São Vicente, diácono e mártir (+304)
“Qual é hoje a região, qual é a província, até onde quer que se estenda tanto o império romano como o nome de Cristo, que não rejubile por celebrar o dia consagrado a Vicente?” (Santo Agostinho, Sermão 276)
São Vicente é o mais célebre dos mártires hispânicos e o seu dia celebra-se a 22 de Janeiro.
Foi, desde muito cedo, objecto de um culto amplamente difundido na Península Ibérica, França, Itália e norte de África. As Dioceses de Lisboa e do Algarve comungam do mesmo padroeiro e são muitas as paróquias do nosso país que também o veneram.
São Vicente era natural de Huesca, Espanha, e uma vez ordenado diácono para servir a igreja de Saragoça, vai desempenhar a sua missão com grande piedade e sabedoria no anúncio do Evangelho, levando à fé cristã um grande número de pagãos.
Durante o império de Diocleciano, o delegado imperial, Daciano, moveu uma forte perseguição aos cristãos. E porque ele recusara renegar a sua fé e oferecer sacrifícios aos deuses, será cruelmente martirizado até à morte, em 22 de Janeiro de 304.
O jovem diácono, uma vez denunciado e preso com o seu bispo, Valério, será conduzido à presença de Daciano, em Valência. Ao longo da viagem, os soldados infligiram-lhe todo o tipo de maus-tratos.
Aí chegado, foi encarcerado numa escura prisão e deixado sem comida e sem bebida durante vários dias. Depois disso, levaram-no à presença do delegado imperial que o condenou à morte. Uma vez desnudado, através de cordas e a roda de tortura, desarticularam-lhe os seus ossos e quebraram-lhe os seus membros; com pregos e ganchos de ferro, rasgaram-lhe a carne do seu corpo e, por último, atiraram-no às chamas para que fosse devorado pelo fogo.
O culto das suas relíquias rapidamente se espalhou por toda a Península e diz a tradição que, após a invasão muçulmana de 711, os cristãos para poderem protegê-las dos infiéis colocaram-nas numa antiga ermida do promontório de Sagres. Após a conquista de Lisboa aos mouros, D. Afonso Henriques, vai ordenar que sejam trazidas para Lisboa estas relíquias, onde vão repousar na Sé Patriarcal, desde 1173, estabelecendo-se o seu culto na diocese de Lisboa. O mártir de Valência tornou-se assim o padroeiro principal da cidade e da diocese de Lisboa.
Que São Vicente nos dê coragem de testemunhar a nossa fé em todas as circunstâncias e a manifestarmos em público e sem medo a nossa fidelidade a Jesus.
Pe. Alexandre Santos