Tarde Te amei!
Tarde Te amei,
ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Te amei!
Eis que habitávas dentro de mim e eu, lá fora, a procurar-Te!
Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criaste.
Estávas comigo e eu não estava Contigo!
Retinha-me longe de Ti aquilo que não existiria,
se não existisse em Ti.
Porém, chamaste-me com uma voz tão forte
que rompeste a minha Surdez!
Brilhaste, cintilaste e logo afugentaste a minha cegueira!
Exalaste Perfume:
respirei-o, a plenos pulmões, suspirando por Ti.
Saboreei-Te e, agora, tenho fome e sede de Ti.
Tocaste-me e ardi no desejo da Tua Paz.
Santo Agostinho
O meu Sim
Tu me criaste Senhor, único e irrepetível.
Tu me amas assim como eu sou.
Deste-me a vida e uma família que me amou;
Deste-me o baptismo e uma comunidade cristã
que me ajudou a crescer na fé.
Tu me conheces e me chamas pelo meu nome.
Tu me confiaste uma missão:
ser Tua testemunha no lugar onde moro,
no meu trabalho, na minha vida de todos os dias.
Tu esperas que em mim brilhe sempre
a beleza do Evangelho da Alegria
e que seja sal e fermento do Teu Reino de amor.
Tu me chamaste e eu escutei a tua voz.
Tu me escolheste e me marcaste com a tua unção
e eu dei o meu SIM!
Senhor, dá-me a tua força para ser
testemunha da Tua misericórdia que perdoa;
testemunha da Tua paz que inquieta;
testemunha da Tua verdade que liberta;
testemunha de Jesus, Teu filho, nosso irmão;
testemunha da força do Teu Espírito Santo.
Aqui estou, Senhor, para fazer a Tua vontade!
AS
O poder das mãos vazias
>
>>>
Esvazia as mãos de quê? De tudo o que te impede de ser "pobre em espírito" e "buscador de Deus".
Enche o coração. De quê? De amor.
Se amas, morres crucificado. Se não amas morrerás de tédio, e passarás a vida a bocejar...
Porque a vida é um dom recebido, para ser oferecido e repartido, como quem distribui pedaços de pão...
O modelo é Jesus. Jesus amou, fez-se pão, doação: "Tomai e comei, isto é o meu corpo". Tomai e bebei, este é o cálice do meu sangue".
E morreu na cruz...
Rogério Almeida, in ‘O poder das Mãos Vazias’
>>A oração é a luz da alma
A oração, o diálogo com Deus, é um bem incomparável, porque nos põe em comunhão íntima com Deus. Assim como os olhos do corpo são iluminados quando recebem a luz, a alma que se eleva para Deus é iluminada por sua luz inefável. Falo da oração que não é só uma atitude exterior, mas que provém do coração e não se limita a ocasiões ou horas determinadas, prolongando-se dia e noite, sem inter-rupção.
Com efeito, não devemos orientar o pensamento para Deus apenas quando nos aplicamos à oração; também no meio das mais variadas tarefas - como o cuidado dos pobres, as obras úteis de misericórdia ou quaisquer outros serviços do próximo - é preciso conservar sempre vivos o desejo e a lembrança de Deus. E assim, todas as nossas obras, temperadas com o sal do amor de Deus, se tornarão um alimento dulcíssimo para o Senhor do universo. Podemos, entretanto, gozar continuamente em nossa vida do bem que resulta da oração, se lhe dedicarmos todo o tempo que nos for possível.
A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens. Pela oração a alma se eleva até aos céus e une-se ao Senhor num abraço inefável; como uma criança que, chorando, chama sua mãe, a alma deseja o leite divino, exprime seus próprios desejos e recebe dons superiores a tudo que é natural e visível.
A oração é venerável mensageira que nos leva à presen¬ça de Deus, alegra a alma e tranquiliza o coração. Não penses que essa oração se reduza a palavras. Ela é desejo de Deus, amor inexprimível que não provém dos homens, mas é efeito da graça divina, como diz o Apóstolo: Nós não sabemos o que devemos pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis (Rm 8,26).
Semelhante oração, quando o Senhor a concede a alguém, é uma riqueza que não lhe pode ser tirada e um alimento celeste que sacia a alma. Quem a experimentou inflama-se do desejo eterno de Deus, como que de um fogo devorador quê abrasa o coração.
Praticando-a em sua pureza original, adorna tua casa de modéstia e humildade, torna-a resplandecente com a luz da justiça. Enfeita-se com boas obras, quais plaquetas de ouro, ornamenta-se de fé e de magnanimidade em vez de paredes e mosaicos. Como cúpula e coroamento de todo o edifício, coloca a oração. Assim prepararás para o Senhor uma digna morada, assim terás um esplêndido palácio real para o receber, e poderás tê-lo contigo na tua alma, transformada, pela graça, em imagem e templo da sua presença.
Das Homílias do Pseudo-Crisóstomo (Séc. IV)
Deus é Amor
«O Seu amor é leal
Mais fiel do que o sol nascente»
Lauren Daigle – Loyal
Ouvimos dizer, inúmeras vezes, que este Deus é amor.
Mas acreditaremos, efetivamente, nisso?
Fica muito bem afirmar que este Deus é completamente apaixonado por nós.
Está quase na moda verbalizar que o maior amor vem de uma cruz, mas teremos consciência do que isso implica?
Dizer que Deus é amor não é acreditar que nunca iremos sofrer.
Dizer que Deus é amor não é esperar que Ele nos diga sim a tudo.
Dizer que Deus é amor não é ansiar por milagres a toda a hora.
Dizer que Deus é amor não é conseguir interpretar todos os Seus silêncios.
Porque, se assim fosse, não seria amor.
No amor existe sofrimento.
No amor existe confiança mesmo quando não se compreende o que nos rodeia.
No amor compreende-se o não como resposta a muitas das questões que temos.
Por isso é que Deus é, realmente, amor.
Ele é amor, porque acompanha.
Ele é amor, porque nos acolhe na nossa fragilidade.
Ele é amor, porque nos guia mesmo quando não entendemos a Sua palavra.
Ele é amor, porque nos puxa para Si mesmo quando nos sentimos envergonhados.
Mas isto só pode fazer sentido, se nós, que nos dizemos filhos de Deus, demonstrarmos ao Mundo, com gestos concretos, o verdadeiro amor de Deus.
Este amor de Deus começa na simplicidade.
Este amor de Deus começa quando entregamos o nosso coração.
Este amor de Deus começa sempre em mim, na minha casa, na minha rua, na minha paróquia...
Este amor de Deus surge em cada toque sincero e humilde.
Este amor de Deus surge em cada olhar profundo.
Este amor de Deus surge sempre que olharmos para o alto.
Este amor de Deus surge quando denunciamos as injustiças.
Deus é amor, mas não basta dizê-lo.
Deus é amor, mas não se revela nas teorias.
Deus é amor… e conta comigo e contigo para o espalharmos.
Deus é amor e não desistirá enquanto não o experimentarmos.
Deus é amor, e nós seremos sempre a Sua maior prova...
Emanuel António Dias, in http://www.imissio.net/v2/cronicas/