PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

igreja1 vitral1 igreja2 Auditorio vitral2 vitral4 igreja3 vitral3 Slide Cspq1 Slide cspq7 Slide igreja4 Slide cspq3 Slide cspq5 Slide pinturas Slide cspq8 Slide vitral5 Slide cspq6 Slide cspq2 Slide cspq4

Festa da Transfiguração do Senhor: 6 de Agosto

Tabor05Situada antes do anúncio da Paixão e da Morte, a Transfiguração prepara os Apóstolos para a compreensão desse mistério. Quase com o mesmo objectivo, a Igreja celebra esta festa quarenta dias antes da Exaltação da Cruz, a 14 de Setembro.

A Transfiguração, manifestação da vida divina, que está em Jesus, é uma antecipação do esplendor, que encherá a noite da Páscoa. Os Apóstolos, quando virem Jesus na sua condição de Servo, não poderão esquecer a sua condição divina.

Recorrendo a elementos simbólicos do Antigo Testamento, o autor apresenta-nos uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o seu projecto libertador em favor dos homens através do dom da vida. Aos discípulos, desanimados e assustados, Jesus diz: o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-o, vós também!


LEITURA I – Dan 7, 9-10.13-14
Leitura da Profecia de Daniel

«Estava eu a olhar, quando foram colocados tronos
e um Ancião sentou-se.
As suas vestes eram brancas como a neve
e os cabelos como a lã pura.
O seu trono eram chamas de fogo, com rodas de lume vivo.
Um rio de fogo corria, irrompendo diante dele.
Milhares de milhares o serviam
e miríades de miríades o assistiam.
O tribunal abriu a sessão e os livros foram abertos.
Contemplava eu as visões da noite,
quando, sobre as nuvens do céu,
veio alguém semelhante a um filho do homem.
Dirigiu-Se para o Ancião venerável
e conduziram-no à sua presença.
Foi-lhe entregue o poder, a honra e a realeza,
e todos os povos e nações O serviram.
O seu poder é eterno, que nunca passará,
e o seu reino jamais será destruído.»

Daniel, em visão nocturna, vê a história do ponto de vista de Deus. Sucedem-se os impérios e os opressores, mas o projecto de Deus não falha. Ele é o último juiz, que avaliará as acções dos homens e intervirá para resgatar o seu povo. Aos reinos terrenos contrapõe-se o Reino que o Ancião confia a um misterioso “filho de homem” que vem sobre as nuvens. Trata-se de um verdadeiro homem, mas de origem divina.
No nosso texto já não se trata do Messias davídico que havia de restaurar o Reino de Israel, mas da sua transfiguração sobrenatural: o Filho do homem vem inaugurar um reino que, embora se insira no tempo, “não é deste mundo” (Jo 18, 36). Ele triunfará sobre as potências terrenas, conduzindo a história à sua realização escatológica. Jesus irá identificar-se muitas vezes com esta figura bíblica na sua pregação e particularmente diante do Sinédrio, que o condenará à morte.


Salmo Responsorial (Salmo 96 (97)
Ref: O Senhor é rei, o Altíssimo sobre toda a terra.

O Senhor é rei: exulte a terra,
rejubile a multidão das ilhas.
Ao seu redor, nuvens e trevas;
a justiça e o direito são a base do seu trono.

Derretem-se os montes como cera
diante do senhor de toda a terra.
Os céus proclamam a sua justiça
e todos os povos contemplam a sua glória.

Vós, Senhor, sois o Altíssimo sobre toda a terra,
estais acima de todos os deuses.
Alegrai-vos, ó justos, no Senhor
e louvai o seu nome santo.


LEITURA II – 2 Pedro 1, 16-19
Leitura da Segunda Epístola de S. Pedro

«Caríssimos:
Não foi seguindo fábulas ilusórias
que vos fizemos conhecer o poder e a vinda
de Nosso Senhor Jesus Cristo,
mas por termos sido testemunhas oculares da sua majestade.
Porque Ele recebeu de Deus Pai honra e glória,
quando da sublime glória de Deus veio esta voz:
«Este é o meu Filho muito amado,
em quem pus toda a minha complacência».
Nós ouvimos esta voz vinda do céu,
quando estávamos com Ele no monte santo.
Assim temos bem confirmada a palavra dos Profetas,
à qual fazeis bem em prestar atenção,
como a uma lâmpada que brilha em lugar escuro,
até que desponte o dia
e nasça em vossos corações a estrela da manhã.»

Pedro e os seus companheiros reconhecem-se portadores de uma graça maior que a dos profetas, porque ouviram a voz celeste que proclamava Filho muito amado do Pai, Jesus, seu mestre. Mas a Palavra do Antigo Testamento continua a ser “uma lâmpada que brilha num lugar escuro” (v. 19), até ao dia sem fim, quando Cristo vier na sua glória. Jesus transfigurado sustenta a nossa fé e acende em nós o desejo da esperança nesta caminhada. A “estrela da manhã” já brilha no coração de quem espera vigilante.


EVANGELHO – Mt 17,1-9
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

«Naquele tempo,
Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João seu irmão
e levou os, em particular, a um alto monte
e transfigurou Se diante deles:
o seu rosto ficou resplandecente como o sol
e as suas vestes tornaram se brancas como a luz.
E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele.
Pedro disse a Jesus:
"Senhor, como é bom estarmos aqui!
Se quiseres, farei aqui três tendas:
uma para Ti, outra para Moisés a outra para Elias."
Ainda ele falava,
quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra
e da nuvem uma voz dizia:
"Este é o meu Filho muito amado,
no qual pus toda a minha complacência. Escutai O."
Ao ouvirem estas palavras,
os discípulos caíram de rosto por terra a assustaram se muito.
Então Jesus aproximou se e, tocando os, disse:
"Levantai vos e não temais."
Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus.
Ao descerem do monte, Jesus deu lhes esta ordem:
"Não conteis a ninguém esta visão,
até o Filho do homem ressuscitar dos mortos."»


A secção de Mt 16,21 - 20,34 é uma catequese sobre o discipulado, como seguimento de Jesus até à cruz. O texto que hoje nos é proposto faz parte dessa catequese alargada.
O relato da transfiguração de Jesus é antecedido do primeiro anúncio da paixão (cf. Mt 16,21-23) e de uma instrução sobre as atitudes próprias do discípulo (convidado a renunciar a si mesmo, a tomar a sua cruz e a seguir Jesus no seu caminho de amor e de entrega da vida – cf. Mt 16,24-28). Depois de terem ouvido falar do “caminho da cruz” e de terem constatado aquilo que Jesus pede aos que o querem seguir, os discípulos estão desanimados e frustrados, pois a aventura em que apostaram parece encaminhar-se para um rotundo fracasso; eles vêem esfumar-se – nessa cruz que irá ser plantada numa colina de Jerusalém – os seus sonhos de glória, de honras, de triunfos e perguntam-se se vale a pena seguir um mestre que nada mais tem para oferecer do que a morte na cruz.

É neste contexto que Mateus coloca o episódio da transfiguração. A cena constitui uma palavra de ânimo para os discípulos (e para os crentes, em geral), pois nela manifesta-se a glória de Jesus e atesta-se que Ele é – apesar da cruz que se aproxima – o Filho amado de Deus. Os discípulos recebem, assim, a garantia de que o projecto que Jesus apresenta é um projecto que vem de Deus; e, apesar das suas próprias dúvidas, recebem um complemento de esperança que lhes permite “embarcar” e apostar nesse projecto.

Literariamente, a narração da transfiguração é uma teofania – quer dizer, uma manifestação de Deus. Portanto, o autor do relato vai colocar no quadro que descreve todos os ingredientes que, no imaginário judaico, acompanham as manifestações de Deus (e que encontramos quase sempre presentes nos relatos teofânicos do Antigo Testamento): o monte, a voz do céu, as aparições, as vestes brilhantes, a nuvem e mesmo o medo e a perturbação daqueles que presenciam o encontro com o divino. Isto quer dizer o seguinte: não estamos diante de um relato fotográfico de acontecimentos, mas de uma catequese (construída de acordo com o imaginário judaico) destinada a ensinar que Jesus é o Filho amado de Deus, que traz aos homens um projecto que vem de Deus.


Mensagem
Esta página de catequese, destinada a ensinar que Jesus é o Filho de Deus e que o projecto que Ele propõe vem de Deus, está construída sobre elementos simbólicos tirados do Antigo Testamento. Que elementos são esses?

O monte situa-nos num contexto de revelação: é sempre num monte que Deus Se revela; e, em especial, é no cimo de um monte que Ele faz uma aliança com o seu Povo. (Poderíamos aqui referir alguns destes grandes encontros com Deus: Abraão – no Moriá; Moisés – no Horeb, no Sinai e no Nebo; Elias – no Carmelo e no Horeb; Jesus – no Monte das Bem-aventuranças para promulgar a nova Lei, no Tabor para manifestar uma antecipação de sua glória, no Calvário para dar sua vida e no monte da Ascensão para confirmar sua exaltação definitiva pelo Pai mediante sua ressurreição.)

A mudança do rosto e as vestes de brancura resplandecente recordam o resplendor de Moisés, ao descer do Sinai (cf. Ex 34,29), depois de se encontrar com Deus e de ter as tábuas da Lei.

A nuvem, por sua vez, indica a presença de Deus: era na nuvem que Deus manifestava a sua presença, quando conduzia o seu Povo através do deserto (cf. Ex 40,35; Nm 9,18.22; 10,34).

Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas (que anunciam Jesus e que permitem entender Jesus); além disso, são personagens que, de acordo com a catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando se manifestasse a salvação definitiva (cf. Dt 18,15-18; Mal 3,22-23).

O temor e a perturbação dos discípulos são a reacção lógica de qualquer homem ou mulher diante da manifestação da grandeza, da omnipotência e da majestade de Deus (cf. Ex 19,16; 20,18-21).

As tendas parecem aludir à “festa das tendas”, em que se celebrava o tempo do êxodo, quando o Povo de Deus habitou em “tendas”, no deserto.

A mensagem fundamental, amassada com todos estes elementos, pretende dizer quem é Jesus. Recorrendo a simbologias do Antigo Testamento, o autor deixa claro que Jesus é o Filho amado de Deus, em quem se manifesta a glória do Pai. Ele é, também, esse Messias libertador e salvador esperado por Israel, anunciado pela Lei (Moisés) e pelos Profetas (Elias). Mais ainda: ele é um novo Moisés – isto é, aquele através de quem o próprio Deus dá ao seu Povo a nova lei e através de quem Deus propõe aos homens uma nova aliança.

Da acção libertadora de Jesus, o novo Moisés, irá nascer um novo Povo de Deus. Com esse novo Povo, Deus vai fazer uma nova aliança; e vai percorrer com ele os caminhos da história, conduzindo-o através do “deserto” que leva da escravidão à liberdade.

Esta apresentação tem como destinatários os discípulos de Jesus (esse grupo desanimado e frustrado porque no horizonte próximo do seu líder está a cruz e porque o mestre exige dos discípulos que aceitem percorrer um caminho semelhante). Aponta para a ressurreição, aqui anunciada pela glória de Deus que se manifesta em Jesus, pelas vestes resplandecentes (que lembram as vestes resplandecentes dos anjos que anunciam a ressurreição – cf. Mt 28,3) e pelas palavras finais de Jesus (“não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do Homem ressuscitar dos mortos” – Mt 17,9): diz-lhes que a cruz não será a palavra final, pois no fim do caminho de Jesus (e, consequentemente, dos discípulos que seguirem Jesus) está a ressurreição, a vida plena, a vitória sobre a morte.

Uma palavra final para o desejo – manifestado por Pedro – de construir três tendas no cimo do monte, como se pretendesse “assentar arraiais” naquele quadro. O pormenor pode significar que os discípulos queriam deter-se nesse momento de revelação gloriosa, ignorando o destino de sofrimento de Jesus. Jesus nem responde à proposta: Ele sabe que o projecto de Deus – esse projecto de construir um novo Povo de Deus e levá-lo da escravidão para a liberdade – tem de passar pelo caminho do dom da vida, da entrega total, do amor até às últimas consequências.

O Evangelho de hoje revela-nos a chave da fé. A voz do Pai convida-nos a escutar Jesus, seu Filho amado, porque Cristo é o caminho, a verdade e a vida; porque Ele é a Palavra definitiva do Pai, anunciada pela Lei e pelos profetas; porque só Ele tem palavras de vida eterna. A Transfiguração torna-se, assim, uma meta possível para todo aquele que escuta Jesus.

Transfiguração quer dizer transformação pessoal por meio da conversão, para num segundo momento, caminhar com Cristo até à fascinante aventura da entrega total aos irmãos, especialmente aos mais necessitados.

O mundo transforma-se quando acolhemos a proposta de Deus: «Este é o meu filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O».

 

O meu Sim

Jesus11Tu me criaste Senhor, único e irrepetível.
Tu me amas assim como eu sou.
Deste-me a vida e uma família que me amou;
Deste-me o baptismo e uma comunidade cristã
que me ajudou a crescer na fé.

Tu me conheces e me chamas pelo meu nome.
Tu me confiaste uma missão:
ser Tua testemunha no lugar onde moro,
no meu trabalho, na minha vida de todos os dias.
Tu esperas que em mim brilhe sempre
a beleza do Evangelho da Alegria
e que seja sal e fermento do Teu Reino de amor.

Tu me chamaste e eu escutei a tua voz.
Tu me escolheste e me marcaste com a tua unção
e eu dei o meu SIM!

Senhor, dá-me a tua força para ser
testemunha da Tua misericórdia que perdoa;
testemunha da Tua paz que inquieta;
testemunha da Tua verdade que liberta;
testemunha de Jesus, Teu filho, nosso irmão;
testemunha da força do Teu Espírito Santo.

Aqui estou, Senhor, para fazer a Tua vontade!
AS

XVI Domingo do Tempo Comum - A

di001a

A liturgia deste Domingo convida-nos a descobrir o Deus paciente e cheio de misericórdia, a quem não interessa a marginalização do pecador, mas a sua integração na comunidade do "Reino", convidando-nos a interiorizar essa "lógica" de Deus, deixando que ela marque o olhar que lançamos sobre o mundo e sobre os homens.

A primeira leitura fala-nos de um Deus que é indulgente e misericordioso para connosco. Agindo dessa forma, Deus convida os seus filhos a serem mais humanos, a terem um coração tão misericordioso e tão indulgente como o coração de Deus.

A segunda leitura sublinha a bondade e a misericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fragilidade, guiando-nos no caminho para a vida plena.

O Evangelho garante a presença do "Reino de Deus" no nosso mundo. Esse "Reino" não é um clube exclusivo de "bons" e de "santos". Nele todos os homens encontram a possibilidade de crescer, de amadurecer as suas escolhas, de serem tocados pela graça, até ao momento final da opção definitiva.


Primeira Leitura (Sab 12,13.16-19)
Leitura do Livro da Sabedoria

Não há Deus, além de Vós,
que tenha cuidado de todas as coisas;
a ninguém tendes de mostrar que não julgais injustamente.
O vosso poder é o princípio da justiça
e o vosso domínio soberano
torna-Vos indulgente para com todos.
Mostrais a vossa força
aos que não acreditam na vossa omnipotência
e confundis a audácia daqueles que a conhecem.
Mas Vós, o Senhor da força, julgais com bondade
e governais-nos com muita indulgência,
porque sempre podeis usar da força quando quiserdes.
Agindo deste modo, ensinastes ao vosso povo
que o justo deve ser humano
e aos vossos filhos destes a esperança feliz
de que, após o pecado, dais lugar ao arrependimento.


Salmo Responsorial – Salmo 85 (86)
Refrão: Senhor, sois um Deus clemente e compassivo.

Vós, Senhor, sois bom e indulgente,
cheio de misericórdia para com todos os que Vos invocam.
Ouvi, Senhor, a minha oração,
atendei a voz da minha súplica.

Todos os povos que criastes virão adorar-vos, Senhor,
e glorificar o vosso nome,
porque Vós sois grande e operais maravilhas,
Vós sois o único Deus.

Senhor, sois um Deus bondoso e compassivo,
paciente e cheio de misericórdia e fidelidade.
Voltai para mim os vossos olhos
e tende piedade de mim.


Segunda Leitura (Rom 8,26-27)
Leitura da Epístola do apóstolo S. Paulo aos Romanos

Irmãos:
O Espírito Santo vem em auxilio da nossa fraqueza,
porque não sabemos que pedir nas nossas orações;
mas o próprio Espírito intercede por nós
com gemidos inefáveis.
E Aquele que vê no íntimo dos corações
conhece as aspirações do Espírito,
sabe que Ele intercede pelos santos
em conformidade com Deus.


Evangelho (Mt 13,24-43)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Mateus

Naquele tempo,
Jesus disse às multidões mais esta parábola:
«O reino dos Céus pode comparar-se a um homem
que semeou boa semente no seu campo.
Enquanto todos dormiam, veio o inimigo,
semeou joio no meio do trigo e foi-se embora.
Quando o trigo cresceu e deu fruto,
apareceu também o joio.
Os servos do dono da casa foram dizer-lhe:
'Senhor, não semeaste boa semente no teu campo?
Donde vem então o joio?
Ele respondeu-lhes: 'Foi um inimigo que fez isso'.
Disseram-lhe os servos:
'Queres que vamos arrancar o joio?'
'Não! – disse ele –
não suceda que, ao arrancardes o joio,
arranqueis também o trigo.
Deixai-os crescer ambos até à ceifa
e, na altura da ceifa, direi aos ceifeiros:
Apanhai primeiro o joio e atai-o em molhos para queimar;
e ao trigo, recolhei-o no meu celeiro'.»

Jesus disse-lhes outra parábola:
«O reino dos Céus pode comparar-se a um grão de mostarda
que um homem tomou e semeou no seu campo.
Sendo a menor de todas as sementes,
depois de crescer, é a maior de todas as hortaliças
e torna-se árvore, de modo que as aves do céu vêm abrigar-se nos seus ramos.»

Disse-lhes outra parábola:
«O reino dos Céus pode comparar-se ao fermento
que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha,
té ficar tudo levedado".
Tudo isto disse Jesus em parábolas,
e sem parábolas nada lhes dizia,
a fim de se cumprir o que fora anunciado pelo profeta,
que disse: "Abrirei a minha boca em parábolas,
proclamarei verdades ocultas desde a criação do mundo.»

Jesus deixou então as multidões e foi para casa.
Os discípulos aproximaram-se d'Ele e disseram-Lhe:
"Explica-nos a parábola do joio no campo".
Jesus respondeu:
«Aquele que semeia a boa semente é o Filho do homem
e o campo é o mundo.
A boa semente são os filhos do reino,
o joio são os filhos do Maligno
e o inimigo que o semeou é o Demónio.
A ceifa é o fim do mundo
e os ceifeiros são os Anjos.
Como o joio é apanhado e queimado no fogo,
assim será no fim do mundo:
o Filho do homem enviará os seus Anjos,
que tirarão do seu reino todos os escandalosos
e todos os que praticam a iniquidade,
e hão-de lançá-los na fornalha ardente;
aí haverá choro e ranger de dentes.
Então, os justos brilharão como o sol
no reino do seu Pai.
Quem tem ouvidos, oiça.»


Ressonâncias
trigo_joio

A Parábola do trigo e do joio revela-nos duas atitudes: A impaciência dos homens: "Senhor, queres que arranquemos o joio?"; e a paciência de Deus: "Deixai crescer junto até a colheita..."
Deus não quer a destruição do pecador e a segregação dos maus. "Deus é paciente e misericordioso, lento para a ira e rico de misericórdia".

Na construção do Reino, é preciso ter Paciência e esperar a hora certa para a separação final na colheita.
A paciência de Deus com o joio convida-nos a rejeitar as atitudes de rigidez e de intolerância, de incompreensão e de vingança e a sermos tolerantes e compreensivos para com os nossos irmãos.

Joio e Trigo estão em todo o lado. Esquecemos que o mal e o bem se misturam no mundo, na vida e no nosso coração?!; Esquecemos que o Reino de Deus é um mundo de trigo e de joio, de guerra e de paz, de gozo e inquietação?!, Esquecemos que o joio de hoje poderá tornar-se amanhã trigo para Deus?!; Esquecemos que mesmo dentro de cada um nós há trigo, mas muitas vezes abunda também o joio?!

E então, ficar de braços cruzados passivamente? Não, as outras duas parábolas complementam a mensagem: devemos ser a semente da mostarda, pequena, insignificante, mas que cresce até acolher os pássaros nos seus ramos; devemos ser o fermento que leveda toda a massa da farinha e o mundo em que vivemos. Assim estaremos a transformar o joio em trigo.

---------------------------------------------------------------------

O Reino de Deus já está presente entre nós, mesmo misturado com o joio, mesmo pequeno como o grão de mostarda, ou um pouco de fermento...«Assim como o fermento comunica a sua força à massa da farinha, assim também vós transformareis o mundo inteiro. [...] O fermento faz levedar a massa quando é posto em contacto com a farinha; melhor ainda, quando é misturado completamente com ela.

O Senhor também não diz que a mulher colocou o fermento, mas que ela o misturou na farinha. [...] Somente Cristo dá tal força ao fermento; misturou com a multidão os que tinham fé n'Ele para que comunicássemos uns aos outros os nossos conhecimentos.

Que ninguém O recrimine pelo pequeno número dos seus discípulos, pois o poder da pregação é grande, e, quando a massa está frementada, ela torna-se, por sua vez, em fermento para todo o resto.»

(S. João Crisóstomo)

---------------------------------------------------------------------

Deus é cuidadoso com a agronomia do seu Reino
A parábola deste Domingo, revela-nos um semeador sábio e paciente, solícito e respeitador dos crescimentos e amadurecimentos.

Ele ensina-nos uma tolerância que não transige com o mal, mas é capaz de suportar o difícil parto de um milagre.
Quanto tem a aprender de Deus a nossa pressa em julgar, a nossa precipitação em condenar, a nossa intolerância que não pondera para eliminar, para limpar…

Em tempo de ceifas não hesitemos em pedir a Deus um discernimento que nos ajude a distinguir o trigo do joio, uma coragem para lançar fora o que de facto é mal, e uma paciência para esperar pelo amadurecimento dos frutos que tardam a definir-se.

O olhar e a atitude com que enfrentamos a vida, os outros e o mundo, mudam-nos completamente a nossa existência.


Especializa-teHelderCamara

Especializa-te em tentar descobrir
em toda e qualquer criatura
o lado bom que ela possui
– ninguém é maldade concentrada.

Especializa-te em tentar descobrir
em toda e qualquer ideologia a alma de verdade
que ela carrega no seio
– a inteligência é incapaz de aderir ao erro total...

(Dom Hélder Câmara)

Ver mais longe

Já todos conhecem a história daquele judeu que depois de tanto combater o cristianismo, foi viver, durante algum tempo, no anonimato, numa comunidade cristã. Queria ver a vida real dos cristãos. Lá foi acompanhando as celebrações, ouvindo as pregações, seguindo o quotidiano daquela gente. Quanto mais reparava na falta de coerência, mais ficava pensativo. Anotou tantos aspectos negativos pois o trigo perdia-se no meio de tanto joio. Por fim tomou posição:
- Vivi com os cristãos e vi tanta miséria, muito fingimento. Mas se o cristianismo continua vivo, apesar de tudo isto, quer dizer que é uma obra de Deus. Agora acredito no seu valor.

Tal como num estabelecimento, há que distinguir o que está na montra e o que há no interior. A montra pode ter uma fraca apresentação: poeirenta, antiquada, desprezível ou descuidada. Só as pessoas muito decididas é que não se deixam desencorajar pelo que vêem na montra e ousam entrar para pedir, no interior, o que não viram exposto. E encontram sempre, numa gaveta, no fundo de um armário, num sótão cheio de pó.

A nossa vida cristã nem sempre é o que se pretende, ou o que se mostra, ou o que até aqui se tem vivido. Há muito joio. Se alguém ver apenas a mostra, isto é, ver-nos sair de uma missa dominical, ver-nos rezar, ver-nos viver em comum, fica logo desanimado. É preciso ter a coragem de pedir no interior o que não viu na montra.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

XV Domingo do Tempo Comum - A

Semeador3dA Liturgia desse Domingo convida-nos a reflectir sobre a importância da Palavra de Deus e exorta-nos a ser "terra boa" que acolhe a Palavra e produz frutos abundantes na vida.

A Primeira leitura garante-nos que a Palavra de Deus é verdadeiramente fecunda e criadora de vida. É sempre eficaz, embora não actue sempre de acordo com os nossos interesses e critérios.

Na Segunda leitura, Paulo atesta-nos que o tempo da sementeira é sempre difícil, sofre-se com a dor e a espera, mas não se trata de um grito de morte, mas sim do início de uma nova vida que está a chegar. Podemos, no entanto, dizer que a Palavra de Deus é que fornece os critérios para que o homem possa viver "segundo o Espírito" e para que ele possa construir o "novo céu e a nova terra" com que sonhamos.

O Evangelho propõe-nos, em primeiro lugar, uma reflexão sobre a forma como acolhemos a Palavra e exorta-nos a ser uma "boa terra", disponível para escutar as propostas de Jesus, para as acolher e para deixar que elas dêem abundantes frutos na nossa vida de cada dia. Garante-nos também que o "Reino" proposto por Jesus será uma realidade imparável, onde se manifestará em todo o seu esplendor e fecundidade a vida de Deus.


Primeira Leitura (Is 55,10-11)
Leitura do Livro de Isaías

Eis o que diz o Senhor:
"Assim como a chuva e a neve que descem do céu
não voltam para lá sem terem regado a terra,
sem a terem fecundado e feito produzir,
para que dê a semente ao semeador e o pão para comer,
assim a palavra que sai da minha boca
não volta sem ter produzido o seu efeito,
sem ter cumprido a minha vontade,
sem ter realizado a sua missão".


Salmo Responsorial – Salmo 64 (65)
Refrão: A semente caiu em boa terra e deu muito fruto.

Visitastes a terra e a regastes,
enchendo-a de fertilidade.
As fontes do céu transbordam em água
e fazeis brotar o trigo.

Assim preparais a terra;
regais os seus sulcos e aplanais as leivas,
Vós a inundais de chuva
e abençoais as sementes.

Coroastes o ano com os vossos benefícios,
por onde passastes brotou a abundância.
Vicejam as pastagens do deserto
e os outeiros vestem-se de festa.

Os prados cobrem-se de rebanhos
e os vales enchem-se de trigo.
Tudo canta e grita de alegria.


Segunda Leitura (Rom 8,18-23)
Leitura da Epístola do apóstolo S. Paulo aos Romanos

Irmãos:
Eu penso que os sofrimentos do tempo presente
não têm comparação com a glória
que se há-de manifestar em nós.
Na verdade, as criaturas esperam ansiosamente
a revelação dos filhos de Deus.
Elas estão sujeitas à vã situação do mundo,
não por sua vontade,
mas por vontade d'Aquele que as submeteu,
com a esperança de que as mesmas criaturas
sejam também libertadas da corrupção que escraviza,
para receberem a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.
Sabemos que toda a criatura geme ainda agora
e sofre as dores da maternidade.
E não só ela, mas também nós,
que possuímos as primícias do Espírito,
gememos interiormente,
esperando a adopção filial e a libertação do nosso corpo.


Evangelho (Mt 13,1-23)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Mateus

Naquele dia,
Jesus saiu de casa e foi sentar-Se à beira-mar.
Reuniu-se à sua volta tão grande multidão
que teve de subir para um barco e sentar-Se,
enquanto a multidão ficava na margem.
Disse muitas coisas em parábolas, nestes termos:
"Saiu o semeador a semear.
Quando semeava,
caíram algumas sementes ao longo do caminho:
vieram as aves e comeram-nas.
Outras caíram em sítios pedregosos,
onde não havia muita terra,
e logo nasceram porque a terra era pouco profunda;
mas depois de nascer o sol, queimaram-se e secaram,
por não terem raiz.
Outras caíram entre espinhos
e os espinhos cresceram e afogaram-nas.
Outras caíram em boa terra e deram fruto:
umas, cem; outras, sessenta; outras, trinta por um.
Quem tem ouvidos, oiça".
Os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe:
"Porque lhes falas em parábolas?"
Jesus respondeu-lhes:
"Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos Céus,
mas a eles não.
Pois àquele que tem dar-se-á e terá em abundância;
mas àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado.
É por isso que lhes falo em parábolas,
porque vêem sem ver e ouvem sem ouvir nem entender.
Neles se cumpre a profecia de Isaías que diz:
'Ouvindo ouvireis, mas sem compreender;
olhando olhareis, mas não vereis.
Porque o coração deste povo tornou-se duro:
endureceram os seus ouvidos e fecharam os seus olhos,
para não acontecer
que, vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos
e compreendendo com o coração,
se convertam e Eu os cure'.
Quanto a vós, felizes os vossos olhos porque vêem
e os vossos ouvidos porque ouvem!
Em verdade vos digo: muitos profetas e justos
desejaram ver o que vós vedes e não viram
e ouvir o que vós ouvis e não ouviram.
Vós, portanto, escutai o que significa a parábola do semeador:
Quando um homem ouve a palavra do reino
e não a compreende,
vem o Maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração.
Este é o que recebeu a semente ao longo do caminho.
Aquele que recebeu a semente em sítios pedregosos
é o que ouve a palavra e a acolhe de momento,
mas não tem raiz em si mesmo, porque é inconstante,Semeador3b
e, ao chegar a tribulação ou a perseguição por causa da palavra,
sucumbe logo.
Aquele que recebeu a semente entre espinhos
é o que ouve a palavra,
mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza
sufocam a palavra, que assim não dá fruto.
E aquele que recebeu a palavra em boa terra
é o que ouve a palavra e a compreende.
Esse dá fruto,
produz ora cem, ora sessenta, ora trinta por um".


Ressonâncias...

A Parábola propõe-nos três perguntas:
1. Que terreno somos nós? Muitas vezes questionamos o pregador da Palavra de Deus: "Foi comprido, foi repetitivo, foi aborrecido..." E como questionar também a nossa atitude de ouvintes? O acolhimento do Evangelho não depende nem da Semente, nem do Semeador, mas da qualidade da terra.
2. Que semeadores somos nós? Cuidamos do nosso terreno, retiramos as pedras e os espinhos que atrapalham? Procuramos cuidar da semente que vamos semear, cultivando-nos e actualizando-nos? (Na catequese, liturgia, canto, escola, família...)
3. Vale ou não a pena semear? A parábola de Jesus é uma parábola de esperança. Jesus é o Semeador, e nós – com Ele – também o somos. Ele semeia em todos os terrenos, mesmo aqueles que parecem inférteis. Algumas sementes acabam germinar... O importante é semear o grão da esperança.

Semear o sorriso para que resplandeça ao redor de nós. Semear as nossas energias para enfrentar as batalhas da vida. Semear a nossa coragem para reerguer a coragem do outro. Semear o nosso entusiasmo, a nossa fé, o nosso amor...
Apesar dos obstáculos, a semente não perde a sua força. Deus lança a semente em todas direcções, sem recusar os pecadores endurecidos, os superficiais, ou aqueles que vivem obcecados com as preocupações do mundo.

O Evangelho de hoje garante-nos, que apesar do aparente fracasso, o sucesso do "Reino" está sempre garantido; e o resultado final será algo de surpreendente e de maravilhoso. Deus garante-nos: "A palavra de Deus não voltará sem produzir o seu fruto."

---------------------------------------------------------------------------------------

Ser semente de Deus
As parábolas de Jesus fazem falar a vida! São verdadeiras obras de arte que nos surpreendem continuamente. Nelas vemos a perspectiva de Deus, isto é, o modo como Ele vê o mundo e a vida; são desconcertantes ao exprimir o máximo de profundidade através da máxima simplicidade.
Deus continua preocupado em fazer florir e frutificar em nós uma vida cheia e fecunda!
É um Deus generoso que a todos dá sem se preocupar se somos áridos, secos ou estéreis.
É um Deus que olha para cada um de nós e, na nossa aridez, entrevê um terreno fértil capaz de acolher um pequeno grão de vida, de uma palavra inundada de futuro, de um olhar de ressurreição.
Deus só nos pede acolhimento, porque no nosso pouco ou no nosso muito, o segredo decisivo da fecundidade é Ele mesmo.


Semeando...

Contou um Rabino que havia dois irmãos que sempre viveram na cidade e nunca tinham visto nem um campo nem uma pastagem. Um dia foram dar um passeio pelo campo. À medida que caminhavam viram um agricultor a arar.
– Que coisa mais estranha. Este sujeito passa o dia andando para cá e para lá rasgando a terra. Porque haveria de destruir este belo chão?semead07

Mais tarde passaram de novo no mesmo lugar e viram-no a semear o terreno arado.
– Esta aldeia não é para mim, disse um dos irmãos. As pessoas aqui comportam-se de modo irracional. Vou para casa.

Mas o outro ficou e depois de algumas semanas viu uma maravilhosa diferença: a terra cobriu-se de plantinhas verdes. Escreveu ao irmão para que voltasse. Aquele veio e ficou admirado. Com o passar dos dias a terra transformou-se num campo dourado de trigo maduro. Compreenderam então o comportamento do agricultor.... Ao semear um saco de trigo, ele tinha colhido um campo inteiro.

É assim que Deus trabalha, concluiu o rabino. Nós, mortais, só vemos o começo do seu plano. Não podemos entender o plano total e o fim último da sua criação. Temos que confiar na sua sabedoria.
Este semeador é Deus que cumpre a sua missão e semeia com generosidade. Ele dá as mesmas oportunidades a todos. A semente é igual para todos, sempre útil para alguém, mais não seja para os pardais. Tem sempre capacidade de germinar desde que lhe dêem essa oportunidade.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

O poder das mãos vazias

maos12Esvazia as mãos de quê? De tudo o que te impede de ser "pobre em espírito" e "buscador de Deus".

Enche o coração. De quê? De amor.

Se amas, morres crucificado. Se não amas morrerás de tédio, e passarás a vida a bocejar...

Porque a vida é um dom recebido, para ser oferecido e repartido, como quem distribui pedaços de pão...

O modelo é Jesus. Jesus amou, fez-se pão, doação: "Tomai e comei, isto é o meu corpo". Tomai e bebei, este é o cálice do meu sangue".

E morreu na cruz...

Rogério Almeida, in ‘O poder das Mãos Vazias’

 

Cateq 2018

Calendario Cateq

horariomissas



Patriarcado