Dissertação Páscoa
A Páscoa é, por excelência, a celebração do Mistério da Salvação nas suas três fases – Paixão, Morte e Ressurreição. No entanto, muito frequentemente na nossa sociedade, a Páscoa é exclusivamente identificada com o Domingo da Ressurreição, o que constitui uma redução das dimensões deste acontecimento, uma mutilação de uma realidade de enorme riqueza. Para percorrer o itinerário de Cristo temos de ser solidários com Ele na Paixão e na Morte, para também o sermos na Ressurreição. Ao sabermos que Jesus Se encaminha voluntariamente e em total liberdade para a morte, em amorosa entrega aos homens, conhecemos a essência do Amor. Unidos à fonte da vida sobrenatural, enchemo-nos de força para, da morte e do pecado, passarmos à alegria da Ressurreição. A Páscoa revela-se, deste modo, fonte de Alegria, Optimismo e Esperança, simbolizando o triunfo da Vida sobre a Morte, do Bem sobre o Mal. Este acontecimento ímpar não nos deve, porém, introduzir uma atitude apática e conformista perante a vida. Devemos, sim, transbordar essa mesma Alegria, esse mesmo Optimismo e essa mesma Esperança de que a Santa Páscoa nos inundou. Devemos ser testemunhas activas do Amor de Cristo, evangelizadores em todos os dias das nossas vidas.
Como jovem que sou, sinto quão degradada a minha geração se revela. Apercebo-me da falta de alegria e das pessoas cabisbaixas com que todos os dias me cruzo na rua. Noto a falta de credibilidade e confiança que existe em torno de quem exerce o poder. Não sou indiferente à crise económica que vivemos mas, acima de qualquer outra crise, preocupa-me aquela em que parecemos irremediavelmente mergulhados – a crise de valores. Sinto que, hoje, a Moral é considerada uma palavra vã e conservadora. Parece-me que a mensagem que o Povo recebe é a de que o atingir de um determinado fim justifica o uso de todo e qualquer meio. É este estigma que urge mudar. É fundamental que o Bem se sobreponha ao Mal, tarefa esta que não pode ser encarada por nós, Cristãos, como utópica, pois Cristo simboliza o triunfo da Luz sobre as Trevas. A meta está sempre à nossa frente, iluminada pelo espírito da Páscoa. Quando frequentava a Catequese, ainda criança, aprendi algo que faço sempre por ter em mente – devemos entregar-nos aos outros como Jesus se entregou por nós. Que a Páscoa nunca nos deixe de introduzir no dinamismo que brota da vida de Cristo Ressuscitado.
João Martins