PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

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Sínodo de Lisboa - Guião 1

Sinodo2

A ALEGRIA DO EVANGELHO
1. A Transformação Missionária da Igreja

Oração
Invoco o Espírito Santo para que me inspire e me conduza, em liberdade e sem preconceitos, na leitura, na reflexão, na partilha e na concretização da Exortação Apostólica do Papa Francisco «A Alegria do Evangelho».

V/. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis.
R/. E acendei neles o fogo do Vosso amor.
V/. Enviai, Senhor, o Vosso Espírito e tudo será criado.
R/. E renovareis a face da terra.

Senhor nosso Deus, que instruís os corações dos vossos fiéis com as luzes do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito, e que gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amen.

Leitura e reflexão pessoal
Leio integralmente o Capítulo I [n.19-49] da Exortação Apostólica «A Alegria do Evangelho». Nessa leitura pessoal sublinho o que mais me interpela ou chama a atenção e anoto as interpelações, as observações e as "luzes" que o texto do Papa Francisco me suscita – para mim, para o grupo cristão de que faço parte, para a Igreja diocesana de Lisboa e para a Igreja universal.

Diálogo em comunidade
Reúno-me em grupo de diálogo (família, movimento eclesial, grupo paroquial a que pertenço, comunidade religiosa, escola, associação, instituição cívica / social / profissional a que pertenço, grupo a constituir especificamente para este fim...) e partilho os sublinhados e as anotações que fiz na minha leitura pessoal. Escuto os outros com atenção. Reflito e levanto novas questões. Apresento propostas para o Sínodo debater, aprofundar e aclarar.

Para este diálogo em comunidade, terei em conta todo o 1.º capítulo da Exortação Apostólica e concorrerei para um debate amplo e aberto. Contudo, para melhor balizar o diálogo, posso servir-me da síntese e questões apresentadas de seguida. Não se torna obrigatório responder à totalidade das questões; mas a diversidade das mesmas facilitará uma discussão mais ampla.


«A Alegria do Evangelho»
Capítulo I: «A Transformação Missionária da Igreja»

I. Uma Igreja «em saída»
A Igreja «em saída» é a comunidade de discípulos missionários que «primeireiam», que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam. Primeireiam – desculpai o neologismo –, tomam a iniciativa! A comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (cf. 1 Jo 4, 10), e, por isso, ela sabe ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos. Ousemos um pouco mais no tomar a iniciativa! Como consequência, a Igreja sabe «envolver-se». Jesus lavou os pés aos seus discípulos. O Senhor envolve-Se e envolve os seus, pondo-Se de joelhos diante dos outros para os lavar; mas, logo a seguir, diz aos discípulos: «Sereis felizes se o puserdes em prática» (Jo 13, 17). Com obras e gestos, a comunidade missionária entra na vida diária dos outros, encurta as distâncias, abaixa-se – se for necessário – até à humilhação e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo. [EG 24]

É essencial tomarmos o pulso ao sentido missionário com que vivemos (individualmente e em comunidade). Responde:

• O dinamismo missionário está presente em cada um de nós?
• As nossas comunidades respiram a urgência de levar a todos, sem excepção, o anúncio do Evangelho?
• Limitamo-nos a acolher quem nos procura ou partimos, pelas encruzilhadas dos caminhos, em busca dos afastados e excluídos?
• Que desafios novos coloca o mundo de hoje à missão evangelizadora da Igreja?
• O que é que na nossa vida (individual e comunitária) é já expressão da alegria missionária e do desejo de partilhar com todos a Boa Nova que é conhecer Jesus Cristo e viver unido a Ele?
• Que iniciativas concretas é que a nossa comunidade pode/deve tomar para chegar a todos e a cada um em particular?
• Como tocar a vida de cada um dos nossos irmãos, acompanhá-los e celebrar em conjunto o caminho feito?

II. Pastoral em conversão
Espero que todas as comunidades se esforcem por usar os meios necessários para avançar no caminho de uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Neste momento, não nos serve uma «simples administração». Constituamo-nos em «estado permanente de missão», em todas as regiões da Terra. [EG 25]

«A Igreja deve aprofundar a consciência de si mesma, meditar sobre o seu próprio mistério (...). Desta consciência esclarecida e operante deriva espontaneamente um desejo de comparar a imagem ideal da Igreja, tal como Cristo a viu, quis e amou, ou seja, como sua Esposa santa e imaculada (Ef 5,27), com o rosto real que a Igreja apresenta hoje. (...) Em consequência disso, surge uma necessidade generosa e quase impaciente de renovação, isto é, de emenda dos defeitos, que aquela consciência denuncia e rejeita, como se fosse um exame interior ao espelho do modelo que Cristo nos deixou de si mesmo».

O Concílio Vaticano II apresentou a conversão eclesial como a abertura a uma reforma permanente de si mesma por fidelidade a Jesus Cristo: «Toda a renovação da Igreja consiste essencialmente numa maior fidelidade à própria vocação. (...) A Igreja peregrina é chamada por Cristo a esta reforma perene. Como instituição humana e terrena, a Igreja necessita perpetuamente desta reforma».

Sem vida nova e espírito evangélico autêntico, sem «fidelidade da Igreja à própria vocação», toda e qualquer nova estrutura se corrompe em pouco tempo. [EG 26]

A paróquia não é uma estrutura caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do Pastor e da comunidade. Isto supõe que esteja realmente em contacto com as famílias e com a vida do povo, e não se torne uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmos. [EG 28] A pastoral em chave missionária exige o abandono deste cómodo critério pastoral: «fez-se sempre assim». [EG 33]

Ler a nossa vida em chave missionária pressupõe uma conversão permanente (individual e comunitária) ), um voltar ao essencial, que se refletirá necessariamente na maneira como se estrutura a nossa acção pastoral. A "simples administração", mais cómoda e segura, centrada sobre nós próprios, tem de ser substituída por comunidades "em estado permanente de missão". Responde:
• Cada um de nós individualmente, e as nossas comunidades, "respira" esta vontade de renovação permanente da Igreja, este desejo sincero e profundo de conversão, que se traduz necessariamente na abertura às exigências do Evangelho e à transformação da maneira como nos organizamos ("costumes, estilos, horários, linguagem e toda a estrutura eclesial")?
• Aquilo que procuramos renovar e transformar, na nossa vida e na da comunidade eclesial, fazemo-lo olhando «ao espelho do modelo que Cristo nos deixou de si mesmo», ou "convertemo-nos" simplesmente a partir dos nossos critérios pessoais e pontos de vista humanos, mesmo que sinceramente nos pareçam os melhores?
• Que sinais e concretizações há já nas nossas comunidades desta renovação que procura fazer delas «a Igreja tal como Cristo a viu, quis e amou»?
• Que outras iniciativas nos parecem urgentes como expressão de uma verdadeira conversão pastoral "em chave missionária"?

A valorização da paróquia como "comunidade de comunidades, onde os sedentos vão beber, e centro de constante envio missionário" obriga-nos a repensar a maneira como cada um entende a sua inserção eclesial. E põe em cima da mesa a questão da relação da paróquia com outras instituições eclesiais ("comunidades de base e pequenas comunidades, movimentos e outras formas de associação"...), "uma riqueza da Igreja que o Espírito suscita para evangelizar todos os ambientes e sectores" (EG 29). Responde:

• Qual o lugar que a paróquia tem na vivência eclesial de cada um de nós?
• Como é que na nossa comunidade se vive a articulação da paróquia com as outras instituições eclesiais?
• Que passos dar para que a paróquia possa ser efectivamente "comunidade de comunidades"?

A Igreja particular (diocese) "é o sujeito primário da evangelização" (EG 30). Responde:

• Como é que na nossa comunidade está presente a dimensão diocesana?
• Que influência concreta tem na vida da nossa comunidade?
• Que formas de apoio/coordenação se devem esperar dos serviços diocesanos?

III. A partir do coração do Evangelho
Uma pastoral em chave missionária não está obsessionada pela transmissão desarticulada de uma imensidade de doutrinas que se tentam impor à força de insistir. Quando se assume um objectivo pastoral e um estilo missionário, que chegue realmente a todos sem excepções nem exclusões, o anúncio concentra-se no essencial, no que é mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário. [EG 35] Neste núcleo fundamental, o que sobressai é a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado. [EG 36]

O Evangelho convida, antes de tudo, a responder a Deus que nos ama e salva, reconhecendo-O nos outros e saindo de nós mesmos para procurar o bem de todos. Este convite não há-de ser obscurecido em nenhuma circunstância! [EG 39]

"Se pretendemos colocar tudo em chave missionária, isso aplica-se também à maneira de comunicar a mensagem" (EG 34). Responde:

• A maneira como nos dirigimos àqueles de quem nos aproximamos com um propósito explicitamente evangelizador, a maneira como acolhemos aqueles que nos procuram, a maneira como interpelamos aqueles com quem procuramos crescer em conjunto no seio da nossa comunidade, tudo isso está centrado no coração do Evangelho?
• O que sobressai é sempre o anúncio "da beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado"?
• Que iniciativas tomar para nos ajudarmos a todos a sermos mais uma Igreja preocupada em "responder a Deus que nos ama e salva, reconhecendo-O nos outros e saindo de nós mesmos para procurar o bem de todos" (EG 39)?

IV. A missão que se encarna nas limitações humanas
No seu constante discernimento, a Igreja pode chegar também a reconhecer costumes próprios não directamente ligados ao núcleo do Evangelho, alguns muito radicados no curso da história, que hoje já não são interpretados da mesma maneira e cuja mensagem habitualmente não é percebida de modo adequado. Podem até ser belos, mas agora não prestam o mesmo serviço à transmissão do Evangelho. Não tenhamos medo de os rever! Da mesma forma, há normas ou preceitos eclesiais que podem ter sido muito eficazes noutras épocas, mas já não têm a mesma força educativa como canais de vida. São Tomás de Aquino sublinhava que os preceitos dados por Cristo e pelos Apóstolos ao povo de Deus «são pouquíssimos». E, citando Santo Agostinho, observava que os preceitos adicionados posteriormente pela Igreja se devem exigir com moderação, «para não tornar pesada a vida aos fiéis» nem transformar a nossa religião numa escravidão, quando «a misericórdia de Deus quis que fosse livre». Esta advertência, feita há vários séculos, tem uma actualidade tremenda. Deveria ser um dos critérios a considerar, quando se pensa numa reforma da Igreja e da sua pregação que permita realmente chegar a todos. [43]

A atitude pastoral fundamental é a de "ganhar o irmão" e não a de lhe impor "fardos pesados". Isso exige uma atenção muito particular a cada pessoa em concreto. Sem nunca diminuir nem truncar a exigência e a radicalidade do Evangelho, é preciso ter presente que cada pessoa é única, tem a sua história e que "a imputabilidade e responsabilidade de um acto podem ser diminuídas, e até anuladas, pela ignorância, a inadvertência, a violência, o medo, os hábitos, as afeições desordenadas e outros factores psíquicos ou sociais" (EG 44). Responde:

• De que maneira se traduz, já hoje, na relação que individualmente mantemos com os outros, e na vida das nossas comunidades, a preocupação de acompanhar "com misericórdia e paciência, as possíveis etapas de crescimento das pessoas"?
• Que questões concretas mais relevantes se levantam nesta dimensão da acção pastoral da Igreja?

V. Uma mãe de coração aberto
A Igreja «em saída» é uma Igreja com as portas abertas. Sair em direcção aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr pelo mundo sem direcção nem sentido. Muitas vezes é melhor diminuir o ritmo, pôr de parte a ansiedade para olhar nos olhos e escutar, ou renunciar às urgências para acompanhar quem ficou caído à beira do caminho. [EG 46]

A Igreja é chamada a ser sempre a casa aberta do Pai. Todos podem participar de alguma forma na vida eclesial, todos podem fazer parte da comunidade, e nem sequer as portas dos sacramentos se deveriam fechar por uma razão qualquer. Isto vale sobretudo quando se trata daquele sacramento que é a «porta»: o Baptismo. A Eucaristia, embora constitua a plenitude da vida sacramental, não é um prémio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos. Estas convicções têm também consequências pastorais, que somos chamados a considerar com prudência e audácia. Muitas vezes agimos como controladores da graça e não como facilitadores. Mas a Igreja não é uma alfândega; é a casa paterna, onde há lugar para todos com a sua vida fatigante. [EG 47]

Se a Igreja inteira assume este dinamismo missionário, há-de chegar a todos, sem excepção. Mas, a quem deveria privilegiar? Hoje e sempre, «os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho», e a evangelização dirigida gratuitamente a eles é sinal do Reino que Jesus veio trazer. Há que afirmar sem rodeios que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres. Não os deixemos jamais sozinhos! [EG 48] Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. [EG 49] Responde:

• Como é que na nossa comunidade se vive o acolhimento?
• Como dinamizar a participação activa de um maior número de pessoas na vida da comunidade?
• Somos uma comunidade de portas abertas? É essa a impressão de quem nos procura? O que podemos fazer?
• O que fazemos já para facilitar a integração daqueles que nos procuram com esse desejo explícito?
• O que fazemos já para acolher aqueles que nos procuram (por ocasião do Baptismo, do Matrimónio, da Eucaristia, da Reconciliação, dos funerais, das bênçãos várias...)? O que fazer para melhorar verdadeiramente?
• Como é que na nossa comunidade se exprime a preocupação com os pobres? O que fazer para lhe dar mais relevo na nossa vida?

Alguma outra questão sobre este Capítulo I que se me tenha colocado e/ou tenhamos dialogado em grupo/comunidade?

Síntese
O grupo de diálogo faz a síntese das respostas dadas a cada uma das questões anteriores, enriquecendo-a com outros contributos relevantes que tenham surgido no debate e na partilha, e envia essa síntese até ao dia 31 de dezembro de 2014 para o endereço de correio electrónico do Secretariado Geral do Sínodo Diocesano:
Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

Concretização / Compromisso / Acção
Depois de ter dado este primeiro "primeiro passo" – na oração, na leitura e no diálogo – rumo ao Sínodo diocesano, comprometo-me com um gesto concreto:
Anunciar e divulgar à minha volta e na minha rede de contactos esta caminhada sinodal que estou a viver, convidando outros – "de dentro" e "de fora" da Igreja – a também participarem.

Celebração
No ritmo e no dinamismo dos tempos litúrgicos próprios deste primeiro trimestre preparatório [final do Tempo Comum, solenidades de Todos os Santos, de Cristo Rei e da Imaculada Conceição, Tempo do Advento e de Natal], a comunidade encontrará formas de assinalar celebrativamente a caminhada sinodal, fazendo das celebrações litúrgicas, especialmente da Eucaristia, «fonte e cume» – isto é, ponto de partida e ponto de chegada – rumo ao Sínodo diocesano.

 

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