PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

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Traços fundamentais da mensagem de Fátima

323FAT«Maria é nosso modelo na sua vida oculta, na sua vida de silêncio e de recolhimento, em Nazaré. Maria dispensa um cuidado sem igual à vida interior. É uma vida de amor, de união e de imolação.

O Ecce ancilla (eis a serva) resume a vida de Maria, tal como o Ecce venio (eis-me aqui) resume a de Jesus. Pelo seu Ecce ancilla, Maria aceitou ser a Mãe do Redentor. Maria estava predestinada para ser Mãe do seu Deus. Foi dotada e adornada de todas as graças e dons. Contudo, as suas graças e os seus méritos aumentaram de dia para dia em consequência da sua fiel cooperação, da sua pureza, do puro amor com o qual cumpriu a sua missão.»

(Pe. Dehon, in Directório Espiritual, 42-43.48.49)


No Centenário das Aparições de Fátima, a mensagem de Fátima em alguns traços fundamentais

As aparições de Fátima constituem um acontecimento incontornável dos tempos contemporâneos e marcante na vida da Igreja, não apenas pela clara importância que lhes é reconhecida individualmente por inúmeros crentes e pela sua extensa divulgação em todo o mundo, mas também e sobretudo pela sua íntima e notória ligação à mensagem evangélica, pela profundidade com que marcam a vivência da fé de tantos discípulos de Cristo e pelo alcance profético – porquanto permanentemente atual e vivencial mente incisivo – dos seus conteúdos.

Trata-se, com efeito, de uma mensagem eloquente para os crentes de todos os tempos, que projeta um fecundo dinamismo para o presente e abre horizontes de fé para o futuro da história humana. É nesta perspetiva de atualidade profética que a celebração do Centenário das Aparições de Fátima assume o seu amplo significado: é, mais do que o assinalamento de uma efeméride histórica, a sublimação do sentido de um acontecimento cujo vetor fundamental é o do recentramento da vida no essencial, no que é vital por antonomásia: o Deus-amor permanentemente presente e misericordiosamente atento aos dramas da história humana.

Celebrar este Centenário é, pois, ocasião propícia para reler o evento Fátima – a memória dos acontecimentos e a atualidade da sua mensagem - e buscar a profundidade do seu sentido, perscrutando, sempre de novo, a densidade e os traços fundamentais deste dom-carisma de Deus à Igreja e à humanidade.

Promessa de misericórdia: o evento Fátima

O acontecimento Fátima dá-se como uma irrupção da luz de Deus nas sombras da história humana, que, nos alvores do século XX, se encontra marcada pelo entrincheiramento no desamor e no desencontro e carente de uma palavra de esperança: a da boa nova evangélica que recentra no amor que vem de Deus e no próprio Deus que é comunhão-de-amor.

Fátima inaugura-se com um convite à confiança – «Não temais» – e à adoração – «Santíssima Trindade, adoro-vos profundamente» –, qual convocação ao reconhecimento da centralidade e do amor de Deus. Da humildade da prostração a que o Anjo introduz brotarão a fé, a esperança e o amor (que frutifica no cuidado pelos outros, sobretudo os que estão à margem do amor – não creem, não adoram, não esperam e não amam).

A vocação a uma vida eucarística – feita dom – para que o Anjo aponta será confirmada e aprofundada pela Senhora do Rosário: «Quereis oferecer-vos a Deus?». É o convite a uma total disponibilidade para o acolhimento da «luz que é Deus», que ilumina o mistério humano e resgata para a vida plena. A oração, a que o Anjo e a Senhora insistentemente chamam, assume-se como lugar de encontro em que se enraíza a intimidade com Deus e a resposta ao seu amor primeiro e donde brota a urgência do amor aos demais.

Aberto com o convite à confiança, o evento Fátima encerra com a promessa de que o coração compassivo de Deus sempre se faz dom, jamais desistindo de oferecer um horizonte de vida e alegria em plenitude, desígnio que a brancura do Coração Imaculado, cheio de graça, figura como vocação de cada homem e mulher.

Vida centrada em Deus: a Adoração
A experiência de Deus a que são iniciados e em que não mais deixarão de adentrar os três videntes de Fátima abre-se com uma convocação à adoração – «Orai comigo. Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos» –, que se revelará a atitude adequada a adotar diante do Deus que amorosa e graciosamente se manifesta. Adequada não apenas porque justa e necessária diante da grandeza do mistério que se desvela; adequada sobretudo porque vivencial e experiencialmente incarnada na vida de quem, deixando-se tocar por essa convocação de amor e ao amor, só no silêncio adorante habitado pela presença de Deus encontra o lugar propício para responder-lhe.

A prostração do Anjo, diante de quem se veem envolvidos pela luminosa presença do próprio Deus – em cuja luz haverão de ver e ver-se autenticamente, segundo o olhar de Deus, pelas mãos da Senhora do Rosário –, segue-se a sua prostração: a adesão a um modo de ser e estar próprio de quem humilde e confiadamente entrega a existência nas mãos de Deus.

Este espírito de adoração na fé abre-se em atitude reparadora e intercessora na esperança e no amor. A experiência vertical da intimidade com Deus transborda para um compromisso horizontal, numa amorosa abertura aos outros, particularmente os afastados dessa intimidade. Convidados a orar-adorar, os pastorinhos são desafiados a pro-existir: introduzidos na contemplação do rosto trinitário de Deus, assumem incondicionalmente a árdua mas enamorada tarefa do oferecimento de si pelos que vivem sem Deus. É a adoração fecunda a que Fátima convoca.

Vida oferecida como dom: o Sacrifício e a Eucaristia
O sacrifício a que a mensagem de Fátima chama é a configuração ao jeito de ser de Jesus Cristo, enquanto união oblativa, generosa e amorosa à sua própria doação. Trata-se de fazer da vida dom generoso a Deus e aos/ pelos outros.

O convite ao sacrifício integra, assim, a vocação do crente: assumir o discipulado cristão é assumir um modo de ser que chama ao dom de si, esse estilo crístico de ser e viver. Dom de si: eis o significado profundo e o sentido do sacrifício como nos é apresentado em Fátima.

E é no horizonte muito próprio da misericórdia que se dá esta convocação ao dom de si. A conversão do crente e o seu compromisso com o sacrifício nascem da misericórdia de Deus, já que é da atenção de Deus aos misericordiosos, aos sem-amor, que brota o compromisso do crente por eles. Da atitude crente da adoração, que reconhece o Deus-amor como o centro da vida, decorre essa doação amorosa aos outros.

E «como nos havemos de sacrificar?», perguntam, inquietos, os pastorinhos. Como oferecer a vida em favor dos sem-amor? O Anjo pacifica-os: «de tudo o que puderdes». A vida aberta a Deus ocasionará lugar para o dom. E mesmo o pouco que o nosso tudo possa parecer será quanto basta: a humildade do dom total, simples e confiado, multiplicado pelas mãos de Deus.

Entendido como dom de si, o sacrifício apresenta-se em clara correlação com a Eucaristia. É a uma vida eucarística, feita pão partido, que o crente é chamado; a uma vida descentrada de si, centrada em Deus e transbordante para o compromisso com os outros, particularmente os afastados do amor.

Respondendo ao Amor: a Reparação
A reparação é temática-apelo com assinalável eco na mensagem de Fátima. O Anjo convida ao sacrifício e à oração «em ato de reparação pelos pecados com que [Deus] é ofendido»; também a Senhora desafia ao dom de si em espírito reparador. Surgem em correlação, de facto, o sacrifício e a reparação. Deverá ser, pois, na linha do sentido do sacrifício (ou seja, do generoso, disponível e comprometido dom de si) que a reparação há de entender-se.

A partir das dimensões do sacrifício reparador como é recordado em Fátima, poderemos ver o seu sentido de expressão da amizade com Deus o aspeto que mais imediatamente nos aproxima do conteúdo nuclear da reparação. Os pastorinhos deixam-se surpreender por aquela tristeza de Deus, esse mesmo Deus que os enche de uma indizível alegria e de quem são íntimos. O Francisco é quem mais desenvolve este espírito de amizade que é de tal modo intenso que espoleta a tristeza pelo desamor. Percebendo essa tristeza de Deus, nada mais deseja do que consolar o seu amigo. O olhar do Francisco encontra a tristeza de Deus e faz dela a sua própria tristeza, nada mais procurando do que dar-lhe alegria.

Aquele que se reconhece amado incondicionalmente por Deus compreende o sofrimento desse Deus que se comove até às entranhas (cf. Jr 31,20) por quantos se afastam do seu regaço. A reparação surge, assim, como um livre ato de amor de quem quer alegrar-consolar aquele que ama e por quem se sabe e sente infinitamente amado.

Convocados à brancura do coração: o Coração Imaculado de Maria
O Coração Imaculado de Maria é imagem e paradigma da vocação de todo o crente à abertura e à disponibilidade para que Deus seja o centro da sua vida. O Coração Imaculado surge como figura da conversão a que o batizado é chamado: a conversão à graça e à misericórdia de Deus. É o Coração, cheio da graça da Trindade, plenificado pela «luz que é Deus» que nele habita e transparece.

Na aparição de junho, a Senhora garante a Lúcia: «O meu Coração Imaculado será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus». Enquanto refúgio, o Coração de Maria convida à confiança; enquanto caminho, revela-se moldado segundo Deus e apresenta-se como modelo a tomar em linha de conta e imitar. Imitar Maria, totalmente disponível para a vontade divina, é caminhar na configuração com Cristo, cujo alimento é a vontade do Pai (cf. Jo 4,34). Por ter feito do fiat o eixo conformador da sua existência, Maria foi imaculada por Deus. É o convite de Deus a cada um dos seus filhos: que se abram à sua ação santificadora, que deixem que lhes branqueie os corações. O Coração da Imaculada figura essa vocação definitiva de cada homem e cada mulher, desde sempre sonhados para a graça.

A devoção ao Coração Imaculado de Maria torna-se, nomeadamente com o pedido de consagração da Rússia (e de tudo o que está aí simbolizado), expressão da presença de Deus, que acompanha o drama da história dos homens. Consagrar-se a esse Coração segundo o Coração de Deus é acolher-se na vontade de se deixar converter pela misericórdia divina da qual ele é ícone e reafirmar a certeza de que a vocação do homem é a vida plena em Deus.

Revestidos de Cristo: a oração do Rosário
A contemplação dos mistérios da vida do Filho de Deus incarnado, crucificado e ressuscitado que suporta, como fundamento e essência, a oração do Rosário pedida insistentemente em Fátima aponta-nos o rosto de um Deus que não se cansa de buscar a humanidade, sobretudo quando mais ferida e desgarrada, para a resgatar para o aconchego da sua intimidade e do seu amor, reconduzindo-a à alegria plena e à vida.

A oração do Rosário, profundamente cristológica não obstante a sua fisionomia mariana, centra-nos na promessa definitiva do triunfo da misericórdia que a vida de Cristo, evocada nos mistérios meditados, veio inaugurar. Meditar nesses mistérios, ao jeito de Maria, é, como ela, deixar-se moldar pela presença de Deus. É deixar-se renovar e formar de novo, como nova criatura, à imagem de Cristo, segundo o olhar atento e enlevado dessa mulher que, com o seu fiat, fez da sua vida dom, conservando cada palavra e cada gesto do Filho na profundidade do coração (cf. Lc 2,1 9). O âmago e ápice desta oração é a cristificação: a conformação ao jeito de ser de Jesus Cristo. Na sua configuração de progressividade narrativa-contemplativa, o rosário ritma-se ainda pela doxologia à Trindade, que nos coloca mais uma vez e diretamente no horizonte da adoração a Deus. É o amor criador (e constantemente recriador) do Pai, a obra redentora do Filho e a ação santificadora do Espírito que aí se tornam manifestos.

Do olhar contemplativo dos pastorinhos e do seu rosário vivido-rezado (porque feito oração e também configuração vital) aprenderemos esse estilo crente concentrado em Deus e transbordante para os demais, ao jeito de Jesus Cristo.

«Sem amor, nenhuns olhos são videntes»: a espiritualidade das crianças-pastores de Fátima
Os pequenos pastores de Aljustrel tornaram-se videntes precisamente por se deixarem olhar por Deus e por deixarem o seu próprio olhar encher-se pela beleza indizível do que viram. Na simplicidade dos seus corações, na transparência dos seus olhos cândidos e na disponibilidade das suas vidas são constituídos testemunhas desse encontro com o Deus-amor.

O Francisco não ouviu o Anjo nem a Senhora. Talvez precisamente dessa escuta feita apenas com o olhar tenha brotado a especial sensibilidade para a contemplação e a adoração que lhe reconhecemos, a sensibilidade de quem atenta na voz que fala em e no silêncio. Unir-se a Jesus, consolando-o e tornando presentes na generosidade da sua oração os outros, eis o cerne da contemplação do Francisco.

A Jacinta será especialmente tocada por um ardente cuidado para com o Deus-amor, cujo coração está com a humanidade, e para com a humanidade não responsiva a esse amor. Cresce, pois, numa atitude de generosa configuração à oblação de Cristo em favor da humanidade, tomando sobre si mesma o cuidado atento e bondoso pelos que estão afastados do amor.

A Lúcia reconhecer-se-á investida de uma missão testemunhal e fará dessa fidelidade à mensagem recebida-transmitida o vetor orientador da vida-testemunho. Fá-lo como o fazem as verdadeiras testemunhas: apagando-se para que brilhe a luz do dom que acolheu e viveu para transmitir. É a testemunha fiel à imagem do Filho incarnado, que norteia a vida pela obediência à vontade do Pai.

A particular concretização na vida de cada um dos pastorinhos da experiência daquele encontro segundo expressões diversas configura acentuações harmoniosas e complementares e uma mesma espiritualidade: a que recoloca Deus no centro da existência e reconduz as existências, próprias e dos demais, ao íntimo de Deus.

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