Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

«É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito», dizia Albert Einstein.
Temos um passado negativo de suspeitas e de anátemas que, se não nega o diálogo, polui o ambiente da convivência com as diferenças dos outros. O preconceito é muito mau conselheiro.
Entre os eventuais ou reais "inimigos", contam-se os judeus, desde a acusação, consciente ou inconsciente, de o julgarmos "deicidas", o que, ainda recentemente se traduzia na liturgia da Igreja Católica, na Semana Santa, quando se rezava pelos judeus "pérfidos".
Noutro quadrante, também se lançava o labéu sobre maçons, com acusações fáceis e, se calhar primárias, sobre os seus propósitos, tão suspeitos como a clandestinidade a que se dedicavam ou de que eram acusados.
Mais modernamente, a censura, escondida ou às claras, aos modernistas, quem quer que eles sejam, e tantos julgados inocentemente, duvidosos, como se presumia, das suas perigosas teorias.
Há dias, o responsável máximo da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X (FSSPX), Bernard Fellay, movimento tradicionalista fundado pelo falecido arcebispo Marcel Lefèbvre, declarou maçons, modernistas e judeus como "inimigos da Igreja".
O director da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, sentiu-se na obrigação de dizer que existe uma «tradição do magistério de dezenas de anos dos papas e da Igreja, unida ao seu compromisso com o diálogo inter-religioso», que demonstra que, «de maneira alguma, é possível falar dos judeus como "inimigos da Igreja"». Destacou a «grande importância atribuída ao diálogo com os judeus» nas últimas décadas, em particular com a publicação do documento "Nostra Aetate", do Concílio Vaticano II.
A obsessão crítica dos discípulos de D. Marcel Lefèbvre e as suas discordâncias que os afastam da plena adesão à Igreja Católica não impedem que a Santa Sé aguarde uma resposta positiva da FSSPXA à proposta de criação de uma prelatura pessoal que permitiria o seu efectivo reconhecimento canónico.
As feridas ainda estão longe da cicatrização. Entre as questões que separam as duas partes, como se sabe, destaque para a aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério pós-conciliar dos papas em matérias como as celebrações litúrgicas, o ecumenismo ou a liberdade religiosa.
O Concílio Vaticano II preferiu o diálogo aos anátemas. Nada disso supõe claudicação no rigor e no vigor doutrinal, mas vontade sincera de ir ao encontro dos outros. Não tivesse a Igreja, por sua natureza missionária, a pedagogia de oferecer a mensagem evangélica aberta à aculturação na diversidade dos povos e das culturas e trairia a missão que Jesus Cristo lhe confiou.
Os preconceitos afastam e dividem. São uma mistela cultural que converte a fé mais numa ideologia do que em libertadora mensagem evangélica.
Cón. Rui Osório, in "Força e fraqueza dos preconceitos"
Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos
Celebramos todos os anos, entre os dias 18 e 25 de Janeiro, o "Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos". Somos, assim, chamados a rezar para que, conforme a vontade expressa pelo Senhor na Última Ceia, "haja um só rebanho e um só Pastor". (Jo 10, 16)
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos encontra as suas raízes em Paul Watson (1908), a que Paul Couturier, a partir de 1935, deu um novo impulso, sob o nome de Semana Universal de Oração pela Unidade dos Cristãos. A partir de 1968, porém, a Semana deu um passo assinalável, passando a ser assumida e preparada pelas diversas confissões cristãs, mediante o trabalho conjunto entre o Conselho Mundial de Igrejas e o Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos (hoje Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos).
Momentos marcantes:
1894 - O Papa Leão XIII encoraja a prática de um Oitavário de Oração pela unidade, no contexto de Pentecostes.
1908 - Celebração da "Oitava pela unidade da Igreja", por iniciativa do Reverendo Padre Paul Wattson.
1926 - O Movimento Fé e Constituição começa a publicação de "Sugestões para um Oitavário de Oração pela Unidade dos cristãos".
1935 - Na França, o Padre Paul Couturier torna-se o advogado pela "unidade que Cristo quer e pelos meios que Ele quer".
1958 - O Centro "Unidade Cristã" de Lyon (França) começa a preparar o tema para a Semana de Oração, em colaboração com a Comissão "Fé e Constituição" do Conselho Mundial de Igrejas.
1964 - Em Jerusalém o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras I, recitaram juntos a oração de Cristo "que todos sejam um" (Jo 17).
1965 - Concílio Vaticano II - O Decreto sobre o Ecumenismo sublinha que a oração é a alma do movimento ecuménico, e encoraja a prática da Semana de Oração.
1966 - A Comissão "Fé e Constituição" e o Secretariado para a Unidade dos Cristãos (presentemente Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos) da Igreja Católica decidem preparar em conjunto o texto para a Semana de Oração de cada ano.
1968 - Pela primeira vez, a "Oração pela Unidade" é celebrada com base nos textos elaborados em colaboração entre "Fé e Constituição" e o Secretariado para a unidade dos cristãos.
1975 - Pela primeira vez a Semana de Oração utilizou material com base no texto preparado pelo grupo ecuménico local. Um grupo australiano foi o primeiro a utilizar esse projecto para preparar o esboço inicial de 1975.
1988 - Os materiais da Semana de Oração foram usados durante a oração de abertura pela Federação Cristã da Malásia.
1994 - Texto para 1996 preparado em colaboração com ACM's.
2004 - O acordo entre Fé e Constituição (Conselho Mundial de Igrejas) é o Pontifício Conselho para a promoção da unidade dos cristãos (Igreja Católica) para que o livrinho da Semana de oração pela unidade dos cristãos seja oficialmente publicado em conjunto.








