IX Domingo do Tempo Comum - A
OS DOIS CAMINHOS
A Liturgia deste Domingo é um convite a construirmos a nossa vida sobre o alicerce sólido da Palavra de Deus. Quando Ela está no centro da nossa vida, caminhamos com segurança ao encontro da realização plena.
Na primeira Leitura, temos um Discurso de Moisés; Ele relembra aos hebreus os compromissos assumidos para com Deus e convida-os a renovar a Aliança com o Senhor e gravá-la no coração e na alma.
Na segunda Leitura, S. Paulo afirma que a observância da Lei não é suficiente. Deus salva pela fé em Cristo Salvador, não pela observância da lei. Portanto, a Salvação é um dom gratuito de Deus e não o resultado dos nossos méritos pessoais.
No Evangelho, temos o final do Sermão da Montanha. Cristo – o novo Moisés – oferece à comunidade a nova lei, que deve guiar o novo Povo de Deus. Mostra-nos os dois caminhos: apenas ouvir a Palavra de Deus ou ouvir e pôr em prática essa mesma Palavra?
Para ingressar no Reino, é necessário "cumprir a vontade do Pai". O Evangelho é bem claro: "Ser cristão" não é possuir um bilhete de identidade que atesta o nosso baptismo; mas é procurar viver sempre de acordo com as propostas de Deus.
1.ª LEITURA (Deut 11,18.26-28.32)
Leitura do Livro do Deuteronómio
Moisés falou ao povo dizendo:
«As palavras que eu vos digo,
gravai-as no vosso coração e na vossa alma,
atai-as à mão como um sinal
e sejam como um frontal entre os vossos olhos.
Ponho hoje diante de vós a bênção e a maldição:
a bênção, se obedecerdes aos mandamentos do Senhor,
vosso Deus, que hoje vos prescrevo;
a maldição, se não obedecerdes aos mandamentos do Senhor,
vosso Deus, afastando-vos do caminho que hoje vos indico,
para seguirdes outros deuses que não conhecestes.
Portanto, procurai pôr em prática todos os preceitos e normas
que hoje vos proponho».
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 30 (31)
Refrão: Sede o meu refúgio, Senhor.
Em Vós, Senhor, me refugio, jamais serei confundido,
pela vossa justiça, salvai-me.
Inclinai para mim os vossos ouvidos,
apressai-Vos em me libertar.
Sede a rocha do meu refúgio
e a fortaleza da minha salvação:
porque Vós sois a minha força e o meu refúgio,
por amor do vosso nome, guiai-me e conduzi-me.
Fazei brilhar sobre mim a vossa face,
salvai-me pela vossa bondade.
Tende coragem e animai-vos,
vós todos que esperais no Senhor.
2.ª LEITURA (Rom 3,21-25a.28)
Leitura da Epístola do apóstolo S. Paulo aos Romanos
Irmãos:
Independentemente da Lei de Moisés,
manifestou-se agora a justiça de Deus,
de que dão testemunho a Lei e os Profetas;
porque a justiça de Deus vem pela fé em Jesus Cristo,
para todos e sobre todos os crentes.
De facto não há distinção alguma,
porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus;
e todos são justificados de maneira gratuita pela sua graça,
em virtude da redenção realizada em Cristo Jesus,
que Deus apresentou como vítima de propiciação,
mediante a fé, pelo seu sangue,
para manifestar a sua justiça.
Na verdade, estamos convencidos
de que o homem é justificado pela fé,
sem as obras da Lei.
EVANGELHO (Mt 7,21-27)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Mateus
Naquele tempo,
Disse Jesus aos seus discípulos:
«Nem todo aquele que Me diz ‘Senhor, Senhor’
entrará no reino dos Céus,
mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus.
Muitos Me dirão no dia do Juízo:
‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizámos
e em teu nome que expulsámos demónios
e em teu nome que fizemos tantos milagres?’
Então lhes direi bem alto:
‘Nunca vos conheci.
Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade’.
Todo aquele que ouve as minhas palavras
e as põe em prática
é como o homem prudente
que edificou a sua casa sobre a rocha.
Caiu a chuva, vieram as torrentes
e sopraram os ventos contra aquela casa;
mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.
Mas todo aquele que ouve as minhas palavras
e não as põe em prática
é como o homem insensato
que edificou a sua casa sobre a areia.
Caiu a chuva, vieram as torrentes
e sopraram os ventos contra aquela casa;
ela desmoronou-se e foi grande a sua ruína».
Ressonâncias
E nós que tipo de cristãos somos?
Somos cristãos apenas porque um dia na infância os nossos pais nos baptizaram, ou porque nós assumimos todos os dias o compromisso de "fazer a vontade do Pai que está nos céus?"
Que sentido tem cumprir escrupulosamente os ritos externos da fé e no resto da vida ignorar os valores de Deus?
Em que tipo de alicerce queremos construir a casa de nossa vida?
– Sobre a rocha firme da Palavra de Deus ouvida e praticada,
– ou sobre valores efémeros do dinheiro, do poder, da fama, da glória, da mentira, da injustiça ou da violência?
O nosso futuro dependerá de nossa escolha actual.