PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

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Pascoa16 catequese

Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos

«Amarás ao Senhor teu Deus... Unidade24
e ao teu póximo como a ti mesmo.» (Lc 10, 27)

«Naquele tempo, levantou-se um doutor da lei e perguntou a Jesus para O experimentar:
«Mestre, que hei-de fazer para receber como herança a vida eterna?».
Jesus disse-lhe:
«Que está escrito na Lei? Como lês tu?».
Ele respondeu:
«Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo».
Disse-lhe Jesus:
«Respondeste bem. Faz isso e viverás».
Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus:
«E quem é o meu próximo?».
Jesus, tomando a palavra, disse:
«Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores.
Roubaram-lhe tudo o que levava, espancaram-no
e foram-se embora, deixando-o meio-morto.
Por coincidência, descia pelo mesmo caminho um sacerdote;
viu-o e passou adiante.
Do mesmo modo, um levita que vinha por aquele lugar,
viu-o e passou também adiante.
Mas um samaritano, que ia de viagem,
passou junto dele e, ao vê-lo, encheu-se de compaixão.
Aproximou-se, ligou-lhe as feridas deitando azeite e vinho,
colocou-o sobre a sua própria montada,
levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
No dia seguinte, tirou duas moedas, deu-as ao estalajadeiro e disse:
‘Trata bem dele; e o que gastares a mais eu to pagarei quando voltar’.
Qual destes três te parece ter sido o próximo
daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?».
O doutor da lei respondeu:
«O que teve compaixão dele».
Disse-lhe Jesus:
Então vai e faz o mesmo.»   (Lc 27, 25-37)


REFLEXÕES BÍBLICAS E ORAÇÕES PARA O OITAVÁRIO


PRIMEIRO DIA
Um doutor da Lei se levantou e, querendo experimentar Jesus, perguntou:
“Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna?” (Lc 10, 25)

Ajudai-nos, Senhor, a ter uma vida voltada para Vós.
Passagens adicionais da Escritura: Rm 14, 8-9; Sal 103, 13-18

Reflexão
“Que devo fazer para herdar a vida eterna?” Esta pergunta crucial feita a Jesus por um doutor da lei desafia todo aquele que acredita em Deus. Ela afeta o significado de nossa vida na Terra e na eternidade. Em outra parte da Bíblia, Jesus dá-nos a definição suprema de vida eterna: “... que conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que enviaste” (Jo 17, 3). Conhecer a Deus significa descobrir e fazer a Sua vontade na nossa vida. Toda pessoa deseja uma vida de plenitude e verdade, e Deus também deseja isso para nós (cf. Jo 10, 10). Santo Irineu disse: "A glória de Deus é o homem vivo”.

As realidades existenciais da vida, com divisões, egoísmo e sofrimento, muitas vezes nos distanciam da busca por Deus. Jesus viveu o mistério da comunhão íntima com o Pai, que deseja preencher todos os seus filhos com a plenitude de sua vida eterna. Jesus é “o Caminho” que nos leva ao Pai, nosso destino final.
Assim, nossa busca pela vida eterna nos aproxima de Jesus e, ao fazê-lo, nos aproxima uns dos outros, fortalecendo a nossa proximidade no caminho para a unidade dos cristãos. Estejamos abertos à amizade e à colaboração como os cristãos de todas as igrejas, orando pelo dia em que todos nós poderemos nos sentar juntos à Mesa do Senhor.

Oração
Deus da vida,
Vós nos criastes para termos vida, e vida em toda a sua plenitude.
Que possamos reconhecer nos nossos irmãos e irmãs o seu desejo de vida eterna.
Ao seguirmos o caminho de Jesus com determinação, que possamos levar outras pessoas a Vós.
Nós vos pedimos em nome de Cristo, nosso Senhor. Amém


SEGUNDO DIA
Jesus respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10, 27)

Ajudai-me Senhor a amar a Vós, ao meu próximo e a mim mesmo com todas as minhas forças.
Passagens adicionais da Escritura: Dt 10, 12-13; Sal 133

Reflexão
A resposta que Jesus dá ao doutor da lei pode parecer simples, extraída dos conhecidos mandamentos de Deus. Entretanto, amar a Deus dessa forma e ao próximo como a nós mesmos pode ser difícil.

O mandamento de Deus de amá-l'O exige um compromisso profundo e significa abandonar-nos totalmente, oferecendo o nosso coração e a nossa mente para servir à vontade de Deus. Podemos pedir a graça de seguir o exemplo de Cristo, que se ofereceu totalmente e disse: “Não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lc 22, 42). Ele também manifestou seu grande amor por todos, inclusive pelos seus inimigos. Não podemos escolher os nossos próximos. Amá-los significa estar atento às suas necessidades, aceitar as suas imperfeições e animar as suas esperanças e aspirações. A mesma atitude é necessária no caminho da unidade dos cristãos, com relação às diferentes tradições de cada um.

O chamado para amar o próximo “como a si mesmo” nos lembra da necessidade de nos aceitarmos como somos, conscientes do olhar compassivo de Deus sobre nós, sempre pronto a nos perdoar. Considere que somos a criação amada de Deus. Respeite a si mesmo. Busque a paz consigo mesmo. Da mesma forma, cada um de nós pode pedir a graça de amar e aceitar nossa própria igreja ou comunidade, com suas falhas, confiando todas as coisas ao Pai, que nos restaura por meio do Espírito Santo.

Oração
Senhor, dai-nos a graça de vos conhecer mais profundamente,
para vos amar com todo o nosso ser.
Concedei-nos um coração puro, para amarmos o próximo como a nós mesmos.
Que o dom do vosso Espírito Santo
nos permita ver a vossa presença em nossos irmãos e irmãs,
para que possamos amar uns aos outros com o mesmo amor incondicional com que Vós nos amais.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.


TERCEIRO DIA
“Quem é o meu próximo?” (Lc 10, 29)

Senhor, abri os nosso corações para aqueles que não vemos
Passagens adicionais da Escritura: Rm 13, 8-10; Sal 119, 57-63

Reflexão
O doutor da lei queria se justificar, esperando que o próximo a quem ele é chamado a amar fosse alguém de sua própria fé e de seu próprio povo. Esse é um instinto humano natural. Quando convidamos pessoas para nossa casa, geralmente são pessoas que compartilham nosso status social, nossa visão da vida e nossos valores. Há um instinto humano de preferir lugares de familiaridade. Isso também se aplica às nossas comunidades eclesiásticas. Mas Jesus conduz o doutor da lei, e o seu público mais amplo, para além da sua própria tradição, lembrando-os da obrigação de acolher e amar a todos, independentemente da religião, da cultura ou do status social.

O Evangelho ensina que amar aqueles que são como nós não é algo extraordinário. Jesus nos orienta para uma visão radical do que significa ser humano. A parábola ilustra de maneira muito visível o que Cristo espera de nós -que abramos nossos corações e caminhemos no seu caminho, amando os outros como ele nos ama. De fato, Jesus responde ao doutor da lei com outra pergunta: não é “quem é meu próximo”, mas “quem provou ser um próximo para o homem necessitado?”
Nossos tempos de insegurança e de medo nos confrontam com uma realidade na qual a desconfiança e a incerteza estão em primeiro plano nos relacionamentos. Esse é o desafio da parábola de hoje: para quem eu sou um próximo?

Oração
Deus de amor,
que infundis o amor em nossos corações,
dai-nos a coragem de olhar além de nós mesmos
e ver o próximo naqueles que são diferentes de nós,
para que possamos realmente seguir a Jesus Cristo,
nosso irmão e nosso amigo,
que é Deus, pelos séculos dos séculos. Amém.


QUARTO DIA
Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado (Lc 10, 31)

Que nunca nos desviemos daqueles que passam necessidades.
Passagens adicionais da Escritura: Is 58, 6-9; Sal 34, 15-22

Reflexão
O sacerdote e o levita que passavam do outro lado podem ter tido boas razões religiosas para não ajudar: talvez estivessem prontos para realizar certos rituais religiosos e poderiam ter se arriscado a se contaminar se o homem estivesse morto. No entanto, em muitas ocasiões, Jesus critica a liderança religiosa por colocar as regras da religião acima da obrigação de sempre fazer o bem.

O início do texto da Semana de Oração nos mostra como o doutor da lei queria se justificar. O sacerdote e o levita da parábola teriam se sentido justificados pelo que haviam feito. Como cristãos, até que ponto estamos preparados para ir além das convenções? Às vezes, nossa miopia eclesial e culturalmente condicionada pode nos impedir de ver o que está sendo revelado pela vida e pelo testemunho de irmãs e irmãos de outras tradições cristãs. Quando abrimos os nossos olhos para ver como o amor de Deus é revelado através dos nossos condiscípulos cristãos, somos atraídos para mais perto deles e, portanto, para uma união mais profunda com eles.

Essa parábola de Jesus não apenas nos desafia a fazer o bem, mas também a ampliar a nossa visão. Não aprendemos o que é bom e santo apenas com aqueles que compartilham nossa visão de mundo confessional ou religiosa, mas muitas vezes com aqueles que são diferentes de nós. O Bom Samaritano geralmente é aquele que não esperamos.

Oração
Senhor Jesus Cristo,
Enquanto caminhamos convosco rumo à unidade,
que nossos olhos não desviem o olhar,
mas estejam bem abertos para o mundo.
Ao viajarmos pela vida,
que possamos parar e estender a mão, curar os feridos
e, ao fazê-lo, experimentemos a vossa presença neles:
Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos. Amém.


QUINTO DIA
Aproximou-se dele e tratou-lhe as feridas, derramando nelas óleo e vinho (Lc 10, 34)

Senhor, ajudai-nos a perceber as feridas e encontrar esperança
Passagens adicionais da Escritura: Jl 2, 23-27; Sal 104, 14-15; 27-30

Reflexão
O bom samaritano fez o que pôde com seus próprios recursos: derramou vinho e óleo, enfaixou as feridas do homem e o colocou sobre seu próprio animal. Ele foi ainda mais longe, prometendo pagar por seus cuidados. Quando vemos o mundo com os olhos do samaritano, toda situação pode ser uma oportunidade para ajudar aos necessitados. É aí que o amor se manifesta. O exemplo do Bom Samaritano nos motiva a nos perguntarmos como responder ao nosso próximo. Ele deu vinho e óleo, restaurando o homem e dando-lhe esperança. O que podemos doar, para que possamos fazer parte da obra de Deus de curar um mundo despedaçado?

Esse despedaçamentos e manifesta no nosso mundo por meio da insegurança, do medo, da desconfiança e da divisão. Tristemente, essas divisões também existem entre os cristãos. Embora celebremos sacramentos ou outros rituais de cura, reconciliação e consolo, muitas vezes usando óleo e vinho, persistimos em divisões que ferem o Corpo de Cristo. A cura das nossas divisões cristãs promoverá a cura das nações.

Oração
Deus de toda graça,
Vós que sois a fonte de todo amor e bondade:
permiti-nos ver as necessidades de nosso próximo.
Mostrai-nos o que podemos fazer para promover a cura.
Transformai-nos para que possamos amar a todos os nossos irmãos e irmãs.
Ajudai-nos a superar os obstáculos da divisão,
para que possamos construir um mundo de paz para o bem comum.
Nós vos agradecemos por renovar a vossa Criação
e por nos conduzir a um futuro cheio de esperança:
Vós sois o Senhor de todas as coisas, ontem, hoje e para sempre. Amém.


SEXTO DIA
Colocou-o em seu próprio animal e o levou a uma pensão, onde cuidou dele (Lc 10, 34)

Senhor, transformai as nossas igrejas em pensões, para acolher os necessitados.
Passagens adicionais da escritura: Gn 18, 4-5; Sal 5, 11-12

Reflexão
O homem que caiu nas mãos dos ladrões foi atendido por um samaritano. O samaritano enxergou além do preconceito ou da parcialidade. Ele viu alguém em necessidade e o levou a uma estalagem. “No dia seguinte, pegou dois denários e entregou-os ao dono da pensão, recomendando: ‘Toma conta dele! Quando eu voltar, pagarei o que tiveres gasto a mais” (Lc 10, 35).

Em qualquer sociedade humana, a hospitalidade e a solidariedade são essenciais. Elas exigem o acolhimento de estranhos, estrangeiros, migrantes e pessoas sem-teto. Entretanto, quando nos deparamos com a insegurança, a suspeita e a violência, tendemos a desconfiar dos nossos próximos. A hospitalidade é um importante testemunho do Evangelho, especialmente em contextos de pluralismo religioso e cultural. Acolher “o outro” e ser acolhido, por sua vez, está no centro do diálogo ecuménico. Os cristãos são desafiados a transformar as nossas igrejas em pousadas onde nossos próximos possam encontrar a Cristo. Essa hospitalidade é um sinal do amor que as nossas igrejas têm umas pelas outras e por todos.

Quando nós, como seguidores de Cristo, vamos mais além de nossas tradições confessionais e escolhemos praticar a hospitalidade ecuménica, deixamos de ser estranhos e passamos a ser próximos.

Oração
Pai de amor,
Em Jesus, Vós nos mostrastes o significado da hospitalidade,
cuidando da nossa frágil humanidade.
Ajudai-nos a nos tornar uma comunidade
que acolhe aqueles que se sentem abandonados e perdidos,
construindo uma morada onde todos sejam bem-vindos.
Que possamos nos aproximar uns dos outros ao oferecermos ao mundo o vosso amor incondicional.
Nós vos pedimos na unidade do Espírito Santo. Amém.


SÉTIMO DIA
Disse Jesus: “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” (Lc 10,36)

Senhor, mostrai-nos como socorrer o nosso próximo.
Passagens adicionais da Escritura: Fil 2,1-5; Sal 10, 17-18

Reflexão
No final da parábola, Jesus perguntou ao doutor da lei: quem era o próximo do homem atacado pelos ladrões? O doutor da lei respondeu: “aquele que usou de misericórdia para com ele”. Ele não disse “o samaritano” e podemos imaginar que a hostilidade entre samaritanos e judeus tornou essa resposta difícil de admitir. Muitas vezes, descobrimos o próximo nas pessoas mais inesperadas, até mesmo naquelas cujo nome ou origem achamos difícil de pronunciar. No mundo de hoje, onde a política polarizada muitas vezes coloca aqueles de diferentes identidades religiosas uns contra os outros, Jesus nos desafia por meio dessa parábola a ver a importância da nossa vocação para poder cruzar as fronteiras e os muros de separação.

Assim como aconteceu com o doutor da lei, somos desafiados a refletir sobre como vivemos as nossas vidas, não apenas em termos de fazer o bem ou não, mas se, assim como o sacerdote e o levita da parábola, estamos deixando de agir com misericórdia.

Oração
Deus Santo,
O vosso Filho Jesus Cristo veio habitar entre nós
para nos mostrar o caminho da compaixão.
Ajudai-nos, por meio do vosso Espírito, a seguir o seu exemplo,
para atender às necessidades de todos os vossos filhos,
e assim dar um unido testemunho cristão dos seus caminhos de amor e de misericórdia.
Nós vos pedimos por Cristo, nosso Senhor. Amém.


OITAVO DIA
Jesus lhe disse: “Vai e faze tu a mesma coisa” (Lc 10, 37)

Senhor, que o nosso seguimento seja sinal do vosso Reino
Passagens adicionais da Escritura: Rm 12, 9-13; Sal 41, 1-2

Reflexão
Por meio dessas palavras – “Vai e faze tu a mesma coisa” – Jesus envia cada um de nós, e cada uma de nossas igrejas, a viver os eu mandamento de amar. Inspirados pelo Espírito Santo, somos enviados para sermos “outros Cristos”, alcançando a humanidade sofredora com compaixão e misericórdia. Como o Bom Samaritano em relação ao homem ferido, podemos escolher não rejeitar aqueles que são diferentes, mas, em vez disso, cultivar uma cultura de proximidade e de boa vontade.
Como é que o convite de Jesus para “ir e fazer o mesmo” aplica-se à minha vida? O que é que esse chamamento de Cristo implica no meu relacionamento com os membros das outras igrejas? Como podemos dar juntos o testemunho caridoso do amor de Deus? Como embaixadores de Cristo (cf. 2 Cor 5:20), somos chamados a nos reconciliar com Deus e uns com os outros, para que a comunhão crie raízes e cresça em nossas igrejas e nas áreas afetadas por conflitos intercomunitários, como a região do Sahel.

À medida que a confiança mútua aumentar, estaremos mais dispostos a revelar nossas feridas, inclusive as eclesiais, para que o amor de Cristo possa nos visitar e nos curar por meio do amor e do cuidado uns dos outros. Empenhar-se juntos pela unidade dos cristãos ajuda a reconstruir laços mútuos, de modo que a violência possa dar lugar à solidariedade e à paz.

Oração
Pai Celeste,
nós vos agradecemos pelo dom do Espírito Santo, o doador da vida,
que nos torna mais abertos uns aos outros, resolve os conflitos
e fortalece os nossos laços de comunhão.
Que possamos crescer em estima recíproca
e no desejo de anunciar a mensagem do Evangelho com mais fidelidade,
para que o mundo possa recompor-se em unidade
e acolher o Príncipe da Paz.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.


Subsídio preparado pelo Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristã os e Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas.

 

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