastes da vã maneira de viver,
não com ouro ou prata mas com o vosso próprio sangue,
acompanhai-nos nos nossos caminhos, abri os olhos a todo aquele que vos procura,
aquecei os nossos corações e convidai-nos a comer à vossa mesa.

 
«Não ardia cá dentro o nosso coração,
quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» (Lc 24, 32)

O coração a arder

Naquele pedaço de estrada que vai de Jerusalém a Emaús Jesus dá-nos um tratado de pedagogia e educação. Se há momentos em que Jesus se revela como Mestre, este é um deles. E quando recordamos os mestres da nossa vida, professores e outros, vemos como muita riqueza daquilo que somos se deve tanto ao que eles foram para nós! Apareceram no nosso caminho, escutaram as nossas questões profundas, abriram-nos o pensamento e fizeram arder o coração pelo conhecimento, transmitiram o saber com a própria vida. Que Jesus me perdoe esta ousada comparação, mas todo o aprender também culmina na entrega de vida que se celebra.

Quase a terminar o ano escolar em que o terceiro período é um "vê se te avias", pelo curto tempo de aulas, pego no pequeno livro do professor António Estanqueiro sobre o papel dos professores, intitulado "Boas Práticas na Educação", e sinto-me a refazer o caminho de Emaús. Nele ressalta logo a voz de alguns dos mil testemunhos de alunos do 12º ano de várias escolas, que relatam experiências positivas e negativas da sua relação com os professores. Com uma simplicidade de linguagem e uma experiência profunda, o autor guia professores e educadores numa reflexão prática na missão de "formar pessoas, despertar vocações e construir futuros". Sem ceder à tentação do facilitismo diz: "O papel do professor é formar o aluno e prepará-lo para as exigências da vida, não é aumentar o sucesso estatístico, tão desejado pelos governantes!"

"Fazer arder o coração" poderia ser o belo nome de educar e também de evangelizar. Antes dos conteúdos interessam as pessoas e o cuidado com que se escutam os seus anseios, as dúvidas, as confianças feridas. É preciso fazer caminho lado a lado, descer de alguns pedestais ou carruagens. Não se ajuda a crescer à distância nem à pressa. Não se educa nem se evangeliza sem um amor verdadeiro àqueles com quem nos propomos fazer caminho. E é um caminho de cumplicidade, que vai propondo pistas de reflexão, que traz novos pontos de vista, que semeia desejo de saber mais, que faz ousar o convite: "Fica connosco!". Não podemos levar o bom professor ou professora para nossa casa mas, de algum modo, ele não habita a casa interior de cada um? E poderei dizer-me cristão se não convidar Jesus ao mais íntimo de mim mesmo, a esta casa onde só deixo entrar quem amo?

As palavras consumam-se no gesto. Se no aprender essa consumação é conhecimento adquirido, formação global, crescimento humano, no evangelho transmitido ela é entrega de vida, pão partido sinal de um amor até ao fim, fogo aceso na noite para levar a outros a feliz notícia. O encontro com a verdade é sempre encontro com o profundo de nós mesmos e com Deus que caminha e se senta connosco à mesa da alegria! Vamos lá fazer arder os corações?

P. Vítor Gonçalves

"Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia está no ocaso” (Lc 24, 29)

Fica connosco, Senhor, acompanha-nos mesmo se nem sempre te soubemos reconhecer. Fica connosco, porque se vão tornando mais densas à nossa volta as sombras, e tu és a Luz; em nossos corações insinua-se o desespero, e tu os fazer arder com a esperança da Páscoa.

Estamos cansados do caminho, mas tu nos confortas na fração do pão para anunciar a nossos irmãos que na verdade tu ressuscitaste e que nos deste a missão de ser testemunhas da tua ressurreição.

Fica connosco, Senhor, quando à volta da nossa fé católica surgem as nuvens da dúvida, do cansaço ou da dificuldade: tu, que és a própria Verdade como revelador do Pai, ilumina as nossas mentes com a tua Palavra; ajuda-nos a sentir a beleza de crer em ti.

Fica nas nossas famílias, ilumina-as nas suas dúvidas, ampara-as nas suas dificuldades, conforta-as nos seus sofrimentos e na fadiga quotidiana, quando à sua volta se adensam sombras que ameaçam a sua unidade e a sua natureza.

Tu que és a Vida, permanece nos nossos lares, para que continuem a ser berços onde nasce a vida humana abundante e generosamente, onde se acolhe, se ama, se respeite a vida desde a sua concepção até ao seu fim natural.

Permanece, Senhor, com os que nas nossas sociedades são mais vulneráveis; permanece com os pobres e humildes, com os indígenas e afro-americanos, que nem sempre encontraram espaços e apoio para expressar a riqueza da sua cultura e a sabedoria da sua identidade.

Permanece, Senhor, com as nossas crianças e com os nossos jovens, que são a esperança e a riqueza do nosso Continente, protege-os das tantas insídias que atentam contra a sua inocência e contra as suas legítimas esperanças.

Oh Bom Pastor, permanece com os nossos idosos e com os nossos enfermos! Fortalece todos na sua fé para que sejam teus discípulos e missionários!
Amém!

(Oração do Papa Bento XVI para a conclusão do documento de Aparecida
na V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe)


Eu tento-Te ao meu lado e não te vejo,
– Sou como os Peregrinos de Emaús!
Mas basta que Tu soltes um lampejo,
P'ra que, em verdade, eu diga: «Este é Jesus!»
 
Vivo a buscar-Te no maior desejo,
Vivo a buscar-Te por atalhos nus...
E tenho-Te ao meu lado, e não Te vejo,
– Sou como os Peregrinos de Emaús.
 
Na graça que semeias e derramas,
Meus tristes olhos limpa-mos de escamas,
P'ra que mos cegue todo o Teu fulgor!
 
Pois sendo como sou de argila impura,
Como é que posso erguer-me a essa altura,
Sem que me venhas ajudar, Senhor?!
 
António Sardinha

Bendizemos-Te, Pai,
porque Cristo ressuscitado
vem romper os ferrolhos das nossas portas
e corações, fechados pelo medo, pela dúvida,
pela apatia e desânimo.
 
Custa-nos a crer que Cristo esteja verdadeiramente vivo,
hoje como ontem, e que partilhe connosco a mesa
e o pão da esperança.
E contudo, é seguro: Jesus é o Senhor ressuscitado!
Ele faz brilhar na noite a aurora da ressurreição
para os que crêem apesar da escuridão e do medo.
 
Não permitas, Senhor,
que ponhamos resistências a acreditar em Ti.
Dá-nos o teu Espírito para que, diante dos nossos irmãos,
sejamos testemunhas valentes
da tua salvação e do teu amor de Pai. Amen.
 

 

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