PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

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Mensagem do Cardeal-Patriarca para a Quaresma

PatriarcaSigamos o Senhor, a caminho da Nova Jerusalém

1. O Santo Padre Bento XVI, na sua Mensagem para a Quaresma deste ano, diz que a Quaresma é “tempo litúrgico muito precioso e importante […] Enquanto olha para o encontro definitivo com o seu Esposo na Páscoa eterna, a comunidade eclesial, assídua na oração e na caridade laboriosa, intensifica o seu caminho de purificação no espírito, para aurir com mais abundância do mistério da redenção, a vida nova em Cristo Senhor”.

Nesta primeira Quaresma depois da visita do Santo Padre à Igreja de Lisboa, vivamo-la em comunhão com ele, guiados pela sua palavra. Antes de mais, por esta sua Mensagem para a Quaresma, que nos ajuda a percorrer o caminho proposto pela Liturgia, para a vivência actualizada do nosso baptismo; depois, a Exortação Apostólica Post-Sinodal “Verbum Domini” que nos ensina a escutar a Palavra que o Senhor dirige hoje à sua Igreja.

Na nossa caminhada, continuamos guiados pela sua Palavra; e, finalmente, o segundo volume da sua obra “Jesus de Nazaré”, que por vontade do Papa, será apresentado pelos Bispos às suas Igrejas diocesanas, antes do primeiro Domingo da Quaresma. Esta orientação encerra uma proposta: que todos os que puderem se apoiem na sua leitura, para a caminhada quaresmal deste ano, até à Páscoa. De facto, neste 2.º volume, Bento XVI apresenta-nos a caminhada do Jesus real, desde a sua entrada em Jerusalém até à ressurreição. Quem O aclama como Messias, na sua entrada em Jerusalém, não são os habitantes da cidade, mas os peregrinos que se juntam a Ele, a caminho da Cidade Santa. Este grupo de discípulos e simpatizantes, que a pouco e pouco se vão tornando multidão, anunciam um outro povo de peregrinos que, depois da sua ressurreição, O hão-de seguir como discípulos. Esta segunda peregrinação começou, para cada um de nós, no nosso baptismo. A Mensagem do Papa di-lo: “esta mesma vida já nos foi transmitida no dia do nosso baptismo, quando, tendo-nos tornado participantes da morte e ressurreição de Cristo, iniciou para nós a aventura jubilosa e exaltante do discípulo”. É neste segundo povo de peregrinos que a Igreja se insere de cada vez que celebra a Páscoa. Estes dois grupos de seguidores de Jesus não se excluem mutuamente, mas fundem-se um no outro. Se é verdade que a nossa peregrinação começou na ressurreição do Senhor, em que participamos pelo baptismo, é também verdade que somos chamados a viver como o primeiro grupo de peregrinos, a dureza da Cruz, a tristeza da negação e do abandono, a dificuldade de continuar a ser discípulo, o que só é possível com a força do Espírito Santo de Deus. Porque estes dois grupos são um só, continuamos a considerá-los como caminheiros connosco, à procura da vida, os que desanimaram, os que ainda não deram o salto da fé no ressuscitado, os que ainda não perceberam o horizonte da eternidade e continuam demasiadamente voltados para as realidades do mundo, mesmo aqueles que negaram o Senhor. Todos, somos um único Povo de peregrinos a caminho da nova Jerusalém.

Conduzidos pela Palavra

2. Tomemos a sério a palavra do Papa: “para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa, o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus?” E ele próprio sugere como: meditar a Palavra da Liturgia nos cinco domingos da Quaresma deste ano.

Temos uma abundância de meios para nos conduzir nesta escuta da Palavra. É preciso acolhê-la como Palavra do Senhor, dita agora, a toda a Igreja, seu Povo, e a cada um de nós. Os Párocos e seus colaboradores são chamados a garantir que a Palavra de Deus seja realmente proclamada. Que por defeito da acção litúrgica, ninguém fique sem ser interpelado pela Palavra viva do Senhor.

Procuremos na Palavra de Deus o sentido e a força para as expressões tradicionais da caminhada quaresmal: o jejum, a esmola, a oração. “A Quaresma educa para viver de modo mais radical o amor de Cristo”.

O jejum “ajuda-nos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor”. Também a esmola, acentuando a beleza da partilha, ajuda-nos a vencer a tentação da avidez das coisas materiais e a dar mais lugar ao amor. Vivamos estas práticas assumindo a exigência da partilha no momento particularmente difícil da nossa sociedade. A nossa Diocese continuará fiel à já longa tradição da “Renúncia Quaresmal”, que destinaremos, mais uma vez, à ajuda da Igreja de Lisboa a outras Igrejas mais pobres e a necessidades particularmente gritantes no seio da nossa Igreja diocesana. No momento em que um sacerdote de Lisboa, o P. Ildo Augusto dos Santos Fortes, foi nomeado Bispo da Diocese do Mindelo, em Cabo-Verde, as necessidades dessa Igreja terão um lugar privilegiado no nosso coração e na nossa generosidade.

A oração: rezemos, escutando a Palavra do Senhor. Escutemos o Santo Padre: “em todo o período quaresmal, a Igreja oferece-nos, com particular abundância, a Palavra de Deus. Meditando-a e interiorizando-a para a viver quotidianamente, aprendemos uma forma preciosa e insubstituível de oração, porque a escuta atenta de Deus, que continua a falar ao nosso coração, alimenta o caminho de fé que iniciámos no dia do baptismo”.

Desafio as nossas comunidades a intensificarem a oração, a partir da Palavra de Deus. Para os sacerdotes, pastores da nossa Igreja, esta é uma prioridade.

O desafio da santidade

3. Seguir Jesus, na radicalidade da sua Páscoa, leva a assumir e a cultivar o desejo de santidade. O ideal da santidade atravessa toda a caminhada histórica do Povo de Deus. E o amor de Deus, tornado mais próximo de nós no amor de Jesus Cristo, é a sua fonte inspiradora. Quem se sente amado com a ternura transformadora de Deus, deseja amar como Deus ama, retribuir a Deus o seu amor e amar os irmãos como Deus os ama. O próprio Deus desafia o seu Povo a este grau radical da santidade: “Sede santos porque Eu, o vosso Deus, sou Santo” (Lev. 19.2). Aqueles que, na sua vida, deram o testemunho vivo desta radicalidade do amor, a quem por isso chamamos “santos”, são para nós um modelo e um estímulo. Todos podemos ser santos.

Este ano temos a alegria de celebrar, em Lisboa, a beatificação de uma cristã, nascida na Amadora: Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Telles e Albuquerque, que em religião tomou o nome de Maria Clara do Menino Jesus. A sua radicalidade de amor é uma resposta vivida a situações concretas da nossa sociedade de então, a Lisboa de finais do séc. XIX, repleta de pobres e marginalizados. O seu ideal é não só mitigar-lhes o sofrimento mas restituir-lhes a dignidade de pessoas amadas por Deus. Nos pobres ela encontra Deus, pois só a Deus devemos amar. “Amemos a Deus e só a Deus”, escrevia ela às suas irmãs. Cristo é a fonte do seu amor. “Queria que a presença humilde e contínua de Cristo no Tabernáculo despertasse em cada coração o sentimento de louvor e de acção de graças que Lhe é devido; e que a mera presença d’Aquele que fica connosco fosse configurando a vida em hospitalidade, à imagem de Deus-Amor, sempre disposto a acolher aqueles que O buscam e d’Ele se aproximam”. A fonte do seu amor é Jesus Cristo, o alvo do seu amor são os pobres, que ama com o amor de Jesus Cristo.

Depressa comunicou este amor a outras jovens e fundou a Congregação das Franciscanas Hospitaleiras do Imaculado Coração, hoje presentes em 14 países. É que o seu lema era “onde houver o bem a fazer, que se faça”.

Ao beatificá-la, a Igreja propõe-no-la como modelo. Porque nasceu na nossa Cidade – a Quinta do Bosque da Amadora (hoje Falagueira), pertencia, nessa altura, à Paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica – ela convida a Igreja de Lisboa a caminhar na santidade. Festa da Congregação que fundou, ela é também festa de toda a Igreja de Lisboa.

A Beatificação terá lugar no dia 21 de Maio, no Estádio do Restelo e será anunciada por um representante do Santo Padre, o Cardeal Angelo Amato. Outros elementos e informações irão sendo divulgados, quer pela Congregação que a tem como fundadora, quer pela Comissão para o efeito constituída, com membros da Congregação e representantes do Patriarcado.

O ardor da Nova Evangelização

4. Este ardor de Madre Clara é aquele “novo ardor” de que falava o Papa João Paulo II ao desafiar a Igreja para uma nova evangelização. Na linha da minha última Carta Pastoral, estamos todos a tentar despertar na nossa Igreja de Lisboa este ardor de uma “evangelização renovada”. A nossa Páscoa será incompleta se não aceitarmos o envio do ressuscitado: ide por todo o mundo e de todas as nações fazei discípulos (cf. Mt. 28,19).

A Igreja de Lisboa quis, durante este ano, dar relevo ao meu Jubileu Sacerdotal (cinquenta anos de sacerdócio). Estou-lhe grato por isso e tenho apenas um desejo: que o meu sacerdócio continue a ser, apesar dos meus limites, um foco irradiador do amor de Jesus Cristo, e que esta celebração jubilar, mais do que uma homenagem pessoal, seja este abrir-se da Igreja de Lisboa ao “ardor” de uma nova evangelização.

Lisboa, 22 de Fevereiro de 2011, Festa da Cadeira de São Pedro, Apóstolo.
JOSÉ, Cardeal Patriarca

Bento XVI: Mensagem para a Quaresma

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Quaresma, tempo para redescobrir valor do Baptismo

    A partir do próximo dia 9 de Março de 2011 – quarta-feira de cinzas –, a Igreja inicia um tempo novo, a Quaresma. O papa Bento XVI divulgou no passado dia 22, a Mensagem para este novo tempo. Nesta mensagem, o papa sublinha a importância do Baptismo na vida do cristão e a Quaresma, como ocasião para essa reflexão.

“Um vínculo particular liga o Baptismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva”, diz Bento XVI, nesta mensagem.

O Papa ressalta a relevância do Baptismo como sendo uma actual fonte de conversão: “O Baptismo, portanto, não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do baptizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo”.

Neste texto, o papa afirma ainda a importância da palavra de Deus como direcção para viver “com o devido empenho este tempo litúrgico precioso. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus?”.

“Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Baptismo”, assim termina a mensagem do papa Bento XVI para a Quaresma 2011.


Bento XVI
Mensagem para a Quaresma 2011

«Sepultados com Ele no baptismo,
foi também com Ele que ressuscitastes»

(cf. Cl 2, 12) 

Amados irmãos e irmãs!

A Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é para a Igreja um tempo litúrgico muito precioso e importante, em vista do qual me sinto feliz por dirigir uma palavra específica para que seja vivido com o devido empenho. Enquanto olha para o encontro definitivo com o seu Esposo na Páscoa eterna, a Comunidade eclesial, assídua na oração e na caridade laboriosa, intensifica o seu caminho de purificação no espírito, para haurir com mais abundância do Mistério da redenção a vida nova em Cristo Senhor (cf. Prefácio I de Quaresma).

1. Esta mesma vida já nos foi transmitida no dia do nosso Baptismo, quando, «tendo-nos tornado partícipes da morte e ressurreição de Cristo» iniciou para nós «a aventura jubilosa e exaltante do discípulo» (Homilia na Festa do Baptismo do Senhor, 10 de Janeiro de 2010). São Paulo, nas suas Cartas, insiste repetidas vezes sobre a singular comunhão com o Filho de Deus realizada neste lavacro. O facto que na maioria dos casos o Baptismo se recebe quando somos crianças põe em evidência que se trata de um dom de Deus: ninguém merece a vida eterna com as próprias forças. A misericórdia de Deus, que lava do pecado e permite viver na própria existência «os mesmos sentimentos de Jesus Cristo» (Fl 2, 5), é comunicada gratuitamente ao homem.

O Apóstolo dos gentios, na Carta aos Filipenses, expressa o sentido da transformação que se realiza com a participação na morte e ressurreição de Cristo, indicando a meta: que assim eu possa «conhecê-Lo, a Ele, à força da sua Ressurreição e à comunhão nos Seus sofrimentos, configurando-me à Sua morte, para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos» (Fl 3, 1011). O Baptismo, portanto, não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do baptizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo.

Um vínculo particular liga o Baptismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva. Os Padres do Concílio Vaticano II convidaram todos os Pastores da Igreja a utilizar «mais abundantemente os elementos baptismais próprios da liturgia quaresmal» (Const. Sacrosanctum Concilium, 109). De facto, desde sempre a Igreja associa a Vigília Pascal à celebração do Baptismo: neste Sacramento realiza-se aquele grande mistério pelo qual o homem morre para o pecado, é tornado partícipe da vida nova em Cristo Ressuscitado e recebe o mesmo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos (cf. Rm 8, 11). Este dom gratuito deve ser reavivado sempre em cada um de nós e a Quaresma oferece-nos um percurso análogo ao catecumenato, que para os cristãos da Igreja antiga, assim como também para os catecúmenos de hoje, é uma escola insubstituível de fé e de vida cristã: deveras eles vivem o Baptismo como um acto decisivo para toda a sua existência.

2. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus? Por isso a Igreja, nos textos evangélicos dos domingos de Quaresma, guia-nos para um encontro particularmente intenso com o Senhor, fazendo-nos repercorrer as etapas do caminho da iniciação cristã: para os catecúmenos, na perspectiva de receber o Sacramento do renascimento, para quem é baptizado, em vista de novos e decisivos passos no seguimento de Cristo e na doação total a Ele.

O primeiro domingo do itinerário quaresmal evidencia a nossa condição do homens nesta terra. O combate vitorioso contra as tentações, que dá início à missão de Jesus, é um convite a tomar consciência da própria fragilidade para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo, caminho, verdade e vida (cf. Ordo Initiationis Christianae Adultorum, n. 25). É uma clara chamada a recordar como a fé cristã implica, a exemplo de Jesus e em união com Ele, uma luta «contra os dominadores deste mundo tenebroso» (Ef 6, 12), no qual o diabo é activo e não se cansa, nem sequer hoje, de tentar o homem que deseja aproximar-se do Senhor: Cristo disso sai vitorioso, para abrir também o nosso coração à esperança e guiar-nos na vitória às seduções do mal.

O Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt 17, 1), para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça deDeus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O» (v. 5). É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal (cf. Hb 4, 12) e reforça a vontade de seguir o Senhor.

O pedido de Jesus à Samaritana: «Dá-Me de beber» (Jo 4, 7), que é proposto na liturgia do terceiro domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da «água a jorrar para a vida eterna» (v. 14): é o dom do espírito Santo, que faz dos cristãos «verdadeiros adoradores» capazes de rezar ao Pai «em espírito e verdade» (v. 23). Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, «enquanto não repousar em Deus», segundo as célebres palavras de Santo Agostinho.

O domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: «Tu crês no Filho do Homem?». «Creio, Senhor» (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como «filho da luz».

Quando, no quinto domingo, nos é proclamada a ressurreição de Lázaro, somos postos diante do último mistério da nossa existência: «Eu sou a ressurreição e a vida... Crês tu isto?» (Jo 11, 25-26). Para a comunidade cristã é o momento de depor com sinceridade, juntamente com Marta, toda a esperança em Jesus de Nazaré: «Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo» (v. 27). A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele. A fé na ressurreição dos mortos e a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa existência: Deus criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão autêntica e definitiva à história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu viver social, à cultura, à política, à economia. Privado da luz da fé todo o universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança.

O percurso quaresmal encontra o seu cumprimento no Tríduo Pascal, particularmente na Grande Vigília na Noite Santa: renovando as promessas baptismais, reafirmamos que Cristo é o Senhor da nossa vida, daquela vida que Deus nos comunicou quando renascemos «da água e do Espírito Santo», e reconfirmamos o nosso firme compromisso em corresponder à acção da Graça para sermos seus discípulos.

3. O nosso imergir-nos na morte e ressurreição de Cristo através do Sacramento do Baptismo, estimula-nos todos os dias a libertar o nosso coração das coisas materiais, de um vínculo egoísta com a «terra», que nos empobrece e nos impede de estar disponíveis e abertos a Deus e ao próximo. Em Cristo, Deus revelou-se como Amor (cf 1 Jo 4, 7-10). A Cruz de Cristo, a «palavra da Cruz» manifesta o poder salvífico de Deus (cf. 1 Cor 1, 18), que se doa para elevar o homem e dar-lhe a salvação: amor na sua forma mais radical (cf. Enc. Deus caritas est, 12). Através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo. O Jejum, que pode ter diversas motivações, adquire para o cristão um significado profundamente religioso: tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos. Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31).

No nosso caminho encontramo-nos perante a tentação do ter, da avidez do dinheiro, que insidia a primazia de Deus na nossa vida. A cupidez da posse provoca violência, prevaricação e morte: por isso a Igreja, especialmente no tempo quaresmal, convida à prática da esmola, ou seja, à capacidade de partilha. A idolatria dos bens, ao contrário, não só afasta do outro, mas despoja o homem, torna-o infeliz, engana-o, ilude-o sem realizar aquilo que promete, porque coloca as coisas materiais no lugar de Deus, única fonte da vida. Como compreender a bondade paterna de Deus se o coração está cheio de si e dos próprios projectos, com os quais nos iludimos de poder garantir o futuro? A tentação é a de pensar, como o rico da parábola: «Alma, tens muitos bens em depósito para muitos anos...». «Insensato! Nesta mesma noite, pedir-te-ão a tua alma...» (Lc 12, 19-20). A prática da esmola é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia.

Em todo o período quaresmal, a Igreja oferece-nos com particular abundância a Palavra de Deus. Meditando-a e interiorizando-a para a viver quotidianamente, aprendemos uma forma preciosa e insubstituível de oração, porque a escuta atenta de Deus, que continua a falar ao nosso coração, alimenta o caminho de fé que iniciámos no dia do Baptismo. A oração permitenos também adquirir uma nova concepção do tempo: de facto, sem a perspectiva da eternidade e da transcendência ele cadencia simplesmente os nossos passos rumo a um horizonte que não tem futuro. Ao contrário, na oração encontramos tempo para Deus, para conhecer que «as suas palavras não passarão» (cf. Mc 13, 31), para entrar naquela comunhão íntima com Ele «que ninguém nos poderá tirar» (cf. Jo 16, 22) e que nos abre à esperança que não desilude, à vida eterna.

Em síntese, o itinerário quaresmal, no qual somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, é «fazer-se conformes com a morte de Cristo» (Fl 3, 10), para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela acção do Espírito Santo, como São Paulo no caminho de Damasco; orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo. O período quaresmal é momento favorável para reconhecer a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo.

Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Baptismo. Renovemos nesta Quaresma o acolhimento da Graça que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas acções. Tudo o que o Sacramento significa e realiza, somos chamados a vivê-lo todos os dias num seguimento de Cristo cada vez mais generoso e autêntico. Neste nosso itinerário, confiemo-nos à Virgem Maria, que gerou o Verbo de Deus na fé e na carne, para nos imergir como ela na morte e ressurreição do seu Filho Jesus e ter a vida eterna.

Vaticano, 4 de Novembro de 2010
Papa Bento  XVI

 

Jubileu Sacerdotal do nosso Patriarca

50 anos de sacerdócio de D. José Policarpo
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O Senhor Cardeal-Patriarca celebra este ano o seu jubileu sacerdotal: 50 anos de sacerdócio, dos quais trinta e três de Episcopado e, destes, treze como Patriarca de Lisboa.

Somos convidados a reunirmo-nos à sua volta para dar graças a Deus pelo seu ministério sacerdotal e apostólico, reforçar a nossa comunhão e expressar a no
ssa gratidão pela fidelidade, generosidade, dedicação e entrega à Igreja de Lisboa ao longo destes cinquenta anos.

As comemorações do jubileu sacerdotal decorrem entre 19 de Março e 25 de Outubro, com o seguinte programa:

- 19 de Março, aniversário do Baptismo do Senhor Patriarca, abertura das Comemorações no Seminário de Caparide, pelas 11h00, seguida de uma conferência sobre o ministério sacerdotal do Senhor Patriarca no âmbito dos seminários e formação sacerdotal e celebração eucarística;

- 10 de Maio, sessão solene na Universidade Católica Portuguesa de Lisboa com apresentação e lançamento de um livro sobre o pensamento do Senhor Patriarca;

- 19 de Junho, Dia da Igreja Diocesana, encontro do Senhor Patriarca com toda a diocese, especialmente os agentes de pastoral, no Seminário de Penafirme;

- 15 de Agosto, aniversário da ordenação sacerdotal, concelebração eucarística na Sé Patriarcal às 16h00, com a participação dos jovens que tomarão parte na Jornada Mundial da Juventude, em Madrid;

- 20 de Agosto, aniversário da Missa Nova, encontro de familiares, conterrâneos, amigos e clero do Patriarcado, em Alvorninha, com celebração eucarística às 12h00, seguida de almoço-convívio;

- 9 de Outubro, encontro com as famílias, na Escola Salesiana do Estoril;

- 25 de Outubro, aniversário da Dedicação da Sé Catedral, às 16h00, concelebração com o Colégio Episcopal e Clero, seguida de refeição no Seminário de Cristo-Rei, nos Olivais.

Entretanto a Universidade Católica Portuguesa, no 75.º aniversário natalício do senhor Patriarca, seu Magno Chanceler, promove no próximo dia 25 de Fevereiro um Colóquio Homenagem sob o tema: “Um Pensamento em acção, D. José Policarpo”.

No decorrer das comemorações jubilares é possível que surjam outras iniciativas que o site do Patriarcado e o jornal “Voz da Verdade” darão notícia em tempo devido.

Que estas comemorações jubilares possam despertar na Igreja de Lisboa um dinamismo de comunhão à volta do seu Pastor e, através dele, a Jesus Cristo, e à redescoberta do sacerdócio apostólico como um dom inestimável de Deus ao Seu Povo.

Com a amizade do Senhor

† Joaquim Mendes
Bispo Auxiliar de Lisboa

XII Assembleia de Párocos Dehonianos

Fatima_ParocosDe 28 de Fevereiro a 2 de Março de 2011, reuniu-se, em Fátima, a Assembleia de Párocos Dehonianos, sob o tema: “Paróquia, rosto missionário da Igreja”.
Participaram 31 Dehonianos empenhados pastoralmente em Paróquias, Reitorias, Capelanias e outros encargos pastorais que nos estão confiados vindos das comunidades presentes nas dioceses do Algarve, Angra do Heroísmo, Aveiro, Coimbra, Funchal, Lisboa, Porto e nas missões de Angola e Madagáscar.
 

Inspirados na reflexão de D. António Couto, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Braga, sobre a Carta Pastoral dos Bispos de Portugal, intitulada “Como Eu vos fiz, fazei vós também” – Para um rosto missionário da Igreja em Portugal – e apoiados em conferências e painéis, tomámos maior consciência da dimensão missionária da paróquia e identificámos algumas constatações e desafios que sintetizamos:

Continuar... XII Assembleia de Párocos Dehonianos

 

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