O Caminho de Santiago, um caminho para a vida
Ninguém disse que seria fácil mas nós fomos, com os olhos postos na cruz e com o dom da fé a guiar os nossos passos.
É mágico como o amor de Deus faz maravilhas em nós, como nos fortalece no sacrifício e como a cada passo mais cansado, nos ajuda a ver com os olhos do coração. O caminho a Santiago de Compostela foi essa mesma revelação.
Partimos rumo a Santiago no passado dia 7 de Agosto, levávamos connosco a mochila cheia, uma ansiedade teimosa, uns olhinhos brilhantes e uma fé desmedida. Uns com mil expectativas, outros à espera de ser surpreendidos mas, no fundo, todos em busca de um pouco de céu. Entre amigos de sempre e perfeitos desconhecidos, eramos 10 e seríamos a família uns dos outros nos próximos dias, mas fomos mais que isso.
Chorámos juntos, partilhámos silêncios, partilhámos dores e bolhas nos pés, medos e amor. Aquele amor incondicional, ímpar, tão puro e divino que só o Pai celestial consegue fazer que habite em nós. Sim! A Sua presença esteve connosco e durante toda a caminhada Cristo esteve a nosso lado, fraco e cansado, a abraçar a Cruz e a fazer-nos abraçar a nossa. E em cada lágrima, silêncio e dor, havia amor. Foi esse o mote, o dom e o estímulo de toda a caminhada. O amor de Deus em nós.
Em tudo aquilo que fazemos na vida há que ter um pilar, um objetivo e uma motivação. A nossa, foi o amor do Apóstolo Santiago e de todo o Reino Celeste, que descido dos céus sobre cada momento da nossa peregrinação, tornou o amargo em doce, os dias de chuva em dias abençoados, as dores nos pés em devoção, o "eu" em "nós", o cansaço físico em alento interior e a caminhada de uma semana a Santiago, no início de um caminho sem fim até ao Céu.
No regresso a Queijas, de coração cheio e de missão cumprida, trazíamos a alma em paz e a certeza de que juntos vamos mais longe.
Os mais de 100km foram percorridos a pé, mas o caminho não foi esse. O caminho foram as pegadas da Joana, da Cláudia, do Paulo, da Teresa, da Rita, do Celso, da Margarida, do João, da Inês e do Pe. Nuno que ficaram cravados na alma de cada um e que farão parte do nosso caminho de vida para sempre. Obrigada Santiago, pelo lado a lado. Obrigada nosso Deus, por habitares em nós.
Inês, Paulo, Cláudia, Teresa, Joana, Celso, João, Rita, Margarida e Pe. Nuno
Peregrinando a Santiago de Compostela
«Meu caminho é por mim fora,
té chegar ao fim de mim
a encontrar-me com Deus...»
(Sebastião da Gama, in Serra-Mãe)
Caro Jovem, peregrino de Santiago
O homem de fé é um eterno peregrino da casa do Pai que caminha no sentido da perfeição. Procurar-se a si próprio buscando Deus e ansiando sempre por encontrar a plenitude divina com um coração cheio de confiança e de humildade.
Por isso, a peregrinação é essencialmente uma acto de fé e de culto, oração pessoal e comunitária feita de atitudes, actos e palavras, em vários tons: louvor, adoração e acção de graças, cumprimento de um voto ou promessa, súplica de graças necessárias para a vida, manifestação de arrependimento, pedido de perdão...
Em tudo isto espelha-se um halo sagrado que ultrapassa toda a racionalidade humana, que nos provoca e inquieta, num eterno desafio que todo o homem deve fazer em busca da sua completude, concretizando a imagem do homo viator em permanente demanda.
Nesta peregrinação a Santiago em que o tempo pára, para assim poderes pisar o silêncio e bem melhor escutares Deus, rezo por ti para que esta experiência espiritual possa ser marcante, deixando na tua alma profundos sulcos de felicidade a transmitires na vivência da tua fé.
Queijas, 2 de Agosto de 2014
No Coração de Jesus,
Pe. Alexandre Santos