PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

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Sínodo dos Bispos
Mensagem ao Povo de Deus

"Nova Evangelização para a transmissão da Fé" 

Roma, 7 a 28 de Outubro

Irmãos e irmãs,
«A graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo» (Rm 1, 7). Nós, Bispos provenientes de todo o mundo, reunidos por convite do Bispo de Roma, o Papa Bento XVI, para refletir sobre «a nova evangelização para a transmissão da fé cristã», antes de regressar às nossas Igrejas particulares, queremos dirigir-nos a todos vós, para apoiar e orientar o serviço ao Evangelho nos diversos contextos em que, nos dias de hoje, nos encontramos a dar testemunho.

1. Como a samaritana junto do poço

Deixemo-nos iluminar por uma página do Evangelho: o encontro de Jesus com a samaritana (cfr. Jo 4, 5-42). Não há homem ou mulher que, na sua vida, não se encontre, como a mulher da Samaria, junto de um poço com uma bilha vazia, na esperança de poder satisfazer o desejo mais profundo do coração, o único que pode dar pleno sentido à existência. Hoje, são muitos os poços que se oferecem para matar a sede do homem, mas há que discernir para evitar águas inquinadas. É urgente orientar bem a procura, para não se tornar vítima de desilusões, que podem ser ruinosas.

Como Jesus no poço de Sicar, também a Igreja sente que se deve sentar ao lado dos homens e mulheres do nosso tempo, para tornar o Senhor presente na sua vida, de modo a poder encontrá-l'O, porque só o seu Espírito é a água que dá a vida verdadeira e eterna. Só Jesus é capaz de ler no fundo do nosso coração e de nos revelar a nossa verdade: «Disse-me tudo o que eu fiz», confessa a mulher aos seus concidadãos. E esta palavra de anúncio – a que se junta a pergunta que abre à fé: «Não será Ele o Messias?» – mostra como quem recebeu a nova vida do encontro com Jesus não pode deixar de se tornar, por sua vez, anunciador de verdade e de esperança para os outros. A pecadora convertida torna-se mensageira de salvação e leva a cidade inteira a Jesus. Do acolhimento do testemunho passar-se-á à experiência pessoal do encontro: «Já não é por causa das tuas palavras que acreditamos. Nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é realmente o Salvador do mundo».

2. Uma nova evangelização

Levar os homens e mulheres do nosso tempo a Jesus, ao encontro com Ele, é uma urgência que se põe a todas as regiões do mundo, quer sejam de antiga ou de recente evangelização. Em toda a parte, de facto, sente-se a necessidade de reavivar uma fé que corre o risco de se obscurecer em contextos culturais que dificultam o seu enraizamento pessoal a presença social, a clareza dos seus conteúdos e a coerência dos seus frutos.

Não se trata de começar tudo de novo, mas – com o entusiasmo apostólico de Paulo, que chega a dizer: «Ai de mim se não evangelizar!» (1 Cor 9, 16) – de se inserir no longo caminho de proclamação do Evangelho que, desde os primeiros séculos da era cristã até aos nossos dias, percorreu a história e construiu comunidades de crentes em todas as partes do mundo. Pequenas ou grandes, elas são o fruto da dedicação de missionários e de muitos mártires, de gerações de testemunhas de Jesus, que recordamos com gratidão.

Os mudados cenários sociais, culturais, económicos, políticos e religiosos pedem-nos algo de novo: viver de forma renovada a nossa experiência comunitária de fé e o anúncio, mediante uma evangelização, como disse João Paulo II, «nova no seu ardor, nos seus métodos, nas suas expressões» (João Paulo II, Discurso na XIX Assembleia do Celam, Porte-au-Prince, 9 de março de 1983, n. 3); uma evangelização, que, como recordou Bento XVI, se dirige «sobretudo às pessoas que, embora batizadas, se afastaram da Igreja, e vivem sem fazer referência à prática cristã [...], para promover nessas pessoas um novo encontro com o Senhor, o único que enche de sentido profundo e de paz a nossa existência; para permitir a redescoberta da fé, fonte de graça que dá alegria e esperança à vida pessoal, familiar e social» (Bento XVI, Homilia na Celebração Eucarística da solene inauguração da XIII Assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, Roma, 7 de outubro de 2012).

3. O encontro pessoal com Jesus Cristo na Igreja

Antes de falar das formas que esta nova evangelização deve assumir, sentimos a exigência de vos dizer, com profunda convicção, que a fé se decide, toda ela, na relação estabelecida com a pessoa de Jesus, que vem ao nosso encontro. A obra da nova evangelização consiste em propor de novo ao coração e à mente, tantas vezes distraídos e confusos, dos homens e mulheres do nosso tempo e, antes de mais, a nós próprios, a beleza e a novidade perene do encontro com Cristo. Convidamo-vos a todos a contemplar o rosto do Senhor Jesus Cristo, a entrar no mistério da sua existência, que Se deu por nós até à cruz, e que o Pai nos reconfirmou ressuscitando-O dos mortos e que nos foi comunicada mediante o Espírito. Na pessoa de Jesus, é-nos relevado o mistério do amor de Deus Pai por toda a família humana, que Ele não quis deixar à deriva da sua impossível autonomia, ligando-a a Si num renovado pacto de amor.

A Igreja é o espaço que Cristo oferece, na história, para poder encontrá-l'O, porque lhe confiou a sua Palavra, o Batismo que nos torna filhos de Deus, o seu Corpo e o seu Sangue, a graça do perdão do pecado, sobretudo no sacramento da Reconciliação, a experiência de uma comunhão que é reflexo do próprio mistério da Santíssima Trindade, a força do Espírito que gera caridade para com todos.

É necessário criar comunidades acolhedoras, onde todos os marginalizados encontrem a sua casa, realizar experiências concretas de comunhão que, com a força ardente do amor – «Vede como se amam!» (Tertuliano, Apologeticum, 39, 7) –, atraiam o olhar desencantado da humanidade contemporânea. A beleza da fé deve brilhar, de modo especial nas ações da sagrada Liturgia, antes de mais na Eucaristia dominical. É precisamente nas celebrações litúrgicas que a Igreja mostra o seu rosto de obra de Deus e torna visível, nas palavras e nos gestos, o significado do Evangelho.

É nosso dever tornar concretamente acessíveis experiências de Igreja, multiplicar os poços aonde convidar os homens e as mulheres sequiosos e levá-los a encontrar neles Jesus, oferecer oásis nos desertos da vida. Disso são responsáveis as comunidades cristãs e, nelas, todo o discípulo do Senhor: a cada qual é confiado um testemunho insubstituível, para que o Evangelho possa cruzar-se com a existência de todos; para tal, é-nos pedida santidade de vida.

4. As ocasiões do encontro com Jesus e a escuta das Escrituras

Perguntará alguém como realizar tudo isso. Não se trata de inventar novas estratégias, como se o Evangelho fosse um produto a colocar no mercado das religiões, mas de redescobrir os modos em que, no acontecimento de Jesus, as pessoas se aproximaram d'Ele e foram por Ele chamadas, para inserir essas mesmas modalidades nas condições do nosso tempo.

Recordamos, por exemplo, como Pedro, André, Tiago e João foram interpelados por Jesus no contexto do seu trabalho, como Zaqueu pôde passar da mera curiosidade ao calor da partilha da refeição com o Mestre, como o centurião romano pediu a sua intervenção por ocasião da doença de uma pessoa próxima, como o cego de nascença O invocou qual libertador da sua marginalização, como Marta e Maria viram premiada com a sua presença a hospitalidade da casa e do coração. Poderíamos continuar, percorrendo as páginas dos evangelhos e encontrando talvez muitas formas nas quais a vida das pessoas se abriu, nas mais diversas condições, à presença de Cristo. E poderíamos fazer o mesmo com o que as Escrituras narram acerca das experiências missionárias dos apóstolos na Igreja nascente.

A leitura frequente das Sagradas Escrituras, iluminada pela Tradição da Igreja, que no-las entrega e de que é intérprete autêntico, não só é uma passagem obrigatória para conhecer o conteúdo do Evangelho, ou seja, a pessoa de Jesus no contexto da história da salvação, mas ajuda também a descobrir espaços de encontro com Ele, modalidades verdadeiramente evangélicas, radicadas nas dimensões de fundo da vida do homem: a família, o trabalho, a amizade, as pobrezas e as provações da vida, etc.

5. Evangelizar-nos a nós mesmos e predispormo-nos à conversão

Ai de nós, porém, se pensarmos que a nova evangelização não nos diz respeito em primeira pessoa. Nestes dias, entre nós Bispos, ergueram-se frequentemente vozes a lembrar que, para poder evangelizar o mundo, a Igreja deve, antes de mais, pôr-se à escuta da Palavra. O convite a evangelizar traduz-se num apelo à conversão.

Pensamos sinceramente que devemos converter-nos, antes de mais, nós mesmos ao poder de Cristo, o único capaz de renovar todas as coisas, antes de mais as nossas pobres existências. Devemos reconhecer com humildade que as pobrezas e fraquezas dos discípulos de Jesus, nomeadamente dos seus ministros, pesam sobre a credibilidade da missão. Temos certamente consciência, nós Bispos em primeiro lugar, que nunca poderemos estar à altura do chamamento do Senhor e da entrega que Ele nos faz do seu Evangelho para o anúncio às nações. Sabemos que temos de reconhecer humildemente a nossa vulnerabilidade às feridas da história, e não hesitamos em reconhecer os nossos pecados pessoais. Por outro lado, também estamos convencidos de que a força do Espírito do Senhor pode renovar a sua Igreja e torná-la de novo esplendorosa, se nos deixarmos transformar por Ele. Confirmam-no-lo as vidas dos santos, cujas memória e narração são instrumento privilegiado da nova evangelização.

Se esta renovação fosse confiada às nossas forças, haveria sérios motivos para duvidar, mas, na Igreja, a conversão, aliás como a evangelização, não tem como primeiros atores a nós, pobres criaturas, mas o próprio Espírito do Senhor. Aqui estão a nossa força e a nossa certeza de que o mal nunca terá a última palavra, nem na Igreja nem na história: «Não se perturbe o vosso coração nem temais», disse Jesus aos seus discípulos (Jo 14, 27).

A obra da nova evangelização assenta nessa serena certeza. Confiamos na inspiração e na força do Espírito, que nos ensinará o que devemos dizer e fazer, também nas situações mais difíceis. Portanto, é nosso dever vencer o medo com a fé, o desânimo com a esperança, a indiferença com o amor.

6. Colher no mundo de hoje novas oportunidades de evangelização

Esta coragem serena sustém também o modo como olhamos para o mundo contemporâneo. Não nos sentimos intimidados com as condições dos tempos que vivemos. O nosso mundo está cheio de contradições e de desafios, mas continua a ser criação de Deus, ferido certamente pelo mal, mas é sempre o mundo que Deus ama, o seu terreno, onde é possível renovar a semente da Palavra para que volte a dar fruto.

Não há lugar para o pessimismo nas mentes e nos corações dos que sabem que o seu Senhor venceu a morte e que o seu Espírito atua com poder na história. Com humildade, mas também com decisão – a que nasce da certeza de que a verdade acaba por vencer –, abeiramo-nos deste mundo e queremos ver nele um convite do Ressuscitado a ser testemunhas do seu nome. A nossa Igreja é viva e enfrenta os desafios da história com a coragem da fé e o testemunho de tantos filhos seus.

Sabemos que devemos enfrentar no mundo uma dura luta contra «os Principados e as Potestades» e «os espíritos do mal» (Ef 6, 12). Não ignoramos os problemas que esses desafios colocam, mas também não nos atemorizam. Vale isso, sobretudo, para os fenómenos da globalização, que para nós devem ser ocasião para dilatar a presença do Evangelho. Do mesmo modo as migrações – embora com o peso dos sofrimentos que comportam e a que queremos estar sinceramente próximos com o acolhimento próprio de irmãos – são ocasiões, como aconteceu no passado, para a propagação da fé e para a comunhão entre as variedades das suas formas. A secularização, bem como a crise da hegemonia da política e do Estado, pedem à Igreja para repensar a sua presença na sociedade, sem renunciar a ela. As múltiplas e sempre novas formas de pobreza abrem espaços inéditos ao serviço da caridade: a proclamação do Evangelho empenha a Igreja a estar com os pobres e a preocupar-se com os seus sofrimentos, como Jesus. Até nas formas mais ásperas do ateísmo e agnosticismo vemos que é possível reconhecer, embora de formas contraditórias, não um vazio, mas uma saudade, uma expetativa que espera uma resposta adequada.

Perante as interrogações que as culturas dominantes levantam à fé e à Igreja, renovamos a nossa confiança no Senhor, com a certeza de que, também nesses contextos, o Evangelho é portador de luz, capaz de curar toda a fraqueza humana. Não somos nós quem conduz a obra da evangelização, mas Deus, como nos recordou o Papa: «A primeira palavra, a iniciativa verdadeira, a atividade verdadeira vem de Deus e, só inserindo-nos nessa iniciativa divina, só implorando essa iniciativa divina, é que podemos também nós tornar-nos – com Ele e n'Ele – evangelizadores» (Bento XVI, Meditação na primeira Congregação geral da XIII Assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, Roma, 8 de outubro de 2012).

7. Evangelização, família e vida consagrada

Desde a primeira evangelização, a transmissão da fé, no suceder-se das gerações, encontrou um lugar natural na família. Nela – com um papel muito especial desempenhado pelas mulheres, sem com isso querer diminuir a figura paterna e a sua responsabilidade – os sinais da fé, a comunicação das primeiras verdades, a educação à oração, o testemunho dos frutos do amor foram inseridos na existência das crianças e dos jovens, no contexto do cuidado que toda a família dispensa no crescimento dos seus filhos. Embora na diversidade das situações geográficas, culturais e sociais, todos os Bispos no Sínodo reconfirmaram este papel essencial da família na transmissão da fé. Não se pode pensar numa nova evangelização sem nos sentirmos responsáveis pelo anúncio do Evangelho às famílias e sem lhes dar apoio na tarefa educativa.

Não nos passa despercebido o facto de que toda a família, constituída no matrimónio de um homem e de uma mulher, que os torna «uma só carne» (Mt 19, 6) aberta à vida, é hoje atravessada em toda a parte por fatores de crise, cercada de modelos de vida que a penalizam, esquecida pelas políticas da sociedade de que é também a célula fundamental, e que nem sempre é respeitada nos seus ritmos e apoiada nos seus compromissos pelas próprias comunidades eclesiais. Precisamente por isso, somos impelidos a afirmar que é imperioso dar particular atenção à família e à sua missão na sociedade e na Igreja, desenvolvendo percursos de acompanhamento antes e depois do matrimónio. Queremos também exprimir a nossa gratidão a tantos esposos e a tantas famílias cristãs que, com o seu testemunho, mostram ao mundo uma experiência de comunhão e de serviço, semente de uma sociedade mais fraterna e pacificada.

Tivemos também presente as situações familiares e de convivência, em que não se espelha a imagem de unidade e de amor por toda a vida, que o Senhor nos confiou. Há casais que convivem sem o laço sacramental do matrimónio; multiplicam-se situações familiares irregulares, construídas depois do fracasso de precedentes matrimónios: situações dolorosas, de que se ressente negativamente também a educação dos filhos à fé. A todos eles queremos dizer que o amor do Senhor não abandona ninguém, que também a Igreja os ama e é casa acolhedora para todos, que eles continuam a ser membros da Igreja, embora não podendo receber a absolvição sacramental e a Eucaristia. Que as comunidades católicas sejam acolhedoras para com os que vivem em tais situações e apoiem caminhos de conversão e de reconciliação.

A vida familiar é o primeiro lugar onde o Evangelho se cruza com o quotidiano da vida e mostra a sua capacidade de transfigurar as condições fundamentais da existência no horizonte do amor. Mas não menos importante para o testemunho da Igreja é mostrar como esta vida no tempo tem uma realização que ultrapassa a história dos homens e desemboca na comunhão eterna com Deus. À mulher samaritana Jesus não se apresenta simplesmente como quem dá a vida, mas como quem dá a «vida eterna» (Jo 4, 14). O dom de Deus, que a fé torna presente, não é simplesmente a promessa de melhores condições neste mundo, mas o anúncio de que o sentido último da nossa vida está para além deste mundo, naquela comunhão plena com Deus que esperamos no fim dos tempos.

Deste horizonte ultraterreno do sentido da existência humana são especiais testemunhas, na Igreja e no mundo, os que o Senhor chamou à vida consagrada, uma vida que, precisamente porque totalmente consagrada a Ele, na prática da pobreza, castidade e obediência, é o sinal de um mundo futuro que relativiza todo o bem deste mundo. Da Assembleia do Sínodo dos Bispos cheguem a esses nossos irmãos e irmãs a gratidão pela sua fidelidade ao chamamento do Senhor e pelo contributo que deram e dão à missão da Igreja, a exortação à esperança em situações nada fáceis também para eles nestes tempos de mudança e o convite a se confirmarem como testemunhas e promotores de nova evangelização nos diversos âmbitos de vida em que o carisma de cada um dos seus institutos os coloca.

8. A comunidade eclesial e os muitos operários da evangelização

A obra de evangelização não é tarefa de alguns na Igreja, mas das comunidades eclesiais enquanto tais, onde se tem acesso à plenitude dos instrumentos do encontro com Jesus: a Palavra, os sacramentos, a comunhão fraterna, o serviço da caridade, a missão.

Nesta perspetiva, emerge, antes de mais, o papel da paróquia, como presença da Igreja no território em que os homens vivem, «fonte da aldeia», como gostava de a chamar João XXIII, fonte onde todos podem beber, encontrando nela a frescura do Evangelho. A sua função mantém-se irrenunciável, mesmo se as novas condições possam pedir-lhe ou que se articule em pequenas comunidades ou que estabeleça laços de colaboração em contextos mais vastos. Sentimos o dever de exortar as nossas paróquias a associar ao tradicional cuidado pastoral do povo de Deus as novas formas de missão exigidas pela nova evangelização. Estas devem permear também as diversas e importantes expressões da piedade popular.

Na paróquia, continua a ser decisivo o ministério do sacerdote, pai e pastor do seu povo. Os Bispos desta Assembleia Sinodal exprimem a todos os presbíteros gratidão e proximidade fraterna pela sua não fácil função e convidam-nos a criar laços mais estreitos no presbitério diocesano, a ter uma vida espiritual cada vez mais intensa e a dedicar-se a uma formação permanente que os torne idóneos para enfrentar as mudanças.

Ao lado dos presbíteros, há que apoiar a presença dos diáconos, bem como a ação pastoral dos catequistas e de tantas outras figuras ministeriais e de animação no campo do anúncio e da catequese, da vida litúrgica, do serviço da caridade, bem como as várias formas de participação e corresponsabilidade por parte dos fiéis, homens e mulheres, cuja dedicação nos múltiplos serviços das nossas comunidades nunca agradeceremos bastante. Também a todos estes pedimos que ponham a sua presença e o seu serviço na Igreja na ótica da nova evangelização, cultivando a própria formação humana e cristã, o conhecimento da fé e a sensibilidade aos fenómenos culturais de hoje.

Pensando nos leigos, dirigimos uma palavra específica às várias formas de associações, antigas e novas, assim como aos movimentos eclesiais e às novas comunidades, todos eles expressão da riqueza dos dons que o Espírito dá à Igreja. Também a estas formas de vida e de empenho na Igreja exprimimos gratidão, exortando-as à fidelidade ao próprio carisma e à comunhão eclesial convicta, de modo especial no contexto concreto das Igrejas particulares.

Testemunhar o Evangelho não é privilégio de alguns. Reconhecemos com alegria a presença de tantos homens e mulheres, que, com a sua vida, se tornam sinal do Evangelho no meio do mundo. Reconhecemo-lo também em tantos cristãos, nossos irmãos e irmãs, com quem infelizmente a unidade ainda não é perfeita, mas que estão marcados pelo Batismo do Senhor e são seus anunciadores. Nestes dias, foi para nós uma experiência comovedora ouvir as vozes de tantos responsáveis influentes de Igrejas e Comunidades eclesiais, que nos testemunharam a sua sede de Cristo e a sua dedicação ao anúncio do Evangelho, também eles convencidos de que o mundo tem necessidade de uma nova evangelização. Agradecemos ao Senhor essa unidade na exigência da missão.

9. Para que os jovens possam encontrar Cristo

Damos uma atenção muito especial aos jovens, porque, sendo uma parte relevante do presente da humanidade e da Igreja, são também o seu futuro. Os Bispos olham também para eles com um olhar em nada pessimista. Preocupado sim, mas não pessimista. Preocupado, porque precisamente neles vêm convergir os impulsos mais agressivos dos tempos; mas não pessimista, sobretudo porque, insistimos, é o amor de Cristo que, no fundo, move a história, e também porque descobrimos nos nossos jovens profundas aspirações de autenticidade, de verdade, de liberdade e de generosidade, para as quais estamos convencidos de que Cristo é a resposta que satisfaz.

Queremos apoiá-los na sua procura e encorajamos as nossas comunidades a entrar sem reservas numa perspetiva de escuta, de diálogo e de proposta corajosa perante a difícil condição dos jovens; para resgatar, e não mortificar, a força dos seus entusiasmos e para defender em seu favor a justa batalha contra os lugares comuns e as especulações interesseiras dos poderes mundanos, interessados em dissipar as energias dos mesmos e em consumar os seus impulsos para proveito próprio, privando-os da grata memória do passado e de qualquer projeto sério de futuro.

A nova evangelização tem no mundo dos jovens um campo empenhativo mas também muito prometedor, como mostram não poucas experiências, desde as que têm maior força de agregação, como as Jornadas Mundiais da Juventude, às mais escondidas, mas não menos envolventes, como as diversas experiências de espiritualidade, de serviço e de missionariedade. Há que dar aos jovens um papel ativo na obra de evangelização sobretudo do seu mundo.

10. O Evangelho em diálogo com a cultura, com a experiência humana e com as religiões

A nova evangelização tem como centro Cristo e a atenção à pessoa humana, para dar vida a um encontro real com Ele. Porém, os seus horizontes são largos como o mundo e não se fecham a nenhuma experiência do homem. Isto significa que ela cultiva com especial cuidado o diálogo com as culturas, esperando poder encontrar em cada uma delas as «sementes do Verbo» de que falam os antigos Padres. De modo especial, a nova evangelização tem necessidade de uma renovada aliança entre fé e razão, na convicção de que a fé tem recursos próprios para acolher todos os frutos de uma sã razão aberta à transcendência, e tem a força de curar os limites e as contradições em que a razão pode cair. A fé não fecha os olhos nem sequer diante das dilacerantes interrogações que a presença do mal na vida e na história dos homens levanta, recebendo da Páscoa de Cristo luz de esperança.

O encontro entre fé e razão alimenta também o empenho das comunidades cristãs no campo da educação e da cultura. Neste campo, têm lugar especial as instituições formativas e de pesquisa: escolas e universidades. Em toda a parte onde se faz progredir o conhecimento do homem e se promove uma ação educativa, a Igreja alegra-se em oferecer a própria experiência e em contribuir para uma formação integral da pessoa. Neste âmbito, merecem particular atenção as escolas e as universidades católicas, onde a abertura à transcendência, própria de qualquer itinerário cultural e educativo sincero, deve ser completada com caminhos de encontro com o evento de Jesus Cristo e da sua Igreja. A gratidão dos Bispos estende-se a quantos, em condições por vezes difíceis, se empenham nesse campo.

A evangelização exige que se dê uma atenção ativa ao mundo das comunicações sociais, caminho no qual, sobretudo nos novos media, se cruzam tantas vidas, interrogações e expetativas; lugar onde, muitas vezes, se formam as consciências e se ritmam os tempos e os conteúdos da vida concreta. Tem-se aí uma oportunidade nova para atingir o coração do homem.

Um âmbito particular do encontro entre a fé e a razão constitui, nos dias de hoje, o diálogo com o saber científico, um saber que, por si, não está longe da fé, uma vez que é manifestação do princípio espiritual que Deus colocou nos homens e que lhes permite colher as estruturas racionais que estão na base da criação. Quando as ciências e as técnicas não têm a presunção de fechar o conceito do homem e do mundo num árido materialismo, tornam-se um precioso aliado no progresso da humanização da vida. O nosso agradecimento vai também para os que estão empenhados nessa delicada frente do conhecimento.

Queremos dirigir um obrigado também aos homens e mulheres empenhados noutra expressão do génio humano, a arte nas suas diversas formas, das mais antigas às mais recentes. Nas suas obras, enquanto tendem a dar forma à inclinação do homem para a beleza, reconhecemos um modo particularmente significativo de expressão da espiritualidade. Sentimos gratidão quando, com as suas criações de beleza, nos ajudam a tornar evidente a beleza do rosto de Deus e das suas criaturas. O caminho da beleza é um caminho deveras eficaz na nova evangelização.

Além dos vértices da arte, é todavia toda a obra do homem a chamar a nossa atenção, como um espaço onde, através do trabalho, o homem se torna colaborador da criação divina. Queremos lembrar, ao mundo da economia e do trabalho, como da luz do Evangelho provêm alguns apelos: resgatar o trabalho das condições que o tornam, muitas vezes, um peso insuportável e uma perspetiva incerta, hoje frequentemente ameaçada pelo desemprego, sobretudo juvenil; pôr a pessoa humana no centro do progresso económico; conceber esse mesmo progresso como ocasião de crescimento do género humano na justiça e na unidade. O homem, no trabalho com que transforma o mundo, é chamado também a salvaguardar o rosto que Deus quis dar à sua criação, até por responsabilidade para com as gerações futuras.

O Evangelho ilumina também a condição do sofrimento na doença, onde os cristãos devem fazer sentir a proximidade da Igreja com as pessoas doentes e portadoras de deficiência e a gratidão a quantos trabalham com profissionalismo e humanidade para as curar.

Um âmbito em que a luz do Evangelho pode e deve brilhar para iluminar os passos da humanidade é a política, à qual se pede um empenho de procura desinteressada e transparente do bem comum, no respeito pela plena dignidade da pessoa humana, desde a sua conceção até ao seu termo natural, da família fundada no matrimónio de um homem e uma mulher, da liberdade educativa; na promoção da liberdade religiosa; na eliminação das causas de injustiça, desigualdades, discriminações, racismo, violências, fome e guerras. Um límpido testemunho é pedido aos cristãos que, no exercício da política, vivem o preceito da caridade.

O diálogo da Igreja tem um interlocutor natural, por fim, nos seguidores das religiões. Evangelizamos, porque estamos convencidos da verdade de Cristo, e não porque estamos contra alguém. O Evangelho de Jesus é paz e alegria, e os seus discípulos alegram-se em reconhecer o que o espírito religioso dos homens pôde descobrir de verdadeiro e de bom no mundo criado por Deus e exprimiu, dando forma às diversas religiões.

O diálogo entre os crentes das várias religiões pretende ser um contributo para a paz, recusa todo o fundamentalismo e denuncia toda a violência que se abate sobre os crentes e que constitui uma grave violação dos direitos humanos. As Igrejas de todo o mundo estão próximas na oração e na fraternidade com os irmãos que sofrem, e pedem aos que têm em mãos os destinos dos povos que salvaguardem o direito de todos à livre escolha e à livre profissão e testemunho da fé.

11. No Ano da Fé, a memória do Concílio Vaticano II e a referência ao «Catecismo da Igreja Católica»

No caminho aberto pela nova evangelização, também poderemos sentir-nos, por vezes, como num deserto, no meio de perigos e desprovidos de referências. O Santo Padre Bento XVI, na homilia da Missa de abertura do Ano da Fé, falou de uma «"desertificação" espiritual», que avançou nestas últimas décadas, mas também nos encorajou, afirmando que «é precisamente a partir da experiência desse deserto, desse vazio, que podemos voltar a descobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós, homens e mulheres. No deserto, descobre-se o valor do que é essencial para viver» (Homilia na Celebração Eucarística da abertura do Ano da Fé, Roma, 11 de outubro de 2012). No deserto, como a mulher samaritana, vai-se à procura de água e de um poço donde tirá-la: feliz aquele que aí encontra Cristo!

Agradecemos ao Santo Padre o dom do Ano da Fé, preciosa entrada no percurso da nova evangelização. Agradecemos-lhe também ter associado este Ano à grata memória dos cinquenta anos da abertura do Concílio Vaticano II, cujo magistério fundamental para o nosso tempo resplandece no Catecismo da Igreja Católica, proposto de novo vinte anos depois da sua publicação como referência segura de fé. São aniversários importantes, que nos permitem reafirmar a nossa firme adesão ao ensinamento do Concilio e o nosso empenho convicto de prosseguir na sua plena atuação.

12. Na contemplação do mistério e junto dos pobres

Nesta ótica, queremos indicar a todos os fiéis duas expressões da vida de fé que nos parecem ter particular importância para testemunhá-la na nova evangelização.

A primeira é constituída pelo dom e pela experiência da contemplação. Só de um olhar adorador do mistério de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo; só da profundidade de um silêncio que se torna seio acolhedor da única Palavra que salva, pode nascer um testemunho credível para o mundo. Só este silêncio orante pode impedir que a palavra da salvação se confunda, no mundo, com os muitos rumores que o invadem.

Voltamos a agradecer, desta vez a quantos, homens e mulheres, dedicam a sua vida, nos mosteiros e nos eremitérios, à oração e à contemplação. Mas sentimos a necessidade de que momentos contemplativos se entrelacem também com a vida quotidiana do povo; lugares da alma, mas também do território, que façam pensar em Deus; santuários interiores e templos de pedra, que sejam encruzilhadas obrigatórias para o fluxo de experiências que ameaçam confundir-nos; espaços em que todos se possam sentir acolhidos, mesmo quem ainda não sabe bem o que e quem procurar.

A outra expressão de autenticidade da nova evangelização tem o rosto do pobre. Pôr-se ao lado de quem está ferido pela vida não é só um exercício de sociabilidade, mas, antes de mais, um facto espiritual. Porque no rosto do pobre resplandece o próprio rosto de Cristo: «Tudo o que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes» (Mt 25, 40).

Nas nossas comunidades, deve dar-se um lugar privilegiado aos pobres, um lugar que não exclui ninguém, mas pretende ser um reflexo de como Jesus Se ligou a eles. A presença do pobre nas nossas comunidades é misteriosamente poderosa: muda as pessoas, mais do que um discurso; ensina fidelidade, permite compreender a fragilidade da vida, pede oração; em suma, leva a Cristo.

O gesto da caridade, por sua vez, exige ser acompanhado pelo empenho em favor da justiça, com um apelo que a todos envolve, pobres e ricos. Daí também a inserção da doutrina social da Igreja nos percursos da nova evangelização e o cuidado pela formação dos cristãos que se empenham em servir a convivência humana na vida social e na política.

13. Uma palavra às Igrejas das várias regiões do mundo

O olhar dos Bispos reunidos em Assembleia Sinodal abraça todas as comunidades eclesiais espalhadas pelo mundo; um olhar que pretende ser unitário, porque único é o chamamento ao encontro com Cristo, mas sem esquecer as diversidades.

Os Bispos reunidos no Sínodo reservam uma consideração muito especial, cheia de afeto fraternal e gratidão, a vós, cristãos das Igrejas orientais católicas, as herdeiras da primeira difusão do Evangelho, experiência conservada com amor e fidelidade, e às que estão na Europa de Leste. Hoje, o Evangelho propõe-se de novo entre vós como nova evangelização através da vida litúrgica, da catequese, da oração familiar quotidiana, do jejum, da solidariedade entre as famílias, da participação dos leigos na vida das comunidades e no diálogo com a sociedade. Em muitos contextos, as vossas Igrejas sofrem provações e tribulações, onde testemunham a participação na cruz de Cristo; alguns fiéis vêem-se obrigados a emigrar e, conservando viva a pertença às próprias comunidades de origem, podem dar o próprio contributo à ação pastoral e à obra de evangelização nos países que os acolheram. Continue o Senhor a abençoar a vossa fidelidade e sobre o vosso futuro se abram horizontes de serena confissão e prática da fé numa condição de paz e de liberdade religiosa.

Olhamos para vós cristãos, homens e mulheres, que viveis nos países de África, exprimindo-vos a nossa gratidão pelo testemunho que dais do Evangelho, muitas vezes em situações de vida humanamente difíceis. Exortamo-vos a dar um novo impulso à evangelização recebida em tempos ainda recentes, a edificar-vos como Igreja «família de Deus», a reforçar a identidade da família, a apoiar o empenho dos sacerdotes e dos catequistas, sobretudo nas pequenas comunidades cristãs. Afirmamos, além disso, a exigência de promover o encontro do Evangelho com as antigas e as novas culturas. Dirigimos uma expetativa e um apelo forte ao mundo da política e aos Governos dos diversos países da África, para que, na colaboração de todos os homens de boa vontade, se promovam os direitos humanos fundamentais e o continente seja libertado das violências e dos conflitos que ainda o atormentam.

Os Bispos da Assembleia Sinodal convidam-vos a vós, cristãos da América do Norte, a responder com alegria ao chamamento à nova evangelização, enquanto reconhecem com gratidão como, na sua história ainda jovem, as vossas comunidades cristãs tenham dado frutos generosos de fé, de caridade e de missão. Agora, porém, há que admitir que muitas expressões da cultura corrente nos países do vosso mundo estão hoje longe do Evangelho. Impõe-se um convite à conversão, donde nasce um compromisso que não vos coloca à margem das vossas culturas, mas no meio delas, para oferecer a todos a luz da fé e a força da vida. Ao acolherdes nas vossas generosas terras novas populações de imigrantes e refugiados, disponde-vos também a abrir as portas das vossas casas à fé. Fiéis aos compromissos assumidos na Assembleia Sinodal para a América, sede solidários com a América Latina na permanente evangelização do continente comum.

A Assembleia do Sínodo dirige igual sentimento de gratidão às Igrejas da América Latina e Caraíbas. É deveras impressionante como, ao longo dos séculos, se tenham desenvolvido, nos vossos países, formas de piedade popular, ainda radicadas no coração de muitos, de serviço da caridade e de diálogo com as culturas. Agora, perante os muitos desafios do presente e, em primeiro lugar, a pobreza e a violência, a Igreja na América Latina e Caraíbas é exortada a viver num permanente estado de missão, anunciando o Evangelho com esperança e alegria, formando comunidades de verdadeiros discípulos missionários de Jesus Cristo, mostrando no empenho dos seus filhos como o Evangelho pode ser fonte de uma nova sociedade justa e fraterna. O próprio pluralismo religioso interroga as vossas Igrejas e exige um renovado anúncio do Evangelho.

Também a vós, cristãos da Ásia, queremos exprimir uma palavra de encorajamento e exortação. Pequena minoria no continente que conta com quase dois terços da população mundial, a vossa presença é uma semente fecunda, confiada ao poder do Espírito, que cresce no diálogo com as diversas culturas, com as antigas religiões, com uma grande quantidade de pobres. Se bem que, muitas vezes, seja posta à margem da sociedade e, em diversos lugares, perseguida, a Igreja da Ásia, com a sua fé sólida, é uma presença preciosa do Evangelho de Cristo, que anuncia justiça, vida e harmonia. Cristãos da Ásia, senti a proximidade fraterna dos cristãos dos outros países do mundo, que não podem esquecer que, no vosso continente, na Terra Santa, Jesus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou.

Os Bispos dirigem uma palavra de gratidão e de esperança às Igrejas do continente europeu, hoje em parte marcado por uma forte secularização, por vezes até agressiva, e em parte ainda ferido pelos longos decénios de poder de ideologias inimigas de Deus e do homem. A gratidão é por um passado, mas também por um presente, em que o Evangelho criou na Europa consciências e experiências de fé, originais e decisivas para a evangelização do mundo inteiro, muitas vezes a transbordar santidade: riqueza do pensamento teológico, variedade de expressões carismáticas, as mais diversas formas de serviço da caridade para com os pobres, profundas experiências contemplativas, criação de uma cultura humanista que contribuiu para dar rosto à dignidade da pessoa e à construção do bem comum. Que as dificuldades do presente não vos abatam, caros cristãos europeus; ao contrário, sejam recebidas como um desafio a superar e uma ocasião para um anúncio mais alegre e mais vivo de Cristo e do seu Evangelho de vida.

Os Bispos da Assembleia Sinodal saúdam, por fim, os povos da Oceânia, que vivem sob a proteção da Cruz austral, e agradecem-lhes o testemunho que dão do Evangelho de Jesus. A oração que fazemos por vós é para que, como a mulher samaritana no poço, também vós sintais viva a sede de uma vida nova e possais escutar a palavra de Jesus que diz: «Se conhecesses o dom de Deus!» (Jo 4, 10). Senti também o empenho de pregar o Evangelho e dar Jesus a conhecer ao mundo de hoje. Exortamo-vos a encontrá-l'O na vossa vida quotidiana, a escutá-l'O e a descobrir, através da oração e da meditação, a graça de poder dizer: «Sabemos que Ele é verdadeiramente o Salvador do mundo» (Jo 4, 42).

14. A estrela de Maria ilumina o deserto

Chegados ao fim desta experiência de comunhão entre Bispos de todo o mundo e de colaboração com o ministério do Sucessor de Pedro, sentimos ecoar o mandamento, para nós atual, que Jesus deu aos seus apóstolos: «Ide e fazei discípulos de todos os povos [...]. E eis que estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo» (Mt 28, 19.20). A missão da Igreja não se dirige apenas a uma área geográfica, mas penetra nas dobras mais recônditas do coração dos nossos contemporâneos, para levá-los ao encontro com Jesus, o Vivente que se torna presente nas nossas comunidades.

Esta presença enche de alegria os nossos corações. Agradecidos pelos dons que d'Ele recebemos nestes dias, erguemos o canto de louvor: «A minha alma glorifica o Senhor [...] Grandes coisas fez em Mim o Senhor» (Lc 1, 46.49). As palavras de Maria são também as nossas: o Senhor fez na verdade, através dos séculos, grandes coisas pela sua Igreja nas diversas partes do mundo, e nós glorificamo-l'O, certos de que não deixará de olhar para a nossa pobreza a fim de mostrar o poder do seu braço, também nos nossos dias, e apoiar-nos no caminho da nova evangelização.

A figura de Maria orienta-nos no caminho. Este caminho, como nos disse Bento XVI, poderá parecer um itinerário no deserto; sabemos que devemos percorrê-lo, levando connosco o essencial: o dom do Espírito, a companhia de Jesus, a verdade da sua palavra, o pão eucarístico que nos alimenta, a fraternidade da comunhão eclesial, o impulso da caridade. É a água do poço que faz florescer o deserto. E, assim como na noite do deserto as estrelas se tornam mais luminosas, também no céu do nosso caminho resplandece com vigor a luz de Maria, a Estrela da nova evangelização, a quem confiadamente nos entregamos.
 Roma, 28 de Outubro de 2012

 

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