Lamento de um avô
“Na velhice, não me abandones” (Sal 71, 9)
Pára! Olha para mim e dá-me os bons dias!
Porque não me dás um pouco do teu tempo?
Escuta-me, tenho tanto para te contar...
Sabes, também já fui como tu: enérgico, forte, alegre e feliz.
Já sonhei, já amei, já corri e dancei.
Tal e qual como tu!
Construi o meu lar, tive os meus filhos...
Vivi para eles e tirei tantas vezes
da minha boca para lhes dar.
Esqueci-me de mim… e dei-lhes tudo!
O tempo passou, a minha pele enrugou
e os meus olhos foram perdendo a vista.
Hoje, até já me dizem que não ouço bem…
As minhas pernas e as minhas mãos começam a vacilar.
Por isso, estou aqui... ouve-me!
Sabes, às vezes eu estou tão só.
Olho para trás e as lembranças soltam-se do coração,
e recordo, e recordo, e recordo…
Onde estão todos eles?
A família, os amigos, os filhos e os netos?
Por favor, não me deixes só!
Preciso tanto de cada um de vós para viver o resto dos meus dias.
Por isso, pára e olha para mim!