Pais Maus?!...
Deus abençoe os "Pais maus!"
Um dia, quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva um Pai, eu hei-de dizer-lhes:
Eu amei-vos o suficiente para ter perguntado: “onde vão, com quem vão, e a que horas regressam a casa.”
Eu amei-vos o suficiente para ter insistido que juntassem o vosso dinheiro e comprassem uma bicicleta, mesmo que eu tivesse possibilidade de a comprar de imediato.
Eu amei-vos o suficiente para ter ficado em silêncio, para vos deixar descobrir que o vosso novo amigo não era boa companhia.
Eu amei-vos o suficiente para vos obrigar a pagar a pastilha que “tiraram” da mercearia e dizerem ao dono: “Eu roubei isto ontem e queria pagar”.
Eu amei-vos o suficiente para ter ficado de pé, junto de vós, 2 horas, enquanto limpavam o vosso quarto (tarefa que eu teria realizado em 15 minutos).
Eu amei-vos o suficiente para vos deixar ver a minha fúria, desapontamento e lágrimas nos meus olhos.
Eu amei-vos o suficiente para vos deixar assumir a responsabilidade das vossas acções, mesmo quando as penalizações eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo, eu amei-vos o suficiente para vos dizer NÃO quando eu sabia que me iriam odiar por isso.
Estou contente, venci. Porque afinal, vocês também venceram.
E, qualquer dia, quando os vossos filhos forem suficientemente crescidos para entenderem a lógica que motiva os Pais, vocês irão dizer-lhes, quando eles vos perguntarem se os vossos Pais eram maus... “que sim, eram maus, eram os Pais piores do mundo!”.
Os outros miúdos comiam doces ao pequeno-almoço, nós tínhamos de comer cereais, ovos, tostas...
Os outros miúdos bebiam Coca-Cola ao almoço e comiam batatas fritas, nós tínhamos de comer sopa, o prato e a fruta. E, não vão acreditar. Os nossos Pais obrigavam-nos a jantar à mesa e a horas, bem diferente dos outros Pais.
Os nossos Pais insistiam em saber onde nós estávamos todas as horas. Era quase uma prisão…
Eles tinham de saber quem eram os nossos amigos, e o que nós fazíamos com eles.
Eles insistiam que lhes disséssemos por quanto tempo íamos sair, mesmo que demorássemos só uma hora ou menos.
Nós tínhamos vergonha de admitir, mas eles violaram as leis de trabalho infantil. Tínhamos de lavar a loiça, fazer as camas, aprender a lavar a roupa, a cozinhar, a aspirar o chão, a esvaziar o lixo e todo o tipo de trabalhos cruéis... Eu acho que eles nem dormiam a pensar em coisas para nos mandar fazer.
Eles insistiam sempre connosco para lhes dizermos a verdade, e apenas toda a verdade.
Na altura em que éramos adolescentes, eles conseguiam ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata!
Os nossos Pais não deixavam os nossos amigos buzinarem para nós descermos. Tinham de subir, bater à porta, para eles os conhecerem.
Enquanto toda a gente podia sair à noite com 12, 13 anos, nós tivemos de esperar pelos 16…
Por causa dos nossos Pais, nós perdemos imensas experiências da adolescência. Porém, nenhum de nós, alguma vez, esteve envolvido em roubos, actos de vandalismo, violação de propriedade, nem foi preso por algum crime. Foi tudo por causa deles.
Agora que já saímos de casa, somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor, para sermos “Pais maus”, tal como os nossos Pais foram...
Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: Não há suficientes “Pais Maus!”