Domingo de Páscoa
Celebramos hoje com alegria a Ressurreição do Senhor e, com renovada esperança, a vida nova que Ele nos oferece. O Dia de Páscoa é o Domingo primordial, do qual derivam todos os outros domingos do ano. Cada domingo é uma Páscoa semanal, é o Dia do Senhor. Aleluia! Alegremo-nos e rejubilemos!
A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que "passou pelo mundo fazendo o bem" e que, por amor, se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este "caminho" a todos os homens.
O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida não podem, nunca, ser geradores de vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta (a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira).
A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo baptismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até à transformação plena (que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a última barreira da nossa finitude).
Leitura dos Actos dos Apóstolos
Naqueles dias,
Pedro tomou a palavra e disse:
«Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia,
a começar pela Galileia,
depois do baptismo que João pregou:
Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré,
que passou fazendo o bem
e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio,
porque Deus estava com Ele.
Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez
no país dos judeus e em Jerusalém;
e eles mataram-n'O, suspendendo-O na cruz.
Deus ressuscitou-O ao terceiro dia
e permitiu-Lhe manifestar-Se, não a todo o povo,
mas às testemunhas de antemão designadas por Deus,
a nós que comemos e bebemos com Ele,
depois de ter ressuscitado dos mortos.
Jesus mandou-nos pregar ao povo
e testemunhar que Ele foi constituído por Deus
juiz dos vivos e dos mortos.
É d'Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho:
quem acredita n'Ele
recebe pelo seu nome a remissão dos pecados.
Refrão: Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver
para anunciar as obras do Senhor.
A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
Irmãos:
Se ressuscitastes com Cristo,
aspirai às coisas do alto,
onde está Cristo, sentado à direita de Deus.
Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra.
Porque vós morrestes
e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar,
também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.
À Vítima pascal
ofereçam os cristãos
sacrifícios de louvor.
O Cordeiro resgatou as ovelhas:
Cristo, o Inocente,
reconciliou com o Pai os pecadores.
A morte e a vida
travaram um admirável combate:
Depois de morto,
vive e reina o Autor da vida.
Diz-nos, Maria:
Que viste no caminho?
Vi o sepulcro de Cristo vivo
e a glória do Ressuscitado.
Vi as testemunhas dos Anjos,
vi o sudário e a mortalha.
Ressuscitou Cristo, minha esperança:
precederá os seus discípulos na Galileia.
Sabemos e acreditamos:
Cristo ressuscitou dos mortos:
Ó Rei vitorioso,
tende piedade de nós.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
No primeiro dia da semana,
Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro
e viu a pedra retirada do sepulcro.
Correu então e foi ter com Simão Pedro
e com o discípulo predilecto de Jesus
e disse-lhes:
«Levaram o Senhor do sepulcro
e não sabemos onde O puseram».
Pedro partiu com o outro discípulo
e foram ambos ao sepulcro.
Corriam os dois juntos,
mas o outro discípulo antecipou-se,
correndo mais depressa do que Pedro,
e chegou primeiro ao sepulcro.
Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira.
Entrou no sepulcro
e viu as ligaduras no chão
e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus,
não com as ligaduras, mas enrolado à parte.
Entrou também o outro discípulo
que chegara primeiro ao sepulcro:
viu e acreditou.
Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura,
segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.
O Evangelho que acabamos de escutar descreve-nos a reacção dos discípulos diante da descoberta do "sepulcro vazio".
Maria Madalena, no "primeiro dia da semana", "ainda escuro" procura no túmulo o Cristo morto. Diante do túmulo vazio, retira-se horrorizada pensando que tinam roubado o corpo do Senhor. Mas quando ela O encontra, a fé desponta no seu coração. É o encontro feliz com o Senhor Ressuscitado. Ela representa a comunidade dos discípulos, que sente a falta de Jesus.
Pedro, para quem a morte significava fracasso, recusava aceitar que a vida nova passasse pela humilhação da cruz. Para ele a Ressurreição de Jesus era uma hipótese absurda e sem sentido. Com surpresa, ele viu o túmulo vazio e os panos dobrados... Mas continuou "no escuro". Representa o discípulo que tem dificuldade em aceitar Jesus e a sua mensagem.
Ao contrário, João identificou-se com Jesus. Para ele, a ausência do corpo não o impediu que compreendesse que Jesus continuava vivo e presente. Para ele, fazia sentido que Jesus tivesse ressuscitado. Por isso, ele "viu e acreditou". Representa o discípulo ideal, que vive em comunhão com Jesus. É modelo do verdadeiro discípulo. Ele convida-nos à identificação com Jesus, à escuta atenta e comprometida dos seus valores e ao seu seguimento.
A Páscoa é o Triunfo da Vida.
- A Páscoa expressa o drama mais profundo da realidade humana: a luta permanente da vida que consegue reverter a dinâmica da morte. A Páscoa celebra o triunfo da vida sobre a morte, no momento em que a vida parece sucumbir e a morte parece vencer. A Ressurreição de Cristo garante-nos que Deus assumiu a causa da vida.
- A Páscoa não é apenas a comemoração de um facto passado; é sempre um novo apelo de Deus, que nos convida a morrermos com Cristo, a separarmo-nos do homem velho (do pecado), a fim de nos revestirmos do homem novo e ressurgir para uma vida nova na graça e na santidade.
- A Páscoa não é apenas um dia do ano, mas um processo dinâmico e permanente dentro de nós. Todos os dias, o cristão celebra a Páscoa, quando combate o homem velho do pecado, para se revestir, em Cristo, do homem novo.
Todos os Domingos, ao revivermos os mistérios pascais na celebração da Eucaristia, celebramos a Páscoa.
A Páscoa, que te desejo, não é a de um Cristo morto, perdido no passado, mas de um Cristo vivo, glorioso, actual, que faz vibrar o teu e o meu coração e nos dá um sentido novo para a vida. Uma Santa Páscoa!
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